Depois de múltiplos contactos sigilosos (como referiu Diogo Mateus, na última reunião do executivo), a CMP alienou, numa hasta pública feita à medida, realizada no passado 22 de Abril, 121.859 m2 de prédios rústicos, na Guia, à empresa Lusiaves, SA, pelo montante de 640.000 €.
O negócio ampliará significativamente a Zona Industrial da Guia (cerca de 85%), até muito próximo da zona urbana, e destina-se – segundo a câmara – à instalação de uma unidade de transformação de carnes de aves.
Pombal é um caso único na região: nas últimas duas décadas, não conseguiu captar um único investimento reprodutivo relevante. Assim, por um lado, compreende-se a exaltação da câmara (Diogo Mateus) com este investimento - maior investimento das últimas décadas no concelho, centenas de postos de trabalho, tecnologias de ponta (o que quer que isso seja), actividades inovadoras (idem), etc.; por outro, como diz o povo, quando a esmola é grande o pobre desconfia. Os guienses têm muito por onde desconfiar, e os das redondezas também.
Há duas décadas, participei no diagnóstico de uma unidade de transformação de carnes de aves, situada no concelho de Ferreira do Zêzere, a fim de certificar o Sistema de Garantia da Qualidade e Segurança Alimentar. A empresa possuía um processo produtivo altamente automatizado, desde o abate das aves até à embalagem e rotulagem dos produtos processados. E um sistema de tratamento dos resíduos que reaproveitava quase tudo; nomeadamente a água da lavagem das aves, vermelha, que circulava sob o pavimento e depois de tratada era reintroduzida no circuito. Lembro-me bem de o responsável pela unidade retirar um copo de água de uma das muitas torneiras e a beber; e de nos sugerir que a bebêssemos sem receio porque era água quimicamente pura, sem nenhum sabor.
Dentro da unidade era quase tudo perfeito. O ambiente de trabalho era relativamente confortável, se descontássemos a temperatura relativamente baixa - por exigência do processo produtivo. Os problemas estavam no exterior; sentiam-se bem a três ou quatro quilómetros de distância. Mas neste caso, tiveram o cuidado de instalar a unidade relativamente longe de aglomerados populacionais.
Desconfio que o investimento da Lusiaves na Guia não será a maravilha que Diogo Mateus tanto se tem fartado de propagandear. Até porque não há almoços grátis. Muitos guienses devem ter mamado alguns almoços grátis. Chegou a hora de arrotar. Ou de lutar.
É a vida!
Um grande investimento no concelho é sempre algo desejado e difícil de conseguir.
ResponderEliminarA CM fica de parabéns e com o reconhecimento de todos ao conseguir essas vitórias.
Agora, nem todas as atividades, pelos seus efeitos colaterais típicos, devem ser instaladas em locais muito perto dos centros urbanos sob a pena de tais idílicos sonhos de transformarem em pesadelos contínuos locais.
Como diz e bem, a tal unidade que refere situou-se estrategicamente a uma distância segura de zonas urbanas.
Pois também por cá essa possibilidade existe e só a 1,5Km do sitio anunciado, basta haver vontade política para o implementar e defender junto do investidor.
Já fui apelidado de incendiário na minha terra por ter alertado meia dúzia de pessoas para a possibilidade de isto não serem só vantagens e, caso as consequências sejam as receadas teremos de viver com elas nos próximos 50 anos.
Pois a quem o referiu apenas quero retorquir que o primeiro incendiário foi quem anunciou com pompa e circunstancia o investimento naquele local, sem aviso ou consulta prévia local, pensando que iríamos todos ficar deslumbrados com o a graça concedida sem nos lembrarmos das consequências. Pois eu não fiquei e desde sempre me bati pelas minhas convicções e neste caso também não irei desistir da defesa da minha terra.
Ninguem fala em matadouro mas é o que vai acontecer garantidamente e numa ocasião em que todos os grandes centros deslocalizaram já os matadouros. Não há tecnologia que evite as suas consequências odoriferas e outras.
Nada tenho contra a empresa e até há alternativa onde será acolhida de braços abertos e garantidamente sem contestações.
Na atual ZIG da Guia uma Martifer, uma Motofil, uma PSA ou uma Auto Europa, e isto para falar só de grandes, tudo bem.
Uma transformadoura de carnes, produtora de cloro, celulose, e parecidas, só em espaços cuidadosamente escolhidos pelas razões percebidas.
Já agora e porque não uma central nuclear? produz à bruta e com poucas consequências dizem os seus promotores! Pois, mas como sabemos, à cautela, estão proscritas do nosso território e estamos sempre aflitos com as do vizinho na nossa fronteira e muitas estáo a encerrar só por precaução.
Só faço votos para que os promotores e os facilitadores se ponham de acordo para se instalarem em local muito mais apropriado.
Caso contrário antevejo uma agitação popular sem precedentes no concelho!
Mas vamos esperar para ver o que nos propõem os investidores e esperar argúcia e coragem para se encontrarem soluções que sejam do agrado de todas as partes, e para isso podem contar com a minha ativa contribuição!
O Grupo Lusiaves já é um dos maiores da Europa na Agro-Industria. É uma mais valia para a Guia este investimento de 72 milhões de Euros e a possível criação de 700 empregos. É natural depois existir a parte menos boa...mas não podemos ter sol na eira e chuva no naval. Com isto a Guia passa a ser a Vila mais importante do Concelho...no final do século passado era o LOURIÇAL, mas ficámos totalmente sem Industria e o Comércio definhando só nos resta o Convento e os Biscoitos.
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