29 de julho de 2022

Oh meu! Oh meu! Isso é indecente! Isso é indecente…!

Todos temos uma face e uma contra-face, uns mais que outros. 

Nada inspira mais um profeta que uma grande desgraça. Na penúltima reunião da “Junta”, realizada no passado dia 20, ficámos a conhecer a outra face do nosso presidente da “junta”. Embriagado com as emoções da desgraça, iniciou a reunião com um longuíssimo sermão laudatório, cheio de récitas para todos os atingidos e envolvidos pela desgraça (incêndios) que atingiu uma parte do concelho, coadjuvado pela dócil Catarina. Como bom-profeta forja ladainhas em que posteriormente acredita. 

Mal o doutor Simões proferiu as primeiras palavras, o nosso profeta percebeu que denotavam alguma crítica. Soltou-lhe imediatamente a outra face - a face do verdadeiro Pimpão. A partir daí, foi só conversa ao nível da taberna, com linguagem de bordel. 

O Pimpão tem tanto de voluntarioso como de falta de maneiras. Na sua posição poucas coisas são mais críticas que a (in)capacidade de regular as maneiras.

PS: Depois temos, também, o desastrado PS, com a doutora Odete, de férias mas supostamente em “trabalho” político, a intervir por via remota, não para censurar aquele desvario e apoiar a postura crítica, sentida e factual do seu “camarada” Simões, mas a exercitar a habitual ladainha ascética da harmonia inócua. Desgraçado partido que tem na doutora Odete uma criatura insubstituível.


O Ti Milha, o festival extra agenda



 O que acontece na Ilha desde 2016 (e de que aqui falei em 2018) é caso único no panorama cultural do concelho de Pombal. Há alguns casos de apontamentos comunitários no distrito de Leiria (a Torre da Magueixa, na Batalha, talvez seja a que mais me faz lembrar, mas há outras, nos concelhos de Alcobaça, Porto de Mós, Caldas da Rainha, etc) ou  que se lhe comparam, mas nada é igual ao que se vive ali, no parque de merendas e lazer daquela terra, em que um grupo de jovens ligado à ARCUPS consegue mobilizar pais e avós em torno de um festival de música, artes e costumes. 

No fim de semana passado, dois anos depois do interregno a que a pandemia obrigou, voltou a acontecer. E aconteceu também um desfile de políticos como nunca tínhamos assistido. Em Pombal, o poder não percebeu o que tem ali. É um problema que vem do passado (lembram-se de quando se esqueceram de convidar esta malta para as conversas da Rede Cultura 2027, quando são eles afinal a pedrada no charco?), mas que agora se agrava, com o pelouro da Cultura em pousio. E agrava-se a este ponto: o festival Ti Milha não figurou sequer na agenda cultural de Julho, distribuída pela autarquia - como bem notou o vereador do PS, Luís Simões, na última reunião de Câmara. 

Pedro Pimpão puxou dos galões para dizer que a Câmara apoiou como nunca a organização do Ti Milha (primeiro eram só seis mil euros, depois a deliberação foi revogada e o apoio dobrado para 12 mil). Já é um passo. Falta agora fazer o caminho. E perceber que é tão longe daqui à Ilha como da Ilha a Pombal. Chamar esta malta para outras coisas. As tais "dinâmicas do território".

*foto da Ana Formigo e do Fábio Silva, que têm muitas e boas imagens dos três dias na página do Ti Milha no Facebook



27 de julho de 2022

Sai mais uma encomenda directa para os amigos do Pedro

A (des)governação do Pedro & C.ª é uma coisa assustadora, sem critério e sem controlo, mas com intuitos claros…, nomeadamente na área das festas e diversão - seu foco principal.

Nas festividades do Natal, entregou a empreitada ao amigo Vila Verde através do alçapão ADILPOM. A coisa correu mal, há gente enganada e mal paga …

Depois veio aquela enorme trapalhada do Festival “Oh da Praça”, que metia subsídios, amigos e família, e que, por ser tão escandaloso e aqui ter sido denunciado, foi adiado antes de ser cancelado.

Agora são as contratações para as Festas do Bodo.  A dos DJ`s foi dada, por ajuste directo e sem contrato (ao que já chegámos!), a uma tal Levelfusion, Lda, com sede em Pombal, que “desenvolve a sua atividade principal no âmbito de Vestuário para adultos”, por uns chorudos 10.000 € - DEZ MIL EUROS!

Chamem a polícia; 

Chamem a polícia.

26 de julho de 2022

Praça Marquês de Pombal e Praça do Cardal – que paralelismo?

Há duas décadas, o desfalecimento da Praça Marquês de Pombal (no centro histórico) era motivo de grande preocupação e debate. O poder desvalorizava a situação: considerava-a normal e transitória, fruto do envelhecimento dos residentes e da alteração de modos e estilos de vida das gerações mais novas. Mas viu ali uma boa oportunidade para mostrar o seu voluntarismo. Vai daí, sem estudar o problema, derreteu lá dinheiro a-rodos. 

A câmara comprou imóveis, garantindo que recuperando os edifícios e deslocando para lá serviços revitalizava a praça e o centro histórico - só beneficiou os proprietários dos edifícios que venderam bem vendido; construiu parques de estacionamento, no coração da cidade, contra todas as tendências recentes, que continuam vazios; colocou em marcha um plano de revitalização urbana que só descaracterizou e desqualificou a praça -  recentemente corrigido devido à degradação e disfuncionalidade do espaço; avançou com um programa de apoio ao comércio tradicional, com financiamento a fundo pedido, que foi um fiasco total; implementou um programa de revitalização do centro histórico que só o enegreceu e entristeceu mais. Resultado: torrou milhões e matou a praça. Actualmente, a única actividade que ali sobrevive – e com futuro garantido - é a Casa Mortuária. Ámen.

No Largo - agora Praça - do Cardal o processo foi semelhante e o resultado parecido: um plano de revitalização que descaracterizou e desqualificou o espaço, tornando-o desconfortável e nada apelativo. Consequentemente afastou as pessoas e condenou ao definhamento os pequenos negócios.  A Praça, que deveria ser a sala de visitas da cidade, está sem vida, vazia e desprezada. Esta descrição pode incomodar e molestar o sentimento bairrista, mas é a pura realidade – confirmada ao longo de todos os dias do ano.

Nesta pacata "paróquia" salvam-se os “negócios” do cura Vaz, que sem concorrência beneficia desta triste realidade: na Praça do Cardal cuida dos espíritos; na Praça Marquês de Pombal encaminha as almas.   




25 de julho de 2022

O Pedro, a imagem e a felicidade

O profeta Pedro acredita que as suas promessas já estão a surtir efeito – no que esta criatura não acredita! Vai daí, encomendou à Aximage - Comunicação e Imagem, Lda um inquérito de opinião sobre a felicidade do rebanho, já em curso.



O Pedro acredita em amanhãs radiantes, onde tudo é amor e felicidade; tal como acredita que as almas caridosas alcançarão o paraíso celeste, e, com ele, os pombalenses atingirão a felicidade terrena. Por isso, age politicamente por determinismo metafísico, sonhando conciliar o inconciliável e dar felicidade ao infeliz, ou seja, unir todos e tudo na adoração à sua pessoa.

Para o Pedro a política é diversão e ilusão; onde ele se dedica a procurar estrelas no céu, porque acredita que o céu estrelado gira em torno do destino do homem. Arranjava-se paciência para ouvir os desejos do Pedro se pudéssemos passar longas tardes no Arunca estendidos numa canoa. Mas infelizmente tal não é possível: o Arunca não é usufruível, e a vida para o cidadão comum não é um brinquedo ou uma fábula encantadora.

Não há criatura mais infeliz que o escravo dos seus desejos. A sôfrega paixão pela empatia conduzirá o nosso profeta ao desespero. E nós ao mesmo marasmo.

Cumpra-se o destino… Que mais se pode fazer?

24 de julho de 2022

Cardal (Pombal), hoje ao final da tarde

Uma praça sem vida, vazia, desprezada: esplanada sem clientes; corações que não pulsam, só desconfiguram; vasos sem flores; estruturas metálicas desnudadas, etc. Coisa triste, coisa feia.


Adenda: a coisa já melhorou um pouquito: já retiraram as estruturas metálicas desnudadas e já plantaram uns amores-perfeitos nos vasos!

19 de julho de 2022

Sobre bons samaritanos, subsídios e boa comidinha

A 4 do corrente mês, o executivo municipal (“junta”) discutiu e aprovou - por maioria ou por unanimidade, ainda não se sabe* - a atribuição de um subsídio ao Rotary Clube de Pombal, no valor de 350 € (em dinheiro), destinado ao pagamento de refeições; mais um animador musical, para animar uma confraternização. 

Durante a discussão a doutora Catarina informou que achou melhor trocar a oferta do animador musical por 580 €, destinados à compra de 200 bonés e 500 t-shirts (?). A doutora Catarina é muito fofa e simpática, mas nisto de preparar propostas para levar às reuniões do executivo não acerta uma. Deveria ser rapidamente dispensada destas tarefas burocráticas e empregada unicamente no social socialite.

Mas depois de tudo isto, que já seria muito, perguntará o leitor: o Rotary queria o subsídio concretamente para quê? Bela pergunta, e bela história, que este maldizente escriba tem muito gosto em explicar.

Uma tal associação cívica, intitulada “Cavaleiros do Céu”, promoveu juntamente com o Rotary Clube de Pombal e o Rotary Clube de Leiria, nos dias 22, 23 e 24 de julho, o baptismo de voo para crianças e jovens com deficiência – iniciativa nobre e louvável. Nesta fase da história, pensará o leitor: então, o subsídio de 350 € para refeições destina-se ao pagamento de um lanche às crianças, depois do voo. Puro engano. O subsídio foi pedido, foi atribuído e foi destinado ao pagamento de 10 refeições, a 35 €/pessoa, aos pilotos, organizadores e patrocinadores do solidário evento.

Gente fina confraterniza e assinala a caridadezinha em grande. Ou como canta o J. Barata Moura:

“Vamos brincar à caridadezinha

Festa, canasta e boa comidinha

Vamos brincar à caridadezinha”

PS: * o executivo ainda não percebeu que o principal objectivo da reunião é decidir, não discutir; e que o principal interesse do eleitor é saber o que e quem decidiu.

Adenda: o subsídio foi aprovado, por maioria, com 5 votos a favor e uma abstenção (da doutora Odete).


18 de julho de 2022

O fogo fátuo que cerca o Pedro

 

Pedro Pimpão ressuscitou para as redes sociais ao fim de vários dias de sepulcral silêncio, através de um texto à sua moda: sentimental, acompanhado de 59 fotografias, boa parte delas impregnadas de chamas (é sempre bom para os pirómanos) , outra recheada dele, e da sua gente - os escuteiros, o chefe de gabinete (percebeu-se, de novo, que manda mais que qualquer vereador) assessores e afins. Até Paulo Mota Pinto, o regressado presidente da Assembleia Municipal, aparece nas fotografias. São boas imagens: Pimpão dá entrevistas, Pimpão  fala com bombeiros, Pimpão olha para o mapa, Pimpão entra na carrinha, Pimpão estava lá. 

Qual profeta da boa-vontade, o Pedro recuperou o fôlego e voltou a usar as redes para comunicar com o seu povo, que lhe retribuiu com o afago dos likes e dos comentários, como ele gosta e precisa, para continuar, dizendo-lhe que é o maior. Máquina. Campeão. 

O Pedro nunca fez um curso de comunicação de crise, certamente. Percebemos, pela amostra, que o gabinete da Câmara também não. Ao contrário, perceberia que era precisamente num momento destes que deveria ter usado as redes sociais - como de resto fizeram os autarcas à sua volta, sem entrar em pânico, muito menos espalhá-lo junto da comunidade. Não para fazer estes agradecimentos que lhe rendem likes e afagos, à posteriori, mas para tranquilizar as pessoas e transmitir segurança, no momento, mesmo que por dentro estivesse a tremer de medo, como parecia no dia em que ousou (!) comparar o fogo de Abiul ao de Pedrógão Grande. Queixava-se da falta de meios, colocando-se sempre de fora. Esquece-se Pedro Pimpão que é ele aqui a autoridade máxima de Protecção Civil no concelho de Pombal - mesmo que tenha empurrado (também essa) responsabilidade para a vereadora Catarina Silva, que estava de férias, a muitos km de distância, nos primeiros dias.

Talvez seja hora de sabermos o que é, e o que faz, afinal, a Proteção Civil no nosso concelho. Se trabalha ou não em articulação com a Autoridade Nacional. Porque apesar do tom de balanço do nosso presidente, que anuncia estar contabilizar os prejuízos "juntamente com as autoridades" convém sabermos duas coisas: 1. Ele também é autoridade. 2. O verão ainda não acabou. 

Também seria boa ocasião para divulgarmos, sem medos, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil. Para não ficarmos com esta ideia de improviso, de quem se põe mais em bicos de pés...

Cercado por este fogo fátuo, mal sentiu que podia respirar, o Pedro voltou às partilhas das suas próprias palavras e da sua própria imagem. Depois das críticas à alegada falta de meios, esperamos pelo passo seguinte: Aposto um vintém num convite a Luís Montenegro para as festas do Bodo. 

11 de julho de 2022

As Meirinhas, o Pimpão, a estatueta e o dinheiro

Meirinhas é uma terra pimpona. E uma terra pimpona tem o seu Pimpão. E com o Pimpão João são favas contadas. E favas contadas – mamadas – fazem peidos danados.

Tudo serve ao Pimpão João para mostrar obra. Até erguer uma estatueta a um empresário vivo -  verdadeira parolagem untuosa.

Mas o pior nem é o ridículo da coisa e o custo do ridículo; é a forma como o ridículo é custeado. A junta adjudicou a estatueta a Hélder de Carvalho – Criações Exclusivas, Lda., por ajuste directo, pelo montante de 25.000 € + IVA. Quando perguntado se se justificava a junta gastar 25.000 € + IVA numa estatueta para “homenagear” um empresário, o Pimpão João respondeu que a estatueta era oferecida por um grupo de empresas. Na verdade, a junta orquestrou um “protocolo” com a empresa MCS Portugal – Adelino Duarte da Mota, SA, no valor de 31.365 € c/ IVA, que, supostamente, cobre a despesa.  Todo o capitalista gosta de comprar a sua grandeza.

O Pimpão João é manhoso, e imaginoso nas contas travessas - sabe fazê-las. Ganhou vasta experiência na câmara a entrecruzar despesas com dinheiros soltos. 


10 de julho de 2022

Tesourinhos deprimentes

Anteontem uma pessoa amiga enviou-me isto. Resisti durante por algum tempo vê-lo, porque não queria, por agora, voltar à temática abordada. Mas o respeito pela pessoa que me enviou o tesourinho deprimente…

Sempre me intrigou que, por cá (e por outras terras de alguma forma semelhantes), o número de votos brancos e nulos nas autárquicas fosse superior (o dobro!) ao de alguns partidos com implantação nacional e grupo parlamentar na AR. Mas depois de ouvir este tesourinho deprimente, que roça o indecente, reforcei a ideia de que o eleitor comum sabe escolher – não é estúpido como lhe chamam algumas estruturas partidárias – , prefere escolher o mal menor ou anular o voto.

Uma terra – umas estruturas partidárias – que o melhor que tem para oferecer à comunidade, para o mais relevante cargo local (presidente da câmara), é o Pedro, a Odete ou a Célia, perdeu definitivamente o sentido da exigência.

Infelizmente, nesta terra nada destoa - é tudo meio-á-toa ou por amiguismo.

6 de julho de 2022

Câmara compra sede da AICP

Na reunião de anteontem, a câmara – a “junta” – aprovou a aquisição das instalações da Associação de Industriais do Concelho de Pombal (AICP), no valor de 350.000 euros, com base no sempre badalado argumento da salvaguarda do interesse público – quando o decisor público recorre a este vago argumento podemos dar por certo que não existe qualquer interesse público em causa.


Na verdade, nunca existiu uma verdadeira associação dos industriais de Pombal. O que existiu naquela sede, oferecida pela câmara e pelos fundos comunitários, foi uma coisa abjecta - o exemplar maior do Falso Associativismo - que nunca serviu os poucos industriais que por cá existem ou existiram; serviu unicamente para uns quantos figurões e oportunistas tratarem da sua vidinha enquanto os fundos jorravam sem grande controlo para quem se dizia criador de riqueza. Formos por aqui dando conta dos escândalos que por lá iam acontecendo, mas os poderes instalados foram fazendo ouvidos de mercador. Até que a coisa foi liquidada, sem que nenhum dos supostamente interessados (industriais) tivesse mostrado incómodo ou mexido uma palha - que se visse.

Agora, o doutor Pimpão (& C.ª) diz-nos - e julga que nos convence - que vai afectar as instalações à “captação de investimento nacional e estrangeiro; … bem assim à criação de uma eventual incubadora de empresas e ao alargamento de formação e apoio a novos empresários”.

Já vem dos tempos de Narciso Mota a construção do Centro de Negócios para os fins que agora se enunciam, que nunca conseguiram concretizar. Perante o fracasso entregaram aquilo às finanças e a associações com pouca ou nenhuma actividade. O fadário desta terra tem sido e continuará a ser criação destes castelos de areia, este fazer e comprar edifícios sem saber o que lá fazer. Estas criaturas que nos (des)governam não sabem fazer coisa que se aproveite. Esta terra só tem um ideal: gastar/desperdiçar dinheiro para servir as clientelas e mostrar que se está a fazer qualquer coisa.    

Eis mais um negócio ruinoso. Como a Quinta de Sant`Ana, o Celeiro, a Casa da Guarda Norte, a casa do Mota Pinto, a Casa Varela, etc. 

Quem não sabe mais, quem não sabe o que fazer, compra, gasta, desperdiça.

5 de julho de 2022

Pombalbike: É preciso ter pedalada

Uma das primeiras faces visíveis da nova ambição foi o sistema de bicicletas de uso partilhado. A ideia não nasceu da cabeça de Pedro Pimpão (já vinha do executivo de Diogo Mateus) mas ficará associada a ele, como de resto há-de acontecer com um conjunto de obras que apanhou em andamento. E é uma boa ideia? É. Está a funcionar? Não. Porquê? Por várias razões, a começar pela cidade pouco apelativa ao uso da bicicleta, mas sobretudo porque antes de colocar o sistema em prática era preciso uma campanha de sensibilização à comunidade, um período experimental que cativasse as pessoas - como de resto já aconteceu noutras cidades.

Sendo assim, em pleno verão, ao final da tarde, o principal ponto do equipamento - que deveria estar vazio, sinal de utilização - está assim. É preciso dar mais ao pedal, Pedro...isto se queres a tal smart city da sustentabilidade. 

1 de julho de 2022

Sobre as recomendações do doutor Coelho

A acção política do doutor Coelho derivou da tentativa de entupir o Pedro e o Né com dúzias de requerimentos para a sobrecarga da agenda da AM com recomendações. 


Se o estratagema dos requerimentos se mostrou inconsequente, o das recomendações segue pelo mesmo caminho, mas com custos políticos mais acentuados que nem a vitimização ameniza. Daí que o doutor Coelho, desiludido com o estratagema, tenha negociado a aprovação de uma ou outra recomendação com a bancada da maioria. A negociação foi feita, como não poderia deixar de o ser, com o principal “Facilitador de negócios” (projectos) cá do burgo - como é designado dentro do próprio PSD - que logo deu luz verde à coisa. Apesar de a coisa não ter sido muito bem recebida por algumas figuras do PSD, o “Facilitador de negócios”, seguro de si e do seu poder no partido, deu o acordo como consumado na antevéspera da assembleia - uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. O doutor Coelho transmitiu a boa-nova aos seus; e lá foram, mais animados para o calvário que têm sido aquelas reuniões da AM, convictos que, finalmente, teriam uma vitória simbólica. Ainda não perceberam, coitados, que em política, como em quase tudo na vida, vale mais uma derrota honrosa que uma vitória consentida.

Só que nestas coisas da política, como em quase tudo na vida, há sempre um “se” - há sempre muitos “se`s”. Como a coisa não foi bem acolhida no PSD, e o “Facilitador de negócios” ainda não tem o poder que julga ter no partido, os opositores ao “acordo” trataram de arregimentar os presidentes de junta contra as recomendações da bancada do PS, com o argumento que a sua aprovação rebaixava o estatuto e imagem dos presidentes de junta. No final, foi delicioso ver “Facilitador de negócios” a tentar salvar face, perante a sua bancada, zurzindo forte e votando contra as recomendações da bancada do PS. 

Daqui se conclui duas coisas: primeira, o doutor Coelho é muito melhor a vender autocarros que a fazer acordos políticos; segunda, é muito mais fácil facilitar negócios que acordos políticos.

PS: a discussão das recomendações da bancada do PS derivou para uma longa conversa de loucos, como a classificou um dos protagonistas, que se arrastou até às 3 da manhã! Algumas daquelas criaturas perderam ou nunca tiveram noção do ridículo: recomendam a eliminação do tratamento pelos títulos académicos (doutor, engenheiro, etc.) mas tratam-se por “Sua Excelência”.