28 de fevereiro de 2021

Luta na lama

A reunião já ia longa, cheia de picardias e desaforos. Mas sentia-se que faltava ao doutor coiso - sempre ávido de protagonismo - o seu momento. Na falta de melhor pretexto, utilizou o ponto sobre uma simples reserva de recrutamento, de dois técnicos para a área do saneamento, para arrastar a boneca lustrosa para uma luta na lama.

Resultado: sujou e sujou-se, gratuitamente, de uma forma tão feia e penosa que consternou a alma piedosa que moderava a reunião naquele momento e deu a D. Diogo a possibilidade de sair daquilo como um príncipe.


27 de fevereiro de 2021

O canto do cisne

O canto do cisne é uma crença antiga de que o cisne branco é completamente mudo durante toda a vida mas pode cantar uma bela e triste canção imediatamente antes de morrer. Sabe-se há muito tempo que a crença é falsa – os cisnes brancos não são mudos e não cantam antes de morrer. 

Todos sabemos que D. Diogo ouve bem, tem boa memória, e canta ainda melhor. Que tem um discurso politicamente construído, ideológico, mesmo na forma como introduz a tecnicidade, cheio de elementos significantes (a ordem, a fé, o elitismo, etc.), que usa uma retórica vigorosa, habilidosa, muitas vezes falsa, sem materialidade, ora cortês ora agressiva, não como instrumento de persuasão mas de manipulação da opinião pública e dos seus opositores. O seu problema esteve sempre na dose, foi a dose que o matou.

Ontem, nas reuniões do executivo e da AM, D. Diogo exercitou o seu discurso de despedida, um verdadeira representação do canto do cisne, repleto de ironia e sarcasmo, virilidade e altivez, verbosidade e impudência, pretensiosismo e vaidade, digno de quem se considera “o eleito” - ainda não caiu na real.   


25 de fevereiro de 2021

Anatomia de uma derrota


 


O Jornal de Leiria de hoje noticia - como deve ser - a saída de Diogo Mateus, conforme aqui anunciámos há um mês, neste post. 

A jornalista Anabela Silva questionou-o sobre o assunto e finalmente D. Diogo acedeu prestar declarações sobre o "tabu"  (não à imprensa da sua terra, que despreza, como tanta coisa), numa manobra que lhe permita dar a ideia de que vai embora por vontade própria e não afugentado pelos seus, pelo seu partido. 

Diz ele que “há mais de um ano” transmitiu às estruturas do partido que não pretendia voltar a concorrer à Câmara e que o fez “muito antes das trapalhadas de 2020”, referindo-se às polémicas em que se envolveu com os vereadores Pedro Brilhante e Ana Gonçalves, eleitos pelo PSD, a quem retirou os pelouros. "Trapalhadas" que, no seu entender, "mostraram muita coisa".

As declarações de D. Diogo ao JL acontecem dois dias antes do plenário de militantes do PSD (online), que há-de confirmar Pedro Pimpão como seu sucessor, numa inédita movimentação para lhe retirar o poder. Era preciso ser ele a dizê-lo, para não incorrer na vergonha de ser o partido. Diogo aprendeu a mentir (e a omitir) com naturalidade ao longo dos anos, como bom político. Foi o mais bem preparado de sempre, para o cargo, na nossa história contemporânea. A mesma história que nos tem mostrado como é que isso, só por si, não basta. E por isso conta a versão que lhe convém, para este final infeliz enquanto autarca social-democrata. 

É verdade que "as trapalhadas" do ano passado "revelaram muita coisa". E é interessante ter escolhido o termos 'trapalhadas' - não para aludir à mistura da vida pública e privada - mas para nos recordar das acusações sobre o uso indevido de meios públicos em benefício privado.

Apesar de tão bem preparado para o cargo de presidente de Câmara, Diogo sairá de cena por manifesta incapacidade: a de não ter percebido como exercer o cargo em democracia, onde o poder vem de baixo, do povo. E onde há linhas vermelhas (mesmo que ténues e imaginárias) que o povo não gosta de ver pisadas. Sabemos que prefere as monarquias, mas para isso terá de procurar outras paragens. 


23 de fevereiro de 2021

Para quem é bacalhau basta?

Nasci numa aldeia onde o colectivo sempre importou. Muito antes de haver uma associação (com estatutos e corpos sociais e tudo o que Abril nos trouxe, no final dos anos 70), o povo já se encontrava para fazer coisas, fosse no largo da capela ou num barracão, numa casa em construção ou numa esquina qualquer. Nasci naquela parte da Moita do Boi que era pertença da freguesia da Mata Mourisca (mais tarde da Guia), mas tinha menos de um ano quando me mudei para esta rua que as fotografias vos mostram. Rua da Guarita, Rua do Campo de Futebol. Metade das casas ali construídas nos últimos 50 anos são da minha imensa família. Cresci ali, à beira de uma estrada de terra batida, onde esfolei os joelhos vezes sem conta, onde no inverno havia uma brincadeira divertida que era não pisar as poças, numa gincana até chegar à estrada principal - também ela ainda de terra batida - e depois à escola. Lembro-me bem do espanto de uma das minhas professoras da primária, que me fez pensar pela primeira vez no que era não ter alcatrão. Foi numa aula de Meio Físico e Social. De modo que me lembro bem do que fomos, enquanto povo, num país desigual. Uma das primeiras lutas do meu pai quando voltou à terra foi essa do alcatrão. Ele e uns amigos andavam de casa em casa, com "os homens da Junta", a convencer os pares a ceder uns centímetros de terra, para que a estrada pudesse servir também para os automóveis. Não foi há 100 anos, foi há menos de 40. 

Ao mesmo tempo, o meu pai e esses amigos, e os homens mais velhos e os rapazes novos, erguiam a sede da Associação Desportiva Recreativa e Cultural da Moita do Boi (hoje também de promoção social). Nos tempos livres, organizam-se para os trabalhos de construção. No dia em que foi colocada a "primeira placa", juntaram-se para uma foto de grupo, que lá está, na parede do Bar da Associação, para que ninguém se esqueça de onde veio. E já se sabe, na Moita do Boi tudo começa e acaba na bola. A Associação nasceu a partir de uma equipa de futebol já formada - Os Corsários. Não é por isso de espantar a bravura com que tudo se faz. Só assim se explica que numa aldeia (que não só não é sede de freguesia como é dividida por duas - Guia e Louriçal), um clube que começa com uns rapazes a jogar  à bola onde calhava, a troco de recreio, chegue onde está. Desconfio que muitos não sabem que a Moita do Boi milita hoje na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Leiria, a mesma onde estão o GD Guiense e o Sporting de Pombal. 

Desconfio que os autarcas também não sabem. Ou melhor, a memória selectiva só lhes permite lembrar desse feito em época de eleições, quando vão todos desfilar para o campo, nas bancadas, a ver o jogo e dar o seu apoio, a troco dos votos. Se não fosse assim, como é que se explica de forma racional o que está a acontecer neste primeiro trimestre de 2021? Como é que chegados a este tempo é possível fazer uma obra de tamanha vergonha, sem um único passeio? Como é que se arrancam manilhas e se atiram para as eiras e entradas das casas? Como é que se refaz uma rua e não se pensa no escoamento das águas pluviais? 

Esta é a rua do campo de futebol. Mas é também a rua onde estão sediadas algumas empresas de obras particulares e públicas. Que liga a Moita do Boi a Santo António e ao Louriçal. Antes da pandemia, aquela rua era um corrupio, todos os dias (não apenas pelos atletas da equipa sénior e escalões de formação), à conta dos treinos, dos jogos, e da atividade económica. Passam ali camiões de grande porte - o que ajudou a rebentar o piso. Foi com entusiasmo que vi as máquinas chegarem. E foi com pesar que este fim de semana percebi o desleixo, a incúria, o desprezo com que ainda são tratados os cidadãos da aldeia onde eu nasci, onde moram os meus pais, os meus tios, os meus amigos de infância.

Porque o poder - seja ele qual for - continua a olhar para o povo com a mesma expressão de há 50 anos: para quem é, bacalhau basta. Basta, sim. Só que basta de nos comerem por parvos. 

21 de fevereiro de 2021

Despedida de um camarada


Fernando Domingues, camarada e amigo, figura histórica do Partido Comunista Português em Pombal, vai hoje a sepultar. Homem digno, dedicou a sua vida política e sindical à defesa dos interesses dos que não têm voz, dos que estão mais afastados dos centros de decisão. Foi-lhe particularmente cara a luta pela defesa da floresta e do mundo rural em Pombal, nomeadamente na salvaguarda da propriedade comunitária dos baldios e das comunidades de compartes, assim como na protecção da biodiversidade e o equilíbrio ambiental.

Serão sempre escassas as palavras a ser ditas nestas ocasiões. Poderia lembrar o passado no movimento associativo, o seu sentido de humor, a forma simples com que pautou a sua vida, os magníficos queijos que sempre tinha, a coerência do seu pensamento político, a sua alegria de viver. Mas, mais do que palavras, a justiça à sua memória só será feita assumindo a sua luta. É esse o meu compromisso, camarada!

19 de fevereiro de 2021

Pombal sempre na “vanguarda”


 

Na ultima semana, fomos assistindo a vários municípios aqui à volta, a trazer a publico como irá arrancar o processo de vacinação nos seus concelhos.

Desde a cedência de espaços para o mesmo, até o dia em que o mesmo processo arrancará.

De Pombal nada. Contudo, soube que o processo de vacinação já arrancou, e que algumas pessoas já foram vacinadas (ainda bem).

Numa altura em que tanto se tem falado na transparência da informação, não percebo o silêncio em torno do assunto. Parece-me (por aquilo que observo) não haver articulação entre o município e as autoridades de saúde.

Sr.Presidente Diogo deixe lá as reuniões com as colectividades, que isso já o devia ter feito antes, e faça lá um Briefing a fazer o ponto da situação. Os munícipes agradecem.

18 de fevereiro de 2021

Subsídios e politiquice

Em Pombal, os subsídios e a politiquice têm andado sempre entrelaçados. Daí que não se estranhe a forma como a câmara os tirou (ou cortou) recentemente e os prometeu reforçar de imediato. Há muito que os subsídios são o alfa e o gama da política pombalense.

Para o bem e para o mal, esta trapalhada política tem um mentor (Diogo Mateus), um executor (Pedro Martins) e um denunciador (Pedro Brilhante) - o PS entrou nisto por arrasto.

Mas neste folclore não podia faltar o PSD local – Pedro Pimpão -, que veio censurar, em comunicado, o “ aproveitamento político desta matéria por parte do Partido Socialista e do Vereador Pedro Brilhante, a quem já retirámos a confiança política em Julho de 2020”. 

Ao mesmo tempo que mina a (fraca) credibilidade de D. Diogo e do seu executivo e se quer impor como candidato alternativo ao candidato natural do PSD à câmara, Pedro Pimpão dá uma no cravo e outra na ferradura, coloca um pé numa margem e o outro na outra.

Cuidado com as pernas muito abertas, Pedro - é uma posição muito instável, e vulnerável. 

12 de fevereiro de 2021

Subsídios – do 80 ao 8 num ápice

Vai (ou ia), hoje, à reunião do executivo uma proposta de corte de 160.000 € aos clubes desportivos do concelho (aproximadamente 40% do montante global e 50 % aos maiores clubes). 

Para tal, bastou que D. Diogo lavrasse um despacho que altera dois critérios do regulamento de atribuição de subsídios desportivos e o seu “vereador” executasse (L`Etat C`est Moi!).

Mas quando os clubes foram informados do que se ia passar na reunião (tinham sido avisados que eram pequenos cortes) revoltaram-se.

Perante a revolta, D. Diogo escondeu-se e mandou avançar o “vereador” do desporto – Pedro Martins – que, com a habilidade política que lhe conhecemos, em vez de acalmar a revolta estimulou-a. Não explicou nem negociou a medida; quis simplesmente saber como é que os clubes tinham tido acesso à informação - sempre a paranoia do controlo da informação. 

Resultado: alguns clubes (GD Ilha à cabeça) ameaçaram encerrar e entregar as chaves à câmara, se a proposta for aprovada. 

E agora, D. Diogo?

9 de fevereiro de 2021

Já há candidatos no Oeste

 

Enquanto cá no burgo persiste a dúvida (oficial) sobre quem são os candidatos à Câmara, naquela ala que domina o eleitorado, no Oeste as eleições autárquicas já correm com "normalidade". Gonçalo Ramos avança para um segundo mandato por conta própria, como independente, desta vez sem o chapéu de um movimento que nasceu e morreu em 2017 - Narciso Mota Pombal Humano - e que teve ali a sua única vitória.

Apesar de não apreciar o estilo engraxador que perpetua nas reuniões da Assembleia Municipal, e a bajulação ao presidente da Câmara, reconheço que cresceu muito ao longo deste mandato, sobretudo no relacionamento com os fregueses. E não é fácil comandar um barco como o daquela Junta de Freguesia, num mar agitado como é aquele onde navega. Demorará décadas até que sarem as feridas da agregação na Guia, Ilha e Mata Mourisca. 

E eis que finalmente Carlos Mota Carvalho pode ser candidato, agora que se aposentou. O dirigente associativo anda há (muitos) anos à espera deste momento. Será o cabeça de lista pelo PSD no Oeste. O convite está feito e aceite. Não é encarado com bons olhos por todo o núcleo do Oeste, mas...é a vida. 

Do PS, nada. Dos outros também não. 

3 de fevereiro de 2021

Os “processos” do processo (parte II) – Crime e Castigo

A reunião do executivo de 4 Janeiro, onde se discutiu e aprovou as conclusões dos inquéritos disciplinares às duas funcionárias do departamento de recursos humanos, ficará para os “anais da história” – como bem disse o doutor coiso. O vídeo/áudio abaixo mostra o essencial da longuíssima e despudorada discussão.

Como já aqui tinha informado, o instrutor – o “conhecido” dr. Agostinho – popôs, e o presidente subscreveu, a suspensão de funções de uma funcionária por 45 dias e outra por 90 dias, ambas com execução de pena suspensa por 2 anos.

Após a apresentação das conclusões - pelo presidente da câmara - o vereador Pedro Brilhante fustigou até à náusea o libelo acusatório por este se basear quase exclusivamente nas confissões das visadas (e no que não o é deriva delas), feitas por escrito, em dois momentos desfasados no tempo, com circunstancialismo, pormenores e formalismo jurídico de tal forma rebuscados que as torna pouco credíveis. São confissões que acabrunham quem as profere, pela culpabilidade e nível de incriminação assumidas, das quais se pode tirar não importa o quê, mas nada de bom para quem as profere; e em que - como bem disse Pedro Brilhante - só gente muito estupida acredita.

Estava dada a deixa para D. Diogo - o douto nobre sem nobreza – apoucar Pedro Brilhante. Recomendou-lhe a leitura de um clássico da literatura, “Crime e Castigo”, de Dostoiévski, para que pudesse compreender que a consciência (pelo remorso e contrição) de um cidadão pode ser aquilo que verdadeiramente lhe dá paz, tranquilidade e bem-estar; e que, quem verdadeiramente não consegue perceber que isso é uma coisa boa é que é verdadeiramente estúpido. O nível da conversa ficou definitivamente traçado, depois foi sempre a descer.

Não se pode dizer que a escolha do “Crime e Castigo” para ajudar a interpretar o intricado enredo dos processos disciplinares em causa seja desajustada; até por que, se Pedro Brilhante tivesse lido Dostoiévski, teria podido dizer a D. Diogo que a tomada de consciência e o arrependimento do criminoso não acaba sempre, nem geralmente, com a sua pacificação; inicia, muitas vezes, um processo de auto-destruição do arrependido que conduz ao desespero e até ao suicídio. Mas, ajustado, ajustado, teria sido a escolha de “O Processo”, de Kafka, mais alinhado com esta trama.

 Se D. Diogo leu Dostoiévski – pode ter ficado somente pelo prefácio - sabe, com certeza, que num “crime” não participa somente o executante; participa igualmente o cúmplice, o consentidor, o influenciador, etc. Pelo que se vai sabendo, parece evidente que por toda a câmara, e não só no departamento de RH, surgem regularmente e à vista de toda a gente, irregularidades, falhas, abusos e apropriações indevidas. E D. Diogo comprova-o. E não parece que a leitura do “Crime e Castigo” o tivesse ajudado no processo de consciencialização. D. Diogo é uma espécie de antítese de Mefistófeles, que dizia que queria o mal e não fazia senão o bem. No final desta discussão, D. Diogo anunciou mais três processos disciplinares por factos conexos com a “matéria” destes processos. A intifada continua, como bem disse Pedro Brilhante.

 A doutora Odete - sempre alinhada com o doutor coiso - acompanhou e suplantou até D. Diogo na incriminação das “desventuradas” – nunca a vimos tão determinada e aguerrida na defesa de uma causa! Começou por se indignar por o vereador Pedro Brilhante ter criticado a forma como defesa das funcionárias (não) foi feita; depois, discorreu sobre a verdade e o valor da confissão como prova, sem nunca suscitar uma ponta de dúvida sobre as condições e a forma como as confissões foram obtidas. Será que a doutora Odete considera que a confissão é a rainha das provas, como foi no passado, no Império Romano e na época da Inquisição? Como boa-cristã estará ela convencida que a confissão, o arrependimento e a penitência purificam tudo? No final, alegou impedimento na votação por ter sido advogada de uma das funcionárias (Pedro Brilhante tinha-o lembrado pouco antes!), mas não o quis dizer aqui no Farpas, mesmo depois de ter sido desafiada a justificar o impedimento.

O doutor coiso gastou - mais uma vez - o tempo e a energia a mostrar o que não é. Primeiro, a censurar e depois a aconselhar Pedro Brilhante sobre a forma de fazer política. Depois, a mostrar muita compaixão pelas funcionárias e a suplicar máxima reserva da intimidade das suas vidas privadas, até porque, disse ele, uma delas estará por um fio. Pelo meio, defendeu com “unhas e dentes” a acusação e teceu rasgados elogios ao instrutor - percebe-se: têm atributos semelhantes, mas pouco recomendáveis. Terminou da forma mais abjeta e na mais profunda contradição, profanando o que tinha começado por implorar aos outros: falou da vida privada das funcionárias, nomeadamente do lado mais íntimo e mais dorido da vida de uma delas. Afirmou que foram dirigidas por quem se aproveitou delas e acabaram por criar factos na vida delas, alguns já não têm volta, pois uma - e nomeou-a - está divorciada, e divorciou-se no âmbito destes factos. Simplesmente execrável. Quando o doutor coiso prega moral ou apregoa virtude é capaz de irritar um morto.


2 de fevereiro de 2021

O estado a que chegámos: da incúria à xico-espertice


A SIC abriu o noticiário desta noite com laivos de proximidade a Pombal: o marido da responsável distrital da Saúde Pública, Odete Mendes (natural de Vermoil), foi vacinado contra a covid-19, sem fazer parte de nenhum dos grupos indicados como prioritário. Estava "ali à mão", que é como quem diz dentro do carro, como explicou aos jornalistas em tom exasperado outra médica de Saúde Pública, Ana Silva. 
As notícias dos últimos dias sobre a vacinação mostram bem o oportunismo e a xico-espertice que reina nas instituições de solidariedade social deste pobre país - que de resto explica bem o número de casos elevados que proliferam lá dentro. Mas não é só. Este encobrimento tácito nas estruturas da Saúde públicas chega a dar náuseas. Ao mesmo tempo que Armínio Azevedo negava, ao telefone, ter sido vacinado, a mulher, Odete Mendes, confirmava-o de viva voz e consciência tranquila. 
E o que tem isto a ver com o facto de Pombal continuar sem delegado de Saúde? - perguntará o leitor, perante a incapacidade do vereador Pedro Murtinho em explicar, na reunião de câmara, o que é que o poder político tem feito por isso. Ora acontece que Odete Mendes foi a mesma que passou por cima de uma ordem de José Ruivo, em novembro, dando parecer positivo a um torneio de xadrez onde o marido iria participar, quando as indicações do então delegado de saúde iam no sentido contrário. É a mesma com quem D. Diogo reúne. Só não sabemos se também já falaram desse gesto demagógico do nosso presidente da Câmara, que mandou emitir um comunicado a anunciar que prescindia da vacina, sob o argumento de que "o Estado deve ser criterioso e que o Plano Nacional
de Vacinação seja executado a um ritmo muito elevado”, privilegiando  "os cidadãos com mais de 80 anos". Diz o autarca-modelo que isso de considerar prioritários os responsáveis  locais pela Proteção Civil (como é o caso dele) “resulta de um processo lamentável de atropelo e respeito pelas pessoas mais prioritárias e mais confrontadas com o risco". Em certa medida, lá tem a sua razão. Só corre risco aquilo que existe. E em Pombal, não sabemos nada da Proteção Civil nesta pandemia. 
Ora, perante este lodaçal em que andamos a escorregar todos os dias, espero que D. Diogo guarde uma réstia do seu moralismo para as conversas com a coordenadora da USP Pinhal Litoral. E já agora, que Pombal não apareça nas notícias um dia destes. Certamente não aparecerá, porque quando a excepção se torna regra, entramos no registo do cão que mordeu o homem. E como se sabe, só o contrário é notícia.

1 de fevereiro de 2021

Obviamente que a obra é para avançar!

 



Supostamente, arrancaram hoje as obras de requalificação do Jardim da Várzea (do lado do caminho de ferro).

Afinal a tal “auscultação pública” do projecto serviu para quê? Serviu para atirar areia para os olhos daqueles mais distraídos e para os crentes. Se o projecto já tinha ido a concurso publico, queriam o quê?

Foram enganados Caros Pombalenses! Nada que já não tivéssemos alertado por essa altura.