6 de dezembro de 2023

Obrigado Sérgio.


 *foto no jantar do 10º aniversário do Farpas, 25 de Abril de 2018

O Sérgio Medeiros foi-se embora ontem, subitamente, com a mesma discrição com que passou pela vida, contrastando com o impacto da sua existência na terra. Na terra que o viu nascer, crescer (e morrer), onde deixa a sua marca tão vincada. Na terra que queria compreender, descendo-lhe às entranhas. Foi por isso que há tantos anos criou, com alguns amigos, o Grupo Protecção Sicó. O Sérgio fez de tudo para proteger a serra, sempre. E a terra também. 

Numa noite fria de Janeiro de 2018, ele o o Hugo Neves sentaram-se connosco a explicar tudo o que não sabíamos, ajudando a preparar o debate mais participado de toda a série "um café e uma farpa", sobre o CIMU Sicó. O Sérgio era de uma generosidade intelectual acima da média, mesmo que travada pela timidez. Pela vida fora, foi a ele que recorri quando precisava de juntar uma opinião conhecedora em artigos que envolvessem a terra e a serra. Porque ele era um cavaleiro andante da natureza. Que vagueava silenciosamente, sem se fazer notar. 

Obrigada Sérgio, pela marca que nos deixas. 

Um abraço à Cláudia, ao Afonso e ao Miguel, e também à Manuela e ao Arlindo Medeiros, ao Gustavo, e a todos os que lhe sentirão para sempre a falta. 

4 de dezembro de 2023

GOP e Orçamento mais ou menos compromissados

Quem não conhecesse nada da política pombalense, e das criaturas que nela vegetam, e, por mero acaso, assistisse à "discussão" e votação das Grandes Opções do Plano (GOP) e Orçamento, realizada na última sexta-feira, ficaria estupefacto com a mediocridade reinante. Mas o problema maior já nem é esse; é meter-se nas mãos destas criaturas tanto dinheiro. E pior: estarem todos empenhados na contratação de mais aos bancos! 

Já houve um tempo, recente, em que a apresentação e discussão das GOP e Orçamento era um momento alto da política pombalense, com discussão acesa, esclarecida e esclarecedora. Actualmente, no registo "junta", é uma mera formalidade, onde cada parte faz a sua declaraçãozinha, e ala que se faz tarde e a festa não se pode perder.

Pela sua conhecida aversão aos números e por aparentar sintomas de urticária, o dotor Pimpão limitou-se a introduzir o assunto com as habituais expressões pomposas, que só ele entende, entrecortadas com muita mímica de mãos, e passou o assunto à dotora Marto, que se limitou a ler a apresentação preparada, e a acrescentar uns comentários... - saía melhor daquilo se se tivesse limitado a ler. 

Já todos sabíamos que os documentos tinham o destino traçado: aprovação pela maioria. Mas faltava saber o que iria dizer deles a dita “oposição”. Este ano teria sido fácil evitar a má-figura. Bastava optar pela abstenção, que não compromete muito, e remeterem-se ao silêncio aproveitando a falha regimental do dotor Pimpão - entregou os documentos fora de prazo. Mas a atração pelo micro falou mais alto. Falaram tanto, e disseram tantas banalidades e tontices que o micro entupiu! Mostraram-nos o que já sabíamos: que não têm ideias - ou melhor, que subscrevem as intenções  da maioria -; que tem pouca ou nenhuma noção do que é a administração autárquica e as  atribuições dos municípios; e nenhum tino sobre o que é a ação política e o seu papel.

Do que faz avançar uma terra falta-nos quase tudo: não temos governo, nem poder, nem oposição, nem exigência colectiva. Entrámos definitivamente numa espiral de declínio, onde umas quantas criaturas foram feitas e juntaram-se para se ampararem reciprocamente.



1 de dezembro de 2023

“Junta” reuniu em espírito natalício

Ainda não estávamos – e estamos - em período natalício, as luzes e as músicas da época ainda não chegaram nem se sabe quando chegam, mas os membros da “junta” já estão no espírito da época. Foi lindo vê-los trocar sorrisos e amabilidades na última reunião, ontem, em Vermoil.



A “junta" trazia a “lição” bem preparada, com o dotor Pimpão a entrar comedido deixando espaço e tempo para as segundas figuras brilharem. A “oposição" alinhou no alinhamento, fornecendo as “deixas” convenientes. O dotor Simões ainda destoou querendo saber como ia o trabalho de recolha do cancioneiro popular local “acordado” com o Tiago Pereira, mas foi coisa insuficiente para comprometer o espírito de concórdia e de profícua colaboração.

A dotora Odete forneceu uma excelente “deixa” à dotora Catarina – aquele caderninho nunca a deixa ficar mal. Mas a dotora Catarina, ontem, não precisava do jeitinho: trazia a “lição” bem preparada. Brindou-nos com um rodízio variadíssimo de prémios e distinções, já conquistadas e a concretizar até ao final do ano. A cereja no topo do bolo foi quando ela anunciou que Pombal é candidato a “Concelho Taurino”, e está bem posicionado para obter tão distinta Consagração. Nestas coisas esta malta - Pimpão & C.ª - nunca falha.

O dotor Navega foi obrigado a falar de obras. Perguntaram-lhe pela concretização do Orçamento Participativo de 2017 (Cobertura dos campos do Clube de Ténis). Assumiu que a obra é muito mais cara do que o prometido, e (ainda) não tem dinheiro para obra. Mas para as festas nunca falta dinheiro, diríamos nós, mas não o diz a dita "oposição". O dotor Navega era um homem das obras, respeitado e respeitador, e num ápice, coitado, rendeu-se às festas - o que fazem as más companhias! Agora, o homem nem os campos, para ele e os amigos jogarem Padel, arranja! Já se diz que faz lembrar o engenheiro Almeida, de quem diziam que era tão incapz que nem a estrada para a sua casa arranjava!

Quem esteve muito bem foi a dotora Gina – a varredora da cultura, como lhe chamou o Salvador Sobral no espectáculo que aqui realizou recentemente, e vai repetir! Nota-se que está mais solta e mais afirmativa; leu muito bem o relatório das festas e espectáculos que lhe prepararam, e anunciou um Natal de arromba com um orçamento de 280.000 € - Orçamento...! À “partida” que o dotor Simões lhe pregou respondeu que o assunto deveria estar com a direcção da Cultura, onde se diz que ela não risca nada – a sua especialidade são as festas e os trail.

A dotora Marto, sempre discreta, não quis ficar atrás: anunciou uma grande gala de apresentação das propostas do Orçamento Participativo no Café Concerto e on-line. De eventos e anúncios estamos fartos, dotora Marto. Do que a malta gostava era de uma obrazita!   

30 de novembro de 2023

A falácia do Orçamento Participativo



Os pombalenses estão a ser chamados mais uma vez para a votação do Orçamento Participativo (OP), mas já todos percebemos que ter uma boa ideia não é suficiente. Primeiro porque não é sinal de vir a ser escolhida, depois porque, mesmo que o seja, em Pombal isso não é garantia de nada. Atente-se nas propostas vencedoras em anos anteriores, que vão ganhando mofo. Recuemos, por exemplo, até 2017, ano em que venceu a proposta para  cobertura de um campo no Clube de Ténis de Pombal. Ou da bancada coberta e balneários do campo das Lagoas, na Ilha, em 2021.

Já aqui escrevi várias vezes sobre o tema, por considerar descabido que uma iniciativa destinada aos cidadãos seja habitualmente usurpada pelas colectividades e outras associações, que têm ao seu alcance outras formas de subsidiação. Mas uma vez definidas as regras, e uma vez aceites, que seja. Bastava que fossem cumpridas. Ora acontece que uma das prerrogativas do OP é a execução no prazo de 12 meses. É certo que nunca se diz de que ano...

E também por isso não é de estranhar que cada vez mais colectividades tentem a sua sorte. Aqui só se estranha o critério de admissão. Que alguém nos explique, por exemplo, por que razão a Banda Filarmónica da mesma Ilha foi excluída este ano, com o projecto de beneficiação da sua sede. Para não falar do projecto de intervenção artística e comunitária numa aldeia do Louriçal, há alguns anos.

Nesta dualidade de critérios, sempre com dois pesos e duas medidas, temos uma certeza: Há projectos que são vencedores e nunca chegarão a ver a luz do dia, há outros que são facilitados sem qualquer controle, como foi o caso do PARA, se bem se lembram, sem que nunca exista responsabilização política. 

Este ano estão a votação 11 projectos. E se alguns são genuinamente propostas de grupos de cidadãos (exequíveis no tempo e no espaço), lá estão disfarçados outros. É procurar e perceber de onde vêm. 

28 de novembro de 2023

Câmara desgovernada

Até agora temo-nos centrado nos erros, omissões e trapalhadas do dotor Pimpão & C.ª. Mas dois anos de mandato já nos permitem falar com dados, aprofundar a análise e confirmar conclusões. Por agora só com comparação homóloga, mas a seu tempo divulgaremos a comparação com outros mandatos e decisores políticos. 

Os dados indicam que na área do pessoal Pombal entrou aceleradamente no desfiladeiro da ingovernabilidade. Mas nos combustíveis, nos eventos, nas finanças ou nas empreitadas a realidade será análoga. 



Já aqui tinha alertado para o expressivo aumento do número de funcionários - para os quadros e em regime de avença - e dirigentes. Mas é no indicador do trabalho extraordinário que se encontra o maior desgoverno: aumento de 40% no trabalho extraordinário nos dias úteis; aumento de 25% nos dias de descanso semanal ou feriados.  

O desgoverno da câmara começa a ser preocupante. Por as autarquias serem entidades públicas dotadas de autonomia administrativa e financeira, e por enquadramento jurídico do regime laboral no sector público assentar (quase) exclusivamente no “contrato vitalício”, a área de gestão do pessoal é crítica para o equilíbrio financeiro das autarquias. As que caíram na situação de insolvência (sim, isto não acontece só às empresas e aos particulares…) apresentavam uma estrutura de pessoal exagerada, acumulada por desleixo e amiguismo, que é muito difícil de reverter e compromete por muito tempo o cumprimento das atribuições do município. 

Pombal vai pagar caro a desventura que concedeu ao Pedro. E o Pedro, coitado, também. No final, que se espera não muito distante, seria bom que se aprendesse a lição. A lição que diz que não se pode entregar uma câmara desta dimensão e com esta exigência administrativa a um tipo impreparado, que não controla nem se autocontrola, e se deixou acercar de oportunistas como moscas sobre o torrão de açúcar numa tarde de verão.   

24 de novembro de 2023

Câmara exige indemnização a Diogo Mateus e João Pimpão

O Município de Pombal (o presidente da câmara) fez entrar recentemente no Tribunal Criminal de Leiria, e foi aceite pelo juiz responsável pelo processo, um Pedido de Indemnização Civil contra os arguidos Diogo Mateus e João Pimpão, por no exercício das suas funções terem lesado a câmara.


Diogo Mateus e João Pimpão aguardam julgamento pelos crimes de peculato e peculato de uso. Sobre Diogo Mateus recai também a imputação do crime de falsificação de documentos.

22 de novembro de 2023

Figuras carismáticas

As duas figuras (mais) carismáticas da nossa terra, em pose para a posteridade.

Tão diferentes, e tão iguais - na fama e no carisma.

Deus os abençoe.


20 de novembro de 2023

O presidente de “junta” inconseguido

Num ápice, o dotor Pimpão passou do profeta da boa-vontade, que muito prometia – felicidade e folia, natalidade e prosperidade, bem-estar e envelhecimento feliz, na terra e no céu estrelado - para simples entertainer, que passa o tempo a autopromover-se à custa do orçamento.



Primeiro quis fazer do concelho o seu Domingão, com festas, festivais e arraiais, intercalado com conferências, eventos e celebrações. Mas quando percebeu que folia e bebedeira em excesso provocam azia, inflectiu o sermão do optimismo vazio, das coisas que eram para ser mas não chegaram a ser, para algo diferente, supostamente sério. No Dia do Município - agora convertido na Semana do Município - anunciou que o próximo ano será marcado pela aposta no Desenvolvimento Económico (expressão que é uma incongruência do seu tamanho). Já antes tinha afirmado que o desenvolvimento económico é a pedra basilar para o crescimento do território. Vai daí, encomendou ao Região de Leiria a Conferência Pombal 2030 – Construir o Futuro que teve mais palestrantes que ouvintes, e não se sabe quanto nos custou e como foi/será paga; o dotor Né foi para Espanha, em boa companhia, promover o famigerado Turismo - o Marquês e o Castelo; e saiu o Guia do Investidor com a Via Verde para o investimento. Mas falta-nos o básico: a capacidade de responder aos requerimentos sobre Obras Particulares e o resto. 

Pelo meio, distribuiu mais umas medalhas e prestou mais umas homenagens catitas. Mas vão-lhe faltando mais Farias desta vida para os seus números de altruísmo egoísta.  Na última cerimónia (a terceira do mandato), distinguidos recusaram a medalha. Pois é: o valor das medalhas provém mais de quem as dá do que de quem as recebe.

Chegados aqui, ao meio da ponte, bem pode o dotor Pimpão alimentar esta comédia e comedoria com festas, festivais, planos para 2030 e conferências sobre como Construir o Futuro. Uma coisa é certa: com esta trupe esta terra não pode ter bom presente - quanto mais futuro!