18 de setembro de 2022

A hora do recreio




 Se a Câmara tivesse usado para o início do ano lectivo - pelo menos em matéria de comunicação, já que não vai passar disso - um décimo do esforço que está a fazer com o folclore à volta da semana da mobilidade, estávamos bem. Mas as escolas retomaram as actividades com muitos e novos problemas, e isso não interessa. É chato. Essas dinâmicas não contribuem para a felicidade, a não ser que acabem por dar nome às AEC's, quando as houver. Sim: há escolas que arrancaram sem essas actividades, normalmente entregues às autarquias locais. Pombal (freguesia) é um desses casos. 

Já sabíamos que este não iria ser um ano qualquer, no concelho de Pombal. Seria o primeiro da descentralização de competências na área da Educação,  e por isso era suposto que se trabalhasse mais, e mais cedo, para garantir que as coisas iriam começar - e correr - bem. Mas nesta nova era em que tudo se faz com meia-bola-e-força, chegamos a meio de setembro e ao início do novo ano escolar com um retrato muito pouco colorido, muito pouco colado ao estilo Pimpão & amigos. É que não adianta nada fazer jornadas e conferências com temas bonitos, passear uma comitiva entre o Teatro-Cine  a Casa Varela, e fazer de conta que  a realidade não está lá fora. E essa começa em casos como o das crianças da Moita do Boi, que por causa do sucesso da creche (à conta de uma associação que se transformou em IPSS) de repente não têm lugar na sua aldeia e têm de ocupar as salas vazias num centro escolar da Mata Mourisca (Lembram-se dos anos em que aqui escrevemos sobre isso, caros leitores? De como os executivos de Narciso Mota andavam a construir escolas com salas que nunca iriam abrir?) - e termina na Escola Secundária de Pombal, requalificada há uma dúzia de anos, mas agora insuficiente para acolher os alunos que vêm de toda a parte, e não só as dezenas (centenas?) de imigrantes que estão a chegar todos os dias, mas logo à partida os alunos do Louriçal, da Redinha e de Albergaria dos Doze, findo o financiamento dos colégios privados. Não sei se ainda se mantém na Câmara aquele projecto do EPIS, mas talvez haja por lá alguma daquela meia dúzia de técnicas que possa pensar um pouco  em como é que é possível uma criança/adolescente ter alguma rentabilidade na escola quando se levanta às 6h30 da manhã para apanhar um autocarro, e depois passa uma manhã na escola até à hora das aulas. Foi o melhor que se conseguiu em muitos horários, na Secundária de Pombal. Nesta altura vão saltar meia dúzia de professores e falar-me dessa outra invenção - contra a qual lutei, com outros pais, sem sucesso, no Agrupamento de Escolas de Pombal - que é a Ocupação Plena dos Tempos Escolares. Tanto especialista que já veio a esta terra falar sobre isto, tanta tese sobre o assunto, e continuamos na mesma. A grande preocupação é enfiar os miúdos dentro de uma sala, de preferência caladinhos, de modo a que não chateiem. 

Na apresentação de mais um ano, não pude deixar de me espantar com o mimetismo do modelo. As décadas passam, mas no AEP o registo cristalizou. Para espanto de quem chega de novo, nem uma palavra sobre a Associação de Pais, nem um folheto. nada. É verdade que também não se fez notar. Esperamos que ainda exista, para lá da reprodução de frases feitas no Facebook. 

Perante este caldo, era de esperar que um Município que passeia automóveis por aí com a propaganda da Educação e do Sucesso Escolar 100%, mais a nova ambição da parentalidade positiva, tivesse um pelouro da Educação preocupado em desfazer estes nós. Se Pimpão tivesse colocado o amigo Marco Ferreira num lugar elegível, teria esse problema resolvido. Assim, continuamos em modo Junta, à espera que alguém da Câmara resolva. Quando acabar o recreio. 


1 comentário:

  1. São 30 anos de ORANGE POWER. Se Narciso Mota fez muita obra útil e muita inútil. Diogo Mateus fez uma obra muito útil e algumas muito polémicas. Pedro Pimpão é inovador...faz Festas e Bolos para a alegria dos tolos. Seguem agora as tasquinhas...Depois o Natal...Fim de ano e será assim até 2025. Pelo menos não faz mamarracho e obra inútil.

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