Os estimados leitores talvez não saibam que o Conselho Geral de qualquer agrupamento é, na verdade, o órgão máximo - a quem compete, por exemplo, decidir quem é o mestre daquela banda.
Na generalidade dos agrupamentos, o CG tem poder, é respeitado, e até temido. Mas aqui, já se sabe, nem tudo é normal em Pombal ocidental. De modo que o CG - que reúne 21 elementos entre representantes de professores, pais, alunos, funcionários e representantes das autarquias (Câmara e Junta) e comunidade, que é como quem diz sociedade civil, se a houver - é só um respeitoso órgão.
Para o compreender, é preciso contar a cronologia dos acontecimentos:
- A 14 de Abril a senhora presidente envia uma acta já elaborada, acompanhada de uma missiva do senhor director, disponibilizando-se para continuar a missão. Uma vez que ao CG era pedido pronunciar-se sobre eventual recondução (por maioria absoluta) ou abertura de procedimento concursal, a presidência tomou a liberdade de optar pela primeira. Ora acontece que o tempo é de pandemia, e assim...
- A 24 de Abril termina o prazo para que todos se pronunciassem, por mail, dando indicação do respectivo sentido de voto. Sem surpresas, todos se pronunciam (ao contrário que sucede nas reuniões do CG, em que muitas vezes é preciso esperar para haver quórum). A recondução alcança a quase unanimidade: 19 votos a favor, um contra.
- A 30 de Abril, porém, um pai desmancha-prazeres-em-tempo-de-pandemia pede a anulação do acto, invocando o regimento interno e o secretismo dos votos - pois que a maioria votou tão ordeiramente pela evolução na continuidade, e fez disso gala, partilhando-o, que não devia valer.
- entramos em Maio com essa maçada, esse incómodo, mas onde é que já se viu, como se não bastasse uma ovelha tresmalhada no meio de tão ordeiro rebanho, agora ainda se corria o risco de deixar cair mais uma nódoa na unanimidade. Onde é que já se viu, com uma pandemia às costas, as escolas fechadas, abrir-se a porta a esse precedente.
- Mas o povo é sereno e os órgãos directivos também, o melhor é cumprir os procedimentos correctos, imagine-se, logo uma escola, exemplo maior, e se até as assembleias municipais (de outros concelhos) reúnem presencialmente, por que não haveria um CG de...fazer uma votação presencial, até lá está o senhor presidente da junta que anda a sensibilizar a população para o uso da máscara, se houver alguma coisa ele explica, e a senhora vereadora da acção social, por isso nada há a temer em matéria de salubridade
- aos cinco dias do mês de Maio, do ano da graça de 2020, finalmente pode aprovar-se a acta feita a 14 de Abril, da votação a 24, sobre o mandato que só termina a 11 de Julho, mas que é preciso acautelar, mesmo em tempos de pandemia. E em verdade o senhor director foi reconduzido, pelos mesmos 19 votos a favor e um contra, que é tão linda a nossa terra terra, que o reconduz por quase unanimidade, e tudo está bem quando acaba bem. Não fora a pandemia e o risco acrescido, quase podia acabar esta tarde amena de primavera com uma bica ao balcão do refeitório da mesma escola que afinal não podia abrir, nem para votações desnecessárias. Só para conversas políticas.
Este Concelho vive em pleno estado novo, ou seja em Maio de 1973...mas em tudo. Pode ser que as Bombas que andam a rebentar ao lado do mercado livrem este concelho desta Pandemia Laranja.
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