28 de outubro de 2021

Sobre a governação do Pimpão

O “Presidente da Junta” - doutor Pimpão - tem cumprido, nos últimos dias, após a posse, uma vasta agenda de roteiros, celebrações e jantares que seria fastidioso enumerar.

Mas vale a pena realçar o frutuoso evento que conclui a semana e a primeira quinzena de mandato: um manjar, hoje, no Manjar do Marquês, para o qual convidou os directores dos jornais com o pretexto de apresentar o seu executivo a tão distintas figuras.

Podem muitos ainda não acreditar nas profecias do doutor Pimpão - profeta e mestre na teologia da felicidade. Mas que ele está a dar o seu melhor, está!

E o Zé, que ignora o que é isto da Felicidade, paga isto tudo.



27 de outubro de 2021

Eterno masculino


 

A nova composição da CIMRL - Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria - é uma espécie de regresso ao passado. Não apenas porque lá está Raul Castro - que volta à Câmara da Batalha 30 anos depois, não pelo CDS, mas agora como independente, depois de ter sido presidente da Câmara de Leiria durante três mandatos, pelo PS. É mesmo pela inusitada exclusividade masculina deste retrato da região, coisa que não acontecia desde a década de 90. 

Bem podem os partidos acenar com as bandeiras das quotas, que a realidade é o que é. Em 2021, a região de Leiria voltou a ser exclusivamente dominada por homens, numa espécie de clube do charuto em que a foto podia ser confundida com uma qualquer dos anos 80. De resto, (ao menos) aí estamos em linha com o resto  do país: nestas eleições autárquicas apenas 9% das Câmaras foram ganhas por mulheres, 28, portanto, menos do que há quatro anos. Na região, perdemos três: Castanheira de Pêra, Alvaiázere e Marinha Grande.

Pimpão é o caçula do grupo. E lá foi eleito vice-presidente da CIM, que continua a ser presidida pelo socialista Gonçalo Lopes.

Agora vamos ver se nos ficamos por aqui em matéria de retrocessos.

25 de outubro de 2021

Pombal dos Pelourinhos





Volvida uma semana sobre o anúncio, permanece pasmada a contemplação da pletora de pelouros do novo executivo que concretizam a Nova Ambição e prometem colocar Pombal a florir e na vanguarda, a smart city das smart cities, espaço de co-working e de clusters, spin-offs e fab labs, com tudo o que é lindo: verde, sustentável, digital, resiliente, inovador. Etc.

A questão que já ocorreu a muitas/os de nós, pombalenses, é a da governabilidade de um município cuja ação se pulveriza em meia centena de pelouros que, desconfiamos, nalguns casos se sobrepõem, distribuídos de acordo com uma lógica indiscernível, fazendo adivinhar os labirintos de secretaria em que terão de navegar os arrebatamentos retóricos do programa de campanha do presidente eleito e os eventuais projetos em que aqueles venham a materializar-se. Se a esta dificuldade juntarmos o anunciado novo modelo colaborativo de gestão autárquica, em que “todos contam e participam” -  um “plano estratégico de desenvolvimento para a próxima década, envolvendo a sociedade civil e todos os setores de atividade, um plano orientado para a ação e indicadores e medidas concretas para identificar (…) clusters de desenvolvimento e definir as nossas prioridades de crescimento, num documento que tem de ser elaborado em sintonia com os objetivos do Desenvolvimento sustentável da UN para 2030, o Plano de Recuperação e Resiliência e o Novo Quadro Comunitário Portugal 2030” –, é legítimo que se instale, entre nós, a dúvida metódica. Sobre como e quando o prometido.

No discurso de tomada de posse, o público bateu palmas por três vezes: duas delas quando o presidente louvou e agradeceu à família e a outra quando anunciou para 2022 o regresso do posto de turismo ao centro da cidade. Já imaginamos a estrondosa cerimónia de inauguração. Além desta data, só as outras, acima, e a da neutralidade carbónica para 2050. De resto, tudo vaporoso e indefinido, mas para fazer em quatro anos. Por isso, em vez de cartazes de auto comprazimento pós-eleitoral, gostaria de ver anunciados horizontes temporais para concretizar os compromissos assumidos (o posto de turismo já não conta, Sr. Presidente).

E ainda o pelouro da felicidade. Inútil, dir-se-ia, porque redundante, a ser verdadeira a observação do presidente, como coisa real, da “renovação da esperança bem patente na alegria e no sorriso estampado no rosto de cada um dos nossos concidadãos”. A felicidade por decreto, a gente já leu isto em algum lugar. A realidade, por outro lado, é triste. Vemo-la em múltiplos indicadores, entre eles nos números de quem desiste de Pombal, das pessoas jovens a quem doem os vazios e a estagnação, e cuja ambição é um bilhete só de ida, à procura de uma smart city onde construir um futuro.

Diz-me o dicionário que pelouro era também uma “bola oca de cera que se usava para nela se encerrar o voto escrito, por exemplo, para eleições municipais”. Oxalá nos enganemos.

Lina Oliveira

24 de outubro de 2021

Temos deputado!



Joël da Bouça Gomes (carinhosamente tratado por Joelito aqui no Farpas, porque sabemos que é rapaz de grande capacidade de encaixe no que respeita à crítica, arejado e sempre disponível para melhorar e aprender) estreou-se na intervenção na Assembleia da República ao mais alto nível. Quem diria que o nosso tímido e jovem socialista deputado, a quem nunca conseguimos perceber uma opinião sobre nada aqui na terra, se transformaria tão rapidamente num político de craveira, opinando (num minuto e 27 segundos) sobre um tema tão complexo como o Orçamento de Estado. Será caso para dizer que o hábito faz o monge. E e que ali sentado, Joelito parece outro: confiante, verbo fácil, dicção quase perfeita. O conteúdo...bem, isso também não interessa muito; é aquele da narrativa. Temos homem! 

22 de outubro de 2021

A felicidade começa agora

Depois de uma campanha animada, muito focada no culto da sua própria personalidade, Pedro Pimpão foi eleito, sem surpresa, Presidente da Câmara de Pombal. Amigo do seu amigo e com uma enorme vontade de agradar, o novel presidente teve a confirmação de que é  amado pelos pombalenses. O seu "Obrigado Pombal!", que as más-línguas poderiam apelidar de bacoco, no caso de Pedro Pimpão é um agradecimento genuíno. O enorme cartaz que temos à entrada de Pombal é, em si mesmo, um manifesto político. O alegre e feliz Pedro o tudo fará para que a sua felicidade passe a ser a nossa felicidade. Muito obrigado, Pimpão!

Ficámos ontem a saber que o novo executivo camarário vai contar com pelouros como  "Família, Parentalidade e Natalidade" e "Felicidade e Bem-estar Comunitário". E quem melhor do que o nosso jovem presidente para assumir tão arrojada tarefa? Tendo Certificação Internacional de Practitioner em PNL – Programação Neurolinguística, acreditada pela International Trainers Academy, Pedro Pimpão é a pessoa certa no lugar certo. 

As sessões de banha da cobra, antes promovidas pela Junta, passarão agora a ser dinamizadas, com muito mais impacto, pela Câmara. Venham os  Top Trainers, as sessões de  Quantum Mind Training, os Facilitadores de Cursos de PNL, os Pedros Viera, os Doutores Negrelli, os Professores Karamba, as Astrólogas Maia ou os Videntes de Fátima! Mais do que resolver os problemas políticos e sociais, Pombal precisa de pílulas de felicidade. Aguardamos todos, ansiosamente e de boca aberta, pelos comprimidinhos  do Doutor Pimpão.

21 de outubro de 2021

Precipitações do Pedro

O Pedro entregou pelouros (tarefas) e colocou ao serviço os vereadores Pedro Navega e Catarina Silva sem o poder fazer – a atribuição de vereação a tempo inteiro ou a meio-tempo ao quarto e quinto eleitos é da competência do executivo, ainda não reunido.

O Pedro é demasiado precipitado; mas isto, na Junta e na Câmara, tem regras, não é uma simples comissão de festas.

Depois, os ditos vereadores (Pedro Navega e Catarina Silva) também se prestam a estes papéis, pouco dignos.

Adenda 1: Surpreende e é preocupante que um presidente, com formação jurídica e ex-membro do executivo municipal, submeta ao executivo uma proposta de atribuição dos pelouros quando esta competência é puramente sua.

Adenda 2: Também não é o executivo que define/aprova quem é o/a vice-presidente, como diz o Pedro; é o presidente que o/a designa por despacho. Mas pronto, de atropelo em atropelo, a coisa vai arrancando.

18 de outubro de 2021

Habemos Papam - Profeta

Empossado ontem à tarde, logo animou a noite. E hoje saiu, logo de manhã, em peregrinação pela urbe, com todo o séquito – eleitos, não eleitos e ajudantes. Dirigiu-se ao quiosque da Central de Camionagem, onde se cruzou com o povo, benzeu as instalações e fez promessas.

Habemos Presidente da Junta. Habemos.

E habemos Junta. Habemos.

Abaixo o Despotismo Iluminado. Abaixo.

E Viva o Lirismo Militante. Viva.

E Viva o Presidente da Junta. Viva.

E viva a Junta. Viva.



O primeiro dia do resto da vida do PS




 Ainda no andar de cima se arrumavam os restos da festarola que demos para receber como deve ser Pedro Pimpão & sua banda (vereadora Isabel Marto ao piano, exímia em Yann Tiersen e La Valse D’Amelie, pouco consentânea com o show dançante), e já no andar de baixo a meia dúzia de eleitos do PS para a Assembleia Municipal fazia aquilo que em 28 anos ninguém se lembrou de fazer: ouvir a sociedade civil, o que resta dela.

Num domingo à noite, João Coelho e os cinco que o acompanham conseguiram dar esse pequeno passo que é trazer à cidade gente de todo o concelho (e de vários quadrantes políticos) para saber o que espera o povo destes que agora se vão sentar na AM. É claro que a conversa descambou para uma catarse por parte de quem não consegue - por defeito, claro está - vislumbrar unicórnios ao virar da esquina da pastelaria Mota, estrelas cadentes na Várzea ou bolas de sabão multicolores no Cardal. Gente que viu os filhos partir, as fábricas e as lojas fechar, que pede mais do que os acordes do ‘ai meu Pombal’ para se sentir feliz, que gostava de ver de novo alegria nas ruas [não confundir com isso da felicidade, como bem lembrou Francisco Faro]; que esperava mais de uma Oposição, estes anos todos, como apontava Jaime Portela, candidato da CDU nestas autárquicas. E que oposição será esta na Assembleia? - quis saber (e bem) Célia Cavalheiro, última (e única) eleita do Bloco de Esquerda. Terá a mesma posição sobre os contratos de associação dos colégios? Pois. Faz-nos muita falta falar. Discutir. Perceber o concelho onde vivemos e quem o habita, o que pensa, por que o pensa. Nem todos estão dispostos a fazer esse exercício, como ficou claro na noite (que não das facas longas, apenas de uma nova ambição). A começar pela própria estrutura do PS. 

É sintomático que num encontro como este nenhum dos vereadores eleitos se tenha dignado lá por os pés. Quem sabe tudo, não precisa de aprender nada, muito menos de perceber, quanto mais de ouvir.

Jorge Claro fez na sua intervenção a síntese perfeita do estado da arte.

Depois queixem-se do eleitorado. 

Regresso ao Farpas e unanimismo

Como é do conhecimento público, estive em campanha eleitoral por um movimento independente à Assembleia Municipal. 


Como não poderia deixar de ser, em termos éticos, não seria correcto usar esta plataforma durante a campanha eleitoral. 


O Farpas não existe para promover qualquer movimento político, mas antes para acordar de uma dormência coletiva de unanimismo e trazer para a agenda assuntos que não eram assuntos. Ao fazer isso, trás para o domínio público o que muitas vezes nem se sonhava existir, promovendo a crítica, feroz por vezes, da coisa e dos agentes públicos, onde também me incluo. 


Cada texto é de responsabilidade pessoal e por vezes contraditório de outros “farpeiros”. Mas é esse contraditório e comentário mordaz que gera a discussão e evidência diferenças e alternativa que garante democracia.


Quem assume um posicionamento político é “farpável”, e assim deve ser, com naturalidade. Quem não sabe lidar com o contraditório, dificilmente lidará com democracia.


Neste pontapé de saída do mandato, assusta o discurso de Pedro Pimpão de que tudo é importante, sem priorização, sem opções claras. Fala-se de um plano estratégico como primeira medida, depois de dizer que todas as áreas são uma prioridade.


Estudos há e houve como já aqui evidenciei.

http://farpaspombalinas.blogspot.com/2019/12/ha-estrategia-para-pombal.html?m=1


E por vezes este embalar de assuntos, numa música coletiva poderá servir para ganhar tempo, quando tempo é algo que não temos. 



Por isso não pode haver unanimismo, porque isso prejudica-nos a todos. 












15 de outubro de 2021

O triste fim de D. Diogo

Quis o destino – a acção dos homens/mulheres – que a decisão do Tribunal Constitucional, sobre o recurso interposto pelo presidente da câmara da decisão do Supremo Tribunal Administrativo, que declarou a nulidade da nomeação do instrutor dos processos ao ex-Director de RH, anulando-os, chegasse na véspera da apresentação do livro “Ciclo Autárquico – Pombal 2013-2021”, mandado editar por D. Diogo e pago pelos munícipes.

  

Desse fabricado livro não constará, com certeza, as perseguições, os ultrajes e os saneamentos praticados por D. Diogo, mas ficarão por aqui gravados para memória futura.

Convém por isso recordar que a nulidade da nomeação do instrutor, e a consequente nulidade dos processos, foi decretada na sequência do primeiro recurso interposto pelo visado, sobre o passo inicial dos processos - a nomeação do instrutor. Mas convém também reafirmar que os processos estão cheios de vícios formais e trapaças, também alvo de recurso e/ou queixa, que, por via desta decisão, serão uns inevitavelmente arquivados e outras dirimidas nos tribunais.     

A derrota é sempre um fim triste. Mas há criaturas - raras, cada vez mais raras - que sabem sair com dignidade, com o menor dos danos, sem enxovalho público. Por cá, temos pouca gente dessa. Mal para os/as que não sabem sair a tempo. E também para nós, que temos que os/as gramar mesmo depois de mortos. A Teologia diz-nos que há mortos que não se deixam enterrar, chama-lhes “almas penadas”.  Gravitam muitas por cá.

Diz-se que quem não sabe ganhar também não sabe perder. D. Diogo nunca soube ganhar. Mostrou-o na Junta de Freguesia de Pombal, onde derramou fel e malvadez contra o pobre António Lopes; e mais recentemente nos dois mandatos que lhe concederam na presidência da câmara.

Este recurso, sobre a derrota nos processos movidos ao ex-Director de RH, que bateu contra a parede – nem foi sequer admitido –, é só mais um acto de litigância compulsiva, de quem não sabe perder. Para mais, a fundamentação desta decisão é um atestado de “burrice e desconhecimento” – como disse o doutor coiso –, não para o vereador que alertou para o erro, mas para os serviços jurídicos e para quem os presta, para os vereadores com suposta formação jurídica, e para o presidente da câmara.

Litigar compulsivamente com os dinheiros dos contribuintes, e escudado no cargo de presidente da câmara, é fácil e barato.  O pior começa agora…


12 de outubro de 2021

A Cercipom - e o que ela representa


Foto: Município de Pombal

 O poder político e institucional da terra e da região foi em peso à inauguração das novas instalações do Centro de Formação e Inclusão Socioprofissional da Cercipom. É uma daquelas obras justas e necessárias, que "nunca dividiu" os actores políticos locais, como bem sublinhou no seu discurso o ainda presidente da Câmara, Diogo Mateus. De resto, por ser caso raro, sublinhou-o. A provar o que dizia, juntaram-se todos para a fotografia, para a posteridade. Foi bonito. 

Mas o que fica, para lá do edifício novo, onde a autarquia investiu mais que oportunamente um milhão de euros, é a determinação de quem tem erguido esta obra social desde 1979, ano em que foi fundada a Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Pombal. E para lá dos órgãos sociais, há alguém que está lá sempre, discreta, atenta, sem nunca se colocar em bicos de pés como é tão típico cá no burgo: Preciosa Santos. Quem a viu atrás do micro, não a fazer discurso mas a assegurar o protocolo, domingo passado, percebeu-lhe de novo a grandeza. Formalmente, é ela a directora-geral da Cercipom. Na prática, é ela a alma daquela casa onde trabalham 100 pessoas, para apoiar 570. Dessas, 270 estão fisicamente nas instalações.

Sabemos que a sorte dá muito trabalho, e que às vezes é Preciosa. Na Cercipom tem sido assim. Não sei há quantos a conheço, mas não me lembro nunca de a ver - de perto ou de longe, sem saber que é observada, que é quando melhor compreendemos o trabalho dos outros - sem que tivesse um sorriso ou um genuíno esgar de preocupação com os outros, longe dos holofotes que, já se sabe, esta área não atrai. 

No domingo, através de um ecrã de telemóvel, senti uma obrigação imensa de dizer obrigada à Preciosa por tudo o que ela tem feito por esta comunidade. Porque como poucos encaixa naquelas notas breves que compõem a segunda parte da nossa linha editorial, que a muitos passa despercebida.


8 de outubro de 2021

Uff; terminou

Realizou-se hoje a última reunião do executivo que nos (des)governou nos últimos quatro anos. Terminou como “d'habitude”: envolta em polémicas, conflitos estéreis e irregularidades várias.

Para a última reunião, Diogo Mateus agendou a aprovação de várias actas fora de prazo – prática reiterada. Já em agosto tinha submetido ao executivo, numa reunião não transmitida e sem a presença do vereador Pedro Brilhante, uma simples lista de Excel com a identificação de dezenas de actas. Foram aprovadas! 

Agora, Pedro Brilhante requereu antecipadamente a retirada do ponto da ordem de trabalhos, por a aprovação se fazer fora do prazo e por não existirem condições para a sua aprovação consciente (conhecendo-as). O requerimento foi indeferido.

Mas as afrontas à lei e aos princípios democráticos não se ficaram por aqui. O vereador Pedro Brilhante requereu também a participação na reunião por via remota, por se encontrar distante, e por a lei contemplar essa prerrogativa até 31 de dezembro. Competia ao presidente despachar favoravelmente o pedido e dar instruções aos serviços para assegurarem a participação do vereador na reunião. Não o fez. Resolveu submeter o pedido à consideração e decisão do executivo, violando a lei. Votaram pela concessão do pedido (do direito) os vereadores Narciso Mota, Ana Cabral, Ana Gonçalves e Odete Alves. Votaram pela rejeição do pedido (do direito) o presidente e os vereadores Pedro Murtinho, Pedro Martins e o coiso. O requerimento foi rejeitado com o voto de qualidade do presidente. E as actas foram aprovadas irregularmente e de “cruz”. Segue nova queixa para o Ministério Público. 

Já tínhamos aqui dado a extrema-unção (política) a D. Diogo e aos comparsas que o acompanharam nesta malfadada descida aos infernos. Consumado o afastamento, dele e dos seus comparsas, ignorámos os seus actos e os seus comportamentos. Ignorámos até uma licenciatura escandalosa; e deixei passar sem o respectivo troco injúrias falsas e cobardes (nas costas) do lacaio falso. Tudo por uma saída com um mínimo de dignidade. Que se tornou inviável.

Terminou a guerrilha política mas não terminou a guerra. Seguem-se as batalhas judiciais. O pior dos fins. 


7 de outubro de 2021

Ainda os Resultados das Eleições Autárquicas

Muita coisa já se disse sobre os resultados das autárquicas - sobre os vencedores, sobre os derrotados, sobre a abstenção, etc. Por cá correu tudo dentro das previsões: ganhou o mesmo, perdeu o mesmo, e o resto não contou  para nada.

Mas poucos terão reparado na expressiva dimensão dos votos Brancos (950 – 4,14 %) e Nulos (511 – 2,23 %). Somados dão 1461 – 6,37%. Ou seja, no momento em que se tornou muito difícil mobilizar e envolver as pessoas na política e levá-las participar e a votar – mais de metade não vota (53,33 %), pelas mais diversas razões -, 1461 (6,37%) eleitores vão às urnas expressar a convicção que não se revêm em nenhuma força política. 

Mais: a coisa é de tal forma proeminente que os Brancos (950 – 4,4 %) já representam o 3.º maior resultado – batem o Chega (841 – 3,67%), a Iniciativa Liberal (741 – 3,23%), o Bloco de Esquerda (668 – 2,91%) e o PCP/PEV (407 – 1,77%).

Dá que pensar. E deveria fazer repensar a forma de fazer política por parte dos pequenos partidos. E pelo PS local - também já um pequeno partido, partido.     

Anatomia de um órgão [agora em funcionamento]




 Ao fim 7 (leram bem, SETE anos), ontem tive a sensação de  que o Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Pombal está finalmente a funcionar de forma completamente autónoma e independente, mesmo que estas normas do regulamento para a eleição dos representantes de pais, mães e encarregados de educação nos pareçam saídas de um quebra-cabeças. 

Quem por aqui anda há mais tempo lembrar-se-á dessa novela, que começou aqui, com protagonistas que (na sua maioria) já desempenham outros papéis, noutros lugares. Na verdade, estamos condenados a isto: temos grande propensão para ser barriga de aluguer, aqui e ali, deste e daquele. Mais: há até protagonistas que conseguiram mudar de lugar, e outros que agora experimentam papéis que tanto condenaram. Afinal, Cartola tinha razão: o mundo é um moinho. 

Nem sequer conheço a maioria dos representantes de encarregados de educação da (única) lista que ontem se apresentou a sufrágio. Mas confio que defenderão os interesses de todos, o melhor que souberem e puderem. O que importa aqui vincar, para memória futura, é que pela primeira vez uma eleição destas foi feita como deve ser: no seio do conselho geral, sob a égide do (novo) presidente, Arlindo Araújo, sem mais interferências.

Para tudo é preciso um caminho.  E arriscar fazê-lo, contornar as pedras, sem ter de fazer delas castelos. Já temos de sobra. Convém é termos memória. 

O resto é o resto. 

3 de outubro de 2021

Prelúdio outonal, em Pombal

Depois de um verão tórrido começou o outono: choveu forte, reina um céu nublado e sereno que entrelaça nuvens escuras e brancas; sente-se a brisa fria, uma a húmida melancolia, o ar pesado e a miséria oculta; caem as primeiras folhas.

Como dizia Pessoa, na vida tudo se renova: à primavera segue-se o verão, ao verão o outono, ao outono o inverno, e ao inverno a primavera, e assim gira e regira o tempo nesta volta contínua. Só a vida humana corre para o seu fim, ligeira, mais do que o tempo, sem esperar o renovar-se, a não ser na outra, que não tem termos que a limitem. Cada outono que vem é mais perto do último outono que teremos.

Por cá, depois do outono que agora começa virá um inverno, que trará uma primavera ou não - ou não.