No lugar do tradicional Jardim da Várzea vai nascer uma praça "modernaça", artificial, limpa, sem nenhuma relação com as características históricas do bairro, fortemente agressiva e impositiva relativamente ao espaço circundante.
O projecto combina bem o empreendedorismo urbano cego do seu promotor com o estilo neo-modernista do projectista, intrusivo e impositivo, que despreza a memória e os valores identitários do local, como já tinha feito no edifício da sede da Caixa Agrícola, cuja volumetria e falsa monumentalidade chocam com o espaço circundante e com a construção da urbanidade no momento actual.
Há um certo radicalismo formal e estético no estilo de arquitectura proposto, na opção pelo artificial, pelo liso, pelo limpo, e por uma geometria démodé, baseada em eixos paralelos e ortogonais, cheia de adornos simétricos e coloridos chocantes. E há a negação do seu oposto, do natural, do irregular, do rugoso, da terra, das plantas, da vida. Ora, é esta ruptura e esta dissonância com o espaço circundante que provoca uma grande fealdade.
A urbe é o cenário onde a vida mais se exprime, onde socializamos, onde o sentido de comunidade se desenvolve. É estúpido pensar a urbe sem ser com e para as pessoas.
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