Temos vivido tempos estranhos
estes. Vivemos uma crise de saúde publica e sanitária, só comparável a uma
guerra. Esta tem sido uma guerra, contra um inimigo invisível. Tínhamos (e
temos) que acreditar que “vamos ficar bem”, mesmo sabendo que não vai ficar bem
para muitos de nós, mas por uma questão de sobrevivência, criamos esse
pensamento. Para quem trabalha na área social (ou para quem está atento à realidade
à sua volta), sabia e sabe que o tal “tsunami” social e económico chegaria.
À hora que escrevo este post, terminou a reunião de câmara, à qual assisti. Faltam-me as palavras para
descrever aquilo que presenciei. Confesso que me sinto enojada. Poderia
enumerar qual o motivo de tal má disposição, mas acho que os adjectivos vão
faltando para descrever o que vou sentido.
Mas não consigo ficar indiferente
quando toca à área social (talvez por defeito de profissão). Ouvir dizer o
Presidente da Câmara que os pobres que o país ganhou com esta pandemia são os
“pobres do PS” por falta de apoios governamentais; ouvir o Presidente da Câmara
dizer que tem sido ELE (sempre ELE) a incentivar os Presidentes de Junta a
estarem atentos nos seus territórios aos focos de pobreza que vão surgindo, e
depois rematando que nenhum deles se têm queixado, nem tão pouco gasto a verba
destinada para esse efeito, é DEVERAS perturbador (acabou por atribuir a TODOS
um atestado de incompetência porque só ele é que é competente).
Mais perturbador se torna, quando
surge o perigo real, de reduzir a intervenção social ao mero
assistencialismo/caritativo que todos os que trabalham estas matérias têm
combatido ao longo de décadas.
Diogo Mateus hoje, na minha
opinião, desconsiderou e desvalorizou o papel do Pelouro do Desenvolvimento Social.
Ele não existe. Tudo está concentrado na sua pessoa (o que corre bem, o que
corre mal é problema dos outros)
Não chega dar de comer a quem tem
fome. Mas as politicas sociais vigentes, giram apenas e só nessa acção. É um
erro e estamos a regredir em matéria de acção social.
“O trabalho social não gere a miséria, mas defende a
dignidade” – Ana Lima
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