30 de junho de 2018

Sectarismo profundo


Há pessoas em que o sectarismo profundo é estrutural, é um traço vincado da sua personalidade. A presidente da AM é um caso desses, que não seria grave e censurável se a senhora não exercesse a função que exerce - onde a imparcialidade e retidão devem estar sempre presentes.
Temos, aqui, apontado várias situações/decisões em que a senhora falhou nos seus deveres – agiu sectariamente –, na esperança que, por decoro, contivesse os ímpetos e corrigisse a postura. Sem resultado. A senhora não é capaz, é um caso perdido, um erro de casting; no lugar mais alto, rebaixa o nível quando deveria elevá-lo (para o rebaixar já chegam alguns membros da assembleia). Decide: pelos seus desejos, não pelo regimento que desconhece; com uma parcialidade congénita que a conduz sempre para aquilo que julga poder ajudar à sua facção, e não com bom senso, que não tem; trata os seus uma maneira (ex: seu chefe de banca),  e os outros de outra; etc. 

PS: o seu secretário (o deslumbrado doutor em leis) acompanha o registo: só se lembra da lei quando lhe interessa.

29 de junho de 2018

A vã glória de mandar

foto: dreamstime

O que aconteceu ontem na Assembleia Municipal de Pombal, a propósito da (legítima) luta dos pais de Albergaria dos Doze pela abertura de (mais) uma turma no Externato local merece um 'páre, escute e olhe na vida política local'. Num rasgo de impulsiva antecipação, a bancada do PS apressou-se a apresentar uma proposta "pelo financiamento de uma segunda turma do 7º ano", naquele estabelecimento de ensino privado. Respondendo com a habitual manha, a bancada do PSD logo lhe fez um abraço de urso - como aquele que, em 2016, já acontecera. Se bem que, desta vez, o PS conseguiu superar-se: não foi a reboque, tomou a dianteira. Como se isso lhe rendesse qualquer dividendo político, a não ser a vergonha alheia. O filme acabou com uma cena mimosa de um texto comum - lido em voz alta por Manuel António, líder do PSD/Pombal, que até então se mantinha num silêncio ensurdecedor*. O mesmo PS a quem o mesmo PSD, na mesma sessão, tratou de forma rasteira, a propósito de outra cena da vida pombalense - o encerramento do balcão da Caixa Geral de Depósitos no Louriçal. E na verdade, há que dizê-lo: tem razão Diogo Mateus quando lhes atira que são essas atitudes que fragilizam o concelho. Só lhe faltou dizer que o PS está paulatinamente a cavar a sua própria sepultura, sem coerência, sem estratégia, sem qualquer pensamento político.
É verdade que a questão dos contratos de associação é ideológica, sim. Foi este Governo que a levantou e a tem vindo a pôr em prática, acabando com o regabofe que durante anos encheu cofres privados à conta do dinheiro público. Por isso talvez alguém deva avisar o PS de Pombal que existe um programa, e que as estruturas não servem só para levar congressos ao colo e embandeirar em arco com eles.

*Tenho muita curiosidade em saber se, também neste particular, o ex-presidente da Junta da Guia e actual dirigente do Agrupamento de Escolas de Pombal, virou a casaca, ou se continua a pensar como dantes, mas é uma chatice admiti-lo. 

28 de junho de 2018

A integração à moda de Pombal


Quem passou no Cardal ao final do dia de segunda-feira foi surpreendido com um concerto de (boa) música pela comunidade cigana de Pombal. Mais tarde, a Câmara fez passar nas redes sociais a mensagem sobre o que ali tinha acontecido: as comemorações do Dia Nacional do Cigano, um evento que " serviu também para alertar a Sociedade para a exclusão social daquela comunidade", diz o Município.
Convém lembrar que a comunidade está perfeitamente integrada em Pombal. Só não sabe disso quem não tem os filhos na escola pública - ou que optou por retirá-los para não haver misturas. Quem assistiu, por exemplo, à festa de final de ano do Centro Escolar de Pombal ou da Conde Castelo Melhor, pôde verificar isso mesmo.
Por isso não deixa de ser estranho que a Câmara tenha optado por promover aquele concerto do Dia do Cigano à socapa.  Resultado: ciganos a actuar para ciganos, com a cortesia da presença do senhor presidente.
Às vezes, em Pombal, há uma linha muito ténue que separa a integração da segregação. Foi uma política iniciada por Narciso Mota (quando empurrou os ciganos para lá do rio e da linha do comboio, e da cidade, afinal) e continuada na perfeição por Diogo Mateus. Já sabemos que os ciganos quase não votam - mas fazem propaganda. E isso explica tudo, afinal. 

25 de junho de 2018

Obras tortas


A câmara não acerta uma…
A obra de Requalificação da EN237, entre o Alto do Cabaço e o Barco, tem sido um calvário para quem usa a via: cortes no trânsito e falta de segurança (buracos no piso; máquinas, materiais, trabalhadores e transeuntes na via; trabalhos de noite sem iluminação, etc.).
A esta desorganização acrescenta-se o faz&desfaz.
Na semana passada, para compor o ramalhete, parte da via - praticamente concluída - abateu!
Valha-nos N.ª Senhora do Amparo.

22 de junho de 2018

A oeste nada de novo

Par além das múltiplas irregularidades detectadas e relatadas na auditoria, a assembleia de UFGIMM revelou mais dois actos de gestão falhados, praticados também de forma irregular, que dizem muito do poder local que temos: a aquisição da Varredoura Urbana; a contratação da auditoria.
A Varredoura Urbana foi adquirida por adquirir – sem utilidade (uso significativo).
A auditoria foi contratada e logo abafada - para proteger os companheiros. Palmas para a pessoa que a quis tornar pública; obrigando, assim,  à sua discussão, mitigada, envergonhada, comprometida.

Ensaio sobre a cegueira


Os dados estavam lançados e aqui no Farpas - onde uma parte importante dos leitores está no Oeste - julgámos que a reunião da Assembleia de Freguesia que iria discutir a auditoria às contas do anterior executivo seria um momento-chave na vida política do concelho. Ledo engano. Aquilo a que assistimos na noite passada, no salão paroquial da Ilha, só não foi tempo perdido porque:

1. Certificámo-nos de que Manuel Serra já foi encostado pelo PSD e Gonçalo Ramos já encostou o nado-morto NMPH (Narciso Mota Pombal Humano).
2. A montanha pariu um rato: a auditoria revela aspectos graves da vida autárquica naquela freguesia, a que só Dino Freitas (CDS) fez cócegas, ao de leve.
3. Uma auditoria paga pelo povo tem de ser do conhecimento do povo. A auditora, Isabel Clemente, que massacrou o público durante uma hora com considerandos de douta sabedoria (quando nem sequer devia ter sido chamada a intervir), bem pode aproveitar as férias de verão para ver uns filmes ou ler uns livros que contam o caso watergate. Gonçalo Ramos também, em vez de olhar por cima do ombro a tentar perceber como é que a auditoria transpirou para fora, qual miúdo que atira a pedra e esconde a mão.

Numa região onde a agregação está longe de ser aceite e não vai demorar até que o tema salte para a ribalta, de novo, o público é a maior lição: enche os salões nas assembleias, e é capaz de esperar até às 2h30 da madrugada para intervir, chutado para último. A mesa da Assembleia comporta-se como os membros do NMPH - faz só figura de corpo presente, não conduz os trabalhos, cada um fala o tempo que quer, como e quando quer. Saímos de lá com a dúvida: a AF daquela União de Freguesias tem regimento, como as outras, ou não?
No fundo, aquela reunião com 10 (dez) pontos, marcada para as 21 horas de uma quinta-feira, foi uma cegueira colectiva. 
Manuel Serra não percebeu que era tempo de digerir a derrota e sair de cena, cego pelo poder. Gonçalo Ramos está deslumbrado com o mesmo, transforma a apresentação de cada ponto em floreado verbal, arrastando os trabalhos no tempo e no espaço. Avançou sem medos para a auditoria, mas depois não soube o que fazer com ela, refugiando-se num "aperfeiçoamento de procedimentos". 
Dino Freitas (CDS) arranca sempre bem, mas intervenções, mas vai perdendo força e não consegue ser eficaz na oposição.
Hugo Sintra (PS) vai acabar com os últimos votos que o partido - que foi ali poder - ainda tinha.

21 de junho de 2018

Auditoria arrasadora


O novo executivo da União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata-Mourisca (UFGIMM), presidido por Gonçalo Ramos (NMPH), decidiu mandar realizar uma auditoria ao executivo, do mandato anterior, presidido por Manuel Serra (PSD). A decisão foi acertada – imperiosa, responsável, transparente -, mas deve ser consequente.
As conclusões da auditoria são arrasadoras para o executivo presidido por Manuel Serra: 
- O presidente “autorizou a realização e o pagamento de despesa”, apesar de “não ter delegação de competências” para o efeito;
- “Não há evidência de controlo físico dos bens da freguesia”;
- “A junta não dispõe de registo de assiduidade, controlo e autorização de horas extraordinárias”;
- “Não estão redigidos a escrito os contratos com os trabalhadores da junta”;
- A junta fez “o pagamento de despesas correntes a trabalhadores e fornecedores sem documento de suporte válido e sem a obrigatória comunicação aos poderes públicos”;
- “A despesa não é cabimentada previamente, permitindo a ocorrência de despesa sem a efectiva disponibilidade dos fundos financeiros”;
- A junta não controla os produtos comprados, “não emite requisições internas nem externas e consequentemente “os fornecedores não indicam o número do compromisso”;
- “Despesa com refeições confeccionadas no valor de 32 mil euros”: “40% serviços de catering para Actividades de Animação e Apoio à Família – Ilha”; “Relativamente aos restantes 60% não existem deliberações ou evidência da necessidade da (sua) realização”;
- “Na aquisição de bens e equipamentos e na realização de empreitadas e obras públicas, o ajuste directo não se encontra fundamentado em violação dos princípios da transparência, igualdade e concorrência”;
- “Os apoios directos não estão regulados nem publicitados”;
- Em 2016, a junta gastou 17.351 € no restaurante “Couto e Santos, Lda”.
Depois de muitas hesitações, a discussão do relatório faz parte da agenda da assembleia, que reúne, hoje, na Ilha. Altura para os fregueses conhecerem melhor como é (ou não é) administrada a coisa pública, e para Manuel Serra e o seu executivo se explicarem.

19 de junho de 2018

Sensações


O vazio pode encher-se com o vazio! É o que sinto quando percorro os espaços do lugar onde nasci, na minha aldeia, ou o centro histórico da minha cidade.
Os espaços do lugar onde nasci atraem-me pela mesma razão que o ladrão retorna ao local do crime; há ali uma atracção que não se explica, sente-se. Não sei se é o vazio do lugar que me preenche ou se sou eu que, de alguma forma, preencho aquele vazio.
Quando percorro o centro histórico da minha cidade – faço-o regularmente – sinto um vazio profundo, que não preencho nem me preenche. É uma sensação estranha de desilusão, de letargia e de mágoa, onde os sentidos convocam a memória e esta os reprime. Paro sempre naquela praça solitária, despida, sem vida, com uma história que não conta, embelezada com uma coerência falsa, sem brilho nem beleza. Olho para cima, medito no paradoxo que foi querer dar vida à natureza morta que é castelo e a sua encosta e ao mesmo tempo matar a praça. É uma amargura, uma tristeza de alma, ver o que isto é e não conseguir sentir o que isto foi.
Outrora, criança, percorri estas ruas, nos dias de mercado, num corrupio sempre apressado contra a escassez do tempo e dos bens. Outrora gozei tudo aquilo: o passar dos comboios; o frenesim da abertura das cancelas que restabelecia o fluxo das formigas apressadas no carreiro principal; a simpatia do boneco da sapataria Cruz; o regateio entre compradores e vendedores na praça; etc.
Hoje, vagueio por aquelas ruas estreitas, silenciosas, nuas, sem vida; por aqueles espaços que nada têm e pouco dizem. Sinto-o; sente-se um adormecimento sofrido que contrasta com uma agressividade que mora ao lado. Ali, as portas antigas fecharam-se definitivamente, e as “portas abertas” ainda não se abriram. Os poucos rostos, que vagueiam como eu, parecem reflectir as lajes escuras, ou as amarguras de vidas amachucadas.
Nas horas de expediente, paro na loja do Maia - um rebento híbrido da Casa Fortunato. Umas vezes, entro; outras, olho para aquilo, da rua, circunspecto. Admiro a resiliência daquele homem. Custa-me descer o resto daquela rua, a grande avenida do cemitério da minha cidade; custa-me mais do que o despovoamento da minha aldeia, que, pelo menos, mantém a força estimulante da natureza selvagem.

14 de junho de 2018

Onde se dá conta da avaliação que o Príncipe e o seu escudeiro fizeram do Estado da Nação


A meio do ano, antes do período de descanso, o Príncipe decidiu avaliar o Estado da Nação, a fim de prevenir incómodos no regresso. No final da passada semana, antes de abandonar o trono, informou o Pança desse seu propósito; avisou-o que se preparasse convenientemente, durante o fim-de-semana, para lhe prestar contas, na primeira hora da semana seguinte, sobre as mui valorosas empreitadas de lhe tinha destinado.
O Pança não contava com esta incumbência de última hora. Depois de várias semanas em grande azáfama, que o obrigaram a desdobrar-se como nunca, tinha reservado o fim-de-semana para a família. Erro seu. Já deveria saber que escudeiro não tem outro Senhor nem ócios. Mas o pior nem era abdicar da família, que coitada já estava acostumada, era o muito trabalho que o esperava, toques e mais toques que era preciso dar, relações e compromissos que era necessário revisitar e avivar, depois de ter colocado as suas empreitadas em segundo plano para acudir às emergências do Príncipe.
Quando o Príncipe chegou, já o Pança estava no seu posto, e já tinha aproveitado o tempo de espera para fazer os contactos que não tinha conseguido fazer durante o fim-de-semana – sem sucesso. Assim que o Príncipe chegou ao cimo das escadas, avistou-o logo, e comunicou-lhe que se apresentasse daí a cinco minutos. O Pança estava nervoso; sabia bem que um exame político, com o Príncipe, é sempre imprevisível, e para este tinha sido apanhado de surpresa.
Quando o Pança se apresentou à porta do trono, o Príncipe ordenou de imediato:
- Entrai, Pança; não temos tempo a perder…Sentai-vos.
- Com licença, Alteza.
- Dizei-me, Pança: como vai o reino? E as nossas relações com os condados desalinhados?
- Bem, muito bem, Majestade. Reina uma paz absoluta; mérito, com certeza, da sua brilhante arte de governar. Oposição não tem, e a que tem serve, quanto muito, para mostrar aos súbditos que há Rei neste reino. Os condados desalinhados estão absorvidos, ou, pelo menos, em vias disso. Vossa Alteza tem, novamente, o poder absoluto. Viva o Rei.
- Deixai-vos desses adornos, Pança, são despropositados neste momento – avisou o Príncipe.
- Desculpai-me, Alteza; mas uma pessoa empolga-se com tanto sucesso, e não consegue guardar sempre a descrição que a solenidade de certos momentos exige – anuiu o Pança.
- Mas dizei-me, Pança: como vão as coisas pelo condado de Roda?
- Melhor do que alguma vez esperámos: o homem é nosso. Rompeu totalmente com o inimigo; assunto encerrado, parece tão confortável connosco que nem dispêndio nos vai exigir – afirmou, orgulhoso, o Pança.
- Bom trabalho… E a Oeste: como estão as coisas? – perguntou o Príncipe.
- Mais atrasadas, mas vem encaminhadas, Alteza. O Ramos é um rapaz de bem - se tal título se pode dar a um adversário que nos combateu e derrotou. Se não fosse a resistência da sua arisca escudeira, e as areias que o Conde-sem-condado e o Manel têm metido na engrenagem, já estava totalmente do nosso lado – afiançou o Pança.
- Não digo menos, nem o contrário disso, Pança – respondeu o Príncipe -; mas dizei-me: já conseguistes abafar a inspecção ao livro-de-contas?
- Ainda não, Alteza – afirmou o Pança. E acrescentou: - esse é o grande empecilho à pacificação …
- Mas dizei-me, Pança: o relatório é assim tão comprometedor para nós?
- É, Alteza. É como o de Abiúl, só que de maior grandeza. De tal forma que, se não fosse por saber que todos estes descômodos andam muito anexos ao exercício da política, aqui me deixara morrer de pura vergonha – afirmou, desgostoso, o Pança.
- Deixai-vos disso, e fazei das fraquezas, forças, Pança. Se em Abiúl – terra de toiros e toureiros – conseguimos abafar a coisa; ali, melhor haveis de o conseguir também – reforçou o Príncipe.
- Este contratempo não é daqueles que se passa bem para detrás das costas, ou se cura com uma prebenda avantajada, é uma rixazinha que poderá desgraçar-nos a reputação… - afirmou o Pança.
- Fazei como em Abiúl – ordenou o Príncipe, e acrescentou: - Sabeis, com certeza, arranjar maneira de meter o relatório na gaveta ou fazê-lo desaparecer.
- Claro, Alteza; temos que arranjar uma forma de o fazer desaparecer. Na última reunião conseguimos arregimentar a nossa malta mais influente (o Manel, o Ferrador e C.ª) e abafámos aquilo. Mas a coisa não está fácil, mesmo contando com a boa vontade do Ramos…
- Mas ele está, ou não está, connosco? Perguntou, meio irritado, o Príncipe.
- Está, Alteza; mas a estrada a percorrer é de via única – não cabem lá dois cavalos. O Conde-sem-condado quer recuperar o condado, ainda não percebeu que tem que abrir caminho…O Ramos sabe que se perder a face abre caminho ao Conde-sem-condado, ou a outro dos nossos.
- Costuma-se dizer, Pança, que cada qual é artífice da sua ventura. O Conde ficou sem condado, coitado, porque tem uma inclinação, que lhe vem de haver sido abastado no tempo da sua mocidade, que o leva a ser liberal e gastador. Foi pelo caminho mais fácil: seguiu a (des)governação do Manel, que eu já tinha denunciado há vários anos, mas não se deu conta que não possuía os dotes dissimuladores dele – afirmou o Príncipe.
- Tendes razão, Alteza; é sempre assim: para os vencidos muda-se o bem em mal e o mal em pior – atestou o Pança.
- Há mais algum problema no reino, Pança? - perguntou o Príncipe.
- Em Abizeude as coisas podem descambar. A governanta não é de confiança: muda de camisola ao ritmo que nós mudamos de humor. Agora anda alinhada com o inimigo (ou amigo, veio de lá): aprovou-lhe as propostas todas. Diz-se que está revoltada porque Vossa Mercê ainda não cumpriu o compromisso que assumiu com ela – afirmou o Pança.
- Deixai esse assunto comigo… Conheceis mais desavenças que urge conter? - perguntou o Príncipe.
- No condado de Vermoim as coisas também podem azedar. Como o Senhor bem sabe, o beato Ilídio não nasceu para ser desobedecido; e, naquele seu jeito languinhento, quer todos em concórdia consigo. Resultado? O gordo sente-se mais desgovernado do que governador – explicou o Pança.
- Aí, controla-se bem a coisa: fazemo-los passar pelo confessionário…- concluiu o Príncipe.
                                                                                                                  Miguel Saavedra

12 de junho de 2018

Um toque de vermelho na onda laranja


O PSD local exibiu na rede algumas imagens desse jantar de tomada de posse onde "fizeram questão de comparecer mais de 250 pessoas", diz a legenda. Já se sabe que estes eventos são de uma procura frenética. Mas este era especial: Pedro Pimpão entregou os trabalhos da concelhia ao ressuscitado Manuel António, num esforço que era escusado: Com jeito, a derrota naquela junta de freguesia transforma-se rapidamente em vitória.
Mas vale a pena determo-nos nas fotos que falam, de que é exemplo maior esta que aqui vemos, e que aqui no Farpas nos deixa descansados, de alguma maneira: A (ainda) jovem Ana Carolina Jesus - que se tornou conhecida dos meandros políticos e mais tarde públicos através deste blogue, quem não se lembra da menina JA e seu rol de comentários contra-poder-laranja? - entrega a Pedro Pimpão um cartaz em que lhe agradece, em nome do vasto grupo. Diz então que "é uma honra fazer política contigo, muito obrigada Pimpão", antes de fazer circular a imagem pela sala do restaurante à cata de declarações de agradecimento.
Em Pombal este fenómeno da metamorfose não é raro. Chama-se instinto de sobrevivência. Por isso acreditamos que a rapariga que se dizia de esquerda - e que vestiu de vermelho, num inusitado pendant com o amigo Pimpão - "ainda vai cumprir seu ideal". 

10 de junho de 2018

...Afinal havia outra

O encerramento da Caixa Geral de Depósitos no Louriçal despoletou uma inusitada tomada de posição por parte de Diogo Mateus. É um tanto estranho vê-lo alinhar numa posição assaz musculada, e isso fez-nos soar campainhas. Talvez a chave para este enigma esteja na possibilidade  de ver outra Caixa encerrar balcões noutras freguesias do concelho, e com isto dar um sinal de que não anda aqui a brincar.
Na verdade, a Caixa de Crédito Agrícola pode parecer, mas não é a Santa Casa da Misericórdia (se é que a comparação tem ainda cabimento, nos tempos que correm). E depois de fechar as agências de Vila Cã e Santiago de Litém, há várias freguesias candidatas ao destino final, num quadro que atesta bem o desfalecimento do concelho-charneira. Passou um mandato, entrámos no segundo, e os investidores da América Latina nunca nos vieram salvar. Em rigor, depois da Derovo (ainda na década de 90) nunca mais se instalou aqui qualquer indústria de relevo. 
A agregação das freguesias só veio acelerar esse processo. Não é por isso de estranhar que a próxima vítima do fecho dos balcões seja a Mata Mourisca, freguesia-mãe do Oeste, onde o movimento pós-fecho do centro de saúde é quase nulo. A Caixa dá-se bem em qualquer terra (como diz o slogan), mas é preciso que a terra também se dê. E agora, Diogo? A Câmara também equaciona retirar as contas de lá?

8 de junho de 2018

Como a valorização da irrelevância expõe o populismo mais bacoco

A propósito do encerramento da agência de CGD no Louriçal:
- Diogo Mateus decidiu “que perante tal situação tão desagradável e a desconsideração pelo povo de Pombal, neste caso mais concreto do Louriçal, a CMP vai tomar uma posição e deixará já a partir de amanhã de trabalhar com a CGD”.
- Pedro Pimpão – esse grande deputado da Nação – “remeteu uma pergunta regimental dirigida ao Ministro das Finanças…” e “manifestou a total solidariedade para com a população do Louriçal e toda a região envolvente pelo anúncio de uma decisão com a qual não concordamos e que pode ter consequências muito nefastas para um território com uma interessante dinâmica económico-social que merece um melhor tratamento por parte das entidades responsáveis nos diversos sectores”.
- O sonso PS local associou-se ao choradinho e veio “reconhecer a importância que aquele balcão da CGD tem para a população, para os empresários do Louriçal e para o desenvolvimento económico da região”; atestar que “A manutenção de um serviço público bancário na vila do Louriçal é uma necessidade e também um direito próprio das populações”; asseverar que “Reduzir o número de agências da CGD no concelho de Pombal a apenas uma, é incompreensível e inaceitável do ponto de vista da coesão territorial e do interesse das suas gentes”; e, disponibilizar-se para “acções de luta e em negociações que tenham em vista a reversão daquela intenção de encerramento”.
O PSD local veio “expressar a mais profunda indignação relativamente à intenção … de encerrar, no próximo 29 Junho, o balcão situado no Louriçal”; contestar a decisão com argumentos falsos; e, exigir ainda mais do acabrunhado PS local.
- Etc.
Pobre terra que tem políticos destes: escravos do populismo bacoco, sonhadores débeis, pobres-diabos cuja racionalidade não vai além da banalidade, moralistas ascéticos que abrem feridas para poderem seduzir pelo consolo.
Se há alguma injustiça ou irracionalidade na decisão de encerrar o balcão da CGD no Louriçal, pergunto: porque é que esta amálgama de populistas bacocos não junta esforços e exige a abertura de uma agência da CGD em cada freguesia (Abiul, Vila Cã, Santiago de Litem, S. Simão de Litém, Albergaria dos Doze, Vermoil, Meirinhas, Carnide, Ilha, Mata Mourisca, Guia, Carriço, Almagreira, Pelariga e Redinha)?
Porque é que, durante tantos anos, se esqueceram das populações das 15 freguesias discriminadas - dessa suposta necessidade básica, desse serviço público essencial, desse direito próprio das populações?
Decididamente, somos governados por criaturas sem qualquer noção do ridículo.

7 de junho de 2018

Demagogia barata

Diogo Mateus decidiu fazer uma declaração pública sobre o encerramento da agência da CGD no Louriçal, antes da reunião do executivo. Convidou a pombaltv para fazer um extra - para a divulgar.
A declaração mostrou um presidente dominado por baixo espírito: demagógico, precipitado, inconsequente - um fantasma arrogante.
Naquele número baixo, salvou-se Narciso Mota: surpreendentemente sensato.

6 de junho de 2018

É a economia, estúpido!


A CGD decidiu fechar mais 70 agências até ao final do ano. Mas a coisa não vai ficar por aqui, nem na caixa nem nos outros bancos. É a Economia. E na economia não há coincidências, apenas consequências.
Em Pombal, a CGD vai fechar o balcão no Louriçal; o que está a provocar a revolta do presidente da câmara, que ameaça fechar as contas da câmara e retirar de lá 21 milhões de Euros (?) – diz a notícia. Está dado o mote: nos próximos tempos, teremos o presidente da câmara no papel de grande-cavaleiro a lutar contra moinhos de vento. Já tínhamos o seu escudeiro a encarnar o Pança, mas nunca imaginámos ver D. Diogo no bobo papel do D. Quixote dos tempos modernos. Uma coisa é certa: não lhe vão faltar moinhos de vento para derrubar e fortalezas para defender: agências bancárias, empresas históricas, colégios, etc. Diogo Mateus vai ter tudo o que necessita para se sentir forte e feliz: conflitos, pendências, chantagens, vinganças. E os pombalenses desgostos.
Não deixa de ser estranho, e contraditório, que uma criatura esclarecida – Diogo Mateus - que considera que não se justifica a existência de um posto de turismo, porque, nos dias de hoje, com uma app e um ipad, vai-se a todo o lado, considere imperativo manter agências bancárias deficitárias e assim empurrar um sector vital da economia, que neste momento não é rentável, para a falência.
Antes de atirar pedras, Diogo Mateus deveria bater com a mão três vezes no peito e assumir a sua enorme responsabilidade no desfalecimento do concelho, que governa há três décadas. Porque, apesar de a economia do país mostrar uma vitalidade assinalável, os pombalenses assistirão a este drama contínuo, com algumas tragédias de permeio, a esta antinomia entre a culpa de uma câmara rica e o desfalecimento do concelho charneira que permanece sem solução.

4 de junho de 2018

Olhar para os aviões


A abertura da Base de Monte-Real à aviação civil é uma revindicação recorrente que a maioria dos políticos da região, e aspirantes a sê-lo, gosta de fazer publicamente. Na ausência de outra coisa mais sensacionalista, atiram com esta...!
Mas surpreendentemente, até Narciso Mota já abandonou a ideia de transformar a base militar, ou parte dela, em aeroporto. Agora bate-se pela transformação da (sua) pista do Casalinho: primeiro em aeródromo, depois em aeroporto!
O que não nos falta é gente com ideias…