30 de março de 2014

Os epiléticos das ideias

Quando um rapazola (ou outra criatura), sem conhecimento reconhecido numa determinada matéria, discorda e contesta publicamente posições assumidas, em uníssono, por centenas de especialistas (ex-ministros, professores catedráticos e prémios Nobel), estamos em Portugal, onde o patético e o ridículo se tornou normalidade e a convicção e a fé são critérios de verdade. Atualmente, somos matraquejados e conduzidos por criaturas convictas e com fé, por epiléticos das ideias. Gente que despreza o conhecimento e o saber.
F. Nietzsche não fazia grande distinção entre estes fanáticos dos partidos e os padres, nem entre convicções e mentiras. Afirmava mesmo que “as convicções são inimigos da verdade mais perigosos que as mentiras”. A convicção, tal como a fé, não tem qualquer preocupação em distinguir o “verdadeiro” do “falso”, apoia-se em argumentos simplistas e estúpidos.
Há muitas formas de estupidez. Musil fez uma "distinção entre a estupidez honrada ou genuína e a desonesta ou superior". Para ele, a "estupidez honrada resulta da limitada capacidade intelectual de quem a produz, e não tem remédio. Pelo contrário, a estupidez superior comporta uma cegueira interessada e interesseira. Alardeia saber tudo sobre todas as coisas importantes da vida, quando de facto as ignora". "Não há domínio em que não se infiltre, nem ideal, por muito nobre, de que não consiga aproveitar-se. Pode ocasionalmente envergar as vestes da verdade. É uma doença espiritual que opera com total desrespeito pelos demais, uma pretensão de superioridade destituída de qualquer fundamento no conhecimento efectivo daquilo de que se fala".
Mas o problema maior, como diz Erasmo, é que "o povo gosta e quer ser enganado e está sempre pronto a deixar o verdadeiro para correr atrás do falso" e porque em situações de complexidade extrema nos tornamos vulneráveis à estupidez e os epiléticos das ideias ficam com o caminho livre para impregnar convicções. Como diz L. Moura, "há poucas coisas mais poderosas que a estupidez que está na moda. E a sua difusão está tão facilitada pelos meios de comunicação que ela dá a volta ao mundo enquanto a lucidez acaba de calçar as botas".

28 de março de 2014

Vamos todos à bruxa com o Vítor Leitão, vamos, vamos, vamos, vamos?

(Nota prévia: aqui há uns tempos, propus-me não arrolar o nosso-de-todos-mas-principalmente-só-de-alguns Sporting Clube de Pombal na tábua de malícias crónico-farpeantes por mim assinadas. Menti. Siga.)

Eu nem sei como (ou se) contar isto. Mas vá lá, conte-se: tanto tem desandado às arrecuas a minha, por assim dizer, meretricial vida, que me lembrei, a fim de socorrê-la um ’cadito que fosse ainda a tempo, de ir à bruxa.
A Coimbra ao psiquiatra, já tinha ido. Nada que se me aproveitasse: umas pastilhas para rir da tristeza como se fumasse daquele chá-mon de Marrocos – e mais nada.
Também fui ali ao bar do Moto Clube de Pombal no horário de expediente do Rui Valentim, pela simples e sensata razão de nem me achar assim tão feioso “ó-níbél” da tabuleta-de-ventas de cada vez que olho para o dito Valentim Rui. Também não resultou, até porque esse bom rádio-motard tem ficado mais bonito e mais giro e até mai’ lindo com a idade. Ou pelo menos assim o achei eu, depois da primeira litrada & ½ de bagaceira-casco-carvalhosa.

Bruxa, portanto. Tinham-me falado de uma que vive numa casa assim a atirar para o amarelo como punhadas de açafrão sita em recôndito e remo(r)to lugarejo da minha mui querida & estimada freguesia louriçalense. Falaram-me dela e recomendaram-ma, ressalvando porém que a dita maga-patalógika (esta, só os leitores dos disney-tiopatinhas dos antigamentes é que lá vão buscar) tem, como eu há mais de três décadas tenho, o mau hábito e o bom prazer de esfumaçar pelas guelras como o cavalo, que é como quem diz, ali pelas bandas da também louriçalense Moita do Boi (já lá vamos, já lá vamos), escacilhar a xoipa. E que por causa disso tem as presas da frente amarelas como as de coelho que fume abóbora-menina. Adiante. Pedi boleia (eu tenho carro e carta de condução, mas tanto o tal psiquiatra da Lusa Atenas como o Rui Brad Valentim Pitt me disseram que não, que era melhor não, que as estradas municipais deste concelho são demasiado às rectas curvas para tanto beber a torto e a direito), pedi boleia, dizia eu, e lá cheguei.

Lá cheguei mas vim-me logo embora sem entrar: é que na eira da espírita Madame Min local (outra para os disneylândios do meu tempo) ele era tanto carro de gente afecta ao Sporting de Pombal, mas tanto carro tanto carro tanto carro tanto carro, que eu vim logo embora, que antes de sábado de manhã de outro Novembro eu não seria atendido. Nem com passes de mágica, nem em casas-de-passe. Desertei o local contrariado. Contrafeito. Chateado. Malacafento da corneta. Aziago dos rins. Com a tripa a furar bichamente ao sótão da gorja.
Mas que carácio – dizia eu de mim p’ra mim também – fará aqui tanta ilustre grei do leonino Pombal? Será que a bruxa anda a fazer filhos para os juniores? Será que o vinho aqui é melhor do que o do Tapa? Será que o Adelino Leitão se perdeu e julgava que estes casais já eram Vermoil ou, pior ainda, a Amarante da senhora sua/dele esposa?
Aquele mistério pareceu-me tão capitoso e ao mesmo tempo tão jeitoso para aparecer, sei lá, no Pombal Jornal ou, pior, no Notícias do Centro, que até me deu pena de já não haver o Voz do Arunca ou O Abutre. Para mais, ainda não tenho os contactos da Pombal TV. Nem se calhar eles haveriam de querer saber disto, quem sou eu para dizer se sim, se talvez, se a gente ainda está a arrumar as tralhas da Gala.

Por felicidade, era dia de piquete do Rui Valentim no bar do Moto Clube. Lá me fui a ele. Entrei de mansinho, conferi as moedas na algibeira enquanto subia a escadaria, boa-noitei a maltosa presente, assídua & circunstante – e sentei-me onde não chateasse nem cheirasse demasiado mal a ninguém. O Carlos Vinhas Arquitecto ainda não tinha chegado. O Matias pequenito também não. O Jorge Franco idem aspas negativas, que esse agora só cavilha para raias da Charneca, faz ele bem. Quem também lá não achatava os pezunhos por essa hora era o bom do Paulo Alexandre, porque esse agora é magnata da Rolls Beer, a qual ainda não provei apesar das garantias do Toninho Roque Caixeiro-Viajante da dita marca artesanal que fermenta já borbulhantes e prestigiosas glórias ao nosso terrum concelhio “ó-níbél” nacional, internacional, mundial e mesmo até ao Barrocal.
Foi boa ideia. Na mesa ao lado, dois gandins já madurotes, assim tipo orquídea de pedúnculo a tombar pró murcho, era de Sporting de Pombal que falavam. E isto era o que rosnamurmuravam, dito & transcrito por mim, qu’eu seja ceguinho das orelhas se estou aqui pa’ d’zer a verdade seja sobre o que for:

Fosca-se, meu, queixam-se do quê, os gajos? Só da Cambra em 2013 encoiraram eles umas 49 e meia milenas d’aéreos.
Isso tamãe é capaz de ser inzajêro, digo eu c’os nerbos.
Mas q’ais inzajêros, mex, mas q’ais inzajêros? S’e não foi mais até, cumó Vítor Leitão.
- Eh pá, num mistures na mêma salgadeira o que num é de misturar, porque bá lá que num bá, no Spórtem-Pomvale ninguém gamou nada a ninguém pa’ putas e vinho-verde daquele de rolha de malte, tás-ma-ber-aki-ó-kê?
Tá-bãe, nisso tens razão, mas olha q’agora esse até ch’crabeu ’ma carta tãn linda mas tãn linda ao Diogo, q’o Diogo diz qu’até fez mais escabeche a chorar a lê-la do que um carapau é capaz d’alombar com binagre ódebaixo daquela cebola toda, e olha que pa’ chorar não há como a cebola nem com’à tua m’lher.
A minha m’lher num é p’aqui chamada, vai mazé pôr os porcos a tossir jaquizinhos como tu ó o carago.
Num é p’aqui chamada? Ai não que num é: atão não é ela que ganh’algum, e dizem que nem é pouco, com aquele par-táime qu’ela tem de bruxa licenciada no Livro de São Cipriano, qu’inté muita maltosa afectiba do Spórtem-Pomvale lá tem ido ver s’ela faz o milagre de nascer dinheiro para pagar à Dulce funcionária que já não vê há luas o qu’é dela enquanto eles vão ao Algarve comprar autocarros onde chove e cujos travões diz que era para haver mas até hoje népias qu’até é uma bênção aquilo ’tar parado como a vida da Dulce administrativa?
Isso é mê’m’assim? Às bezes as bozes são mais q’as nozes…
Mazé q’é sem tirar nem pôr. Ali na Associação da Moita do Boi, só assalariadas são catorze. E não s’consta que a nenhuma deles falte o guito ó fim do mês, méne.
A minha mulher tamãe ’inda num recebeu nada té-gora.
Olha, ela q’espere sentada como tu ’tás agora. Ó Rui Valentim, traz mazé aí mais uma jarrola de sangria. Olha, e um bagaçola ali pró escritor qu’inda num parou de escreber à pressa e com erros ós modos qu’inté ’tá a grabar o q’a gente aqui diz.

De modo que a vida às vezes inté parece melhorar sozinha.
Sem psiquiatra.
Sem chorar como o Diogo e como o Vítor.
Parece bruxedo.

O milagre da multiplicação dos lugares

A novela em torno do Conselho Geral Transitório (!) do Agrupamento de Escolas de Pombal conheceu novo episódio esta semana, como deixa adivinhar o post que o Adelino Malho aqui colocou, ontem mesmo. É verdade que a tomada de posse chegou a estar marcada, como aqui também relatei em Fevereiro, um mês depois dessa chatice que foi a eleição dos representantes dos pais, ao invés de uma nomeação directa, ou um faz-de-conta-que-elegemos-para-lá-uns- dos- nossos, da Associação de Pais. Mas foi desmarcada. Era preciso esclarecer dúvidas sobre a legalidade do acto eleitoral para os representantes dos pais. Ouvidos juristas, consultados os serviços da DGEST, reunida a cúpula, o fumo branco saiu na semana passada, com nova convocatória.
à medida que vou conhecendo melhor os intervenientes (isto de não ir à missa regularmente está a revelar-se fatal, há que dizê-lo), imaginei vários cenários: ou que não iam, simplesmente, ou que apareciam os quatro membros da lista A, que insistem em fazer tábua rasa dos 58 pais que votaram na lista B, a que carinhosamente passaram os membros da lista A a chamar de "proposta independente". Curiosa, a designação. Mas foram. Escoltados pelo presidente da Câmara, pelo ex e pelo actual vereadores da Educação, lá foram. Para debitar a cassete da legitimidade ou falta dela para ocupar ali lugares. São dois, senhores. Dois lugares em 21 (a totalidade dos membros que integram o conselho geral).
À medida que isto se desenrola vamos todos percebendo como é que nada pode ser deixado ao acaso (entenda-se fora de controlo) em Pombal, até nas aparentes inofensivas representações da sociedade. E para isso vale tudo, até morder na mão que nos dá de comer.
Ao longo dos anos vi muita coisa por aí. Muito lobo com pele de cordeiro, muita humilhação, muito herói daqueles que são fortes com os fracos e fracos com os fortes. Vi os sapos vivos que Diogo Mateus engoliu, na frente de Narciso Mota, para chegar a 29 de Setembro último. Vi sucessivas oposições calarem e consentirem para chegarem a lugar nenhum; jogos de bastidores, transformações de bestiais em bestas e vice-versa, e, enfim, de tudo um pouco.
Mas nunca tinha assistido a nada como aquele linchamento do Manuel António, presidente do conselho geral cessante, que teve o azar de coordenar este processo. Ora, se a mensagem é má, mata-se o mensageiro. Depois dos mimos com que foi brindado pelo antigo presidente do conselho geral do extinto agrupamento marquês de Pombal, em modo amplificador dos mimos já doseados pela presidente da associação de pais, foi o próprio presidente da Câmara que lhe anunciou, na presença de todos, que iria fazer queixa dele à Inspecção Geral da Educação. E pedir a abertura de um inquérito.
Aguardemos, então, as cenas dos próximos capítulos.
Para já, estou mais preocupada com coisas banais. Por exemplo, o facto do elevador da escola do meu filho nunca ter funcionado, nos últimos cinco anos. Só o descobri agora, que lhe faltou a mobilidade.

nota: na noite das eleições na escola, a 17 de Janeiro, a presidente da associação de pais insistia numa frase: "isto é tudo política". Tinha razão, como a foto documenta.

26 de março de 2014

Municipalização da Educação

A crescente descentralização da administração do sistema educativo tem acentuado a Municipalização da Educação. Mas, sem as vantagens da primeira forma e com todos os vícios da segunda.
A descentralização da administração do sistema educativo apresenta como principal vantagem a melhor adequação da oferta educativa, já que, supostamente, os decisores locais conhecem a realidade socioeconómica e as necessidades da comunidade. A principal desvantagem da centralização do sistema educativo é a tendência para uma oferta padronizada.
Como alertaram vários especialistas, a municipalização do sistema educativo (ainda no início) mostra já, para quem não anda muito distraído, que jamais proporcionará as vantagens da descentralização mas trará consigo todas as desvantagens da municipalização. Não traz as vantagens da descentralização por uma razão óbvia: os municípios não têm dimensão que justifique projectos educativos diferenciadores. Uma coisa é descentralizar para um território com milhões de cidadãos; outra, bem diferente, é descentralizar para territórios com umas dezenas de milhares de cidadãos. A municipalização da Educação traz consigo todos os vícios do caciquismo local: o compadrio, o trafico de influências e, the last but not the least, a politização da educação.
Por cá, o malfadado processo de eleição e instalação do Conselho Geral Transitório do Agrupamento de Escolas de Pombal comprova que a fraca delegação de competências já é suficiente para os sedentos de poder transformarem a educação em arena política. E por agora a refrega trava-se entre um grupo ligado ao “velho poder” e outro ao “novo poder”. Imaginem quando as oposições se meterem nisto.

PS: a forma como o presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Pombal – Manuel António – foi atacado e enxovalhado na reunião de ontem, talvez porque foi o único que foi sensato e isento e no processo eleitoral, não augura nada de bom para a educação e para o concelho.

Taxas de ligação de água e esgotos

Tem estado a ser enviadas cartas para notificar os proprietários, de edifícios sem ligação às redes públicas de água e esgotos, para pagarem as taxas de ligação. Quem não proceder à ligação, está sujeito a coima.
Até os sistemas associativos de captação e distribuição de água, se não dispuserem de contratos de concessão, estão condenados ao desaparecimento, apesar dos razoáveis investimentos em redes de distribuição, provenientes de dinheiros dos sócios e dos subsídios camarários.
Não se questionando o fundamento legal das decisões, mas já se pode questionar o valor das taxas de ligação, tendo em conta o pequeno valor e o mau estado de alguns edifícios e, sobretudo, a falta de condições e de licença de utilização. Por outro lado, se não podem ser emitidas licença de utilização para alguns edifícios, também não podem ser exigidas as grossas taxas de ligação às redes públicas de água e de esgotos, porque os proprietários não podem proceder à ligação.

21 de março de 2014

Obras de Santa Engrácia, ou a lenta agonia de quem circula por aí

Os que circulam de carro devem ser previdentes: há ratoeiras que por aí ficaram, nas ruas supostamente prontas. Testemunhei na manhã de quarta-feira passada o insólito. Uma automobilista encosta o carro ao passeio para facilitar o estacionamento de uma ambulância no largo do Tribunal, ouve-se um barulho estrondoso e o carro fica imobilizado. Pneu cortado. Uma cratera circunda uma das grelhas de esgotos, não está sinalizada, e o funcionário da obra ainda tem a lata de dizer à senhora que "paciência, não tentasse subir o passeio". 
Os que circulam nas obras dos edifícios também devem ter cuidado. A rua Almirante Reis já está prontinha, mete muita água quando chove, mas um mal nunca vem só. Nas obras de reparação da loja onde antigamente estava a Naf Naf e para onde irá, enfim, o cabeleireiro do lado, percebe-se que as obras da rua taparam os esgotos. Taparam. Foi preciso partir, esta semana. 
Os que querem circular de casa para qualquer lado e têm o azar de morar na Rua de Albergaria dos Doze devem continuar a tomar os medicamentos. 

Obras de Santa Engrácia

                         A obra do urinol público no Cardal está parada.
                         Nem a malta mira, nem mija!

19 de março de 2014

Requinte urbano

Um dos traços do urbanismo local é a utilização do lixo como elemento decorativo e, até, de contemplação. O expoente máximo desse traço é a colocação do urinol público de frente para a câmara e para a Igreja do Cardal.
Mas há mais: reparem no extremo requinte da nova face do Largo 25 de Abril, onde as pessoas são convidadas a sentarem-se e demoradamente usufruírem da beleza e dos aromas do lixo!


14 de março de 2014

Obras do Cardal para "inglês ver"

As obras do Largo do Cardal, para além do aspeto estético manchado pela “cagadeira/quiosque”, pouco valor acrescentaram à cidade.
Os decisores privaram os táxis de um lugar no centro da cidade acessível aos utentes mas não suprimiram o privilégio dos utentes do parque camarário, provenientes de poente, de voltarem à esquerda e de “complicarem” o trânsito, não desenharam uma pista para ciclistas, como na europa que pretendiam imitar, estreitaram a rua, colocaram placards publicitários a impedir a visibilidade do trânsito automóvel e dos peões, colocaram depósitos subterrâneos de reciclagem com as entradas bem expostas para rivalizarem com os sinais de trânsito, e misturaram tudo isto com os pinos no pavimento (para delimitarem as zonas mistas das dos peões), os postes de iluminação, os paquímetros, os caixotes de lixo, as floreiras de betão a condizer com o hotel vizinho, as estacas a suportar o toldo da “barraca” e o mamarracho, tudo caótico. Com tuto isto, trouxeram impedimentos para os deficientes, perigos para peões e maior confusão ao trânsito automóvel.
A cidade de Pombal necessita de ser alterada para se tornar mais segura para os cidadãos, de forma a não se repetir a queda de alguém sobre os obstáculos da Praça do Cardal, de forma a eliminar-se o caos no trânsito que acontece todos os dias na mesma Praça, ou ainda a permitir uma cultura de uso de bicicleta como meio de transporte ou de lazer sem o medo da repetição do atropelamento de um ciclista (com iluminação abundante), como aconteceu hoje ao princípio da noite numa outra rua da cidade.
Cuidem da cidade e da segurança das pessoas.

Empreendedorismo?

O discurso político (nacional e agora também local) está contaminado com a temática do empreendedorismo. Como o termo é recente (para o cidadão comum), hermético e vago; serve na perfeição os propósitos políticos daqueles que querem passar a ideia que têm a “mesinha” para os problemas do emprego e da economia. Uma nefasta ilusão.
No discurso corrente o empreendedorismo engloba tudo o que mexe – vai desde o indivíduo que cria o próprio-emprego (de onde a maior parte das vezes não retira sequer o seu próprio sustento) até ao indivíduo ou grupos de indivíduos arrancam com um grande projeto empresarial. Mas não é este o verdadeiro emprendedorismo. O verdadeiro empreendedorismo é raro, visionário, disruptivo e criador de valor.
Empurrar pessoas para o falso empreendedorismo, nas formas de auto-emprego por necessidade ou de “Rent Seeking” em se exploram subsídios ou impostos de forma desonesta ou fraudulenta, que, para além de não resolver os problemas do emprego, na maioria das vezes, acarreta custos e desperdício para a sociedade e agrava a situação das pessoas envolvidas.
Assim, quando lhe pregam a “mesinha” do empreendedorismo desconfie. O cidadão comum não sabe, mas os políticos deveriam saber que no que se refere ao (falso) empreendedorismo “more may not better”.

12 de março de 2014

Palermices clementinas

A JSD cá da terra propõe que se crie um incentivo fiscal para os cidadãos que exerçam o direito de voto. A ideia é uma palermice - tanto nos fins como nos meios - e diz muito do que é o voto e o sistema fiscal para alguns jotas.
É verdade que as elevadas taxas de abstenção são preocupantes porque mostram um significativo descrédito do sistema Democrático. Mas propostas destas descredibilizam-no ainda mais.
Acompanhando a JSD na preocupação com as elevadas taxas de inflação, proponho, também, uma forma de reduzir a taxa de abstenção: taxar as ideias estúpidas. A ideia não é muito original e, para alguns, é até insultuosa. Mas, ao contrário da ideia da JSD, contribui para credibilidade do debate político e tem um enorme potencial contributivo para as finanças públicas.

500 anos do foral louriçalense

Porque somos um Concelho com História, divulgo.

500 Anos do Foral Manuelino do Louriçal 1514/2014 (imagem retirada do site da Junta de Freguesia do Louriçal - www.jf-lourical.pt)

Jovens na zona histórica

A Câmara Municipal está a promover, até final do mês, um programa de incentivo ao arrendamento comercial a jovens na zona histórica da cidade. Segundo o regulamento, o programa “tem como objectivos dinamizar a zona histórica da cidade de Pombal e impulsionar a respetiva atividade comercial, dando a oportunidade aos jovens empreendedores do concelho de Pombal de iniciar a sua atividade com condições de instalação a custos reduzidos numa filosofia de partilha de espaços com outros jovens”.

Presumo que esta medida foi tomada em consonância com os comerciantes já instalados na zona histórica. Se assim foi, felicito a autarquia. O que não percebo é porque raio se excluem liminarmente as candidaturas que assentem em atividades de restauração e bebidas. O regulamento afirma que estas actividades “se revelem inadequadas para prossecução dos objetivos delineados para o programa”. Será?

10 de março de 2014

Iniciativa de Jorge Barrento & de mais gente boa (actualização)

"Dia 29 deste mês celebra-se o dia Nacional dos Centros Históricos.
Fui desafiado pela Junta de Freguesia de Pombal (pela pessoa de Nelson Pedrosa) a realizar um velho sonho meu.
Sem mais conversas passo a citar os seguintes eventos:
-Xadrez humano
-Xadrez gigante
-Poesia por Luisa Venturini
-Pintura por Ilda Teixeira
-Fotografia por Jorge Ferreira
Salientar a participação da Filarmónica Artística Pombalense
Obrigado a todos pela contribuição deste meu projecto.
Um agradecimento especial ao Nelson Pedrosa e Junta de Freguesia de Pombal.
Dia 29 na zona histórica de Pombal (celeiro) pelas 16h aguarda-se uma bela tarde."


(JB)

8 de março de 2014

Praça de táxis

A praça e táxis foi “empurrada” pelas obras do Largo do Cardal e “derrapou” dali até ao Largo 25 de Abril, onde parou, sofreu novo embate e fez uma travagem na Av. Heróis do Ultramar (em frente ao Millenium) e, agora, parece que vai finalmente “imobilizar-se” na rua Alexandre Herculano (junto à pérgula), onde não terão lugar todos os táxis.
Entretanto, os taxistas e os comerciantes não se esqueceram que eram cumprimentados em campanha eleitoral pelos que agora visitam as obras em dia de carnaval e se esquecem de repetir os gestos…

Porque hoje é sábado

E não há grandes mudanças na sociedade entre aquilo que aqui escrevi no ano passado e hoje, deixo-vos um poema de António Gedeão, de que gosto muito. Foi-me mostrado a primeira vez por uma grande mulher, Lucínia Azambuja, a quem tratávamos carinhosamente por D. Lucy (directora do Região de Leiria ao longo da década de 90), durante um fecho de edição daquele semanário, em Março de 1994.
Que as Luísas deste Pombal sejam lembradas, e as deste mundo também.

6 de março de 2014

Ronda da Gala da Pombal TV

Disponho de poucas certezas absolutas.
Sou mais propenso a dúvidas existenciais.
De absolutismos, conto como certas & sabidas a brevidade da vida e a certeza da morte.
No outono da idade, talvez me seja dado confundir isto com sabedoria.
Talvez.
Ou talvez eu seja como a ADERCE, aquela associação ali da Estrada: existo, fiquei caro e não sirvo para nada.
Ou sirvo só para uma por ano, contabilidade que, à beirinha dos cinquenta anos, até nem é má de todo: conheço serviços ainda mais mínimos.
Que, enfim, as linhas iniciais da prosápia de hoje ao menos me sirvam de justa causa & para devido efeito, benévolo prolegómeno & atilado exórdio ao que, aqui & agora, por escrito me (re)traz ao Vosso convívio: fui à gala de apresentação pública/social da Pombal TV.
Aconteceu no Teatro-Cine pela derradeira noite do agora para sempre transacto mês de Fevereiro de 2014. A senhora com quem sou casado pelos devidos trâmites notário-legais é que me levou lá. Tínhamos convite impresso em papel de boa gramagem. No verso, reparei na galeria de patrocinadores do acontecimento: Óptica Lourenço, Brico Marché, TP Pascoal, Móveis Ilídio da Mota, Município de Pombal e Rádio Cardal 87.6 FM. Bem. Muito bem.
(Todos sabemos levar a mão ao peito para compungidamente reiterar juras de amor-eterno a tudo quanto seja, e faça bem a, Pombal. Por Pombal tudo. Mas: Pombal tudo – menos tirar olhos. Até porque nos fazem falta para ver a Pombal TV. Mas continuando:)

Nas primícias da sessão, foi sem esforço que assimilei as novidades. Havia bolinhos e copinhos no átrio do Teatro. Cachos de gente ensarilhavam-se, como antigamente as G-3 na parada da mafrense Escola Prática de Infantaria, na prática das cordialidades do costume – sobretudo havendo bolinhos, sobretudo copinhos havendo. Era, em plena glória, o nosso jet-6, que a 7 ainda não chegámos. Mas havemos de, queira Deus ou o Diabo por ele.

Novidades, pois:
mudança de comando técnico no Sporting de Pombal;
o Daniel Ponte está muito menos gordo, mais bonito até, considerando que provém do vermoilense Moinho da Mata;
a malta da Rolls Beer (“pomada” a que, para mal dos meus pecados & secura dos meus queixais, ainda não botei espicho) em jantar-encontro no São Sebastião;
aniversários natalícios do Godinho do Red Line (já lá iremos) e daquele Paulo pertencente ao periculosíssimo clã criptocomunista dos Araújos com sede ali ao Barco, essa gente que há mais de um quarto de século conspira contra tudo e contra todos assando revolucionariamente sardinhas para Amigos uma vez por ano e clamando por justiça social para todos nos outros 364 dias (mais um em caso do almanaque vir bissexto);
o facto do fato do apresentador masculino ser Hugo Boss, esse que a comunidade e o Registo Civil assentam por Gonçalo Santos mas que para as meninas é George Clooney – foi excelente ouvi-lo dizer ao micro “Rádio Clube de Pombal” sem se rir;
a peanha estético-capilar difícil do apresentador feminino, Paula Sofia Luz no baptistério mas Miss (Kate) Moss para os varões – também foi excelentíssimo ouvi-la dizer, e praticamente no mesmo lance respiratório, “Notícias do Centro” e “Orlando Cardoso” sem se lhe desmanchar nem um milímetro do ricto labial;
o Mário Freire de fato completo mas gravata obscenamente encarnada à lampião, logo ele, que só é sportinguista por escassez de oportunidades na infância ansianense;
a Kari Guergous, espécie de gardénia ambulatória de pele lacada a vidro porcelânico espargindo no ar normalmente dedicado à respiração a benesse de termos nascido em a contemporaneidade de mulheres tão bonitas, caso absolutamente afim, aliás, da patrocinadora da gala,
a Sissi Lourenço da Óptica idem, cujos olhos nunca por de mais esplendorosamente cortejados por ali andavam escurecendo os outros (digo, os outros olhos) em risco de despiste talvez fatal dos transitórios transitários daquela circulação;
e, finalmente, o não-é-ainda-desta há muitas décadas esperado oficial anúncio nubente-matrimonial do chega-te-para-aí par de rolas constituído pela eléctrica e electrizante Idália da Caixa Agrícola & pelo suave e civilizado João Pessa de sabe-Deus-onde.
(Mas pronto, isto já dá para a Caras. Sigamos:)

Apertou-me a mão dextra cá fora, entre fumadores, o grande Pedro Roma, gentil orgulho da terra.
Perto, vi um homem chamado Rui portar-se, como de costume, caladinho e Benzinho.
Não vi o agente técnico de engenharia mecânica Narciso Mota. (Atenção: agente técnico de engenharia mecânica por receio de lhe chamar engenheiro, dada a confusão que por aí grassa em desgraça de “licenciaturas” sócr’arrelvadas…). Contava vê-lo. Talvez até lá tenha estado e eu o não tenha visto, como naquela noite em que veio cá um Barreiras Duarte então secretário de Estado e não houve lugar para ele, ele Narciso, à mesa dos que ficam virados de frente para os tolos da plateia como eu e como tu, Leitor(a). A circunstância da sua ausência (a meus piscos olhos, pelo menos) acaba dando azo de justificação a um trocadilho nada menos que “franciú”: ai Narciso, depois de tantos anos de tout-venant já te tratam por tu-marchant
Vi o senhor Carrilho, que me boa-noitou de não distraída maneira, mesmo que eu ache, como ele acha que eu acho, que a obrigatoriedade de re-aterrar a área explorada da mineiração pedreira é mais comunitariamente ética e mais paisagístico-ambientalmente decente do que imperativamente legal. Não é assim, senhor Júlio Lopes, aliás?
Entabulei negociações de desfalece-coração com o engenheiro (este sim, de certeza engenheiro, certeza minha sem desfazer noutros) Francisco Faro, cujo fácies augusto e cuja arguta bonomia sempre me reiteram a dívida-para-além-da-vida que hei-de ter (para) sempre (para) com o Pai dele, senhor Professor Elias Rodrigues Faro, meu Mestre-Escola e meu Mestre-Vida, meu perpétuo avatar de tudo quanto seja escrita que eu faça, sem o qual não poderia eu nunca jamais saber o que fazer com um lápis na mão, um papel por baixo e tu, Leitor(a), pela frente.
Não vi o ex-pombal-patriado João Melo Alvim. Isso também me fez espécie. Afinal, era a gala da Pombal TV. Meu raciocínio em cadeia, a propósito do bom Alvim: ora, TV, ecrã; ecrã, filmes; filmes, cinema; cinema, Alvim. Mas pronto. O João segue dentro de momentos, pedimos desculpa por esta interrupção.
O Henrique Falcão, esse vi-o. É, como bem no sabeis, homem de material solidez, até malar. Não clona o irmão, o Zé, esse sósia do escritor Hemingway a quem nós, na Cervejália, em Dezembro, estamos sempre a chamar Pai Natal, mas a quem também, nos onze meses restantes, tratamos por Capitão Iglo, a ponto de, quando em apuros de pesca, já lhe chegarem douradinhos os peixes que à linha lhe vieram. O Henrique Falcão estava a falar há uma data de tempo com o Diogo. Mais de quatro minutos contei eu, o que é sempre notável e de registo. (Cuida-te, ó Zé Guardado!)
O último, até agora, parágrafo refere-se já ao período pós-gala, quando a plateia se desfez em três:
1) a que ajuizadamente foi para casa;
2) a Oposição (ou o que sobra dela), que foi para o Black & White;
e
3) a Situação, vulgo corte de Dom Diogo, que foi tornar Orange a parte Red do bar Line do aniversariante Godinho.
Estive, por esta ordem, nos pontos 2), 3) e, finalmente, 1).
No sítio 2), sofri, como os demais, a decepção de ainda não ser desta que a Idália e o Pessa juntam trapinhos. A música estava um bocado alta, pelo que tivemos todos de comunicar por gestos como aquele doidinho intérprete do funeral do Mandela. Quando desconfiei que a minha mulher também queria tomar bebidas de adultos, raptei-a e desembestei com ela rumo ao sítio descrito em 3). Aí chegados, topei a tal conversação Henrique Falcão/Diogo Mateus. O Ricardo, filho do mui saudoso e querido Tó Silva, guitarr’electricanimava o maralhal, que era muito e, suspeito que também, inçado de jotas. O Pedro Pimpão pelo menos andava por lá, mas esse já não é jota, que a bananeira já lhe deu fruto mais alto. O melhor da festa foi o shot de Jameson que o grande, em todos os aspectos, Jorge Franco me içou aos beiços. À nossa mesa, presidia a beleza já duas vezes maternal da Raquel, belíssima moça que deu à boa senhora mãe dela, Lurdes Farinha, o desgosto de ter casado com aquele rapaz Freire da Cardal, mas pronto, bem diz o Povo que um mau passo pode dar uma boa mãe. (NB: também falei com o Presidente da Câmara – mas isso é “bitaite” para crónica, ou memória, futura.)

Nos finalmentes, permiti-me Vós que, da gala e do motivo dela propriamente ditos, retenha o que ouvi alguém em palco dizer: que “não é o meio que interessa, mas a credibilidade”. Cem por cento certo. E nisto acabo afinal chegando aos dois nomes maiores da noite: os dos jovens Jaime Pessoa & Rita Ribeiro, forças motoras de um projecto que, para já, merecem crença, estímulo e frequência. Aproveitando a “embalagem” das primeiras linhas desta crónica, à Rita & ao Jaime tenho tão-só a dizer que a boa-sorte, mesmo em Pombal, é coisa que se faz, não que se deseje. Atenção: o meio é adverso; o ambiente é avinagrado; isso por aí não é tudo gente boa. Mas vós sois. Por isso,

POMBAL TV, SAÚDE!

4 de março de 2014

Carnaval vestido



Era premonitório o post do camarada José Gomes Fernandes, aqui na casa. Em Pombal, o vendaval Carnaval passou, nada mais resta. É o que sugere esta foto publicada na página do Facebook do Município de Pombal. Na legenda, pode ler-se que "o Presidente da Câmara e os Senhores Vereadores dedicaram a manhã de hoje a visitar as obras de Regeneração Urbana". 
No passeio, o vereador Fernando Parreira parece absorto, nos seus pensamentos, enquanto o resto da comitiva ouve atentamente o líder, que cruza olhares com o responsável pelo pelouro da Educação e Cultura. Talvez a recordar o tempo em que neste dia, quando tutelava a mesma Educação e Cultura, havia desfiles. Ou bailes no Celeiro do Marquês, que estranhamente ainda se chama Centro Cultural.
Do outro lado da rua, nos Paços do Concelho, está tudo bem. Afinal é quase-feriado, o dia vai a meio e estão assegurados os serviços mínimos.

3 de março de 2014

Carnaval nu

Ao contrário do governo, as câmaras municipais adotaram o habitual comportamento do “nacional porreirismo” e dão tolerância de ponto no carnaval. A demagogia continua viva, mesmo em época de crise. Nisso, apenas não reduzem os impostos.
As folionas, sem tradições carnavalescas indígenas, importam os hábitos do Brasil e desfilam seminuas sem calor, ao frio e à chuva, em exibições de caráter sexual disfarçadas de moda.
Por cá, a diferença em relação à generalidade dos outros concelhos é apenas no cumprimento, nos outros dias úteis, do horário das 40 horas de trabalho. Ao menos um sinal de responsabilidade…