31 de dezembro de 2021

Um grande orgulho


No último dia de 2021, é justo destacar a personalidade da Dª Lurdes Graça, recentemente distinguida com o
Prémio Carreira Boa Cama Boa Mesa 2021, do jornal Expresso. No ano em que completou 90 anos de idade, a Dª Lurdes viu o seu percurso profissional ser reconhecido pelo prémio de maior prestígio da gastronomia nacional. Não é que ela precisasse desse reconhecimento; na verdade, a excelência da sua cozinha há muito que é apreciada por todos. Se Pombal é hoje conhecido em todo o país (e não só), muito se deve ao seu (nosso) arroz de tomate e ao restaurante Manjar do Marquês. Depois de dois anos fortemente marcados pela pandemia, o restaurante que gere com o seu filho Paulo continua a ser uma referência de qualidade e um grande orgulho para todos os pombalenses. Muitos parabéns, Dª Lurdes! 

30 de dezembro de 2021

Notícias de Vermoil - edição digital


Não, ainda não é o regresso do jornal que a Junta de freguesia editava. Socorro-me do nome desse prestimoso título para louvar o que acontece naquela bela localidade: coisa básica - as sessões da Assembleia de Freguesia são transmitidas online, de modo que toda a gente pode assistir a elas. É assim agora, em tempo covid, mas já era assim  antes disso. Se a memória não me falha, é caso único no concelho de Pombal. Já ia sendo tempo dos restantes autarcas seguirem o exemplo do presidente Daniel Ferreira, e perderem o medo de abrir a cortina para que toda a gente possa ver o que acontece nas reuniões que - pasme-se - são públicas. Curiosamente, os casos mais gritantes de oposição a esta abertura, num passado recente (último mandato) foram dois comunicadores natos: Gonçalo Ramos, no Oeste, e o nosso super Pimpão, que enquanto presidente da Junta de Pombal se opôs à proposta  defendida pela eleita do CDS. 

Voltemos a Vermoil. A reunião da Assembleia confirmou aquilo que já aqui dissemos anteriormente: o problema do actual executivo está dentro de casa. Ilídio Manuel da Mota, ex-presidente da Junta e da Assembleia, foi à reunião para imprimir o tom de formalismo que a presidente  da mesa não foi capaz de gizar. Porque formalismo requer seriedade, e dessa junção já não resultaria o tom amistoso e tratamento "à vontadinha" que parte as pernas à oposição e redunda no espírito colaborativo que a malta gosta. A tal da "crítica construtiva", de que aqui tanto ouvimos falar. Ainda assim, não fazia mal à maioria dos eleitos locais que chegaram agora às funções frequentarem uns cursos rápidos, que os há online, para terem noções básicas do que são os regimentos, as ordens de trabalhos, as aprovações por minuta...

À falta disso, Ilídio Mota deu uma breve explicação. E deu também orientações à Junta do que reclamar junto da Câmara (podem ver aqui, na gravação online), pouco crédulo no êxito de um orçamento para uma freguesia daquelas, no valor de... 600000€....

O doutor Pimpão quer enganar-nos!

Dos documentos provisionais para o próximo ano, e para o quadriénio, discutidos e aprovados recentemente, pelo executivo e pela AM, constava o Mapa de Pessoal. Por norma, é um documento pouco valorizado e pouco escrutinado, por razões que se compreendiam. Desta vez voltou a sê-lo... Erradamente.

O documento prevê a contratação de mais 216 funcionários, o que representa um acréscimo de 45 % no quadro de pessoal – a câmara tem actualmente 477 funcionários. 



A câmara de Pombal teve sempre uma eficiente gestão do pessoal, daí a sua reconhecida solidez económico-financeira; mas o doutor Pimpão parece empenhado em mudar o paradigma, em meter carradas de pessoal na câmara. No entanto, quando se olha para o orçamento, verifica-se que o doutor Pimpão promete não aumentar a despesa com pessoal ao longo do mandato. Cresce uns míseros 3%, de 13.032 M€ em 2022 para 13.480 M€ em 2025.

A bota não bate com a perdigota. O doutor Pimpão não sabe prever nem planear. E a oposição não sabe confrontar - distrai-se com fait-divers, e descompromete-se com uma crédula abstenção.

22 de dezembro de 2021

Reunião da “Junta”

A “Junta” reuniu hoje. Para cumprir formalidades.

O doutor Pimpão apareceu com ar cansado, distraído e deslembrado. Fartou-se de coçar a pulga.

Do resto, mais do mesmo: a aprovação de um subsídio para uma Comissão Fabriqueira para obras já realizadas. 

Siga a festa.    

21 de dezembro de 2021

AM – da avidez ao desastre

A primeira reunião ordinária da nova AM, que decorreu ontem ao longo de oito longas horas, confirmou o expectável: o desastre do que resta da oposição.

Os marketers defendem que não há uma segunda oportunidade para deixar uma boa primeira impressão. Por isso, aconselhava a prudência que na primeira e, ao mesmo tempo, a mais exigente reunião - debate e aprovação de Taxas Municipais, GOP, Orçamento, PPI, … - os protagonistas se centrassem no essencial. Mas a bancada do PS quis pré-aquecer o confronto com uma polémica estéril, neste contexto, sobre o não agendamento das suas propostas pela mesa. Sobre o mérito e a pertinência das propostas nem vale a pena gastar palavras; mas ficámos depois a saber que elas foram apresentadas fora do prazo. Contrariados pela mesa abandonaram a reunião durante o PAOD, sem serem acompanhados pelos vereadores (e presidente) do partido. A avidez de protagonismo é sempre má conselheira. Neste caso, resultou num verdadeiro hara-kiri, do qual vai ser difícil recuperar.

O verdadeiro debate começou pelas taxas municipais, com o especialista em conversa de ninharias – Leandro Siopa - a tomar o protagonismo. Avançou depois para a taxa de IRS, com João Coelho a defender, duplamente, o indefensável: devolver o IRS para ser aplicado no comércio tradicional e compensar a receita com endividamento. A coisa foi de tal forma anacrónica que até permitiu à rapaziada do PSD brilhar a discutir endividamento.

Continuou com outro especialista financeiro – Nuno Gabriel – a defender mais endividamento para alavancar o orçamento. Sobre aquilo de que a oposição devia falar, nada ou muito pouco de relevante. Pelo meio, até o José G. Fernandes, que sabe tanto da matéria como o místico sabe de mecânica quântica, botou discurso trauliteiro sobre endividamento (estrutura de capital).

E vimos ainda a vice-presidente e o presidente da câmara a dizerem que se podia aprovar, à-vontade, o agravamento das taxas sobre prédios rústicos abandonados, porque se depois se verificasse que alguém não conseguia pagar, perdoava-se!

Mas a verdadeira vedeta desta primeira reunião ordinária foi o agora presidente da Junta das Meirinhas – João Pimpão -, que fez um quarteirão e meio de intervenções, sobre tudo e mais alguma coisa, e até derramou sapiência sobre custos administrativos e transparência.

No meio do desatino geral, o “Presidente da Junta” – Pedro Pimpão –, com com discurso realista, responsável e relativamente consistente, mostrou que pode vir a ser um verdadeiro presidente de câmara. O presidente da Junta de Almagreira – Humberto Lopes – confirmou que, para além de excelente presidente de junta, é um bom parlamentar, com pensamento próprio digno de registo. E o Luís Couto – do Oeste Independentes – fez duas boas intervenções, no PAOD e sobre as GOP e Orçamento.

18 de dezembro de 2021

ADILPOM – exemplar maior do falso associativismo

A ADILPOM é uma “associação” – que de associação tem pouco ou nada – criada em 1991, pelo poder político local da altura, com o objecto da “promoção do desenvolvimento no concelho de Pombal, através de uma integração adequada com os espaços e entidades no âmbito regional, nacional e internacional, visando o desenvolvimento global e equilibrado do concelho, mediante o apoio directo à actividade produtiva e à promoção e valorização dos recursos locais, especialmente os humanos” - música.

O estratagema por detrás deste tipo de entidades foi sempre dar-lhes um objecto vasto e aparentemente virtuoso suscetível de disfarçar o verdadeiro propósito - usá-las para esquemas da mais diversa índole, nomeadamente como alçapão para a saída de dinheiros públicos sem controlo. O problema – ou a virtualidade - destas entidades é a (sua) essência determinar tudo - o pecado original cumprir-se.

Nos primeiros anos e nos mandatos de Narciso Mota a ADILPOM serviu como estrutura para a realização de alguns eventos e como antecâmara para dar emprego à malta do partido que não podia entrar directamente na câmara. Com Diogo Mateus - menos adepto destes esquemas - foi definhando, até se tornar numa estrutura sem vida própria: sem autonomia, sem recursos, sem competências – sem nada. Por ser composta por outras entidades no mesmo estado (AICP e ACSP) ou que nunca se envolveram na sua gestão e nas suas actividades (Cooperativa Agrícola, Caixa de Crédito Agrícola) tornou-se um mero apêndice da câmara. Definhou até mirrar. Presentemente é um “esqueleto” que a câmara usa para contornar o regime de contratação pública e dar um ou outro emprego aos amigos. A forma como o doutor Pimpão usou a ADILPOM para montar os festejos de Natal roça o obsceno – pode ser observado e examinado na informação submetida e aprovada pelo executivo, disponível no link abaixo. 

Diogo Mateus conduziu a ADILPOM para a agonia. Agora, a bem da decência, e antes que malignidade se expanda, é preciso dar-lhe o golpe de misericórdia - como foi dado à funesta PombalViva. Um assunto a acompanhar nos próximos tempos.     

Link: https://drive.google.com/file/d/1gKbLbke56GfQMau6EOG0ajpCQWtj2nkP/view?usp=sharing

17 de dezembro de 2021

Profecias

Já tivemos o que queria fazer disto uma Central Alfandegária com um grande Centro Logístico.

E o que queria fazer disto um Centro Aeroportuário com Aeroporto no Casalinho.

E o que queria por isto no mapa com mamarrachos na Sicó.

Agora temos o iludido com o Campus Universitário.

Tudo criaturas que não sabem nem percebem que ideias/projectos que não acrescentam valor, destroem valor.

A desgraça maior desta terra é ser conduzida por criaturas que acreditam em milagres.

14 de dezembro de 2021

Obrigado, Pedro!



Uma pessoa pensa que a realidade não pode superar a ficção mas...é Pombal, é Natal, o Pedro é presidente e está a cumprir o seu destino. Dias depois da chegada  dos contos de Lili Carrol ao Farpas, inspirada no clássico de "Alice no país das Maravilhas", eis que a Câmara faz sair para a rua esta pérola. Obrigado, Pedro. Prometemos trazer mais episódios do teu folhetim a público, nos próximos dias. 

10 de dezembro de 2021

O Filho da Alice no Reino das Maravilhas

Aventuras no Bosque Encantado e o Engenhoso Resgate

Quando o rato Camundongo saiu da sua toca, para caçar mais queijo no Bosque Encantado, já o seu amigo Pedro choramingava no maldito buraco. Chegado ao Bosque, estranhou o chilrear da passarada, àquela hora. Percebeu, depois, que galhofava com o sucedido.  Deu uma volta, e outra, pelo Bosque Encantado; mexericou por um lado e por outro, até lhe chegar aos ouvidos coisa estranha – gemidos humanos. Arrebitou as orelhas, resguardou-se, pôs-se à escuta, até perceber de onde vinham; e, passo-ante-passo, aproximou-se do local de onde vinham. Desceu ao buraco para ouvir melhor, e depois perguntou:


- Quem está aí?

- Sou eu, o Pedro, o Filho da Alice, acudam-me, tirem-me daqui...

- Eu sou o rato Camundongo, também conhecido pelo rato Verde, caro amigo; colocas-me um grande desafio: como poderei resgatar-te sem dar azo à chacota?

- Tira-me daqui grande amigo. Eu só quero sair daqui… - suplicava o Pedro.

- Vou ver o que se pode fazer… - prometeu o rato Camundongo.

O rato quis descer até junto do amigo, mas logo concluiu que de lá não poderia fazer nada por ele. Pensou melhor …, “se juntar as cordas que usei nos enfeites do Bosque…”

Enquanto o rato se atarefava na atadura das cortas ouviu passos. Era o Anão de Jardim que regressava da sua rotina das Boas Noites ao Marquês. Chamou-o e contou-lhe o sucedido. E ele quis logo assumir o comando das operações e activar o socorro. Mas o rato Camundongo, mais manhoso, desaconselhou-o.

Nisto, viram passar ao lado, vagarosamente, olhando para o chão como se tivesse perdido algo, o Coelho-Branco-de-Olhos-Rosa, com braçado de papéis, que o Anão de Jardim adivinhou ser outra catrefa de requerimentos para os chatear. O rato Camundongo ainda sugeriu pedirem-lhe ajuda, mas o Anão de Jardim recusou. 

De seguida, passou por lá o Cura Vaz, pregador e cantador, que resolveu passar pelo Bosque depois das rotinas de sacristia. Informado do sucedido, benzeu e rogou por milagre ao Santíssimo e dirigiu-se para o Altar onde suplicou ao Santo Padre Amaro que intercedesse junto da Nossa Senhora do Cardal pelo Filho da Alice. 

Paralelamente, o rato atou a corda à tília mais próxima do buraco e fê-la descer gritando “já chegou?”; “já chegou?”…; respondido, do fundo, com “ainda não”; “ainda não”… 

Quando chegou a informação “já chegou, amigo”, “obrigado, amigo”; o rato Camundongo ordenou: “sobe amigo”.  

O Pedro agarrou a corda e subiu alguns metros a muito custo, mas desfalecido tombou novamente no amontoado de gravetos e folhas secas. 

Ouviu-se, cá em cima, o estrondo e o grito da queda. E logo de seguida  o Anão de Jardim resmungou: 

- Eu bem te avisei que isso não resultava; em bem te avisei; eu bem….

- Hum-hum! — pigarreou o Camundongo com ar zangado.

Ainda mal refeitos da desilusão, ouviram um sapateado suave. Era a Lebre-de-perna-curta na sua corrida, agora fora de horas, que logo os reconheceu.

- Pôxa, amigos, por aqui?! Estão tristes no Bosque Encantado! Porquê? 

- Aconteceu uma desgraça: o Pedro caiu num buraco fundo. Lançámos-lhe uma corda, mas não consegue subir porque está muito enfraquecido – respondeu o Anão de Jardim.

- Tenho a solução, amigos! – afirmou, efusiva, a Lebre-da-perna-curta. E dirigiu-se ao Pedro: - Toma a minha poção mágica, amigo. Bebe-a, que logo ficarás forte.

Quando o Pedro agarrou na garrafa viu no rótulo “Sumo de laranja, proteína power e vitamina da felicidade”. Bebeu sôfrego. Passados alguns segundos exclamou: 

- Já me sinto forte e confiante, amigos. E acrescentou: - Vou subir, amigos! Dentro de minutos estarei aí convosco para retomarmos a Nova Ambição.

Eis como o Filho da Alice regressou,  de uma forma simples e engenhosa, ao Reino das Maravilhas.

                                                                                               Lili Carrol

As listas de deputados - do concelho charneira a Pombal feito num 8


 


O PS distrital aprovou ontem à noite a lista à Assembleia da República, que - sem surpresas - será encabeçada por António Lacerda Sales, Secretário de Estado da Saúde. Dias antes, já o PSD anunciara como cabeça de lista pelo distrito de Leiria um dos homens de Rio - Paulo Mota Pinto, que agora é o nosso presidente da Assembleia Municipal. Ora, como aqui vaticinou o Adelino Malho em post anterior, era de crer que o PSD local tinha tudo para se espalhar ao comprido, ao apostar numa infantil cartada como aquela de fazer anunciar a promessa João Antunes dos Santos: foi como a pescada - antes de ser, já o era. O que lhe sobrou foi, afinal, um 8º lugar na lista de deputados. Ora, seria preciso recuar ao tempo do Cavaquistão para sonhar com uma hipotética eleição. 

Do lado do PS, foi esse o lugar oferecido a Joel Gomes, o nosso Joelito, que deu uma de Pedro Pimpão em seu orgulho ferido (lembram-se das últimas eleições?) e recusou ir naquele lugar. De maneira que não vai em lugar nenhum. É claro que, à boa maneira do PS, a lista aprovada era apenas uma das três que apareceram. E em cada uma delas havia um nome de Pombal entre os suplentes, "à revelia" da concelhia. Uma chatice que doutora Odete considerou deslealdade, quando subiu ao palanque, na noite passada. Alguém lhe acuda, que está tudo contra ela...

Feitas as contas, estamos feitos num 8. Um oitavo lugar nas listas. Se no caso do PS é compreensível, pois que os resultados eleitorais não merecem mais do que isso nem podem reclamá-lo, já no caso do PSD é no mínimo estranho chegarmos a este estado. Não há memória disto nos ter acontecido na história da democracia em eleições livres. Vai-se a ver, o concelho charneira foi-se, de vez. 

ps: A excepção destas eleições em Pombal é Lina Oliveira, do BE, que ocupa o 2º lugar na lista de deputados por Leiria. 



8 de dezembro de 2021

Um PSD cada vez menos de todos e cada vez mais de Rio

A noite das facas longas chegou e aquilo que Rio gostaria de ter feito há 2 anos teve agora a liberdade para o fazer: escolher quem quer para posições elegíveis. Já o tinha começado nas últimas autárquicas, fecha agora com força a porta a quem não for yes-man.

Com isto, seca a oposição interna, os outros, porque os tira da política profissional e terão que se dedicar a outras profissões, visto que autárquicas só são daqui a 4 anos e não há grandes alternativas porque não é poder. Não sendo políticos profissionais deixam de poder fazer oposição de forma profissional e consistente. Vamos seguramente ouvir vozes de alerta aqui e ali, mas a falta de consistência dificilmente conseguirá mobilização alternativa.


Rodeia-se de uma geração mais velha, mais conservadora, e portanto com maior propensão para se segurar no poder do partido e disposta a aceitar benesses do partido no poder, desde que mantenha benefícios para este grupo. Comissão aqui e ali, mais uma nomeação etc. 


O partido ideológico, de massas, da social democracia desaparece definitivamente. Passa a dar lugar à estratégia política, à capacidade de negociação. Mais ainda, esvaindo-se a ideologia, cresce a importância da representação autárquica - quem irá mandar no partido serão os filiados autarcas, porque serão a única garantia de trabalho eleitoral e mobilizadora de votos.


A geração nascida na década de 80 é praticamente dizimada da lista para a Assembleia. Cristóvão Norte, Duarte Marques, Rui Cristina entre outros. Geração qualificada mas indicadora também do corte geracional.


Rio perdurará na liderança, tal como Portas no CDS. E todos sabemos o que aconteceu quando finalmente se cansou de ser o centro de decisão. Caso não consiga ser primeiro ministro manter-se-á na liderança por muitos anos reforçando a sua estratégia. Se conseguir ser eleito o “partido partido”, como diz Alberto Joäo Jardim, irá tolerar estas mudanças de centralização.


Por Leiria Paulo Mota Pinto substitui Margarida Balseiro Lopes (que apoiou Paulo Rangel depois de nas anteriores eleições ter apoiado Rio e a mudança paga-se caro). Troca-se a juventude e a paixão pela lealdade e senioridade. 


Esta mudança é positiva a Pedro Pimpão, que ganhou com grande expressão em Pombal e permite-lhe reforçar influência a nível nacional dentro do partido. Mesmo que na campanha autárquica tenha convidado Paulo Rangel para a “festa da ribeira” no vale da Sobreira, terá agora em Paulo Mota Pinto uma ligação directa à Assembleia da Republica e a Rio, que manda em absoluto no partido. Estrategicamente é bom para atração de investimento público para Pombal (mesmo que Rio não seja primeiro ministro porque vai conseguir negociar orçamento e a autarquização do partido trará assuntos desses para a mesa). Será desta que o estado investirá num centro logístico rodoviário? Um grande investimento do sistema permitiria garantir um legado sério para além da felicidade.


A simpática Margarido Balseiro Lopes sai. 


Como último acto enquanto deputada escolhe uma reunião de trabalho com: Aurélio Ferreira, o independente agora Presidente da Câmara  da Marinha Grande, o herói dos autarcas independentes, e deixa uma mensagem clara sobre o seu posicionamento. 


Margarida refere na sua mensagem de despedida: “Quem achar que a política se divide entre os bons e os maus presta um péssimo serviço à democracia.” Pois é, mas quem pensa assim é que manda agora.




7 de dezembro de 2021

O Filho da Alice no Reino das Maravilhas

Aventuras no Bosque Encantado (I)

Os últimos dias têm sido maravilhosos para o Filho da Alice… O Pedro acredita mesmo que o céu estrelado gira em torno do destino do Homem.

Ontem, o Céu estava estrelado e a Lua irradiava uma luminosidade misteriosa. Quando o Pedro veio à varanda, depois de jantar, transbordava felicidade; sentia que os astros estavam alinhados com o seu destino. Estava irrequieto, saiu, encaminhou-se para o centro, para o Bosque Encantado no Jardim das Tílias, o seu lugar de deleite. Cumprimentou os anões, quis saber com se sentiam com tanta garotada; agradeceu-lhes a dedicação e a simpatia, o notável serviço à comunidade. Depois, quis divertir-se: visitou a Casa do Pai Natal, entrou na Bota Botilde, passou pela neve e deslizou pelo escorrega.


Mais eis que, quando tocou no solo, um buraco se lhe abriu e engoliu-o. Tombou por ali abaixo, tão bruscamente que não foi sequer capaz de se frear. Desceu sem saber se o poço era demasiado fundo ou se era ele que estava caindo devagarinho.

Naquela escuridão, o Filho da Alice limitava-se a pensar no que aconteceria depois. “Depois deste tombo, não me vou mais importar com os trambolhões que me esperam!”

E caía, caía, caía. “Será que esta queda não acabará nunca?”, pensava ele; “Quantos quilómetros eu já despenquei? Já me devo estar aproximando do centro da Terra”. 

O Filho da Alice aprendeu muitas coisas na escola, fez muitos cursos, mas não tinha ideia do que era latitude ou longitude; no entanto, considerava essas palavras monumentais, e gostava de as dizer em voz alta - gosta muito de se ouvir. No tombo, entretinha-se a falar: “- Será que vou atravessar a Terra? Vai ser muito engraçado sair do outro lado, no meio das pessoas que andam de cabeça para baixo: os antipáticos!” Riu-se.

Caía, caía, caía e, como não tinha mais nada para fazer, continuava a tagarelar. Até que, de repente: plunct! Aterrou num amontoado de gravetos e folhas secas. A queda tinha chegado ao fim.

Pôs-se a pedir ajuda: “Socorro; socorro; socorro; …, tirem-me daqui”. Mas aquela hora, ninguém o ouvia, e ninguém lhe podia valer. Perante tamanha aflição, responderam-lhe os pássaros que pernoitavam nas frondosas tílias.

- Estás sozinho, passarão; não tens ninguém que te apoie nem que te ampare na desgraça...

- Acudam-me, pardais amigos.

- Um bom pardal nos saíste tu; invadiste o nosso poiso sem nos dizeres nada e agora queres apoio… E chamam-nos, a nós, pardais!

                                                                                   Lili Carrol 

5 de dezembro de 2021

O Natal do tio Pedro, do primo João, e dos amigos dele(s)



João Vila Verde (ao fundo) e o "tio Pedro" na inauguração do Natal
 

A Câmara de Pombal decidiu manter boa parte da programação de Natal agendada para estes dias e isso merece um valente aplauso. Num tempo em que é tão mais fácil embarcar no cancelamento dos espectáculos (como está a acontecer em tantas cidades, como se isso cancelasse o vírus, como se algum dia nos fossemos ver livres dele), atirando ainda mais para a míngua os artistas e técnicos, fechando ainda mais o público, que vive há dois anos como sabemos, é bom viver numa terra que escapa a essa "virose", chamemos-lhe assim. 

Mas,

Vamos lá saber, afinal, que festividades são estas, quem as está a fazer, quanto custam, e quem as vai pagar. Pois...não se sabe. Chegou a estar anunciada uma conferência de imprensa destinada ao efeito, mas foi cancelada com a mesma rapidez. 

O pouco que se sabe, porém, por portas travessas, é bastante para que Pedro Pimpão venha rapidamente a público explicar o resto. É o mínimo que se exige ao presidente da Câmara, "o tio Pedro", que chamou as criancinhas para junto de si, sexta-feira ao final do dia, para carregar no botão que supostamente ligaria as luzes e faria disparar o fogo de artifício, inaugurando assim o Natal da cidade. Só que às 18 horas de anteontem apenas o Cardal tinha iluminação. E foi preciso montá-la à pressa, como de resto está ainda a acontecer nas outras ruas da cidade. Minutos antes, funcionários de uma empresa da área, funcionários municipais, funcionários da PMU e outras figuras andavam numa roda viva a pendurar adornos e gambiarras. Mas o tio Pedro conseguiu. Pouco passava das 18 quando o Pombal Jornal fez o directo no Facebook, ele e as crianças contaram de 10 a zero, rebentaram uns foguetes, seguiram para o bosque encantado no Jardim das Tílias, para a Casa do Pai Natal, e seguiram para a fotografia. 

No resto da cidade, hoje, domingo, ainda não há iluminação. 

Agora surpreendam-se: o grande obreiro desta espécie de Natal-em-modo-Bodo, que inclui carrosséis durante um mês inteiro, junto à Biblioteca, é nada menos que um velho conhecido deste município: João Vila Verde, ex- administrador executivo da empresa municipal Pombal Viva, exonerado por Narciso Mota, depois de contas por explicar e prejuízos acumulados. A empresa acabou por ser extinta. Quem não sabe do que estamos a falar, tem nos arquivos do Farpas muito para explorar. O epílogo está aqui e aqui   O resto é pesquisar. Há muito por onde, entre 2008 e 2009 - foram anos fartos. 

Agora só falta Pedro Pimpão entregar-lhe de novo o Bodo. É desta que eu volto a acreditar no pai natal, nos duendes e tudo. Já que temos um bosque, pode bem ser que se levante de lá um anão de jardim e caminhe na minha direcção. Ora se eu vi um presidente de junta publicitar, orgulhoso, trabalhos da sua empresa para isto - coisas que antigamente davam perda de mandato... - Jingle Bells. 


2 de dezembro de 2021

O Subsídio a D. Diogo

O doutor Pimpão leva, hoje, à reunião da “Junta”, a (sua vontade de) atribuição de um subsídio reintegração ao ex-presidente Diogo Mateus, no valor de trinta e tal mil euros. A legalidade da medida é, no mínimo, duvidosa. E nesta matéria, o doutor Pimpão parece ter dois pesos e duas medidas...


Quando D. Diogo saiu da câmara, em 2002, para exercer funções de Presidente da Junta de Pombal e de Adjunto do Governador Civil, a Lei atribuía-lhe o direito a receber o subsídio de reintegração no montante de 1 mês de salário por cada 6 meses de serviço como eleito local, até ao montante máximo de 11 remunerações; mas D. Diogo não requereu o subsídio quando cessou as suas funções como vereador em janeiro de 2002.

 O direito a subsídio de reintegração, para titulares de cargos políticos, terminou (foi revogado por lei) a partir dos mandatos iniciados em 2005, pelo que nenhum vereador ou presidente eleito, depois daquela data, tem direito a receber subsídio de reintegração.

D. Diogo veio mais tarde, depois de regressado às funções de vereador da CMP, requerer o tal subsídio de reintegração. Nesta situação, a atribuição do subsídio fica, salvo melhor interpretação da lei, sujeita ao artigo do estatuto dos eleitos locais que obriga que “os beneficiários do subsídio de reintegração que assumam as mesmas funções antes de decorrido o dobro do período de reintegração a devolver metade dos subsídios que tiverem recebido entre a cessação das anteriores e o início das novas funções.” 

Assim, é altamente discutível a concessão do subsídio de reintegração a D. Diogo por inteiro, nesta data, como o doutor Pimpão lhe quer conceder. Além disso, o facto de D. Diogo não ter requerido o subsídio em 2002 (quando deveria) e ter entretanto assumido funções idênticas, põe seriamente em causa o direito a receber o subsídio.