31 de outubro de 2020

D. Diogo enrola-os todos

O vereador Pedro Brilhante resolveu levar à reunião do executivo o polémico investimento do Grupo Lusiaves, na Zona Industrial da Guia. Pegou na questão pelo lado da hasta pública, e fundamentalmente pelo preço do terreno.

A hasta pública poderá padecer de vários vícios; não parece que o preço do terreno seja um deles. Em política não basta ter informação e argumentos – coisas muito importantes. É indispensável que eles sejam consistentes e se possua a legitimidade para os apresentar e os defender.

Oferecido o flanco, D. Diogo, sempre cinco passos além na retórica, na astúcia e a na arte de enrolar os incautos, arrasou o vereador contestatário, apontando-lhe um “retardamento na reflexão”, responsável pelas suas posições contraditórias. E aproveitou ainda para “excomungar” os contestatários do Oeste, do seu partido, apelidando-os de malfeitores do reino.

Nas matérias da gestão autárquica propriamente dita, D. Diogo enrola-os todos e ainda xinga deles. Uns porque talvez possuam um retardamento na reflexão, outros(as) porque nem sequer reflectem.


25 de outubro de 2020

A Saga Varela

Ao fim de anos de avanços e recuos sobre o que fazer da Casa Varela, a Câmara Municipal de Pombal (CMP) apresentou, em Agosto deste ano, o seu Director Artístico. Seria de esperar que, para além da circunstância do nome, algo mais fosse dito aos pombalenses. E a  verdade é que foi, mas tudo passou nas entrelinhas.

O que há sabíamos.

1. A Casa Varela foi adquirida pela CMP sem que esta tivesse definido para ela qualquer programa. Com o menino nos braços, havia que dar um destino à coisa para poder justificar aos eleitores a pertinência de compra. E foram várias as propostas apresentadas: uma escola de artes e ofícios, um espaço para albergar uma loja do cidadão ou serviços municipais, um restaurante, um hostel, um espaço de co-working, um gabinete de apoio ao emprego e ao empregador. 

2. Depois de uma reunião com os artistas locais em 2014 (já lá vão 6 anos; o Daniel Abrunheiro e o José Gomes Fernandes ainda escreviam no Farpas!), ficou no ar a ideia (ver aqui, aqui, aqui e aqui) de que a CMP pretendia destinar o local a uma casa das artes. 

3. Em Janeiro, numa reunião camarária, foi assumido que a Casa Varela seria "um espaço de promoção e criação artística, performance e exposições" que "pretende abranger áreas culturais diversificadas, como a música, artes cénicas, pintura, escultura entre outras formas de arte, promovendo também trabalhos de experimentação e residências artísticas". Em coerência com essa proposta, a CMP decidiu abandonar a ideia do restaurante, optando por construir, no piso -1 do edifício, uma sala de ensaios numa tipologia de open-space, que também poderia ser destinada a exercícios performativos e espectáculos intimistas. 

O que ficámos a saber

1. A grande novidade foi a escolha de Filipe Eusébio como Director Artístico da Casa Varela. O Filipe é uma pessoa dinâmica, com muita experiência na área teatral e com fortes ligações aos agentes culturais de Pombal. A sua escolha tem todos os ingredientes para agradar aos nossos artistas e, pessoalmente, desejo-lhe o maior sucesso nas suas novas funções.

2. O cargo de Director Artístico da Casa Varela é um cargo de confiança política. Se assim não fosse, não haveria razão para as suas funções terminarem nas eleições. Este facto compromete a autonomia de Filipe Eusébio, deixando-o refém dos humores do Presidente da Câmara.

3. Em declarações ao Jornal de Leiria, Diogo Mateus garantiu que no próximo Orçamento Municipal será contemplada uma verba de investimento e funcionamento anual, mas que, "num futuro a médio prazo, entre as várias possibilidades de modelo económico em estudo, está uma “fundação com pernas para andar”, com apoio mecenático, da comunidade e também da autarquia". Aqui está está uma belíssima forma de não se dizer nada! Mas, se atentarmos bem, o que Diogo Mateus nos quer dizer é que, da Autarquia, a Casa Varela apenas irá ter orçamento para funcionamento e pouco mais, remetendo para um "futuro a médio prazo" um modelo económico que viabilize a infra-estrutura.

O que gostaríamos de saber (e a nossa imprensa não pergunta)

1. A conferência de imprensa de apresentação de Filipe Eusébio foi totalmente dominada por Diogo Mateus. Esta opção deixa transparecer algo que merecia ser esmiuçado: o projecto artístico é da autoria do Presidente da Câmara ou do novo Director Artístico? Qual o contributo de pessoas como André Varandas (indignamente descartado pela Autarquia já depois da referida reunião de Janeiro) na elaboração do referido projecto? 

2. Qual o modelo de gestão da Casa Varela? Qual a autonomia do seu Director Artístico (já sabemos que é pouca)? Será que todas as suas decisões terão que ser ratificadas pela vereação? 

3. Será que a CMP, que já possui espaços como o Celeiro do Marquês, o Teatro-Cine, a Biblioteca Municipal, entre outros, necessitava de adquirir mais um edifício para cumprir as funções atribuídas à Casa Varela? Se a resposta é sim, como gostaria, subsiste a dúvida: qual a estratégia municipal para a cultura que permita dinamizar todas estas infra-estruturas? Qual o papel que a Autarquia reservou para os artistas no meio disto tudo: dinamizadores autónomos ou utentes subservientes?

14 de outubro de 2020

Pobre Câmara rica

                                             foto: Terras de Sicó

As notícias municipais dão conta de que a Câmara vai comprar (ou já comprou?) um terreno na Redinha, pela módica quantia de 98.504 euros, onde a Santa Casa da Misericórdia  local pretende construir uma ERPI (Estrutura Residencial Para Idosos), a designação pomposa que agora se dá aos lares, quando albergam um três-em-um - concentram-se ali as valências de Centro de Dia e Apoio Domiciliário.

Não está em causa a necessidade premente do sector público ou privado encontrar soluções que respondam à procura da população de uma determinada freguesia, mesmo quando há aqui algumas pequenas nuances, na Redinha: o atual provedor da Santa Casa da Redinha já foi, em tempo, candidato pelo PS à junta local (converteu-se a tempo, para o PSD) e o presidente da Junta está há muito rendido ao poder e à maioria vigente. Aliás, não se percebe por que razão o PS ainda não lhe retirou a confiança política, pois que vota sistematicamente contra o partido que lhe suportou duas candidaturas, ignorando-o descaradamente. Mas adiante.

O que está em causa é a Câmara gastar quase 100 milenas num terreno. Num terreno na Redinha. Junto às escolas de salas vazias e ou fechadas - como é o caso do Colégio Cidade Roda. Ora, aqui cola-se outra particularidade: é voz corrente que o próximo destino daquele edifício bem poderia ser...uma residência para idosos. 

Por último, sobra uma dúvida: o que aconteceu ao benemérito que há anos oferecera um terreno para construir um Lar da Santa Casa na Redinha?

Ficamos todos descansados com a limpidez deste processo, e com a certeza que a Câmara dá: "O Executivo Municipal considera que o envelhecimento é o segundo eixo de intervenção prioritário definido no Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Pombal, sendo objetivo de até 2021 apoiar medidas para o desenvolvimento ativo e saudável no concelho, garantindo os recursos e respostas necessárias à proteção da população sénior". Em residências, portanto.

Agora que sabemos do segundo eixo, só nos falta saber do primeiro. 

12 de outubro de 2020

Foto da semana

 Uma equipa de acção, empática e de pensamento!


PS: a câmara é boa: captou tudo com grande clareza - radiografou.


9 de outubro de 2020

O esvoaçar dos querubins

A Política já foi vista - na Grécia Antiga - como a mais importante das artes humanas, capaz de proporcionar às pessoas os mais elevados de todos os bens - o bem-comum e a ordem pública. Na época absolutista transmudou para a arte de capturar e preservar o poder. E na democracia passou a ser a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros. Mas até neste propósito se tornou desprezível.

Se a Política se tornou fastidiosa, o dirigente político tornou-se insuportável. E abaixo, bem abaixo, do dirigente político está o dirigente partidário, uns querubins que esvoaçam a toda a hora no éter, saracoteando poses e lantejoulas; criaturas de que não se conhece ideia ou pensamento, nem mesmo sabem para que serve a política, mas julgam que basta estar para ser (político).

Há fenómenos, como disse Pessoa, nos quais faz grande diferença se os encaramos de cima ou de baixo. A prostituição é claramente um deles. E a política - que se lhe assemelha, tanto nos esquemas como nos termos - é outro. Mas entre o (dirigente) político que nos quer (mas não nos sabe) comprar, amemos a prostituta que quer que a compremos, porque esta ama, ao menos, o comprarmo-la. 

7 de outubro de 2020

O Cartão

Parece que brevemente teremos constituída uma Comissão de Utentes do ACES Pinhal Litoral. Achei a iniciativa muito positiva. Eis quando soube que, esta comissão, estava a ser feita por convite por um “alto” responsável politico da Câmara Municipal, e encabeçada por um enfermeiro (Hummm!!!!).

Então soube ainda que, os tais convites, são estrategicamente feitos ou a simpatizantes, ou a militantes do PSD (Hummmmmmmmm!!!!).

E eu cá pensei p’ra mim: mas eu achava que para pertencer a uma Comissão de utentes o cartão que contava era o do SNS!!!

Olhem! eu tenho esse cartão (o de utente), e pertenço à UCSP do Vale do Arunca. Estou também à espera do convite (espera lá, mas é preciso convite para pertencer a uma comissão de utentes? Ó pá já não percebo nada disto).

2 de outubro de 2020

A pedra é o que mais ordena

Henrique Falcão levou à AM a maior aberração rodoviária na cidade: os camiões das pedreiras que circulam por dentro da cidade - quando podem usar facilmente o IC8.

Levantei o problema, aqui, há dois anos; com forte contraditório do pessoal que vive do negócio da pedra.

De lá para cá, tudo na mesma - o negócio da pedra é o que mais ordena.

Pois é, presidente, o problema é no terreno.

E de onde menos se esperava…

 Saiu uma boa intervenção, do Marco Carreira (substituto do presidente da UFIGMM na AM), clara, responsável e responsabilizante, contra a política do facto consumado.

Bem pode o presidente da câmara zurzir nos seus companheiros de partido, que não os cala nem os trava. Porquê? Porque o caso toca-lhes muito; e as posições estão extremadas, entre os que fazem a porcaria, e os que a cheiram.