28 de setembro de 2012

Reorganização Autárquica


O poder local (autárquico), tal como está consagrado na Constituição da República, é materializado em duas “categorias” de autarquias, municípios (concelhos) e freguesias, podendo a lei criar outras formas de organização territorial autárquica nas grandes áreas urbanas e nas ilhas.
Podemos afirmar que temos, pelo menos, dois níveis de poder autárquico, ao contrário da generalidade dos restantes países europeus, onde apenas existem municípios, lá designados por “comunas”.
Então como surgiu em Portugal esta “anomalia” das freguesias?
Com a cristianização e subsequente fragmentação do império romano, a igreja católica passou a exercer um poder lateral dentro dos estados ou acima dos estados, passando, a nível local, a organizar as diversas comunidades em paróquias, também designadas por freguesias, para tratar do culto, dos cemitérios, dos registos, das festas e, sobretudo, das receitas e do património da igreja (do Vaticano).
As paróquias foram evoluindo ao longo dos séculos, exceto no período de ocupação muçulmana, até ao liberalismo, quando ocorre a criação das freguesias como circunscrição político-administrativa, até à implantação da república, quando ocorre a criação da freguesia civil e a consequente separação da paróquia católica, e até democracia da revolução de Abril, quando as freguesias ganham mais autonomia e poderes.
A criação das freguesias foi, assim, uma forma do estado (da república) estender o seu poder às comunidades locais, sobretudo rurais, e reduzir o tradicional poder da igreja católica.
Apesar da separação formal entre a paróquia, poder religioso, e a freguesia, poder do estado, o forte enraizamento religioso e a lenta evolução cultural fizeram manter nas comunidades rurais, quase até à atualidade, alguma confusão entre a paróquia e a freguesia e uma posição de prevalência da importância social da paróquia sobre a freguesia, até mesmo na criação das novas freguesias.
Foi assim que chegámos a esta anomalia das 2 “categorias” de autarquias ou dos 2 níveis de poder autárquico, fracionado e burocratizado, menos eficiente e mais propício à confusão e aos conflitos ente Juntas e Câmaras.
Consequentemente, entendo que a reforma autárquica ideal deveria extinguir as freguesias e alterar o mapa dos municípios, extinguindo alguns e criando outros em função da área, da população, das infraestruturas e dos recursos económicos, de forma a constituírem instituições melhor estruturadas para a realização das necessidades das populações em função das receitas disponíveis. Seria o ideal, mas não o possível face à Constituição da República.
Embora a democracia seja o regime político mais imperfeito, por nunca estar realizado nem acabado, permite-nos a liberdade e impõe-nos soluções de compromisso. Uma destas soluções de compromisso é a Lei 22/1012 de 30 de maio, que aprovou o regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica, também designada por LRATA.
Bem sabemos que a lei não é perfeita, como o não é a democracia, mas representa o compromisso possível na atualidade
As necessidades de proximidade das populações e a existência de determinadas identidades sociais locais, que levaram à criação de várias freguesias, estão ultrapassadas nos dias de hoje, quer pela evolução cultural quer pela maior proximidade proporcionada pelas novas vias de comunicação, pelos meios de transporte e pelas telecomunicações. Já ninguém vai a pé ou de carro de bois, por carreiros de cabras ou caminhos de lama, como nas décadas de 50 e de 60, fazer o seu casamento à igreja da paróquia antiga…
Nos dias de hoje, as preocupações e as necessidades das populações são essencialmente de carácter cultural, social e económico, sobretudo a nível industrial, com vista à manutenção ou melhoria da qualidade de vida e à criação de riqueza.
O grande aumento recente dos serviços e bens prestados pelo estado, designadamente a nível do ensino, apoio social a idosos, saúde, justiça, saneamento básico, infraestruturas rodoviárias e industriais, etc, trouxeram um grande aumento da despesa pública e passaram a exigir outras estruturas de gestão mais amplas ou mais globais, noutras outras áreas de atuação também mais amplas ou globais, com interdependências funcionais, com programações feitas por quadros técnicos de pessoal especializado e de conhecimentos interdisciplinares e com equipamentos adequados, de forma a poder-se racionalizar os recursos ou receitas e a retirar-se toda a utilidade dos equipamentos de maquinaria ou de edifícios.
Cada freguesia não pode continuar a construir um salão de festas (ou de jogos de cartas) em cada lugar ou um pavilhão, um estádio de futebol e uma zona industrial em cada sede de freguesia, grande ou pequena, como não pode continuar a comprar um conjunto de máquinas que ficam velhas e ultrapassadas sem serem utilizadas nem rentabilizadas.
Todos os membros da população de cada freguesia terão melhores conhecimentos e soluções se discutirem e estudarem as diversas questões conjuntamente com os membros das outras comunidades vizinhas.
O conhecimento da história (das freguesias) permite-nos compreender o presente e programar o futuro.
Portugal está gravemente doente, ligado a uma máquina para ser reanimado (ou não), enquanto os vampiros que nos últimos anos lhe estiveram a sugar o sangue e o deixaram moribundo vão dizendo que eles são os médicos indicados para a cura e que os atuais médicos não têm legitimidade para prestarem os necessários cuidados de saúde nem soluções para a cura. Por muito que os vampiros berrem na rua ou nalgumas instituições que dominam como “forças de bloqueio”, os atuais médicos devem continuar a cuidar do doente. Claro que os vampiros irão continuar de forma radical a protestar contra todas as medidas terapêuticas, dizendo que existem outras soluções de tratamento sem as concretizarem e argumentando com dogmas como se fossem axiomas, para desgastarem e destruírem até poderem voltar ao lugar onde só sabem sugar o sangue.
Argumentam os opositores que a reorganização das freguesias ofende a cultura das populações locais, omitindo que a cultura é evolutiva. As novas gerações acrescentam cada vez mais conhecimentos aos recebidos das anteriores gerações e até alteram os anteriores conhecimentos e valores e criam novas identidades sociais, cada vez mais amplas ou globais. Se assim não fosse, a teoria heliocêntrica de Copérnico ainda seria negada e ainda continuaria a existir a escravatura, como ainda se continua a praticar a excisão, a aplicar a lapidação e a usar a burka noutras “culturas”…
Dizem ainda, os opositores, que o efeito económico da reforma autárquica é nulo ou pouco significativo, por entenderem que a despesa das freguesias só representa 0,4% do valor do orçamento geral do estado. Trata-se de um argumento de má-fé, por negarem a mudança e o progresso e por negarem que só com a soma de muitas e pequenas poupanças se pode conseguir uma substancial redução da despesa pública.
O país está moribundo; vamos tentar reformá-lo para o futuro...

27 de setembro de 2012

O primeiro debate

Uma plateia tão interessada quanto diversa encheu a sala do Hotel Cardal, ontem à noite, para debater a RATA (Reorganização Administrativa Territorial Autárquica), a convite deste vosso blogue. O primeiro debate da série "Um Café e uma Farpa" provou aquilo de que suspeitávamos: renasce em Pombal uma vontade de discutir a terra e as coisas. Foi isso que fizemos, ao longo de hora e meia de um debate vivo, resultado da extraordinária participação de todos. Estamos vivos, afinal!

Contra a RATA

A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica (RATA) que agora se discute, mais do que uma verdadeira RATA, é um conjunto de alterações avulsas que têm na fusão das freguesias a sua bandeira.

Para que fique claro, eu não defendo a imutabilidade dos sistemas político-administrativos. Antes pelo contrário. Considero que os sistemas se devem adaptar à realidade e às exigências de progresso. Mas também defendo que uma RATA, seja ela qual for, só deve ser considerada se forem verificadas três premissas prévias: for provada necessidade da reforma; existirem recursos e tempo para efectivar uma reforma séria e adequada; houver vontade de promover a reforma por via democrática. No momento actual, nenhuma dessas três premissas se verifica.

Não existe nenhum estudo sério, nenhum trabalho científico que apoie as vantagens da fusão das freguesias em Portugal. Sim, porque é só disso que esta RATA fala. Os defensores do sim apontam várias vantagens para a fusão, todas elas assentes em convicções pessoais e não em estudos concretos. Assim, corre-se o risco de entrar numa espiral de tentativa-erro que conduz, inevitavelmente a maus resultados.

Dizem-nos que a fusão permite as freguesias ganharem escala e, consequentemente, massa crítica. É verdade. Mas a pequena escala permite um melhor conhecimento da realidade e pode aumentar a eficácia. Dizem-nos também que na maioria dos países da Europa não existem freguesias. É verdade. Mas a maioria dos países europeus tem municípios mais pequenos que as nossas freguesias. Aliás, dos 27 países da União Europeia só seis (Reino Unido, Dinamarca, Lituânia, Irlanda, Países Baixos, Grécia, por esta ordem) têm uma malha administrativa mais larga que a nossa. Não há, pois, qualquer relação entre racional entre o nível de desenvolvimento de um país e o desenho administrativo territorial.

Não há tempo nem dinheiro para fazer uma reforma administrativa séria. Neste momento o país deveria ter outras prioridades que não esta. Apresentar uma proposta atabalhoada, para ser discutida em tempo “record” apenas para agradar à troika tem um fim previsível: não vai conduzir a lado nenhum. Se a ideia do governo era a de promover uma discussão inócua, conseguiu.

Mas isso não significa que se arrume o assunto na gaveta. É importante que a discussão continue, se aprofunde, potencie estudos sérios e num futuro próximo se possa estar aqui a debater uma RATA diferente. Uma RATA promovida numa base de honestidade intelectual, necessária ao país, feita com as nossas convicções e que possa vir a ser aprovada democraticamente pela nossas instituições.

Tal como está a RATA é desonesta e muito pouco séria. Na conjuntura actual, forçar uma reforma, necessariamente difícil e complexa, motivada por argumentos difusos e pouco fundamentados, é uma asneira.

25 de setembro de 2012

A sociedade civil e os políticos

Os nossos políticos têm medo de ouvir o povo. Medo não, pânico!

Como é público, o Farpas vai promover o seu primeiro debate no Hotel Cardal. O espaço não poderia ter sido mais bem escolhido: é central, confortável e a sua gestão é profissional e muito simpática. A forma como acolheram a iniciativa foi exemplar.

Mas, verdade seja dita, a nossa primeira escolha recaiu sobre o Café-Concerto. Sendo gerido pela Câmara, pensámos nele como apropriado pois, vendo bem as coisas, é um espaço de todos. A resposta que recebemos ao nosso pedido foi: "Considerando que institucionalmente, os espaços municipais só são cedidos a entidades públicas ou privadas com fins públicos, conclui-se que esta actividade não se enquadra neste âmbito e como tal não poderemos agendar esta iniciativa."

É uma resposta indigna mas reveladora. Para que haja termo de comparação, em Coimbra estou envolvido num movimento em defesa da cultura. No dia 29 deste mês (Sábado) vamos promover um conjunto de iniciativas em vários espaços da cidade: ao ar livre; na Casa da Escrita (gerida pela Câmara); no Museu da Ciência (gerido pela Universidade); na Casa das Caldeiras (gerido pela Universidade); etc. Este movimento nunca se constituiu como associação e não é por isso que a Câmara e Universidade não disponibilizam os espaços. Mas não é preciso sair de Pombal para perceber a intenção da autarquia. Este ano, vários espaços municipais foram cedidos pela Câmara a equipas que estavam a colaborar na iniciativa "Um Dia pela Vida". Que eu saiba, essas equipas não estavam constituídas como associação.

Este processo mostra que a nossa sociedade civil tem mais maturidade democrática que os nossos políticos. Também confirma aquilo que já todos sabíamos: somos governados por um déspota.

A importância do debate

O primeiro debate Farpas é já amanhã e o tema não poderia ser mais apropriado: "A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica". 

Como todos sabem, a Assembleia Municipal de Pombal prepara-se para decidir sobre a reestruturação do nosso mapa autárquico sem passar cavaco à população. Apesar do assunto ser de grande relevância, como atesta a interessante troca de ideias tida neste blogue em Fevereiro, os nossos políticos não viram vantagens em promover a sua discussão pública. E depois admiram-se de ser apelidados de déspotas iluminados.

23 de setembro de 2012

Um café e uma farpa

Mais de quatro anos depois de ter visto a luz da internet, este blogue vai agora sair do armário. A partir deste mês de Setembro - e sempre que a actualidade o justificar - o Farpas lança o debate ao vivo e em tempo real. A iniciativa chama-se "Um café e uma farpa" e será um espaço de discussão, com a duração de uma hora e meia (mesmo), sobre um tema actual, lançado por duas personalidades "da casa" ou de fora, com visões contrárias do tema, que dispõem de cinco minutos para apresentar os seus pontos de vista. A partir daí, inicia-se o debate que se pretende vivo e muito participativo entre todos os presentes e moderado por um dos membros do blogue.

Na próxima quarta-feira, dia 26 de Setembro, contamos consigo, caro leitor e comentador, para beber um café e debater connosco o tema proposto: "A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica". O encontro está marcado para o Hotel Cardal, a partir das 21h.

21 de setembro de 2012

Chumbo na credibilidade que nunca existiu

O Tribunal de Contas chumbou as contas da Câmara de Pombal referentes aos exercícios de 2009 e 2010 porque houve um desvio de dinheiro, superior a 500 mil euros, por falta de mecanismos de controlo previstos na administração pública, por parte de um funcionário da inteira confiança do presidente da câmara.

As justificações de Narciso Mota são a prova de que nunca existiram e não existem, na câmara, verdadeiros mecanismos de controlo dos dinheiros públicos. Naquela casa as relações pessoais sobrepõem-se, sempre, às boas práticas de gestão. Os vereadores são “by-passados” e aceitam-no calados, mesmo correndo o risco elevado de serem accionados por incumprimento dos deveres do cargo. O quero, posso e mando não justifica tudo, e o calculismo tem limites.

Às 18, no Jardim

Só esta mobilização já constitui, por si, um facto memorável. Até logo ;)

16 de setembro de 2012

Uma lição de vida


Nos jornais, na TV e na internet circulam centenas de imagens que valem por todas as palavras que escrevemos e gritámos por este país fora na tarde de ontem. E é quando olhamos para cada uma delas que percebemos como é que, afinal, somos tão condescendentes com a pandilha.

O protesto de Leiria (fortemente participado por pombalenses), pode ser visto em galerias como esta. Lado a lado, gente de todos os quadrantes políticos saiu à rua para mostrar que está viva.
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.505755939453332.129522.115612748467655&type=1
ou esta, do "nosso" Joaquim Dâmaso.
http://share.snacktools.com/AF5A6CCF8D6/pz1j299k

Manifestação, festa e agressão


As manifestações dos socialistas e dos outros da esquerda são umas festas, onde aproveitam para proferir uns insultos e destruir umas esplanadas ou agredir uns polícias. São também umas orgias… Para eles, só a esquerda pode estar no governo. O FMI é detestável por emprestar dinheiro que eles próprios pediram: há que morder ou cuspir na mão que dá o pão…
Quando Sócrates tomou posse como 1º ministro, a comunicação social andou 3 anos a falar no “estado de graça” e a defender as mediadas políticas do governo até o levar a novas eleições, enquanto o “estado de desgraça” do país avançava. Quando Passos Coelho tomou posse no governo do país depauperado, a comunicação social começou logo a desancar nos membros do governo. Faz-me lembrar uma administração de uma empresa que a saqueia, que é demitida e que, passado algum tempo, aparece a responsabilizar a nova administração.
Os beneficiários do produto dos impostos, da esquerda e da direita, sabendo das medidas políticas previstas para redução do valor das reformas douradas e de outras sinecuras, como as receitas das fundações, logo trataram de usar o único argumento da única medida governamental que parece impopular, o aumento da TSU, para desancarem no governo. Exemplo desta actuação foi (Matusalém) Mário Soares, o qual apareceu a defender, sem o dizer, as suas reformas douradas, o seu estatuto remunerado de professor universitário convidado, de que nunca vai ou foi dar aulas (professor catedrático 0%), a continuação do uso dos recursos do estado para se fazer transportar e para garantir a sua segurança, a continuação das receitas para as 2 fundações de que ele e esposa são titulares, a partir dos nossos impostos, onde vai depois buscar as mesmas receitas, etc… Claro que ele e outros como ele, de esquerda e de direita, estão muito revoltados “com o aumento da TSU” e exigem a queda do governo.
Este governo apenas peca por falta de coragem em ir muito mais depressa e muito mais longe. Porém, com manifestações assanhadas na rua e, sobretudo, com os membros do Tribunal Constitucional a chumbarem as leis e a defenderem as suas remunerações e privilégios, não sei se há governo PSD que alguma vez possa governar o país. Não sei se a bancarrota pode ser evitada…

12 de setembro de 2012

Mais um prego



Acto: Pub. - Sentença Declaração Insolvência 

Referência: 3178595 
Processo: 1220/12.0TBPBL, 2º Juízo 
Espécie:  Insolvência pessoa coletiva (Requerida) 
Data: 12-09-2012 



Insolvente: Anotando - Sociedade Editora Lda 
        

Por outras palavras, a empresa que é dona (presumo que ainda o seja) d'"o Correio de Pombal" foi decretada insolvente, ou seja, incapaz de cumprir as suas obrigações. 
 
Não quer isto dizer que o Jornal deixe de ser publicado imediatamente ou que não venha um plano de recuperação a ser aprovado, mas parece ser mais um prego no caixão da comunicação social em Pombal, no que concerne à capacidade de informar. Caixão esse que é mais formal que material, pois não é preciso ser-se especialista na arte de informar, mas apenas na arte de ser informado, que a boa vontade (e alguns casos de abnegação) só não chega para garantir um jornal. 
 
Assim se avança para o fim da comunicação social escrita em Pombal. Alguns dirão que mais vale, atendendo ao que existe/existia. Outros, muito mais, lamentarão. O espelho de uma terra também é feito da órgãos de informação que ajudam aos laços de comunidade. Mais uma herança deste 20 anos e de equilíbrios com o poder, projectos que não estão alinhados com as expectativas dos seus destinatários, conjectura geral de crise? Independentemente do diagnóstico e das responsabilidades que se queiram apurar, a triste realidade poderá ser esta. Há quem continue a informar em Pombal e na região (e ainda bem), mas um jornal não é apenas um adereço, é algo que informa com base em factos. E isto quando se faz bem, é bom. Para a comunidade. Para todos.

9 de setembro de 2012

O imbróglio da Feteira

A população da Féteira de Carnide acusa Narciso Mota os ter a enganado porque lhes prometeu, em reunião pública, que os limites históricos da freguesia se manteriam e não cumpriu. Em vez disso alinhou com as pretensões do presidente da junta da Ilha que queria e, pelos vistos, conseguiu apropriar-se de uma parte do lugar da Feteira. O presidente da junta de Carnide – vá lá perceber-se porquê – não se opôs.
Indignados e abandonados ao seu destino, a população avançou para os tribunais. Entrepôs processos contra a Câmara Municipal e contra as Juntas de Freguesia de Carnide e da Ilha no Tribunal Administrativo de Leiria para pedir a correção dos limites da Freguesia.
Já sabemos o que nos espera: a CMP vai litigar, como de costume, até ao tribunal constitucional. E nós pagamos.
Não havia necessidade!

8 de setembro de 2012

Apenas para lembrar o que está em jogo


‎"Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. 
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade." 

4 de Julho de 1776


Por vários motivos tendo andado arredado aqui do blog. Mas mesmo sem mais um anúncio de medidas de austeridade (que me abstenho de adjectivar, para já, e sobre o contexto político, quem me conhece sabe que tenho critério de estabelecimento de paternidade que ascendem a 3 décadas, pelo que me recuso a entrar, também para já, em jogos de culpas), sentia que era a altura de voltar a juntar-me aos meus camaradas e companheiros de blog e ilustres comentadores que têm chamado e comentado à colação vários assuntos que fazem jus ao espírito desta casa. E que pelo menos 300.000 € já conseguiram fazer poupar.

Mas essencialmente regresso porque se abre o último ano de um ciclo de 20 anos e começa a ser altura de um balanço e de uma antevisão. Não será missão fácil, mas é obrigatória, porque a exigência que uns alegam que praticam, tem de ser aquela que nós, pombalenses e eleitores, temos de colocar em prática para perceber bem o que foi feito e o que tem de ser feito, ainda que as conclusões sejam divergentes. O respeito por opinião alheia, uma das vítimas desta governação de 20 anos, bem como o insulto fácil ou a cortina de fumo utilizados amiúde para inviabilizar discussões, não nos devem afastar do essencial, que é perceber como se governou e que herança se deixa para o futuro.

Nesse aspecto, a frase que cito, velha de 236 anos, tem todas as pistas para perceber o que queremos e devemos exigir, contextualizando obviamente a questão do abolir ou alterar, entendendo-se por isso o participar, exigir, reivindicar, mudar, tal como muitos fazem neste Concelho. Infelizmente, a minoria. Porque isso não é por em causa a legitimidade de quem governa, é reforçá-la e responsabilizá-la. Porque, mais uma vez, contemporizar com desresponsabilizações constantes ou obras que não se percebem é um dever de cidadania. Que não é nosso (Farpas) monopólio, mas que, por forças que não percebemos (ou percebemos e não queremos crer) cada vez menos têm fóruns próprios para serem manifestadas. 

Haja agora a coragem de exigir mais e melhor que nos últimos anos foi esquecida. Porque é a preparar os anos que aí vêm, tendo em conta os erros e acertos do passado, que se consegue mais e melhor. Não é a aceitar qualquer cozinhado ou posição pré-eleitoral (do poder ou da oposição) participado apenas por meia-dúzia que se pode dizer que se legitima o consentimento dos governados.

6 de setembro de 2012

A solidariedade que aqui mora

A Joana Benzinho é de Pombal e está a fazer um trabalho notável ao leme da associação "Afectos com Letras", que desde 2009 recolhe a partir daqui tanto do que nos sobra, e que na Guiné-Bissau tanto falta. Sem alaridos nem exibicionismos, sediou a ONG no Escoural e trocou os holofotes locais pelos sorrisos dos que quase nada têm. A filha do mítico presidente Guilherme Santos integra o rol dos "pombalenses excelentíssimos" que só é reconhecido lá fora, injustamente.

29 de agosto de 2012

PS de Adelino Mendes


Adelino Mendes tem-se mantido à frente do PS de Pombal, com algumas interrupções, desde há cerca de 20 anos, ou seja, durante o mesmo período de tempo que Narciso Mota se tem mantido à frente da Câmara Municipal.
Terminado o mandato de Narciso Mota, Adelino Mendes irá levar o PS local a eleições sem quaisquer condições de disputar a vitória ou de obter um bom resultado, face à posição omissa, silenciosa e inócua revelada na sua actividade política e face ao afastamento da maior parte das “vozes” (militantes) mais críticas e interventivas.
Adelino Mendes, tendo, consequentemente, perdido a credibilidade política, irá enviar um “cordeiro” para o sacrifício ou encontrar um “paraquedista” famoso para atenuar os efeitos da derrota previamente anunciada.
Apesar de tudo, Adelino Mendes tem-se mantido no poder e até arregimentou cerca de 100 novos militantes para participar, através de outrem, nas eleições da Federação Distrital do PS, sendo mais um de tantos políticos activos que, como já dissemos anteriormente neste blog, “agarram” os partidos para poderem ser candidatos aos cargos políticos elegíveis e ou terem influência económica e social.
A Adelino Mendes resta justificar o fraco funcionamento do seu partido e o seu silêncio cúmplice ou o apoio ao executivo camarário. Resta também explicar como obteve emprego na Ambipombal, empresa que no seu início teve a Câmara Municipal como um dos seus principais clientes, e se Narciso Mota interferiu. É uma questão de credibilidade…

28 de agosto de 2012

27 de agosto de 2012

Obras ilegais

A CMP, no lugar de ser a principal zeladora pelo correcto ordenamento do território e do bom uso do solo, é a principal prevaricadora. Viola a lei de forma propositada e reiterada, sem necessidade, sem razão (ás vezes por capricho) e contra a vontade das populações. A Pista de Aeromodelismo do Casalinho é, talvez, o exemplo mais chocante: um enorme atentado ambiental cometido em RAN e REN.

Construir uma pista em betão com 800 m de comprimento e 18m de largura, supostamente para a realização de um evento pontual – campeonato europeu de aremodelismo – é já por si, um acto de esbanjamento, mas fazê-lo numa zona nobre do concelho, protegida por lei, prefigura uma tal irresponsabilidade que, num país sério, deveria dar, no mínimo, perca de mandato.

Cometida a ilegalidade e sem grande utilidade para a coisa, Narciso Mota tem encetado a fuga para a frente: transformar a aberração numa coisa que pareça útil de forma a atenuar e justificar a ilegalidade. Posteriormente, aumentou a pista (e o esbanjamento) para 1000 m de comprimento de forma a adequá-la a aeronaves de combate a incêndios e promete aumentar ainda mais a pista, para 1200 m, na esperança de certificá-la como Aeródromo. E talvez o consiga! Infelizmente, as entidades públicas que deveriam defender a legalidade; atuam, muitas vezes, para mascarar ilegalidades, emitindo pareceres enviesados. E quem se deveria opor, cala-se.

Novo padre

Pombal vai ter um novo padre. E diferente. Tão diferente que até sabe dar musica. As coisas vão ficar, com certeza, mais alegres.

A Igreja é uma organização muito conservadora. No entanto, sabe que, de vez em quando, é preciso mudar, nomeadamente de pessoas.

Por cá mudou o comandante da guarda, muda o padre… A terra, apesar de tudo, move-se.

24 de agosto de 2012

Já chegámos às Meirinhas, parte II


“Erros e omissões” reduzem custo do estádio de Meirinhas para quase metade

A Câmara de Pombal aprovou um conjunto de “erros e omissões” no projecto de construção do estádio municipal de Meirinhas, o que faz reduzir o valor base da empreitada de 816 mil para cerca de 500 mil euros. O presidente da autarquia reafirma a importância daquele investimento para complemento da rede municipal de recintos desportivos.
A obra, que se encontra em fase de recepção de propostas, tem sido alvo de algumas críticas, tendo já levado Narciso Mota a enaltecer a sua “honestidade” para afirmar que “nunca fiz gestão danosa por onde passei”.
Logo que foi anunciada a abertura de concurso para a construção daquele estádio, as críticas começaram a surgir, essencialmente no blogue “Farpas Pombalinas”, com alguns bloguistas a questionar a prioridade daquele investimento. Paula Sofia Luz questiona “como é que a Câmara pretende explicar, a cada uma das colectividades e/ou juntas de freguesia do concelho, esta benesse à freguesia de Meirinhas”, questionando, também, se os 1775 habitantes da freguesia “não ficariam melhor servidos com outro tipo de infra-estruturas, entre as várias necessidades”.
De entre outros, José Gomes Fernandes, ex-líder da Concelhia do PSD de Pombal e antigo membro da Assembleia Municipal, considera aquela obra como “socialmente, um acto de esbanjamento e um insulto aos contribuintes” acrescentando que “é, na sua génese e nas suas consequências, um acto de ‘administração danosa’”.
Gomes Fernandes, que se incompatibilizou há alguns anos com Narciso Mota, diz não compreender o “silêncio cúmplice de vereadores e de membros da assembleia municipal que não cumprem o compromisso que assumiram com os eleitores”. “Também não se compreende a posição silenciosa e passiva de dirigentes partidários, que não cumprem os seus deveres políticos, nem da população em geral, que nada quer saber da forma como são gastos os dinheiros públicos”, diz.
Na quarta-feira, durante a reunião camarária, Narciso Mota reafirma que aquele equipamento irá “complementar” a rede de espaços desportivos geridos pelo Município e que “já são insuficientes para todas as solicitações”.
O presidente da Câmara refere que aquele estádio ficará dotado de um relvado sintético e balneários, à semelhança do que já acontece com outros campos de futebol do concelho, dando o exemplo de Mata Mourisca, Pelariga, Ilha e Moita do Boi, entre outros.
Segundo Narciso Mota o Município avança com a construção daquele estádio porque “há falta de bairrismo” na freguesia de onde é natural. Na opinião do autarca, “existem lá empresários que estariam disponíveis para apoiar a construção do estádio” mas “tanto a associação desportiva como a junta de freguesia disseram que não tinham condições para o fazer”.
Para o edil social-democrata, o estádio “ficará património do Município e poderá ser utilizado por outros clubes do concelho” sendo “gerido pelo respectivo pelouro do Desporto”.
Uma posição subscrita pelo socialista Adelino Mendes. O vereador é da opinião de que “nem todos os estádios municipais têm de estar localizados na sede do concelho” e reforça que “têm de ser criadas condições para que o futuro estádio seja utilizado por clubes de outras freguesias”.
Ao aprovar a lista de “erros e omissões”, Narciso Mota justifica que “houve necessidade de se proceder a ajustamentos ao projecto” até porque “o preço base foi considerado exorbitante”.

Luisão pouco capitão

A maior parte de nós (tele)viu as imagens do encontrão de Luisão ao árbitro alemão. Para os benfiquistas e jornalistas da mesma cor, o árbitro fez teatro e deveria ser punido, enquanto que o Luisão não agrediu e não deverá ser punido.
Quando (tele)vi as imagens, fiquei com a sensação de que o Luisão agrediu o árbitro com um encontrão e que o árbitro exagerou na queda. Depois, (tele)revendo as imagens em camara lenta, vi o árbitro a preparar-se para exibir um cartão a um jogador do benfica, o Luisão a fazer uma correria em direcção ao árbitro e a desferir-lhe um forte encontrão, o árbitro a ser apanhado de surpresa, o corpo do árbitro a ser projectado para trás e o pescoço do árbitro a dobrar com a sua cabeça a baixa e ir junto ou a tocar no ombro do Luisão por efeito da inércia. Conclui que o encontrão foi forte e feio e que o árbitro (apanhado de surpresa) poderá não ter exagerado na queda subsequente. Mesmo que o árbitro tivesse feito teatro na queda, tal atitude não limpava a responsabilidade do Luisão na agressão.
Mais grave do que o encontrão do Luisão é a cultura da estratégia de agressividade e de pressão exercida pelos jogadores de futebol dos vários clubes (uns mais que outros) sobre os árbitros. Mais grave ainda é a cultura dos dirigentes desportivos e dos jornalistas de desresponsabilizarem os actos de violência dos futebolistas. Tudo leva à violência generalizada no futebol.

20 de agosto de 2012

A subsídio-dependência no seu melhor

Uma associação da nossa terra requereu à CMP um subsídio para "fazer face às despesas com a aquisição de um lápide de inauguração para substituir a que se encontra danificada”. A CMP deliberou, por UNANIMIDADE (e sem comentários), atribuir um subsídio de 222,63 €.
A cultura da subsídio-dependência atingiu um tal despudor que já permite isto.

Abusos no estado social


Há dias, um empresário francês contou-me 2 exemplos de abusos no estado social da pátria de Victor Hugo.
1º caso: Um desempregado vai pedir emprego ao referido empresário. Em primeiro lugar diz-lhe o valor da remuneração que pretende auferir; em segundo lugar avisa que só poderá iniciar o trabalho depois das 9 horas e terá de terminar o trabalho antes das 17 horas, para ir levar e buscar os filhos à escola; em terceiro lugar pergunta então qual é o trabalho a desempenhar…
2º caso: Um desempregado foi pedir, a outro empresário amigo do empresário supra referido, para lhe assinar um documento em como lhe pediu emprego de motorista e ele não o empregou. O empresário disse que tinha emprego, mostrou-lhe um camião carregado de viaturas automóveis estacionado e disse-lhe que lhe daria emprego de motorista para aquele caimão. O desempregado disse ao empresário que apenas pretendida a assinatura em como não lhe podia dar emprego. Perante a insistência do empresário em dizer que tinha emprego, o desempregado disse-lhe que aceitava o emprego mas que na primeira rotunda o camião iria capotar carregado com todas aquelas viaturas automóveis. Então o empresário assinou os papéis em como não tinha emprego…

16 de agosto de 2012

E o PS, senhores?

Perante tão sepulcral silêncio (em relação a tudo o que se passa na terra), poderemos concluir que o Partido Socialista de Pombal...morreu?

15 de agosto de 2012

Nas notícias

Não basta ser, tem que se parecer, é o que se me oferece dizer. E que é tudo no plano da moral e não legal (sem saber todos os contornos que são possíveis neste caso, onde a GNR fez o que tinha de fazer e o MP não sei se fez, porque não sei o que foi pedido e como). 

Mas aguardo com mais curiosidade os comentários de Narciso Mota, guardião da moral e bons costumes, defensor intransigente da competência e do mérito, intrépido cavaleiro contra o desperdício e pela transparência.

13 de agosto de 2012

Ninguém está acima da lei


No passado dia 10-08-2012, cerca da 6 horas (madrugada), um vereador, conduzindo uma viatura automóvel nas Meirinhas, foi fiscalizado por uma patrulha da GNR. Efectuado o teste de despistagem de álcool no sangue, acusou uma taxa de 1,80, integradora de crime. Solicitado teste quantitativo, o vereador recusou, tendo sido detido por crime de desobediência. Notificado para comparecer pelas 10 horas no Tribunal de Pombal, para julgamento em processo sumário, o vereador faltou.
Moral da história, parece que o vereador, já repetente nestas aventuras, não aprende a lição. Mais importante, parece que a GNR de Pombal faz cumprir a lei por igual a todos os cidadãos, revelando actuação ainda não compreendida por alguns dos protagonistas da nossa terra mal habituados a outras facilidades e promiscuídas doutros tempos ainda próximos.
A coragem dos elementos da GNR de Pombal, revelada no cumprimento dos seus deveres, transmite segurança e confiança aos cidadãos. Certamente que este funcionamento correcto e digno daquela força de segurança está ancorado nas orientações, consciência do dever e dignidade do seu comandante, que não conheço.
Falta agora, vir o PC mostrar a sua falta de responsabilidade politica e institucional e falta de ética, censurando mais uma vez as forças de segurança por cumprirem o seu dever e defendendo mais uma vez a actuação do seu vereador..

A presidenta

Até há pouco tempo, Narciso Mota exerceu o poder de forma autoritária e muito centralizada (e foi várias vezes criticado por isso). Aboliu, até, a figura do vice-presidente.

Mas nos últimos tempos a coisa mudou: passou a delegar. E tem delegado tanto que, na estrutura, emergiu uma “presidenta”.
Percebe-se, agora, que não delegava por ser avesso à delegação, mas porque não reconhecia atributos, para tal, nas pessoas que o rodeavam.

Descobriu-os, finalmente!

8 de agosto de 2012

Qualidade alimentar e fiscalização na UE


Na semana passada, alguém esteve em Sète, na costa mediterrânea da França, bastante concorrida por turistas nesta época.
Na terça-feira, foram a um café na principal, marginal a um canal. No interior, o proprietário mantinha 2 cães de companhia. Depois de acariciar os cães, o proprietário servia os pequenos almoços, onde estavam incluídos croissants, sem previamente lavar as mãos e sem usar luvas. Que vontade de chamar a ASAE para fechar o café…
Na quarta-feira, foram a outro café na mesma rua. O proprietário não mantinha cães no interior, mas também manuseava os croissants com as mãos, sem previamente as lavar e sem usar luvas.
Estes factos fizeram-me lembrar uma padaria na Suíça, nos arredores de Lausanne, onde, em Agosto de 2010, os mesmos portugueses viram os “indígenas” suíços (mais velhos) a verificarem a qualidade do pão, pegando-o com as mãos e recolocando-o no cesto donde o haviam retirado.
Podemos ser pobres e um pouco indisciplinados, mas não temos um grau de civilização inferior aos dos países ricos nem somos porcos…
Talvez as regras sobre a higiene e qualidade alimentar tenham sido aprovadas pelos países ricos da EU para obrigar apenas os países pobres….

Idiossincrasias

Está em consulta pública o regulamento do conselho municipal da juventude. É um emaranhado de burocracia para coisa nenhuma. Mais um exemplar desta idiossincrasia local (e nacional): fazer alguma coisa para mostrar que não se está parado.
Quem é que no seu perfeito juízo perderá o seu tempo a participar naquilo?

Ainda a ocultação das actas

A leitura das actas das reuniões do executivo esclarece-nos bastante sobre os meandros da política pombalense. A constatação mais imediata é que as decisões são tomadas, sistematicamente, por UNANIMIDADE, e sem discussão.
Logo, pergunta-se: quem beneficia mais com a ocultação das actas? O poder ou a oposição?

31 de julho de 2012

Festas do Bodo

Uma festa, pequena ou grande, de uma família ou de uma comunidade, é sempre um evento que expõe e realça as qualidades e os defeitos, as forças e as fraquezas, os valores e os princípios dos seus organizadores.

As Festas do Dodo confirmam-no: ali se manifesta de forma crua a desarrumação, a desorganização, a incoerência, a falta de critério, o amadorismo, a falta de rigor e o tratamento de favor a que assistimos durante todo o ano por todo o concelho.

As festas estão partidas por três espaços sem ligação entre eles e sem coerência na sua composição, por onde as pessoas vagueiam sem norte. O Cardal, que deveria ser o cartão de visita das festas é de uma pobreza franciscana: cinge-se ás farturas e umas barracas privilegiadas mas desinteressantes. Nos outros espaços a organização é tipo feira da ladra.

O Bodo é uma marca forte, alicerçada numa tradição secular, que, apesar de todos os atropelos, continua a atrair muita gente. Mas é possível fazer muito melhor. O concelho merece-o.


PS: A alteração do horário do concerto da Áurea, no domingo, à última hora, sem avisar os espectadores nem os músicos, revela a arrogância dos organizadores. A Áurea, apesar de não ter culpa no sucedido, pediu desculpa aos espectadores.


26 de julho de 2012

O joker de Narciso

O processo de designação do sucessor de Narciso Mota acelerou após a saída de cena de João Coucelo, o candidato consensual. Narciso Mota não aceita (e lá terá as suas razões) que Diogo Mateus lhe suceda na presidência da câmara porque sabe que este demarcar-se-á imediatamente da sua gestão. Narciso Mota não quer correr esse risco.
Logo, Narciso Mota teve que lançar Pedro Pimpão de forma a tentar impedir a designação do eterno candidato do aparelho: Diogo Mateus.
Pedro Pimpão encarna na perfeição o sucessor que Narciso Mota sempre ambicionou ter: é pacificador, deve-lhe tudo e tudo lhe pagará. Com ele, Narciso Mota não tem que se preocupar: as suas obras serão sempre enaltecidas e as suas asneiras justificadas.
Narciso Mota tem poder mais do que suficiente para impor o seu candidato, até porque tem o Pedro Pimpão na liderança do partido. Falta, no entanto, perceber se Pedro Pimpão tem estaleca para dar o passo em frente. Como em tempos disse o Chico da Barosa para um político pombalense que também esteve nesta corrida: “para deputado qualquer … serve, mas para presidente da câmara é preciso ter estaleca”.

Transparência mas pouco

O executivo gaba-se de ser o campeão da informação e dos serviços on-line.
No entanto, as actas das reuniões do executivo são colocadas on-line com um atraso de DEZANOVE MESES.
Um serviço on-line com dezanove meses de atraso é um arquivo morto.

PS: Qualquer munícipe tem o direito de acesso às actas das reuniões do executivo. Se não forem disponibilizadas no site durante a próxima semana requerê-las-ei.

Adenda: as actas foram disponibilizadas no site dia 30JUL12.

24 de julho de 2012

Já chegámos às Meirinhas?

Beneficiação do Estádio Municipal de Meirinhas. Valor do preço base de procedimento: 816401.53 EUR. Assim mesmo: Oitocentos e dezasseis mil, quatrocentos e um euros e cinquenta e três cêntimos. 

Ora aí está a obra que faltava para fechar com chave de ouro os 20 anos do mais ilustre meirinhense à frente dos destinos de um concelho inteiro. 
Depois do pavilhão gimnodesportivo (inaugurado há um ano), eis que é publicado aqui o anúncio de concurso público.
Entre muitas outras, sobram, para já, algumas questões:
  • O estádio municipal de Meirinhas já existe? Desde quando? E onde?
  • Com tanto campo relvado (quase à razão de um por freguesia) e tanto campo desactivado, haveria mesmo necessidade de construir um estádio?
  • A confirmar-se a necessidade de mais um estádio municipal (existe apenas um, na cidade), será Meirinhas a freguesia que oferece maior centralidade?
  •  Como é que a Câmara pretende explicar, a cada uma das colectividades e/ou juntas de freguesia do concelho, esta benesse à freguesia de Meirinhas? (Quem geriu por aí a construção dos sintéticos sabe bem o que está em causa)
  • Não sendo pela centralidade da freguesia de Meirinhas (que pelas contas do doutor Relvas até corria o risco de perder o estatuto), que razão válida leva a Câmara a construir um estádio municipal nessa bela localidade? O facto de ali existir  uma única equipa de futebol sénior, no seio da Associação Desportiva local, sem lugar para a formação de camadas jovens? Um incentivo aos seus 1775 habitantes contabilizados pelos censos de 2011? E esses não ficariam melhor servidos com outro tipo de infra-estruturas, entre as várias necessidades?
E por último, mas nem por isso menos importante: será o estádio uma prioridade local nos tempos que correm?

19 de julho de 2012

Limitação de mandatos nas autarquias

O País está cheio de problemas que urge resolver, no entanto os principais partidos lançaram para o debate político, em cima das eleições, a lei autárquica e a lei da limitação de mandatos nas autarquias. Os portugueses são, no geral, adversos à estabilidade, previsibilidade, sistematização; e, quando esta se consegue, arranjam sempre uma razão para desfazer e voltar a fazer. Somos assim!
A lei autárquica está claramente instituída, é clara, e não tem criado problemas de governabilidade nas autárquicas. Podia ser melhor? Podia, nomeadamente se facilitasse em vez de dificultar as candidaturas independentes. Mas, neste momento, não deve ser mudada.
A lei da limitação dos mandatos foi publicada em AGO05 mas só agora, porque só agora produz efeito, é contestada. A lei é curta e simples, estabelece que “o presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos, salvo se no momento da entrada em vigor da presente lei tiverem cumprido ou estiverem a cumprir, pelo menos, o 3.º mandato consecutivo, circunstância em que poderão ser eleitos para mais um mandato consecutivo”. A contestação (que também tem andado por aqui) poder candidatar-se noutra autarquia. Acho que é uma polémica sem sentido. A lei pode não ser clara no que permite, mas é clara no que não permite: reeleição após três mandatos. A lei teve e tem como objetivo fundamental (senão único) impedir o chamado caciquismo baseado em redes de interesses que favorecem e perpetuam, em meios pequenos e sem grande escrutínio democrático, a reeleição dos autarcas. Nunca esteve no espírito do legislador retirar totalmente a capacidade electiva aos autarcas em funções.
Como pombalense e como abiulense acho bem que Narciso Mota e António Carrasqueira não se possam candidatar nas próximas eleições. Já Chega! Mas também acho bem que possam candidatar-se em Leiria, Freixo de Espada-à-Cinta ou na Marmeleixa. A lei não o impede a candidatura noutra autarquia e não o deveria impedir. Ao não o impedir a lei tem duas virtudes adicionais: por um lado, permite que todos os autarcas mantenham a capacidade electiva; por outro, permite que aqueles que arriscam submeter-se a votos noutra autarquia possam demonstrar a si e aos outros que o seu continuado sucesso se deveu ao seu mérito e não a forças ocultas.

17 de julho de 2012

Aberrações Urbanísticas

A Avenida do Casarelo é, em si, uma aberração urbanística: pelo traçado, pela entrada, pelas ligações, … Uma aberração inexplicável e inaceitável porque a sua construção é recente e não existiam (tal como não existem hoje) constrangimentos construtivos significativos. Logo, a aberração urbanística foi propositada. Tão propositadas que suprimiram um dos passeios, na entrada, obrigando as pessoas a atravessar a avenida ou a circular pela via descendente numa zona de curva. A irresponsabilidade chega ao ponto de, para arranjar meia dúzia de metros para um prédio, não se importarem de colocar em risco a segurança das pessoas.

Mercado de transferências

Afinal também vamos ter exportações na política local. Mais uma vez a prova de que o bloco central, nas suas cúpulas (seguidas com entusiasmo por muitas das duas claques), trocou os interesses do país pelos interesses partidários. Mais uma vez, a solução não passa por responsabilizar quem desbarata dinheiro público, acabar com as possibilidades de nepotismo e adequar serviços às reais necessidades do espaço geográfico. Não, a solução é legislar para manter o poder. A todo o custo. 

16 de julho de 2012

PSD de Pombal activo


A nova comissão política do PSD de Pombal, chefiada por Pedro Pimpão, organizou na passada sexta-feira, um jantar de tomada de posse (simbólica). Foi a ocasião para mostrar já trabalho na organização partidária e sobretudo na adesão de novos militantes.
O peso político-social do PSD de Pombal nunca teve correspondência nas estruturas distritais e nacionais do partido e muito menos na representação no órgão de soberania Assembleia da República. Parece acertada a decisão de definir a militância como primeira tarefa. Se o número de votos dos militantes de Pombal constituir uma razoável percentagem do peso global partidário, o PSD de Pombal terá um papel importante na definição de políticas e na condução do poder público.
Entretanto, há que verificar quantos membros da comissão política e dos órgãos das autarquias do nosso concelho se irão manter empenhados e irão comparecer às actividades a definir pela comissão política fora das épocas de eleições.
Teremos também de verificar se o homem das cavernas aceita e apoia a renovação e não continua sempre a falar do passado e dele próprio e a definir o que deve ser feito. O seu discurso maçador de cerca de 45mn foi a forma habitual de “estragar a festa”…
Resta perguntar: o que anda a fazer a oposição?…

10 de julho de 2012

Quo Vadis ETAP?


Nos últimos anos, a falta de alunos da ETAP parece ser uma realidade. Pais e alunos parecem estar a preferir a escola profissional Avelar/Penela/Alvaiázere. É a imagem destas escolas…
A ETAP terá movido 7 ou 8 processos disciplinares contra professores, sobretudo contra os mais antigos. Num dos processos, terá sido negociada a cessação do contrato de trabalho com um(a) professor(a) com 16 ou 17 anos de antiguidade mediante indemnização correspondente.
A certificação foi perdida e as inerentes auditorias externas findaram.
Até ao ano lectivo findo, a constituição de turmas tem sido garantida com a inclusão de alunos provenientes dos PALOPs, permitindo o financiamento através do POPH (fundos comunitários da EU). Consta que uma das turmas apenas integrava um aluno português.
A exigência de turmas com 26 alunos e a alteração das fontes do financiamento, o qual será da responsabilidade do Ministério da Educação e que passará a abranger apenas alunos nacionais da EU, trará consequências sérias…
A Câmara Municipal de Pombal poderá passar a financiar mais ainda o funcionamento da ETAP. Serão os munícipes e contribuintes de Pombal a pagar os custos da gestão e funcionamento, através das altas taxas de água, de lixo, de infra-estruturas urbanísticas, e através de IMI, IMT, Derrama, etc.
Os políticos responsáveis pelo actual estado das coisas apenas sabem resolver os problemas com mais dinheiro, que já não há. Digam agora os candidatos a cargos políticos autárquicos qual a solução que estão a pensar e digam os cidadãos em geral o que querem. Mas digam já, porque o silêncio cúmplice está a levar o país à ruina…

9 de julho de 2012

Narciso e os ambientalistas

Os nossos autarcas vivem uma relação amor/ódio com as associações ambientais que não lhes faz nada bem.  

Recentemente, a Quercus elegeu o Osso da Baleia como uma das praias portuguesas com melhor qualidade da água, tendo-lhe atribuído o galardão Qualidade de Ouro; Narciso rejubilou. Em tempos, organizações ambientalistas criticaram a localização do Parque Eólico da Serra da Sicó, argumentando que pás dos geradores poderiam prejudicar o voo dos morcegos autóctones; no auge da sacralização das energias renováveis como paradigma do desenvolvimento do país, Narciso explodiu de raiva, criticando os “catedráticos dos morcegos” e lamentando "que tenham dado cobertura a ambientalistas", apelidando-os de irresponsáveis efundamentalistas

Tinha um amigo que dizia que não sofria do "complexo da coerência".  Mas ele nunca foi a votos. Para bem da democracia e da credibilidade da classe política, o mesmo não deveria acontecer com os nossos autarcas.

3 de julho de 2012

Tudo a postos para o jogo

A JSD comemorou há dias 25 anos "a liderar" - como se pode ler nas mensagens do Facebook. É lá também que existe um álbum (público) de fotos que falam. Como estas, por exemplo.




2 de julho de 2012

Eleições autárquicas


Eliseu Ferreira Dias escreveu sobre o candidato do PSD à Câmara Municipal de Pombal, “desenhando-o” para que todos o identificassem. 
Em Soure, fala-se de João Gouveia para candidato à Câmara Municipal de Pombal, pelo PS.
Nos bastidores da Câmara Municipal de Pombal, fala-se de João Gouveia para candidato à Câmara Municipal de Pombal, mas pelo PSD. Afirma-se mesmo que uma pessoa “não teórica” também fala…
É chegado o momento de conhecer o carácter, a “lealdade”, a “coerência” e a disciplina dos que terminam o exercício do poder e dos outros.
O calor do Verão começa a aquecer a temperatura local e as águas começam a ser agitadas. Os interesses comuns ou pessoais, as amizades altruísticas ou interessadas, os sentimentos e as razões, os negócios e a governação vão começar a falar em voz alta ou em surdina.
A sorte está lançada…

29 de junho de 2012

79


A partir de Agosto são mais 79 os desempregados do concelho de Pombal. A frieza do número esconde o drama de quem vai ter que iniciar a via sacra do centros de emprego, na procura da tal “oportunidade para mudar de vida”. Segundo a 97, a Hydro Building Systems “está disposta a pagar indemnizações acima do previsto pela legislação”. Isso até poderia ser uma boa notícia, não fosse a nossa legislação tão má.

28 de junho de 2012

Madorna nacional


A cantora americana “Madona" foi a Coimbra cantar.
Os eruditos de Coimbra e algures pagaram mais de €100,00 por bilhete para verem e ouvirem a cantora. Prioridades pessoais estranhas da vida de cada um.
Afinal Portugal é um país rico ou de labregos/pedantes e Coimbra o exemplo da “madorna” nacional.

20 de junho de 2012

Rui Costa e o Ciclismo

Rui Costa venceu a volta à Suiça em bicicleta. Certamente um motivo de orgulho para os portugueses, especialmente para os residentes naquele país.
Porém os "prostitutos" da publicidade e da comunicação social quase ignoraram o feito e continuaram a endeusar um jogador de futebol que faz birras e mostra imaturidade. Não é por acaso que Scolari o nomeou capitão: armadilhou o caminho e o futuro do treinador que se seguiu.
Entretanto, Rui Costa quase passa ao anonimato, Paulo Bento aplica as táticas definidas por Mouriunho e Portugal continua anestesiado...

10 de junho de 2012

No euro/futebol


Portugal começou a perder. Espero que perca mais jogos.
Estou cansado de ouvir jornalistas idiotas a falar e a escrever sobre futebol, dizendo que temos o melhor jogador do mundo, como se fosse verdade e como se isso bastasse para ganharmos. Parece que se esquecem que existe Messi…
O CR faz-lhes a vontade: mostra-se obcecado em mostrar que é o melhor do mundo, olha frequentemente para os écrans gigantes para ver se está a ser filmado, estraga o jogo da equipa, marca todos os livres, mesmo os de posições mais favoráveis a outros colegas de equipa, não ajuda os colegas a defender, quer fazer tudo sozinho no ataque e não vê que Nani é melhor que ele.
O treinador nada diz e não toca no “craque”; não lhe explica que para ser o melhor tem saber sê-lo. Por lado, convocou o Hélder Postiga e o Hugo Almeida, que pouco domínio de bola e pouca capacidade física têm e pouco jogam com a equipa. É o peso do nome e do passado dos jogadores a valer, como se o nome jogasse no presente. Fez-me recordar o Sporting até ao penúltimo ano a contractar “velhos” que já só jogavam com o nome.
O treinador apenas deu alguma esperança ao fazer entrar Silvestre Varela…
Para acabar com as vaidades, o que eu quero é que Portugal perca no euro/futebol, que pense em coisas mais sérias e que faça mais um esforço para levantar a economia.

4 de junho de 2012

Outdoors

Há uns anos atrás o executivo municipal (Narciso Mota) mandou arrancar e apreender Outdoors (fixos e em atrelados) porque não estavam licenciados (mas a câmara não tinha nenhum regulamento para o seu licenciamento). Politiquice e má formação democrática.
No entanto, nos últimos anos, quem quis colocou Outdoors pela cidade e não consta que algum tenha sido retirado.

Na entrada da Urb. São Cristovão está instalado, há vários meses, um Outdoor de uma empresa privada de segurança, que compromete a visibilidade de quem aborda o cruzamento e, como tal, põe em causa a segurança do tráfego naquela zona (já ali aconteceram vários acidentes). Mas, como a mensagem não incomoda o poder instalado, por lá vai continuar…

Pombal e os touros

Os nossos autarcas, pouco cultos e ansiosos de protagonismo, são muito permeáveis a modas. Agora não há quem não queira ter a sua “maravilha” nos infindáveis concursos promovidos por um espertalhaço que aí viu um filão. Já outros aspiram a algo mais arrojado: pertencer ao restrito clube dos que têm um bem classificado como Património Cultural e Imaterial da Humanidade (PCIH).

Vem isto a propósito de Pombal ter atribuído o título de Património Cultural do Município às Touradas de Abiúl, numa iniciativa mais vasta que pretende candidatar a festa brava a PCIH. E qual o raciocínio dos nossos autarcas? “Se a coisa for classificada, teremos hordas de turistas. É só massa a entrar!” Esquecem-se é que a classificação acarreta, em si, um compromisso forte, que transcende a esfera política. Deveria, por isso, ter sido amplamente discutida.

Gosto de touros, mas não acho é piada nenhuma aos tipos embonecados, encavalitados num cavalo, a espetar farpas no lombo de quem não pediu para estar ali. E são precisamente esses e outros embonecados que sustentam esta candidatura. Se a ideia era promover o sacrifício animal, porque não a matança do porco? Essa sim, verdadeiramente popular a nacional.

(texto adaptado de coluna escrita no Região de Leiria)

2 de junho de 2012

Estamos vivos, afinal

Um projecto maior da Liga Portuguesa Contra o Cancro afastou-me por meses deste blogue. Foi pela melhor das causas, posso dizê-lo agora. Ao longo do tempo fui comentando com os camaradas da farpearia a descoberta que esse movimento trouxe a Pombal: somos capazes de muito mais do que imaginávamos. "Afinal somos capazes de fazer coisas!", disse-me a Sílvia, certa noite, no I-Code, um dos vários bares da cidade que aderiu ao projecto Um dia pela Vida. E somos, sim. Para além da motivação maior que todos tínhamos (recordar os que partiram levados pelo cancro, celebrar a vida dos que o venceram e lutar ao lado dos que o enfrentam), quando integrei a comissão local dessa missão não poderia imaginar o que aqui viria, a comovente forma como a sociedade civil consegue emergir, quando abanada por causas.
O desafio da Liga era quase assustador: ligar as 17 freguesias do concelho, tão separadas à nascença. Ao princípio julguei tratar-se de uma missão impossível. Enganei-me. À medida que o tempo passou fui deixando cair décadas de certezas sobre o meu Pombal. Quando semana após semana se constituíam equipas novas (foram 84, no total, a maioria de 20 elementos) de voluntários, que haveriam eles próprios de implementar o projecto no terreno. Foram dezenas de palestras e acções de educação para a saúde, mais de uma centena de festas, de eventos de angariação de fundos. Mais de 110 mil euros angariados para a Liga, que os há-de aplicar no rastreio do cancro da mama e no apoio social aos doentes e famílias, cada vez mais preciso, cada vez mais notado.
Mas para além de tudo, a movimentação. A juventude a mexer. A capacidade de organizar, de mobilizar, de fazer acontecer. Nalguns casos os presidentes da junta estiveram ao lado das equipas, noutros foram a reboque, noutros perderam uma excelente oportunidade de ver como se faz. Um dia chegámos ao Carriço e havia 500 pessoas num almoço. Noutro a Palace Kiay abriu ao domingo à tarde para pais e filhos. Noutra ocasião duas equipas da cidade colocaram 700 pessoas num jantar. Em Vila Cã até a serra de sicó se transformou em palco. E as caminhadas, e os concertos, sempre a surpreender até a própria organização.
E o que dizer daquela malta que organizou uma edição da Voz de Pombal no Café Concerto (que precisa urgentemente de rever a organização de recursos...), trazendo à cidade uma explosão de talento. Sim, essa é uma parte que fica gravada. Pombal está cheio de talentos. Gente que toca, canta e dança tanto. E outra tanta que arregaça as mangas sem pudor.
Acredito que depois disto, nada pode voltar a ser como dantes. Não foi alheio a todo o sucesso desta mega operação a despartidarização que há tantos anos toma conta das organizações e as amarra entre muros. A Câmara fez o seu papel (cedendo espaços, meios e apoios diversos), num exemplo claro de como as coisas deveriam funcionar: há mais vida para além do município e do municipalismo.
E por fim, a festa de encerramento. A contragosto de algumas vontades (que insistiam na hipótese do Largo do Arnado), acabou por fazer-se no Jardim do Cardal (é municipal, eu sei, mas é muito mais nosso assim), num misto de emoções e milhares de pessoas a celebrar a vida. Provou-se que foi a melhor escolha. O Bodo podia ser assim, também. Ter uma componente social, tirando partido da gente boa que temos.
Às vezes é preciso dar a volta ao mundo para nos (re)encontrarmos no ponto de partida. Deixar os ciclos fecharem-se e ajudar a construir o futuro.
E sim, pela primeira vez, eu vi este povo lutar!

1 de junho de 2012

Laranja renovada

O PSD de Pombal elegeu a sua Comissão Política Concelhia. E se dúvidas houvesse quanto à capacidade do partido se renovar, elas foram desfeitas neste acto eleitoral.

O omnipresente Pedro Pimpão lidera a equipa, sendo secundado por dois desconhecidos: Narciso Mota e Diogo Mateus. Louvo o arrojo. Num ano pré-eleitoral é bom saber que os sociais-democratas apostam em novas caras, novos protagonistas. Mas a renovação não se fica por aqui. A presidência da Mesa da Assembleia foi confiada a Rodrigues Marques e vice-presidência a Fernando Parreira. Os meus sinceros parabéns!