31 de janeiro de 2022

Pombal ainda é laranja?




São muitos anos, muitas noites eleitorais a adormecer e acordar com os gritos de vitória que a ruidosa Jota tem na ponta da língua e solta aos megafones, abafando tudo à sua volta. E são muitos anos em que a estratégia resulta, veja-se como o poder se alimenta dela, e ela do poder, de Diogo Mateus a Pedro Pimpão. Nestas eleições legislativas, pressenti que alguma coisa estava fora do lugar. Isolada - como um milhão e 200 mil portugueses - acompanhei como espectadora atenta o final da campanha. Aqui no burgo, estranhava o silêncio e a falta de empenho na campanha, embora justificada à partida pela aversão a Rui Rio - que o eterno jovem João Antunes dos Santos lá disfarçou, em voltinhas várias (fora daqui), "o candidato da JSD".

 

Quando as sondagens - ah, as sondagens...esse elixir de bonomia para um líder que ontem à noite deixou cair a máscara - mostraram que o país podia virar à direita, que o PSD poderia regressar ao poder, então foi tempo de alguns se mostrarem, ainda que timidamente. Foi quando Pedro Pimpão se anunciou mandatário concelhio de Rio, revelando integrar a comissão de honra da lista de candidatos do PSD por Leiria, encabeçada por Paulo Mota Pinto, nosso ilustre presidente da Assembleia Municipal (agora eleito deputado por Leiria). Aconteceu a 26 de janeiro. Quatro dias antes das eleições.

 

No PS, estas eleições abriram mais uma fractura. Alguns membros da concelhia prometeram (e cumpriram) nem sequer fazer campanha, incomodados com a atribuição do lugar de "suplente" nas listas dado a Pombal. Uma nota para o deputado Joelito, que defendeu o seu posto de trabalho até ao fim, e por isso se apresentou todos os dias para fazer campanha, ao lado da candidata Carla Mariza Pereira, que não encontrou apoio na estrutura local.

 

Feito o enquadramento, o que nos dizem os números? Há três notas relevantes que vale a pena destacar:

 

1. O PS foi o partido mais votado nas freguesias de Pombal e na Redinha. Quando os dados foram revelados na Escola Secundária de Pombal (onde a Junta de Freguesia revolucionou a organização das mesas de voto, parabéns à presidente Carla Longo e à sua equipa), percebeu-se que seria uma tendência. Aliás, o PS cresce em todas as freguesias, correspondendo ao fenómeno nacional: perante a hipótese de ver a direita chegar ao poder, o eleitorado mobilizou-se para votar em António Costa e no PS, sacrificando o BE e a CDU. No Louriçal, onde o PS tem um dos seus melhores resultados (ficou a 50 votos do PSD), o Bloco ainda consegue ir ao 4º lugar. E ali, o Chega ainda pia fino - tem a mais baixa percentagem de todo o concelho, enquanto a CDU (PCP/PEV) tem a melhor percentagem, mesmo que isso signifique apenas 2.23% dos votos.

 

2. Carnide, Abiul e Meirinhas são os últimos bastiões do PSD - acima dos 50%, mas longe dos 80 que escrevi em muitas noites eleitorais. Porquê? Porque é aqui também que o Chega consegue as suas melhores votações, logo seguido da Iniciativa Liberal. E depois sobra ainda qualquer coisa residual para o CDS-que-Deus-tem. Vale a pena lembrar que, em Pombal, o partido ainda alcançou mais de 500 votos. Curiosamente, em Vila Cã, terra natal da presidente, Liliana Silva, quedou-se por expressivas 22 cruzes.

 

3. O distrito de Leiria pintou-se de rosa pela primeira vez. Era um bastião laranja. Pessoalmente, não acredito que a escolha dos cabeças de lista influencie grande coisa o resultado das eleições legislativas. Defendo antes que os eleitores escolhem nesta contenda o partido que melhor os representa, e mais, quem querem ver como Primeiro-Ministro. Desta vez, foi gritante. Ainda assim, António Sales foi uma boa aposta.

Lamento que Leiria tenha perdido um deputado como Ricardo Vicente, empenhado até à medula em diversas causas, em detrimento de um negacionista do colonialismo, e outros demónios. Felizmente, o Governo não precisará dele(s) para nada.

 E agora? Será que o PS/Pombal já percebeu que o eleitorado sabe votar? Ou continuará a atirar-lhe culpas em cada derrota?

 

27 de janeiro de 2022

Os enormes custos da inépcia

Quem conhece minimamente o doutor Pimpão, e sabe quão exigente é actualmente a empreitada de administrar uma câmara municipal, de média ou grande dimensão, sabia que o dito não estava minimamente preparado para o cargo que os seus comparsas lhe destinaram e que ele abraçou como desígnio de vida.



Apesar dos riscos conhecidos, (quase) toda a gente concedeu o benefício da dúvida ao Pedro. Não pelos seus méritos políticos, que os não tem, mas pela compaixão que toda a alma bem-intencionada merece. Até este maldizente escriba acreditou que o doutor Pimpão saberia rodear-se de uma equipa experiente, com sólidas competências autárquicas, técnicas e políticas; que o doutor Pimpão se focaria no trabalho complexo de administrar a câmara, no estudo dos dossiers mais complexos e na preparação das decisões difíceis; que o doutor Pimpão era pessoa sensata, discreta e consciente da oportunidade única que lhe foi concedida e das responsabilidades que assumiu.  

Ora, toda a gente atenta, dentro e fora da câmara, já percebeu que o doutor Pimpão é inepto, como presidente da câmara. Serve para presidente da junta, mas não serve para presidente da câmara. Desgraçadamente, o doutor Pimpão não realiza nem ordena quem realize; tem poder mas não o sabe exercer. É uma alma pueril que esvoaça, esvoaça, e esvoaça para ser vista; que se ocupa e alimenta exclusivamente da encenação e da exposição com intuito de ser conhecido. 

Bastaram três meses – três simples meses! – para o doutor Pimpão perceber que não sabe, que não é capaz administrar a câmara; e que, apesar de ter designado quatro vereadores a tempo inteiro, quando a lei indica dois, não tem quem saiba governar a câmara. Vai daí, quer contratar alguém que o substitua, que faça o que ele não é capaz de fazer: administrar a câmara. Prepara-se para contratar um Director Municipal, cuja missão será gerir a câmara. 

Um Director Municipal, grau 1, recebe uma remuneração mensal de 3.734 € - acima do presidente da câmara! - mais 778 € de despesas de representação. Acarreta encargos anuais de cerca de 75.000 € e de cerca de 300.000 € no mandato.   

A inépcia é muito cara, mais cara a que arrogância. O doutor Pimpão deixará a câmara pior que D. Diogo a deixou. 

O doutor Diogo caiu pela arrogância. O doutor Pimpão cairá pela ignorância.

24 de janeiro de 2022

A Felicidade está nos detalhes

 

Diogo Mateus fez a sua primeira aparição pública desde que deixou de ser presidente de Câmara. Aconteceu ontem, na inauguração do Lar da Felicidade, nas Meirinhas, onde esteve presente a convite da direcção daquela IPSS. E isso confirma que são exageradas as notícias da sua morte política. 

Observando as fotos, e lendo as notícias que dali resultaram, percebemos que toda a cerimónia foi farta em fenómenos. Numa terra abastada, em que até o Lar de Idosos se chama Felicidade, não podia ser de outra maneira. 

21 de janeiro de 2022

O Parvo Vírus

O Parvo Vírus entrou em Pombal. Por agora só em algumas colónias, bem identificadas, mas pode disseminar-se. 

Subscrevo plenamente a necessidade de controlo dos Parvo Vírus. E pelos métodos recomendados: recolha, castração, vacinação e adopção dos portadores da maleita. Não se pode dar largas aos Parvo Vírus. Os Parvo Vírus são enorme ameaça, aos animais e aos humanos. Solução final com eles.


19 de janeiro de 2022

O facto político do momento na reunião da “Junta”

Reuniu, hoje, a “Junta”; no registo informal que lhe é característico (de cada um falar quando lhe apetece); sem a presença do doutor Pimpão, de "férias" em Cabo Verde, que, assim, evitou ter que ser ele a justificar o rol amigos e amigas que nomeou, sem qualquer critério que não seja o amiguismo - nem o sempre badalado critério da confiança política cumprem, como avante se verá! 

Coube à doutora Marto – vice-presidente da “Junta” – o fastidioso papel de ter que justificar, por critérios que ela sabe que não se aplicam nem se verificam, o injustificável - as nomeações do doutor Pimpão.

O doutor Pimpão espalhou propagandistas pelo gabinete de apoio ao presidente, pelo gabinete de apoio aos vereadores, e, vejam só, também pela defunta ADILPOM. Desconhece, coitado, que publicidade é pior que se pode fazer a um mau produto. E para a PMUGest (uma espécie de "empresa", deficitária e totalmente dependente da câmara) nomeou não um mas (+)dois administradores remunerados!

Custou ver a doutora Marto, conhecida por ter pelo-na-venta e mangas arregaçadas, naquele penoso arrastar de voz; naquele tormentoso pára-arranca contínuo de cada frase, de cada palavra; naquele martírio que as mentiras inverosímeis (e encomendadas) sempre provocam. Quando se ouve justificar a nomeação da Ana Gonçalves pelo seu curriculum, uma pessoa já nem ri. Mas também não consegue chorar.

A inépcia aflige. Mas a falta de decoro é pior. Ofende. 


PS: Com os representantes da “oposição” não vale a pena gastar muitas palavras. Lembrar-lhes, só, que quem ainda não tirou as devidas consequências dos desastrosos resultados eleitorais não tem legitimidade nenhuma para cobrar resultados a quem ainda dispõe de toda a legitimidade.  

16 de janeiro de 2022

Jovens autarcas – a infantilização da política

Decorreu ontem a “festa” da tomada de posse dos jovens autarcas. Tomada de posse de quê?! Valha-lhes Deus.



Já se previa que a política para o doutor Pimpão fosse festa, sempre festa, e quanto maior a festa melhor. Mas a confirmação supera as expectativas. Para o doutor Pimpão, administrar resume-se à lide oca e honorífica de um moinho em giro e sem grão, moendo-se a si mesmo, num rol de festas e homenagens sem critério e sem fim.

Criou-se – também por cá - o Orçamento Participativo para envolver os jovens adultos na política e na gestão autárquica. Um esquema pífio para entreter os aspirantes à profissão. Resultado: são proformas que geralmente não saem do papel - e ainda bem! Depois acrescentaram a “eleição” dos “Jovens Autarcas” – uma coisa pífia para entreter e iludir adolescentes (e não só)… A seguir virá um concurso qualquer para as crianças. Depois outro para as criancinhas. E, se nada mudar, ainda chegará outro para os bebés!  

Com o doutor Pimpão ao leme, a infantilização da política entrou em marcha acelerada. Ele julga que isto o engrandece. Não percebe, coitado, que só o diminui. Nem percebe que nem todas as associações somam. Esta é de soma negativa - não acrescenta nada, só destrói, porque desfoca. 

PS: a última coisa que queria para os meus filhos era vê-los metidos nisto.

15 de janeiro de 2022

A nomeada da semana

Pedro Pimpão acaba de nomear mais uma amiga da Jota para secretariar os vereadores. Desta vez a feliz contemplada é Nicolle Lourenço, que vai dar apoio ao vereador Pedro Navega. Sabendo dos créditos que lhe são (re)conhecidos na área, estamos em crer que é agora que assistiremos a um certo avanço importante em "agilizar os processos" (de que tanto se fala nas reuniões do executivo), nomeadamente com as parcerias... 
 #Seguimosjuntos?



11 de janeiro de 2022

A Nova Ambição, do Pimpão

Passados três meses, já se pode afirmar com segurança que a “Nova Ambição”, do Pimpão, de nova só tem o velho; e de ambição só tem a ilusão. 

Na ausência de melhor, bastou ao Pimpão vender a sua ilusão: uma enfiada de regozijos públicos que prometiam a felicidade na terra. Mas os mais atentos, ao que se passa dentro e fora da câmara, já perceberam que a “Nova Ambição” vive unicamente do fogo-fátuo de aparecer em reuniões no Salão Nobre ou da correria pela cidade e pelo concelho em busca de eventos para a vaidade encenada para as redes sociais. É um poder oco, que padece da epidemia da inaptidão, exercido por gente não serve nem para ajudar à missa, quanto mais para dar missa.  

De novo a “Nova Ambição” só tem o retrocesso. Voltámos ao “se não ajudarmos os nossos…”: o interesse do concelho pelo interesse do partido; o interesse do partido pelo interesse dos amigos; o interesse dos amigos pelo interesse individual.

Os concursos públicos passaram a designar os/as candidatos/as preditos. A avença dos serviços jurídicos continua a ir para o correligionário do partido, apesar do desempenho conhecido. Os boys vão-se encostando. 

Mas para finalizar - por hoje - consta que a ex-vereadora Ana Gonçalves, protagonista maior dos escândalos do último mandato, vai ser nomeada administradora da PMUGest – aquela empresa municipal que é uma máquina geradora proveitos.


10 de janeiro de 2022

O que (nos) resta da Cultura




 A agenda cultural de Janeiro começa e acaba no Encontro de Teatro, que acontece entre quinta e domingo, por iniciativa do Teatro Amador de Pombal. Chegámos a isto, aqui na terra: agora que se foram os confettis do bosque encantado do Natal e do entretenimento que muitos confundem com programação cultural, percebemos que nem os visionários conseguem mascarar o que não há. Os serviços municipais tentaram preencher então a dita cuja com actividades diversas, workshops e encontros que vão desde informática para idosos (!) até um "círculo de leitura de livro" que está a ganhar um espaço inusitado quer na agenda, quer na Biblioteca (que continua sem responsável)  - um tema a que talvez ainda tenhamos que voltar...

Ah, o TAP. O mesmo que faz parar no Cardal até aqueles que não vão ao Teatro-Cine ver os espetáculos, surpreendendo-nos sempre, em cada encontro, em cada aniversário. E este ano convidou os vizinhos da ADAC. E os amigos da Ajidanha. E ainda Os Gambuzinhos com 1 pé de fora, da Benedita, que trazem a Pombal a peça "Não há assassinos no paraíso” (na foto), com encenação de José Carlos Garcia.  

9 de janeiro de 2022

Para desenfastiar do arroz de tomate falemos de nabos e nabiças

Percebi, finalmente, o sucesso do arroz de tomate: a malta devora-o até ao enfartamento. Mas como o que enfarta enfastia, falemos de nabos e nabiças – excelentes antídotos contra o enfastiamento por arroz de tomate.



Até porque não somos famosos unicamente pelo arroz de tomate. Somo-lo igualmente pelos belos nabos e pelas belas nabiças. Dão-se bem por cá. O terreno é-lhes fértil. Crescem em sobretudo – como diz o povo. Quis o destino, ou a natureza, que assim fosse, que esta sina nos calhasse. E, pelos vistos, teremos que nos haver com ela. 

Mas se isto dá felicidade, siga a festa.

8 de janeiro de 2022

A partidocracia

Em véspera de mais umas eleições legislativas, desta vez antecipadas em tempo de crise, vamos tentando identificar quem são as pessoas que podemos eleger pelo círculo eleitoral de Leira.

O distrito elege 10 deputados para a assembleia da república do total de 230 (representará 4% daquele hemiciclo). Em 2019 o PSD elegeu 5 deputados, PS 4 (apesar da diferença de cerca de 5 mil votos) e o BE elegeu 1 com cerca de 20 mil votos. O método de Hondt, em Leiria, não beneficia em nada os pequenos partidos e quanto mais distribuição de votos por muitos, mais os grandes partidos são beneficiados.


Para cabeças de lista temos o Presidente da Assembleia Municipal de Pombal, Paulo Mota Pinto, o Secretário de Estado e Adjunto e da Saúde, António Sales e o repetente Ricardo Vicente pelo BE. Os restantes serão ilustres desconhecidos, sobrepondo-se o partido às pessoas. 


Não há forma de ser eleito para a Assembleia da República sem um partido. 


Num distrito em que nas últimas autárquicas tivemos eleitas 6 câmaras PSD, 6 Câmaras PS e 4 Independentes significa que uma percentagem de eleitorado que se revê nos Grupos de Cidadãos Eleitores (GCE) tem dificuldade em encontrar semelhante cenário nas legislativas. Acresce ainda que os agentes políticos dos GCE ficam arredados do processo eleitoral, não participando, por exemplo, na constituição das mesas de voto.


A Associação Para uma Democracia de Qualidade (APDQ), em parceria com a Sedes, propôs um modelo misto entre o sistema atual e um círculo do Uninominal, já previsto na constituição desde 1997, ou seja, está previsto legalmente. Falta a vontade política.


Isto significaria que poderia haver um candidato pelo círculo uninominal por Pombal, mesmo sem pertencer a qualquer partido.