31 de março de 2020

Alguém percebe a comunicação da Câmara Municipal de Pombal?


Erro número 1: Impressão de viseiras para proteção do staff nas instituições

Usar uma situação de crise para promoção pessoal é o pior exemplo que se pode dar.

Quando é necessário dinamizar pessoas porque precisamos de apoio de muitos para acções concretas (e acredito que vamos precisar de muitas nos próximos tempos), faz todo o sentido, mas não é este o caso da promoção da impressão 3D de viseiras que é apresentado pelo Presidente da Câmara. Erro comunicacional na forma e no actor.


Este pedido deveria ser promovido por quem gere e bem esta instituição, Nelson Pedrosa, e não pelo Presidente. A Câmara pode e deve dar visibilidade a esta ação e colocar recursos para encontrar empresas com CNC que possam apoiar rapidamente os números necessários e coordenar a recolha para evitar deslocações como é indicado. Não digam às pessoas para visitar o projecto Maker na Biblioteca Municipal É necessário ficar em casa!

Erro número 2: Conferência de imprensa

A comunicação do número de infectados e em vigilância é da competência das autoridades de saúde e não da câmara, e muito menos interpretações de carácter pessoal. Em boa altura que esta comunicação passou a ser passada directamente para os meios de comunicação social regionais. 

Criam-se alarmismos falsos e errados, nomeadamente de situações com os Bombeiros sem qualquer articulação com as autoridades de saúde. Deveria por exemplo indicar quais as medidas que pode ou não apoiar na proteção dos bombeiros de Pombal.

Erro número 3:

Toda a comunicação deveria estar direcionada para a situação de crise e das ações da câmara. Não é compreensível que o executivo neste momento desfoque disso, ora vejamos algumas notícias disponíveis no site da Câmara (https://www.cm-pombal.pt/noticias-3/)

  • 30 de Março: Município de Pombal apoia requalificação de parque infantil na Mata Mourisca (cerca de 10 mil e 6 mil euros para a Fábrica da Igreja)
  • 27 de Março: Pombal adere à Hora do Planeta 2020 numa altura de crise esta paragem é sequer de considerar?
  • 26 de Março: Construção do Centro Escolar de Vila Cã com Parecer Favorável do Tribunal de Contas já aqui foi falado várias vezes sobre a (pouca) importância deste investimento

Prevêem-se tempos difíceis para pessoas, empresas e instituições.

O bom senso dita que, antecipando-se necessidades, todo e qualquer investimento seja suspenso para potenciais necessidades imediatas. 

Se os cenários se cumprirem, brevemente teremos pessoas sem dinheiro para comer e será preciso mobilizar fundos de imediato porque o Governo Central não terá capacidade. Existem na lei mecanismos para alterar o orçamento municipal rapidamente se for necessário.

Ninguém quer saber de programas eleitorais neste momento!

Haja bom senso na comunicação e nas decisões.

29 de março de 2020

Obras-Tortas

Até há pouco, havia um problema com obras-tortas. Agora, passámos a ter um problema maior: obras tortas e fora de lei.
Pergunta-se: com tanto vereador “destituído”, como é que o vereador das Obras-Tortas ainda se mantém em funções?


Conversa sobre uvas e ladrões

O Pedro-da-oposição-que-já-foi-do-poder tinha acabado de acusar o presidente da câmara do uso de dinheiros públicos para proveito pessoal. O presidente calou-se.
Mas o Pedro-que-agora-é-do-poder-mas-era-da-oposição saltou para atacar o Pedro-da-oposição-que-foi-do-poder, afirmando que “tão ladrão é o que vai às uvas como o que fica à espera”. O que ficou à espera foi o Pedro-da-oposição-que-já-foi-do-poder.
Com amigos destes – Diogo - não precisas de inimigos.


28 de março de 2020

Ana e as máscaras



Já todos tínhamos percebido que a câmara foi "só" a intermediária do negócio na aquisição das máscaras para as IPSS. Também percebemos que esse foi um assunto tratado no seu gabinete, e que por isso, na conferência de imprensa (em que participei, a título profissional, e onde fiz a pergunta) o presidente respondeu completamente ao lado. Talvez nem sequer tivesse conhecimento desse episódio. Talvez.

E por fim percebemos que, no mesmo dia em que aqui publiquei o post (denunciando a vergonha que é pedir aquele dinheiro às IPSS) o gabinete da propaganda tenha enviado para os jornais uma listagem de apoios que incluída diverso material de protecção individual.

A senhora vereadora diz que do seu gabinete não saiu nenhum e-mail com a factura para as IPSS. Talvez seja melhor perguntar ao seu pessoal, o que quer dizer então que "a câmara serve apenas como intermediário", e que "cada máscara tem o preço unitário de 55 cêntimos" - como de resto já foi confirmado por várias responsáveis de instituições envolvidas. Poderá ela desmentir isto?

Conheço a Ana Cabral há muitos anos, desde os tempos em que era educadora de infância - de excelência. Mais tarde acompanhei-lhe o percurso na Biblioteca Municipal, denunciei a injustiça de que foi alvo por parte de Narciso Mota (com o apoio de muitos que agora a bajulam), e espantei-me mais tarde com a aproximação ao PSD, que a colocaria neste lugar onde se encontra.

Ninguém lhe pede que seja especialista em Acção Social ou em Saúde, que deveriam ser pelouros entregues a quem fosse da área. Se houvesse gente da área na equipa de Diogo Mateus. Se ele ainda tivesse equipa.

A Ana fez uma escolha. Mas que não tenha ilusões: se houver próxima, será ela a escolhida.

O dia em que o Pedro foi brilhante

...E disse tudo o que tinha que ser dito, no tom e com todas as palavras certas.


27 de março de 2020

Como o Pedro caracterizou o Príncipe e o seu escudeiro

O Pedro bateu no Príncipe sem dó e sem remorsos - só se perderam as que caíram no chão e não nos lombos do Príncipe, que os tem bem recheados. Mas, se calhar, podia ter poupado o escudeiro, coitado, que pode não saber escrever ou estar, mas é fiel, um mouro de trabalho e está sempre disponível para os trabalhos sujos. 


Baixa(eza) política

Sem mais palavras; porque o video mostra muito, não tudo, e já quase tudo tinha sido escrito aqui.


26 de março de 2020

Quando cai a máscara

Esta semana um grupo de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS's) sentiu na pele a diferença entre propaganda e apoio. 
Toda a gente sabe que há uma crise europeia que dificulta a aquisição de equipamento de protecção individual, e por isso foi sensato, da parte de uma vintena de IPSS's de Pombal, solicitarem a ajuda Câmara como intermediário para encomendar máscaras - a um fabricante que apenas vendia volumes superiores a 3000. Muito solícita, a autarquia prontificou-se a encomendar. Chegaram esta semana, e têm um custo total na ordem dos 1650 euros. 
Para espanto das IPSS's (por estes dias com a corda na garganta, muitas delas), a Câmara fez-lhes chegar a respectiva factura, a cada uma. 
Não sei quantos telemóveis dá para comprar com essa verba, também não sei quantas instituições pagam água (aquela medida extraordinária de diminuir a factura em 50% não se aplica a algumas delas...), mas sei que todas precisam no imediato de material de protecção.
E pedir este dinheiro chega a ser obsceno. 

24 de março de 2020

Falas bem, mas…

Diogo Mateus esteve-se nas tintas para a pandemia, durante duas a três semanas. Primeiro, ignorou-a; depois, usou-a para o servicinho político - para despachar a vereadora e o director.

Agora todo ele é humanidade e o estadista de vistas largas - veio propor a  existência de uma “lista actualizada de pessoas em quarentena, administrativa ou clínica, para controlo das autoridades de saúde e de protecção civil”. Diogo Mateus não está preocupado com as pessoas; está preocupado em controlar.

Diogo Mateus é perigoso mesmo sem lei; com uma lei que lhe permitisse o controlo nominal da vida (dos movimentos) das pessoas em quarentena, que tende a ser a maioria, caíamos na perfeita ditadura. Seria de fugir. Enquanto houvesse tempo.

21 de março de 2020

Da sanidade e insanidade


Da sanidade da quarentena

1. Cumpro a mesma rotina: dou aulas no horário de sempre, reuno por Skype ou ZOOM, estudo.
2. Visto a roupinha tal e qual como se fosse para sair, trabalho num sítio fixo (não no sofá) e faço as pausas às mesmas horas; vou menos às compras.
3. Reforço as minhas convicções relativas ao papel do estado e à importância insubstituível da ciência.

Da insanidade da quarentena

1. Somos encharcados com tudo e mais alguma coisa pelo WhatsAPP, email & etc. Para mim o melhor vídeo, até agora, é este (tornei-me fã dos Little Big).
2. Todos somos especialistas em COVIDs.
3. Há quem pense que a democracia está suspensa e comece a acreditar em Dons Sebastião. 

Felizmente, não é o caso do Farpas.

20 de março de 2020

CMP, o desnorte total


O país e o concelho estão no pico da pandemia. Nos próximos dias atingiremos novos picos; até que chegará o dia – que desconhecemos – em que a crise estabilizará e começará a regredir.

Por cá, o presidente da câmara resolver acrescentar à crise pandémica grave uma crise política sem precedentes. Mais: descurou a crise pandémica para alimentar e forçar a crise política agora publicamente assumida.
O presidente da câmara passou seis anos a capturar poder - a subjugar, esmagar e a eliminar quem dele divergisse. Como aqui escrevi, atingiu o pico com o golpe político da captura do vereador Pedro Martins ao movimento NMPH. E nesse momento, iniciou a queda - descontrolada por agora.

Que Diogo Mateus se suicide politicamente com casos e mais casos - com a sua equipa, o partido, os dirigentes e funcionários da câmara, e os seus adversários políticos -, é, essencialmente, um problema seu. Que comprometa a operacionalidade da câmara com conflitos sistemáticos, nomeadamente neste momento crítico, é inaceitável – mostra a sua natureza e o desnorte que o assaltou.

Quando na última segunda-feira aqui postei sobre o caso da chamada da Polícia Científica à câmara para, supostamente, averiguar uma violação do sistema informático e/ou instalações da câmara, fui acusado de estar a brincar com coisas sérias, de brincadeira de mau gosto. Mas não estava. Estava a dar informações relevantes para ajudar as pessoas a perceber o estado da autarquia, o desnorte que reina no Convento do Cardal. Estava a começar a mostrar até onde vai a irresponsabilidade política, a má-fé, o desnorte.

19 de março de 2020

Última hora

Como o Farpas já tinha indiciado, recentemente, o presidente da CMP, Diogo Mateus, retirou os pelouros à vereadora Ana Gonçalves. O desnorte continua.

Comunicação de crise

Em pleno estado de emergência no país, numa altura que o concelho de Pombal é (no distrito de Leiria) o maior foco de preocupação no âmbito da pandemia, o presidente da Câmara - que hoje activou o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil, chamando a si a responsabilidade maior das operações - ainda arranjou tempo para retirar os pelouros à vereadora Ana Gonçalves. Da mesma maneira que, na sexta-feira passada, suspendeu o director de Recursos Humanos - com efeitos imediatos.

As Tricas do Concelho


Neste momento de crise, que já sabemos que não estamos preparados, há coisas muito mais importantes do que pensar na ingerência, incompetência e nas tricas políticas.

O que é importante:

  • O resguardo absoluto. Excepção para aqueles heróis que nos mantêm vivos nas nossas casas: o pessoal da saúde, dos transportes e serviços básicos, do retalho alimentar, da segurança e todos aqueles que permitem a uma grande maioria da população estar em casa de preferência a praticar o teletrabalho;
  • De garantir que todos, principalmente os nossos pais e avós, fiquem em casa e explicar que “dar só uma voltinha” não pode acontecer e há que lavar as mãos e as outras medidas que já deveríamos saber de cor;
  • Dar os parabéns aos bons exemplos de comércio local e pessoas que passaram a fazer entregas em casa;
  • Os empresários e empresas de serviços e bens essenciais que mantém tudo a funcionar com risco de saúde para si e seus funcionários;
  • Os que puderam e prontamente fecharam as suas empresas dando prioridade à saúde e às famílias sem qualquer garantia que conseguiriam pagar as contas no final do mês – mas com a convicção que vamos continuar e dar a volta;
  • As iniciativas de apoio a pessoas com dificuldade de movimentação ou que pertencem a grupos de risco;
  • A capacidade de cada um de nós, sem grande preparação prévia, de nos adaptarmos a uma realidade completamente diferente e continuar a ser produtivos ao mesmo tempo que mantemos os nossos filhos na curva de aprendizagem com o apoio remoto da pessoal de educação;
  • Dos contactos permanentes com os nossos através da tecnologia (dá para reunir a família toda numa única chamada do Messenger, Skype, ou outras) porque é necessário manter o sentido de comunidade de foram permanente;
  • De estar alerta para situações de risco à nossa volta - estamos mais isolados por isso é preciso perguntar mais;
  • Desliguar-se das redes sociais por algumas horas e não estar na ansiedade de saber mais esta ou aquela novidade – sabemos isso a horas definidas;
  • E confiar e apoiar quem tem responsabilidade pela causa pública. Estão a fazer o melhor que podem e conseguem para responder às necessidades de todos. Ser paciente porque também não estavam preparados e esperamos que aprendam rápido com os bons exemplos aqui ao lado em Leiria.
A história contemporânea do Concelho traz-nos à memória personalidades que pelo seu engenho, capacidade de trabalho e audácia assumiram responsabilidades e fizeram coisas acontecer. Não estiveram à espera.

Haverá seguramente assuntos que cheguem a jusante porque o caudal é longo.

"A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente".

Albert Camus, O homem revoltado (1951)