17 de março de 2009

UM AMIGO

O meu particular amigo, Jorge Ferreira, ilustre jurista, vive e labuta na cidade de Lagos. Juntos na Primária em Vermoil, no Secundário em Pombal e ainda na Faculdade de Direito de Lisboa. Além disso compartilhámos momentos de luta por uma sociedade mais justa e solidária. Apesar dos ventos da história soprarem em sentido adverso, temos confiança no futuro. Atento ao que se vai postando no FARPAS, enviou-me um texto que não resisto a publicar. Para que conste.

"Meus caros administradores,

Defendo sempre Pombal e as minhas origens. Mesmo quando o comboio, e eu próprio, só paramos no Entroncamento. Quem me conhece, e um ou dois conhecem (não é presunção), sabe que não ofendo nem pretendo ofender ninguém. Vim cá porque como diz o editorial: “Farpearemos os interesses e os poderes instalados (…)” Nunca as pessoas. “E daremos nota do gesto simples e desinteressado…” Só isso!
Os que estão fora, serão menos Pombalenses e tratarão pior a bola?
Estou a dizer isto por pensar que o “post” retirado pode ter um destinatário. Se for eu, desde que não ofenda a honra de nenhum de vós, das vossas e da minha família, não há problema, publique-se, posso bem com isso e não quero dar azo a “censuras”, nem “tirar o pio” a ninguém. Agradeço apenas que o autor dê a cara para eu lhe poder oferecer a outra face, e se faça a paz ou se cumpra a profecia. Espero saber responder. Se não for capaz. O máximo que posso fazer é exibir o meu metro e oitenta e cento e vinte quilos de peso. Nunca fui muito rápido. Agora, só com muito empenho, é que me mexo. O melhor que posso fazer é sombra em alguma baliza! Ou, tentar trazer alguém, “abalizado”, a este campeonato.
O Eça não farpeou, com fino humor, as Gouvarinhos e outras viscondessas e baronesas? Desrespeitou alguma pessoa, mesmo com esses títulos? Não! Ao que sei até se casou com uma! Dizem os eruditos, que quando começou a sua vida como Administrador do Concelho de Leiria, o Eça (consta que é verdade) no Carnaval de 1871, foi convidado para uma festa de salão em casa do Barão de Salgueiro (1), figura cimeira da região, como era o nosso Barão de Claros (2), que nessa altura tinha acabado de receber o título do Rei D. Luís. Tinha ido para Leiria na procura de algum recolhimento e se preparar para o exame de acesso à carreira diplomática e consular, de que as danças de salão eram uma parte, não menos importante, do currículo e garantia de que nos iria saber representar nos melhores Salões Internacionais, em que as danças e as senhoras tinham um papel importante, tanto nos bailes, como no jogo estratégico das nações. Nessa circunstância, porque achou graça, ou porque o ferrete lhe apertava – pois ainda não tinha trinta anos - o Eça fantasiou-se de Cupido e lá foi para a festa. Já o baile ia avançado e muitas e boas senhoras lhe tinham bailado nas mãos, não se sabe, se devido ao Cupido, se à fantasia, a Baronesa anfitriã afeiçoou-se dele e, pela noite adentro, conduziu-o a uma divisão mais humilde do Palácio – dizem uns, ao quarto da costura, e outros, que ao da criada. Porém, e há sempre um porém! A noite foi-lhe aziaga. O Barão, talvez por saber quem tinha, manteve-se à coca e foi no encalço do “Cupido” e da “Musa” que, de tão entretidos, nem o viram, sorrateiro, a entrar. A Nobre figura e respeitável Presidente da Câmara, pôs-se em “brios”. Sem alarde, pegou no nosso humorista atrevido e, conduziu-o pela escada sem lhe dar tempo para contar os degraus. Ele, que não ficou no melhor estado, regressou a casa. Aí, um amigo da Pensão onde vivia, que o viu sair em tão belo arreio, logo deu pela diferença no regresso e procurou indagar a razão. O Eça, que só queria recolhimento e passar discreto, apenas lhe respondeu: “Consummatum est – olha sou um Cupido desasado.”Rematando, assim, um dos incidentes que o foram ajudando a combater o aborrecimento em que se encontrava e a construir outras estórias que nos deixou.

(1) Não é nada, “nem da água nem do sal”, ao Barão de Vale Salgueiro, cujo titular, julgo ser o meu familiar, amigo e colega Dr. José Gomes Fernandes, o jovial “Menino Guerreiro” .
(2) - O Barão de Claros é só para ligar a história a Pombal. Não tem nenhuma outra utilidade. Tem tudo para ser redundante.
P.S.:
- A vitória do Guimarães, também me deixou desasado. Aqui estou a lutar com o aborrecimento.
Jorge Ferreira,
30/10/60Vermoil"

2 comentários:

  1. Como autor do comentário censurado por uma entidade (administrador do blog) que ainda não percebi se é individual ou colectiva, esclareço o Dr. Jorge Ferreira que não era ele o visado pelo meu texto. O visado, que está calado e já deveria ter respondido, poderá, se quiser, confirmá-lo. O ideal seria mesmo que recolocasse o comentário donde ele nunca devia ter saído. Não por qualquer especial valor ou importância do que escrevi. Mas, precisamente, por ter sido retirado. Esta coisa da censura é chata. O comentário não era ofensivo, vinha na sequência do estava a ser debatido, era a propósito do post na dependência do qual foi editado e a sua censura só envergonha o lápis azul (embora de escrita a pender para o encarnado) que o riscou. Não reproduzo aqui o que escrevi por duas razões: em primeiro lugar, não sei reconstituir ipsis verbis o comentário e, em segundo lugar, acho que devo esse respeito ao blog, pelo menos enquanto os restantes da casa não se demarcarem. Agora que o comentário banido não tinha mal nenhum, não tinha.
    Quero também, a talho de foice, esclarecer que não conheço o eng. Adelino Malho a não ser dos jornais e que nada me move contra ele, nem contra ninguém. Não tenho nenhuma intenção escondida, nenhuma reserva mental, nenhum interesse oculto. Gosto apenas da troca de palavras, com vivacidade e acutilância. Tenho pena que o eng. Malho não.

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  2. Eu estou consigo caro "colega". Se, diz que o comentário nada tinha de ofensivo,(eu acredito em si)não devia ser retirado para que todos os frequentadores do blog, pudessem ler livremente.
    Acho piada quando refere o lápis azul da censura, que no caso, como refere pende para o vermelho. Eu, diria que pende mais para o rosa! São apenas, formas diferentes de ver as cores....
    Sabe que, nesta democracia por vezes é como aquela do relvado, está inclinada para um dos lados. Quando interessa e dá geito é democratico, mas se não é a nosso favor, retira-se. Enfim, cada um de nós, secalhar vê esta coisa da liberdade de expressão, ao seu geito.
    Por mim, também gosto de dizer, ou escrever aquilo que penso, sem ferir a sensibilidade dos outros, embora por vezes possa parecer sarcástico, mas sempre, sem ofender. E desta forma também aceito com bom grado qualquer crítica, mesmo sendo dura, se for justa.Agardamos pelos próximos capítulos.
    ombalense.

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