30 de setembro de 2022

Sobre o voto patético e o associado

Os membros da Assembleia Municipal continuam a ocupar tardes e noites com discussões estéreis e propostas patéticas. Discutem até, se é melhor gastar o tempo naquilo que costumam fazer ou a beber uns copos numa taberna. 

Na reunião da noite passada, o PSD teve a patética ideia de apresentar e votar um voto de congratulação por, afirmam eles, “o IPL ter a visão de reconhecer Pombal como um território dinâmico e privilegiado para a sua dinâmica de crescimento e progresso, contribuindo certamente para a sua tão desejada afirmação como universidade politécnica de Leiria”  - a vacuidade no seu esplendor. E entregou, sem surpresa, a súplica ao jota Antunes do Santos. Escolha acertada: o patético nele é deveras natural.

Como aqui tenho repetidamente afirmado, o voluntarismo político tem perna curta. Impera em Pombal desde Narciso Mota – seu principal artífice -, e é exactamente por isso que o concelho continua a marcar passo, a destruir valor, a adiar o presente e a comprometer o futuro. Achar que esta terra tem condições e necessidade de um pólo ou de um instituto de ensino superior é uma tolice própria de quem decide sem avaliar oportunidade, custo e utilidade – sem se preocupar com a racional aplicação dos dinheiros públicos.

Bastou a eleição de uma nova direcção no IPL para a espécie de ensino superior em Pombal ser posta em causa, para tudo ruir. Não por esta direcção do IPL se apresentar com orientações estratégicas relativamente diferentes - como o doutor Pimpão e outros pensam -, mas por a realidade ser muito abusadora para os voluntaristas. 

A artificialidade não agrega valor, destrói. O IPL deve rapidamente inverter a direcção que erradamente vinha seguindo: deve abandonar a dispersão (formativa, territorial, etc) e especializar-se numa oferta educativa de qualidade, nomeadamente nas áreas científicas. A dispersão que vinha fazendo não acrescenta valor para a instituição nem para os concelhos para onde se dispersou, ao contrário do que muitos dirigentes políticos locais pensam e dizem.     



29 de setembro de 2022

Sai (mais um) um ajuste directo para mais um posto de turismo

foto: Igogo


Na onda de positividade que tomou conta da nova dinânica municipal, o doutor Pimpão aproveitou a Feira de Artesanato/Tasquinhas para anunciar o cumprimento de um promessa eleitoral: devolver o posto de turismo ao centro da cidade. Ora, se bem se lembram, Pombal tem um posto de Turismo, (bem) construído de raíz, no final dos anos 90, por iniciativa de Narciso Mota. Mas a determinada altura da nossa história, no mandato de Diogo Mateus, alguém se lembrou de levar o turismo para o Castelo, e arrendar o espaço a uma agência de viagens privada. 

Se Pimpão queria devolver o posto de turismo ao centro da cidade, só tinha uma coisa a fazer: voltar a instalá-lo no lugar que é dele, valendo-se dos instrumentos legais ao dispor. Mas o que decidiu ele fazer? Recuar 25 anos no tempo e instalar, de novo, o turismo dentro da Câmara. No mesmo edifício onde os funcionários se queixam de falta de espaço para os serviços. Assim, a 20 desde mês foi publicado o contrato (celebrado seis dias antes) que atribui, por ajuste directo,  essa empreitada, pela módica quantia de 50.700 euros, à empresa CDF 2020, Construção Civil e Obras Públicas Lda (uma satélite da conhecida Soteol), que terá 45 dias para executar os trabalhos.

Enquanto houver dinheirinho, não nos vão faltar movimentos destes. Quando não houver...faltarão estes e outros. 

28 de setembro de 2022

Para além de inepto (político), o Pedro é mentiroso

A 14 de julho, a CMP contratou a uma tal InTech, por ajuste directo, a realização de um estudo sobre a Qualidade de Vida e a Felicidade dos pombalenses, pelo montante de 12.500 euros + IVA. Na semana seguinte, o Farpas soube que as entrevistas já estavam em andamento.


Na reunião do executivo de 27 de julho, a doutora Odete afirmou que “tendo tido conhecimento que se estava a realizar um inquérito de opinião sobre a felicidade, encomendado pela câmara”, questionava o presidente “se se confirmava a situação, a quem foi encomendado o inquérito, quais os valores subjacentes a esse inquérito, e qual era o objectivo, em concreto, desse investimento”.    

Na resposta o doutor Pimpão afirmou simplesmente que “não conhecia, em pormenor, os termos do inquérito, que seria no âmbito das metodologias de recolha de dados de uma iniciativa promovida pela InTech com o Jornal de Notícias a que o município tinha aderido para perceber, do ponto de vista da Qualidade de Vida dos Municípios Portugueses, nomeadamente o sobre o posicionamento do município de Pombal.

Na resposta às questões concretas colocadas pela doutora Odete, o doutor Pimpão ocultou informação que estava obrigado a transmitir – MENTIU. Já sabíamos que o doutor Pimpão é um inepto (político) que só se preocupa com a sua promoção pessoal - a sua felicidade. Mas estávamos longe de o considerar desonesto, nomeadamente no exercício de cargos públicos.

Uma criatura que mente no exercício de cargos públicos não é confiável, não é digno de respeito nem de aceitação pública. Renuncia Pedro. Fazes dois bons favores: um a ti; outro ao Concelho.  

27 de setembro de 2022

Da série: não fazer nada - comprar tudo feito

Sorrateiramente, o executivo municipal já tinha deixado escapar a intenção de mexer nos preços da água. Mas escondeu o processo!

O sistema de abastecimento de água de Pombal é galinha de ovos de ouro do município: fornece água com qualidade e fiabilidade a bom preço aos munícipes, e gera um volume de receita e de margens brutas importantes para a câmara. Em boa hora, Narciso Mota o manteve na esfera pública. Já o sistema de Saneamento e de Águas Residuais tem insuficiências e lacunas graves, presta um mau serviço e não gera receitas e margens expressivas. Logo, não pode cobrar o que não oferece. 

Há mais de uma década que o frutuoso equilíbrio entre o valor transferido para os munícipes, através do sistema de Abastecimento de Água, e as receitas recebidas pela câmara não é alterado. No entanto, o doutor Pimpão resolver contratar, por ajuste directo, um “estudo de viabilidade económica e financeira para sustentabilidade das alterações a implementar nos tarifários relativos ao Abastecimento de Água, Saneamento de Águas Residuais e Resíduos Sólidos Urbanos”, ao amigo Carlos Manuel da Silva Santos, Lda, no valor de 12.000 euros + IVA.



O que motiva e que necessidade estará por detrás deste arriscado passo do doutor Pimpão? Para mim, só pode ser uma: mais receita.  Porque a (des)governação despesista do doutor Pimpão precisa e precisará sempre de mais receita. Falta saber se os munícipes estarão dispostos a suportá-la.

Pode parecer exagerado, mas é verdade: neste primeiro ano de mandato, o doutor Pimpão já comprometeu ou prepara-se para comprometer mais a sustentabilidade da câmara que 30 anos de governação do PSD. É obra! Como? Contratando pessoal como se as receitas fossem elásticas; atribuindo subsídios e ajustes directos sem critério e sem freio; financiando enfiadas de festas e de eventos com recursos avultados que não geram retornos significativos. Os primeiros sinais e efeitos deste despesismo já se fazem sentir; mas o pior está para vir – coisas perniciosas que perdurarão por décadas. 

Por outro lado, se o montante do ajuste directo (para o estudo sobre as tarifas da água) não é avultado, também não é de todo justificável. A câmara dispõe de toda a informação sobre a receita e os consumos de água; e tem os dirigentes e os técnicos que sempre fizeram os estudos sobre as tarifas de água e saneamento.  Porque é que, agora, os dirigentes e os técnicos não servem para fazer o que sempre fizeram? Sejamos claros: depois de recolhidos os dados, este tipo de estudo faz-se em meia manhã ou tarde, numa reunião de trabalho entre a estrutura política e técnica, onde, depois de estabelecidos os critérios políticos, basta simular, numa folha de Excel, as tarifas a aplicar aos consumidores e a receita razoável a obter pela autarquia.    

O estudo só não é feito na câmara porque aquela malta, actualmente no poder, só quer festas e eventos e comprar tudo feito. Mas depois de muita festa, e de muita “bebedeira”, virá a ressaca. 

Isto vai correr mal. Ai vai, vai!

26 de setembro de 2022

Da série: não fazer nada - comprar tudo feito

 Durante a campanha eleitoral, o doutor Pimpão prometeu apresentar um Plano Estratégico para Pombal – como se ele soubesse o que isso é!

Quando lhe perguntaram pelo dito (plano), no final da campanha, respondeu que o apresentaria depois de eleito. Não apresentou, nem podia apresentar…

Quando começou a apresentar documentos relevantes, perguntaram-lhe, na reunião do executivo, pelo prometido plano; respondeu que estava a ser elaborado com os serviços.

Agora, ficámos a saber que fez um Contratação Prévia com uma tal FNWAY Consulting, Lda, do seu correligionário e amigo Miguel Frasquilho, por 40.000 Euros + IVA.



Se há documento que não deve ser elaborado fora da câmara é o dito Plano Estratégico; porque, para ter algum valor/utilidade, deve ser muito específico, não um conjunto de generalidades, e deve estar alinhado com o intento estratégico do poder político em funções. Logo, deve ser concebido pelo poder político e estrutura dirigente local.

Mas este poder político não sabe nem quer fazer nada... Compra tudo feito. Por este caminho descapitaliza a câmara de recursos financeiros e de competências centrais.

Um desastre completo!

25 de setembro de 2022

Menos Investimento para Mais Despesa

Não foi preciso passar um ano, nem esperar pelo primeiro Relatório de Prestação de Contas, para termos a confirmação do tipo de governação do doutor Pimpão: Menos Investimento para Mais Despesa.

A justificação apresentada para o cancelamento de 4.200.000 Euros de Despesa de Capital (Investimento), metade transferida para despesa corrente, foi o adiamento de obras que não foi possível realizar. Pois: realizar obras é muitíssimo mais difícil do que comprar feito. Tal como gerir é muito mais trabalhoso e complexo do que comprar festas e serviços (planos e estudos).  

Da pobre discussão ressaltou que só a doutora Marto dominava minimamente o ponto – Alteração ao Orçamento. O doutor Simões ainda fez uma pergunta vaga, respondida de forma honesta pela doutora Marto. Já o aparte do doutor Pimpão mostrou que nem sequer percebeu a questão - do que é que ele percebe, coitado?!   



24 de setembro de 2022

A nova dinâmica da Feira de Artesanato e Tasquinhas

*Foto captada quando já passava das 19 horas. O showcooking estava marcado para as 18h30 

Decorre até domingo mais uma edição da Feira Nacional de Artesanato e Tasquinhas, a primeira organizada por este executivo municipal. Como era de crer, o evento 'Tasquinhas' está  transformado num apêndice do Bodo - "para eles tudo é Bodo", como notam os serviços - com organistas, bailaricos e, claro, DJ's pela noite noite. 

A organização, leia-se Câmara, pensou em tudo, menos na logística. Só assim se explica que, ontem, à hora em que decorria a inauguração do evento, os funcionários municipais se atropelassem a pregar alcatifa no chão e placas no ar. Que ninguém daqueles gabinetes todos tenha tido a noção de que, para fazer um showcooking, um chef precisa de algo mais do que uma cozinha (por exemplo, de um microfone, que lhe permita comunicar com o público).

Como já aqui dissemos em post anterior, o rei vai nu. O que vale é que vai abençoado, pois que este ano, pese embora só termos metade das tasquinhas que já tivemos, outrora, a da freguesia de Pombal é directamente ligada à Igreja, e à Jornada Mundial da Juventude...

23 de setembro de 2022

Duas "máquinas" a discutir máquinas – uma pérola

Reparem bem, caros leitores, nestas duas “máquinas” - doutora Odete e doutora Catarina - a discutir máquinas e investimentos. doutor Pimpão não disse nada sobre o assunto - sabe que isto é matéria para especialistas. Partilhem connosco qual delas sabe mais (alguma coisa) de uma e de outra coisa. E como é que esta terra pode andar para a frente com políticos deste calibre?

Foi uma pena não terem convidado, para esta importante discussão, o coveiro-mor do reino, grande especialista em aquisição e gestão de máquinas, enterros e afundanço de autarquias e outras que tais. O doutor Pimpão não disse nada sobre o assunto - sabe que isto é matéria para especialistas.

Antes de a máquina chegar a Vermoil já o Daniel está a pedir um subsídio para o combustível, que ele agora está caro; outro para o ordenado do manobrador, que já não há quem trabalhe pro-bono; mais um para a certificação do manobrador, que afinal é necessária; e outro para um reboque, para transportar a máquina; e outro para um gancho, que faz falta e na altura não foi considerado para não aumentar o preço da encomenda; e ainda outro para os pneus, que entretanto se desgastarão; e outro ainda para uma bateria nova, que a da máquina entretanto vai morrer; etc.; etc.; etc.

E assim se foi criando uma nova espécie da “fábula dos porcos queimados”, que não funciona mas todos alimentam.

PS: As Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais são entidades autónomas, com atribuições e fontes de financiamento estabelecidas na lei. Por cá - e não só – estabeleceu-se uma relação de dependência promíscua e bastante ineficiente que desbarata recursos públicos sem critérios de responsabilização e boa governação. E ninguém mete mão nisto!



22 de setembro de 2022

O “rei” vai nu…

A doutora Odete fez uma interpelação, como deve ser feita (pela oposição), finalmente!

Já sabíamos que o doutor Pimpão não faz, nem quer fazer, nada que dê trabalho, obrigue a estudo ou exija disciplina. Na resposta à interpelação da doutora Odete – e durante toda a reunião  - mostrou que nem tarefas executivas básicas, como designar coordenadores e equipas de trabalho, faz!

O doutor Pimpão é bom como animador de festas e eventos, e até um bom bobo da corte (já fez números engraçados), mas como político executivo é um inepto completo. Com uma oposição a sério, nem as reuniões do executivo conseguiria aguentar.  


21 de setembro de 2022

Descentralização - trapalhadas - à moda do doutor Pimpão

O doutor Pimpão promoveu a “Reunião do órgão Câmara Municipal de Pombal de forma descentralizada na freguesia de Abiul”! Só para se gabar que estava a fazer história: reunir, pela primeira vez, o “órgão câmara” numa freguesia. 



Quando vi a publicidade ao “número” cheirou-me a fanfarrice e trapalhada. Mas dei o benefício da dúvida: admiti que se tratasse de uma reunião de trabalho entre o executivo municipal e o executivo da junta. Custava-me a acreditar que na reunião do executivo municipal, sujeita a regras e formato muito próprio, estabelecidas na lei e no regimento, pudesse participar outro órgão ou titular de cargo político. Foi preciso ouvir o áudio da reunião para perceber, e confirmar, que aquilo foi uma reunião do executivo municipal com a presidente de junta. 

O doutor Pimpão tem tanto de voluntarioso como de falta de maneiras. Dá para presidente de junta, mas definitivamente não dá para presidente de câmara. É demasiado vulgar e meio trapalhão. Falta-lhe conteúdo e decência institucional.  Pior: não tem consciência que na sua posição poucas coisas são mais críticas que a (in)capacidade de regular as maneiras. 

Bem sabemos que para o doutor Pimpão a política é espectáculo e diversão. Mas dessa paródia, deveria salvaguardar, pelo menos, os actos oficiais. Permitir a participação do/a presidente ou membro da junta na reunião do executivo fere de nulidade as deliberações tomadas. E fazer unicamente a reunião do executivo nas freguesias é pura perda de tempo e recursos e o mais descarado show-off. 

Será que já não há ninguém na câmara, nomeadamente dirigentes com conhecimento e experiência, capazes de pôr freio nos regulares devaneios do presidente.

PS: A presidente da junta – Sandra Barros – esteve bem: desvalorizou aquilo, chegou tarde (depois da reunião ter começado) e saiu antes do final. 

20 de setembro de 2022

O problema não está na mobilidade, está na actividade, …!

Nos últimos dias, o doutor Pimpão e a sua esfrangalhada equipa têm andado entretidos com “A Cidade dos 15 minutos e a Mobilidade” (dita suave) e outras modas. Para o doutor Pimpão administrar a câmara é como administrar a junta – uns eventos e tapar uns buracos. Esquece-se, coitado, que uma enfiada de eventos não faz sequer um programa de acção…

 

Já era tempo de o doutor Pimpão deixar as modas que lhe sopram aos ouvidos e tentar perceber os problemas da cidade e do concelho. Nós, sempre muito acusados de só criticar, damos-lhe daqui uma pequena ajuda: os problemas de Pombal não estão na (excessiva) dimensão da cidade e na (fraca) mobilidade; estão na falta de actividade/dinamismo da cidade e do concelho. Não quero com isto dizer que a cidade não tenha estrangulamentos a solucionar e ciclovias a acrescentar. Mas não precisa de ser transformada na Cidade dos 15 minutos; já é uma Cidade dos 5 minutos. De trotinete ou de bicicleta, em cinco minutos dou a volta à cidade e ainda me sobra tempo. No geral, encontro a cidade despida de gente e lojas desertas ou fechadas. Do concelho rural nem vale a pena falar… Mas perante isto, o doutor Pimpão entretém-se com vacuidades da Cidade dos 15 minutos e da Mobilidade Suave, e outras coisas do mesmo género, como concursos de ideias para o estacionamento de bicicletas! Desgraçadamente, só “trabalha” para os jornais e para as redes sociais. 

O doutor Pimpão é uma criatura sem conteúdo (político), possuída por exaltado estado febril pelo sucesso (pessoal), que aceita tudo que lhe gritam aos ouvidos, sejam ideias, serviços ou eventos. Como desconhece que só no dicionário o “S” - de sucesso - vem antes do “T” - de trabalho, cai sistematicamente na fantasia de que tem ideias e é capaz de realizações valiosas. Oitenta por cento, ou mais, das soluções para os problemas da cidade e do concelho terão que vir do trabalho sistemático, metódico e apurado com os técnicos da câmara, da chamada aprendizagem organizacional e não do show-off dos eventos.

Já era tempo de o doutor Pimpão perceber que a vida não é brinquedo, e a política não pode ser uma distração; que se deve dedicar a fazer coisas úteis e necessárias, e deixar para os animadores sociais o papel de sensibilizar e distrair as criancinhas e para os palhaços o papel de fazer rir as pessoas.

Mas o problema maior desta malfadada terra é não haver quem meta mão nisto. A oposição está morta e enterrada. E o PSD está de pés e mãos atadas, depois de ter corrido com o outro e a coisa ter dado nisto.

Siga a festa!

19 de setembro de 2022

A vitória de Pirro que aconteceu no oeste


Ao cabo de vários meses de uma acesa campanha - encabeçada sobretudo na Guia, onde alguns não estão para ser governados por bastardos da Ilha ou da Mata Mourisca, sobretudo depois dos resultados das últimas eleições autárquicas - a população da União de Freguesias do Oeste foi chamada a responder SIM ou NÃO quanto à desagregação das três freguesias, que desde 2013 formam uma só. Toda a gente sabe que aquela união foi colada a cuspo. Não admira por isso que os poucos fregueses que se dignaram sair de casa para expressar, numa urna de voto, o seu parecer - que não será vinculativo, mas é indicador - tenham maioritariamente dito que sim, querem voltar ao que eram: cada uma das freguesias por sua conta. Nunca saberemos o que pensa a maioria da população, porque cerca de 70% dela não se manifestou. 

O que nos dizem, então, estes resultados, com evidentes leituras políticas? Primeiro, que o povo se está esmagadoramente nas tintas para este processo. Depois, que esta é uma derrota clara dos políticos envolvidos. E não admira. Afinal, todos ali já defenderam uma coisa e o seu contrário, a começar por Manuel António, o ex-presidente da Junta da Guia e "pai" da agregação, agora desenganado com o processo, passando por Gonçalo Ramos, que desta vez quis passar entre os pingos da chuva, mas em 2017 chegou ao poder com discurso e promessas de reversão da agregação. Do PS nada. Até hoje, não sabemos o que pensa sobre o assunto. Ora, como mostram os resultados que dão ao Sim esta vitória de Pirro, só mobiliza gente para votar quem tem mensagem e diz ao que vai. Mesmo que seja pouca, mesmo que doravante só traga dissabores.

Continuamos para bingo, que a malta precisa sempre de andar entretida, e o tempo das festas acaba no São Mateus de Soure.

18 de setembro de 2022

A hora do recreio




 Se a Câmara tivesse usado para o início do ano lectivo - pelo menos em matéria de comunicação, já que não vai passar disso - um décimo do esforço que está a fazer com o folclore à volta da semana da mobilidade, estávamos bem. Mas as escolas retomaram as actividades com muitos e novos problemas, e isso não interessa. É chato. Essas dinâmicas não contribuem para a felicidade, a não ser que acabem por dar nome às AEC's, quando as houver. Sim: há escolas que arrancaram sem essas actividades, normalmente entregues às autarquias locais. Pombal (freguesia) é um desses casos. 

Já sabíamos que este não iria ser um ano qualquer, no concelho de Pombal. Seria o primeiro da descentralização de competências na área da Educação,  e por isso era suposto que se trabalhasse mais, e mais cedo, para garantir que as coisas iriam começar - e correr - bem. Mas nesta nova era em que tudo se faz com meia-bola-e-força, chegamos a meio de setembro e ao início do novo ano escolar com um retrato muito pouco colorido, muito pouco colado ao estilo Pimpão & amigos. É que não adianta nada fazer jornadas e conferências com temas bonitos, passear uma comitiva entre o Teatro-Cine  a Casa Varela, e fazer de conta que  a realidade não está lá fora. E essa começa em casos como o das crianças da Moita do Boi, que por causa do sucesso da creche (à conta de uma associação que se transformou em IPSS) de repente não têm lugar na sua aldeia e têm de ocupar as salas vazias num centro escolar da Mata Mourisca (Lembram-se dos anos em que aqui escrevemos sobre isso, caros leitores? De como os executivos de Narciso Mota andavam a construir escolas com salas que nunca iriam abrir?) - e termina na Escola Secundária de Pombal, requalificada há uma dúzia de anos, mas agora insuficiente para acolher os alunos que vêm de toda a parte, e não só as dezenas (centenas?) de imigrantes que estão a chegar todos os dias, mas logo à partida os alunos do Louriçal, da Redinha e de Albergaria dos Doze, findo o financiamento dos colégios privados. Não sei se ainda se mantém na Câmara aquele projecto do EPIS, mas talvez haja por lá alguma daquela meia dúzia de técnicas que possa pensar um pouco  em como é que é possível uma criança/adolescente ter alguma rentabilidade na escola quando se levanta às 6h30 da manhã para apanhar um autocarro, e depois passa uma manhã na escola até à hora das aulas. Foi o melhor que se conseguiu em muitos horários, na Secundária de Pombal. Nesta altura vão saltar meia dúzia de professores e falar-me dessa outra invenção - contra a qual lutei, com outros pais, sem sucesso, no Agrupamento de Escolas de Pombal - que é a Ocupação Plena dos Tempos Escolares. Tanto especialista que já veio a esta terra falar sobre isto, tanta tese sobre o assunto, e continuamos na mesma. A grande preocupação é enfiar os miúdos dentro de uma sala, de preferência caladinhos, de modo a que não chateiem. 

Na apresentação de mais um ano, não pude deixar de me espantar com o mimetismo do modelo. As décadas passam, mas no AEP o registo cristalizou. Para espanto de quem chega de novo, nem uma palavra sobre a Associação de Pais, nem um folheto. nada. É verdade que também não se fez notar. Esperamos que ainda exista, para lá da reprodução de frases feitas no Facebook. 

Perante este caldo, era de esperar que um Município que passeia automóveis por aí com a propaganda da Educação e do Sucesso Escolar 100%, mais a nova ambição da parentalidade positiva, tivesse um pelouro da Educação preocupado em desfazer estes nós. Se Pimpão tivesse colocado o amigo Marco Ferreira num lugar elegível, teria esse problema resolvido. Assim, continuamos em modo Junta, à espera que alguém da Câmara resolva. Quando acabar o recreio. 


6 de setembro de 2022

O doutor Pimpão e os subsídios

Os subsídios têm sido o principal estratagema de captura e manutenção do poder em Pombal. Narciso Mota atribuía-os sem regra, mas com moderação – com umas centenas de euros adocicava os apaniguados. Diogo Mateus introduziu regras, mas manteve as excepções (muitas), e subiu o patamar – passou das centenas para os milhares de euros. Com o doutor Pimpão é o regabofe completo: sem regra e sem moderação – qualquer criatura ou pequeno grupo de criaturas munidos de uma associação meio-formalizada vai à câmara e saca dezenas de milhares de euros. 

Uma recém-criada associação, designada “Cine Clube de Pombal”, foi presenteada com 18.000 euros para projectar uns filmes; outra, também recente, designada “Costumes e diálogos” – que bela designação - foi presenteada com 18.000 euros, para, vejam bem, “desenvolver esforços para preservação da memória colectiva”; etc.; etc.; etc.



O doutor Pimpão é um crente, um grande divulgador e um grande impulsionador do chamado “empreendedorismo social” – um depauperador de dinheiros públicos. Vai daí, transformou o Salão Nobre numa incubadora social, onde germinam associações como cogumelos em floresta húmida e nutritiva. Há cogumelos associativos tão imberbes e tão precárias que chegam a dar como sede edifícios da câmara. Ao que nós chegámos!

Sempre achei o doutor Pimpão inepto (politicamente), mas julgava-o sensato e aplicado. Não é, nem uma coisa nem outra. A dar subsídios desta forma e a contratar pessoal como se não houvesse amanhã, vai arruinar a câmara e o seu futuro político.