30 de março de 2021

“Parem de Fazer Política e Politiquice à Custa do Interesse Público e das Populações!”

O vereador Micael António, na última reunião do executivo camarário, deu uma lição de saber estar na política e de todo o histórico real da aprovação do PDM que define actualmente a Zona Industrial da Guia e do que deverá ser um papel responsável na política. Não poupa Manuel António e Manuel Serra, que estarão à frente de todo este movimento bastante activo nas redes sociais.


Esta intervenção surge na sequência da “exigência” a Diogo Mateus por parte do Pedro Brilhante sobre o projecto Lusiaves verberando a frase: “tem que ser parado já”. Para quem apregoa que se retira da política e se irá dedicar à vida profissional… parece que é difícil tirar a política do Brilhante quando vê a oportunidade de navegar uma onda que até nem é sua de origem.

Mais do que o ruído à volta desta novela, que terá o seu ponto alto na Assembleia de Freguesia de amanhã com emoções à flor da pele, no processo de entrincheiramento de um grupo que está organizado, que concerta as participações nas redes sociais, que têm dificuldade em encaixar opiniões diversas e vilipendia agressivamente alguns, o ponto mais concreto e fulcral é a providência cautelar interposta pela AMAGO – Associação de Moradores e Amigos da Guia Oeste.

Concordo em pleno que a associação tenha agido neste sentido, se existem preocupações sobre a transparência e legitimidade do processo de hasta pública. Também imagino que será com maturidade que a decisão do tribunal será recebida.

Importa clarificar que “quem tiver sério receio de que alguém lhe venha a causar uma lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito pode requerer uma medida judicial, chamada providência cautelar, que se destina a assegurar a efectividade do direito ameaçado.” Só em custas judicias são 750€, fora os honorários dos advogados.

Uma das mais famosas foi a providência cautelar do José Sá Fernandes sobre o Túnel do Marquês em Lisboa, que atrasou 2 anos a obra e que custou 4 milhões adicionais aos contribuintes portugueses. Um grupo bem organizado conseguiu atrasar com grandes custos para todos. Na altura houve grande cobertura mediática e ruído. Hoje não existe quem conteste essa obra e é um não assunto.

Caso a providência cautelar não tenha qualquer provimento, visto que não foi considerada urgente e está em apreciação, será difícil manter a contestação para além do argumento que não se gosta do investidor em causa e do seu fundador.

Aguardemos com serenidade.

Gritar mais alto não significa que se tenha mais razão. 

Com a (meia) verdade vos engano

Há cerca de um ano, o presidente da câmara anunciou e publicitou o Investimento da Lusiaves na Guia como o verdadeiro “el dourado” para o Oeste e para o Concelho. Talvez tivesse sido mais avisado, para o curso do negócio, menos pompa. O povo não é todo burro, e quando a esmola é grande desconfia.

Com o passar do tempo e o esmiuçar da coisa, as dúvidas sobre o negócio cresceram com a névoa lançada sobre os seus impactos. A chegada do Pedido de Informação Pérvia (PIP) deveria clarificar a coisa, ofuscou-a ainda mais. A Oeste, onde foi distribuído aos bocados, acicatou desconfianças e “obrigou” o poder instalado a convocar a contragosto uma assembleia de freguesia extraordinária par
a discutir o caso. Nos passos do concelho, foi o assunto principal da última reunião do executivo.

Surpreendentemente, ou talvez não, coube ao vereador Murtinho, e não ao presidente da câmara que tem o pelouro do Desenvolvimento Económico, a defesa do negócio com informação até essa altura não divulgada – um esclarecimento sobre o PIP entretanto pedido, disse ele. Por alguma razão, não foi D. Diogo a revelar, e a usar, aquela informação supostamente relevante; e talvez pela mesma razão, coube, desta vez, ao vereador Murtinho o papel de ilusionista – fazer o truque de mostrar uma coisa para esconder outra. Falou da gama de produtos mas ignorou (escondeu) o que importa, o que esclarece tudo: o PROCESSO, mais concretamente o MATADOURO.

Nisto da política, o vereador Murtinho pode considerar-se já um feiticeiro, mas não passa de um simples aprendiz (do métier). Já percebemos que já aprendeu que meia-verdade é a melhor das mentiras, mas ainda não sabe mentir.


26 de março de 2021

A doutora Odete a recuar

Na reunião do executivo desta manhã, a doutora Odete questionou o presidente da câmara sobre qual o projecto que vai ser implementado no Jardim da Várzea. D. Diogo respondeu-lhe bem…

Quem olhar para a doutora Odete, naquela intervenção, percebe, pela sua expressão corporal, o vazio e o desnorte. 

A doutora Odete ainda não percebeu que as perguntas avaliam tanto ou mais que as respostas; nem percebeu que em política é sempre mau perguntar, porque pode haver resposta.

A doutora Odete preside ao PS local, é vereadora e candidata a presidente da câmara. Nos últimos tempos (anos), cavalgou unicamente o projecto de requalificação do Jardim da Várzea, e nem sobre esse conhece o estado.   

Havia um certo enigma sobre como é que a doutora Odete iria arrancar, ou se chegava a arrancar, na corrida à camara. Está desfeito o enigma: arrancou a recuar.



25 de março de 2021

A Oeste as coisas aquecem…

... Entre os defensores e os opositores ao Investimento da Lusiaves na Zona Industrial da Guia.

Com a chegada do Pedido de Informação Prévia (PIP), à câmara e à junta, ficou mais claro que a empresa pretende instalar um matadouro e processamento de carne(s) – “uma unidade industrial (tipo I) de processamento alimentar”, num complexo industrial com de 160 m de frente, 190 m de profundidade e blocos com 14 m de altura – um monstro -, junto à vila da Guia, com todos os impactos ambientais conhecidos.

Perante isto, a contestação da oposição (núcleo do PSD do Oeste), da associação de melhoramentos da Guia – Amago, que avançou com um Providencia Cautelar contra o Hasta Pública e o Investimento/Unidade, e de uma boa parte da população, a junta joga à defesa, queima tempo, esconde o jogo, e faz trapalhadas – convocou a contra-gosto uma assembleia de freguesia para discutir o PIP, por videoconferência, que não conseguiu(?) realizar.

Resultado: de um problema fez dois. Em política, os problemas desconhecidos abafam-se (e resolvem-se); os públicos enfrentam-se e matam-se o mais rápido possível.

Quem não tem posições claras sobre questões estruturantes pode servir para muita coisa, não serve para governar.

23 de março de 2021

Casas de Contenção - Uma mudança de paradigma no combate à violência doméstica

 

Numa sessão distrital do Parlamento dos Jovens (https://youtu.be/OOACL_Drrno), iniciativa da Assembleia da República, tropeço numa participação de uma jovem de 16 anos da Escola Básica e Secundária do Padrão da Légua de nome Matilde Simões.

Defende a existência de “Casas de Contenção” para que, após uma denúncia de violência doméstica e feita a análise de risco, não são as alegadas vítimas que têm que abandonar o seu lar, mas sim os agressores. Deixaríamos, com esta medida, de ter Casas Abrigo, como é o caso de uma que existe em Pombal.

Segundo a jovem, seria uma medida de 1ª instância com acompanhamento psicológico e jurídico. Defende que não devemos intervir na vítima, retirando-a do seu quotidiano, mas sim no agressor.

Será o/a agressor/a que deverá sair do seu quotidiano e não o inverso para recolha de mais informação para o processo.

Esta abordagem muda por completo o paradigma, evita um maior sofrimento e teria de imediato uma acção mais directa e eficaz.

Outra das participações refere que a mudança não vai pela educação contra a violência doméstica, mas a educação desde o 1º Ciclo para mudar os papeis de género.

No meio de tanto ruído, existem boas intervenções e quem pensa pela própria cabeça, não se limitando a repetir expressões e frases feitas ou soundbytes.

Esta nova geração, como todas as novas gerações, trazem sempre coisas boas e esperança! 

 



 

22 de março de 2021

Um registo verde a cair de maduro

 Tive que olhar duas vezes para ter a certeza de que não estava ver fotos da década de 90, quando o Dia da Árvore era tudo o que tínhamos em Pombal (e em Portugal, no resto do país não era muito diferente) para pensar no Ambiente e em como seria importante melhorar o planeta para cá continuarmos. 

Tive que olhar duas vezes para as fotografias porque não me parecia possível que em pleno 2021 uma Câmara - que se acha a última coca-cola do deserto em matéria de chavões eco-sustentáveis  mas depois acaba com jardins e privilegia praças - mandasse fazer uns bonés de propósito para a fotografia. O retrato era, afinal, muito mais rebuscado: o Município envolveu naquele excerto de política do enfeite os seus "colaboradores" - como foi amplamente replicado pelos media locais, que há muito desistiram do jornalismo - enfiou-lhes um boné e toca de os pôr a plantar árvores, que bonito. A ideia de plantar estas 140 árvores (que nos fazem falta, estas e muitas mais) foi "repor a pegada carbónica provocada pela quantidade de papel consumido, durante o ano de 2020, nos diversos serviços municipais", diz a autarquia. Todo o mise en scène foi devidamente fotografado e filmado e difundido por colaboradores - esses sim - já que se há feito a registar nas contas de merceeiro do Largo do Cardal é que o Município não criou um único posto de trabalho na área da comunicação. Primeiro valeu-se de um falso recibo verde, agora de avenças e acrescentos enxertados de outros departamentos. E como os delegados sindicais também devem ter desistido de Pombal,  não vimos ninguém importar-se com isso de chamar colaboradores aos trabalhadores, pois que moderno. 

Moral da história: há quem goste de enfiar a carapuça e bater a pala, porque ainda por cima aparece no jornal e nas redes sociais, disfarçado de "colaborador" de multinacional em registo de responsabilidade social. E pensam vocês: isto não é nada face ao que aí virá, em matéria de coaching motivacional.

Há gostos para tudo. 


*fotos de André Malheiro, publicados no jornal O Pinheirinho

17 de março de 2021

De como o Pança se quis montar em dois cavalos (burros) e acabou apeado


“Traidores. Traidores. Traidores do Oeste. Traidores. Traidores. Traidores do Oeste…”; gritava ele, sobressaltado, e sempre em crescendo até à aflição; parecia que acordava no final da agitação, mas logo caia num sono profundo; de onde saia, passados uns instantes, noutra e noutra agitação, noites a fio, há muitas noites… 

Lá em casa já se tinham apercebido, e compreendido, que tamanho abalo se devia ao afastamento do Amo; a quem nunca se fartara de servir, sem olhar a maus dias e a piores noites, sempre atrás do aspirado e prometido título de cavaleiro, e depois a Conde ou a Marquês de uma província qualquer; que depois, dizia ele, “saberei torná-la independente, e reiná-la a meu belo prazer, e fazer do meu conchego rainha e dos meus rebentos infantes”. 

Nos últimos tempos, acordava sempre com o fígado aziado e a mioleira inchada de tanto magicar, e não acreditar, que usança de agradecido, entre Amo e escudeiro, fosse quebrada de modos tão nunca vistos nem pensados, por um Amo tão poderoso. E pior ficou quando percebeu que o desafiador era da sua linhagem, e não lhe dera cavaco nem abrigo, por estar comprometido com os fidalgos do Oeste.

Na passada semana, murmurou o seu plano com o lacaio, que lhe franziu o cenho untoso, como se falasse consigo próprio: “veio-me, Deus sabe a razão, o desejo de me vingar daqueles velhacos”. 

Dito e feito, escrevinhou meia dúzia de afrontas e fê-las chegar ao governador do Oeste, arqui-inimigo dos seus inimigos. Tinha aprendido com o seu Amo que, nisto da canalhice (política), inimigo do nosso inimigo é nosso amigo. Mas logo a coisa chegou ao Farpas, que a fez correr.

Quando o aspirante a príncipe - o Profecta da Boa-Vontade - deste reino demonizado foi alertado para a canalhice, por um seu mancebo, dissimulou à sua maneira desconhecimento da traição, e mandou chamar o Pança.

O Pança chegou calado e fez-se quedo. 

- Diz-me, irmão, se o que se diz nos mentideiros, sobre a tua afronta aos nossos companheiros e amigos do Oeste é mentira ou verdade? – perguntou o Profecta da Boa-Vontade

- É verdade – respondeu o Pança.

- Endoidaste, irmão, ou andais fora de conta! – exclamou, de repente, o Profecta da Boa-Vontade; e acrescentou: - Não te deixes cair em desgraça, como o teu Amo.

- Na desgraça já eu estou - caí de um cavalo e não me deixam montar no que julgava certo – retrocou o Pança.

- Se o estás é por tua sandice. Agora, que te poderia dar estado, esbardalhas-te todo…!   

- Sei bem que às vezes me desmando, digo e faço coisas que não vêm a pelo, mas as minhas intenções sempre as dirijo para bons fins, e até Deus e o Diabo já escreverem direito por linhas tortas – retorquiu o Pança.

- Esta rixa, irmão, não é uma rixazinha; é uma rixa que poderá desgraçar-nos num momento – alertou o Profecta da Boa-Vontade.

- Desgraçado já eu estou – retrocou o Pança -; perdi o meu Amo e a confiança dos da minha linhagem. Mas digo, e juro-o, e podeis crê-lo ou não, que é tão certo como Deus ser Santo e Cristo ser Deus: farei campanha contra todos os causadores da minha desgraça.

- Irmão, não há motivo para te vingares de ninguém, nem isso é de bom-cristão e de bom-escudeiro. Bem sabeis que é feio agir por ódio e tomar cabal vingança – profetizou o Profecta da Boa-Vontade.

- Sei bem por que assim falais, mano; estais mui comprometido com o conde e os fidalgos do Oeste, esses traidores, que conspiraram a teu favor, e muito demandaram contra o seu Senhor natural e a Pátria … - retrocou Pança.

- São nossos companheiros e irmãos, irmão; acalma-te e pede perdão – suplicou o Profecta da Boa-Vontade.

- São hereges, maus cristãos e maus companheiros… – retrocou o Pança. O pior deles é o dito conde, que uns valentes açoites merecia, ou prendê-lo e fazer-lhe justiça segundo as culpas dele.

- Irmão!; na empreitada que temos pela frente, todos contam, todos são importantes…

- Contam, mas não são de confiança nem da tua linhagem; e se traíram os da sua linhagem mais depressa trairão um filisteu, que bem diz o rifão: cada ovelha com a sua parelha – asseverou o Pança, já irritado.

- O poder fez-te mal, irmão; ainda não foste apeado e já trazeis cara de desgovernado. Toma um pouco de ruibarbo; purga essa cólera; talvez, assim, reencontres as energias positivas - aconselhou o Profecta da Boa-Vontade.

- Tenho que me vingar dos traidores à Pátria e à nossa Majestade – sentenciou o Pança.

- Diz-me, irmão, como bom-cristão e bom-escuteiro, conheceis os Mandamentos do Evangelho e a Lei da Alcateia?

- Conheço… – respondeu o Pança. 

- E qual a é tua divisa, que juraste cumprir?

- Servir “(me)”.

                                                                                                Miguel Saavedra

14 de março de 2021

A Clarividência Inesperada?

Consta que João Pimpão, Vice-Presidente da Comissão Política da Secção de Pombal do PSD, entregou uma declaração ao Pombal Jornal onde manifesta apoio incondicional a Gonçalo Ramos e defende que as três ou quatro pessoas eleitas pelo PSD "na Guia não representam projectos positivos, reformistas e de união” e que, na sua opinião, não são a forma de estar do partido que governa o Concelho há 24 anos.

Aguardemos se o Pombal Jornal publica esta declaração na íntegra, que colocará definitivamente o PSD contra as personalidades que sempre defenderam o partido no Oeste e abrirá o início do processo de rejuvenescimento a poente.

Esta declaração trará por um lado uma tentativa de não beliscar a candidatura à Câmara pelos eventuais resultados negativos do partido e pisca o olho à equipa de Gonçalo Ramos para um futuro apoio e no desejo de a terem nas suas fileiras.

Dificilmente o actual executivo cairá na tentação de se candidatar pelo PSD, até porque o facto de ser independente lhe traz o apoio da maioria da população da segunda maior freguesia do Concelho e já mostrou que não precisa de partido nenhum a apoiá-lo.

Uma eventual candidatura do PSD no Oeste irá seguramente ter consequências na quantidade de votos para a Assembleia Municipal e para o Executivo Camarário, pelo que este apoio inesperado abre caminho para nem irem a jogo e apoiar a lista de independentes (mesmo sem eles a quererem) para, pelo menos, conquistar uma vitória moral.

E surge assim o herói inesperado, aquele que teve a coragem de assumir publicamente o que estará (ou não) aos olhos de todos. Pelo menos as reuniões da Comissão Política serão animadas.

 


 

13 de março de 2021

Crónica de uma destituição anunciada


O que é notícia, por estes dias, não é a designação do Pimpão; é a destituição de D. Diogo - um acontecimento insólito que custa a compreender, até a quem o combateu muito. Como é que um príncipe tão poderoso e dotado de ordinária capacidade cai em semente desgraça; e é forçado a abandonar o trono, com o rabo entre as pernas, escorraçado pelos seus, por todos os seus, humilhado pelo completo abandono, sem uma batalha, sem um duelo, sem uma estocada, sem um ai?

A compreensão disto obrigou este pobre escriba a reler o guião, a tentar encontrar na obra-prima de Maquiavel explicação para tamanha singularidade, para tamanha adversidade do nosso príncipe. 

O nosso príncipe aparentava ser mui douto, mas na verdade exibiu pouca inteligência e má natureza. Começou mal, hostilizando o antecessor e a sua família, e terminou pior, em grande desnorte. Cometido o primeiro erro, no lugar de parar e arrepiar caminho, semeou desordens em vez de as vigiar e acautelar, prosseguiu nas afrontas, necessárias e desnecessárias, aos seus e aos outros, não a um só tempo mas a cada dia, sempre com a faca na mão. Parecia sagaz, e durante algum tempo foi temido por isso, mas revelou-se demasiado temerário e incauto. Deixou-se enredar em brigas de onde nada de benéfico podia tirar, só pelo prazer do desprazer, ao mesmo tempo deixava medrar o desafiador e não cuidava das alianças. Depois, quando era preciso fazer a guerra, evitou-a; mesmo sabendo que uma guerra (que tem que ser feita) não se evita mas apenas se adia em benefício do outro. No fundo, satisfez-se a contender por tudo e com todos, com as leis e com a força; ou seja, foi homem e animal. 

Resultado: acabou em desgraça, escorraçado do reino dos Homens.

12 de março de 2021

Bullying aos artistas

A Câmara Municipal de Pombal decidiu incentivar os Artistas (em maiúscula) pombalenses a participar numa exposição colectiva, agendada para o início de Abril no Teatro-Cine. Na carta-convite, é referido que a exposição visa “promover o trabalho realizado pelos nossos Artistas durante o período de confinamento e perceber como o Artista se exprimiu a nível artístico durante este período, dando a conhecer a todos os públicos os artistas plásticos (aqui já com minúscula) existentes no concelho”. Que ideia brilhante! Que palavras tão bonitas! Vivam os nossos Autarcas (em maiúscula), que tanta sensibilidade revelam face a um sector tão penalizado pela pandemia.

Acontece que esta não é a verdade toda. É verdade que os artistas foram convidados, mas também é verdade que o convite não prevê qualquer remuneração. Ou seja: a Câmara convidou os artistas plásticos a trabalhar a custo zero numa inciativa que decidiu promover. É também verdade que os artistas necessitam de visibilidade, mas, mesmo os que desesperam pelos seus 15 minutos de glória, não podem aceitar trabalhar apenas a troco de divulgação. Têm que ser pagos com euros, pois são os euros que lhes permitem pagar as contas ao fim do mês. 

Parece haver aqui uma grande confusão: os artistas pombalenses são trabalhadores, vivem do seu trabalho! Se Diogo Mateus e a vereadora Ana Cabral querem fazer uma espécie de “Jogos Florais”, convidem os filhos ou sobrinhos a fazer uns desenhos e umas coisas giras. Não brinquem é com quem vive do seu trabalho! O convite feito aos artistas é indigno, é vergonhoso! Ainda por cima quando é feito num tom beato, por alguém que está a ser remunerado para o fazer. 

Deixo um apelo final ao jovem artista plástico pombalense que resistiu à leitura do post até aqui: não aceites convites de trabalho que não sejam remunerados. Pintura é trabalho, ilustração é trabalho, fotografia é trabalho. Caso o faças, estás-te a prejudicar a ti e aos outros. Quem dispõe do teu trabalho és tu e tu apenas. És tu quem decide quando e a quem queres oferecer o teu trabalho. Não desperdices essa tua prerrogativa com quem não a merece. Os borlistas que tem a ousadia de te convidar para trabalhar a custo zero, não percebem a precariedade da tua profissão nem o que tens que fazer para teres uma vida digna. Como diz Miguel Esteves Cardoso no texto que aqui respigo, "os borlistas são piores do que bullies: são os novos esclavagistas".

10 de março de 2021

ADN236 - Propaganda barata

O PSD local – Pedro Pimpão – resolveu fazer uns Webinar a que resolveu chamar ADN236. Pela amostra, o ADN é fraco. Tão fraco que o primeiro, sobre “O Conhecimento ao Serviço do Desenvolvimento”, não se pode deixar passar em claro, por aqui.

Que os provincianos de cá não dominem “o Conhecimento”, “o Desenvolvimento” e a relação entre ambos, compreende-se e aceita-se; que Académicos, peritos na matéria, não tenham nada para dizer sobre a temática para além de simples banalidades (orador dixit) mal ataviadas, não…

Que a província - esta - se regule pela pobreza franciscana, aceita-te; da Academia (e afins) espera-se um poucachinho mais.


8 de março de 2021

As mulheres, (sempre) as mais afectadas pela pandemia

Imagem da campanha hoje lançada pela Federação Internacional de Jornalistas, apoiada pelo Sindicato dos Jornalistas, onde a igualdade de género tem feito a diferença


As conclusões preliminares de um estudo do Instituto Europeu para a Igualdade de Género revelaram, por estes dias, aquele que cada uma de nós já sabia: as mulheres são as mais afectadas pela pandemia, tanto no trabalho fora de casa como dentro dela. Nos próximos tempos serão vários os estudos que hão-de revelar essa brutal desigualdade, dissecando os dados por área de atividade, por faixa etária e condição social. E cada um deles há-de concluir que, afinal, não estávamos todos no mesmo barco - apenas no mesmo mar. 
Para já, este que rasga essa cortina, faz-nos confrontar com a nossa  realidade: Portugal é quinto país da UE com maior impacto da pandemia no mercado de trabalho, e as mulheres são claramente mais penalizadas que os homens. E tudo aquilo onde estão em maioria, não é boa notícia: entre o comércio de retalho, o alojamento, as fábricas confecção (veja-se o que está a acontecer no Louriçal, de forma intermitente), as limpezas e os lares de idosos estimam-se 40% dos empregos perdidos por mulheres. 
Depois juntamos-lhe o teletrabalho. Navego nessas águas há meia dúzia de anos, e por isso a pandemia só teve o condão de me fazer sentir compreendida pelos camaradas que, de repente, perceberam o drama de manter esticada essa linha invisível entre a vida profissional e familiar. O mesmo estudo mostra que há mais mulheres (45%)do que homens (30%) a trabalhar a partir de casa. Contando que sobre elas recai maioritariamente todo um conjunto de tarefas que as sobrecarregam, algumas também inerentes à pandemia: são mais elas que eles que ficam em casa para acompanhar os filhos menores de 12 anos. 
Na minha juventude, quando era cheia de certezas, achava mesmo que este Dia Internacional da Mulher já não fazia sentido. Lembro-.me, amiúde, de uma crónica que escrevi para o saudoso Correio de Pombal, em que me atrevia chamar-lhe "a discriminação em forma de dia". Mas a vida - e a convivência com algumas mulheres de excepção - a profissão e o mundo sindical fizeram-me perceber a importância de continuar a luta, todos os dias, o tanto que está por fazer. Sobretudo de olhar com a mesma atenção a árvore e a floresta. É por isso que sou feminista. Porque quero deixar à minha filha, a todas as da sua geração e às que hão-de vir a determinação de mudar o mundo, mesmo que esse seja um processo sempre envolto em dores de crescimento. 
Por estes dias, o meu filho mandou-me uma imagem de um cartaz que ele os companheiros da República desenharam: era uma homenagem à D. Clara, que ali trabalha para manter a salubridade daquele prédio centenário, pouco dado à academia 'coimbrinha' mas muito à boémia (imagino, só, e basta-me). A quem qualquer um deles tem tanto respeito como se fosse mãe. E aquilo comoveu-me. Da mesma maneira que me comovo sempre quando vejo os meus camaradas homens lutarem lado a lado, connosco. Sim, já fizemos muito caminho. Mas como lembrou o Presidente da República numa nota alusiva ao Dia, "os passos já dados para salvaguardar a igualdade na Lei, na Constituição, e na Família, na revisão do Código Civil, na paridade no emprego, nos salários, nos cargos de direção, na política, nas responsabilidades familiares e domésticas, na proteção contra a violência, embora decisivos, não são, porém, ainda suficientes". 
Às vezes, estamos de acordo Marcelo. 


Hoje é dia da Mulher, ontem foi dia da Mulher e amanhã é dia da Mulher

 


Não sou muito adepta dos dias “disto” e “daquilo”, porque normalmente tende-se a banalizar a data e o significado da mesma.

8 de Março é o Dia Internacional da Mulher.

 A ideia de criar este Dia surgiu nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas feministas por melhores condições de trabalho e pelo direito ao voto (final do sec. XIX  e inicio do sec. XX). Não vou alongar-me com os factos históricos que deram origem a este dia.

Contudo, é notório que muita gente (mulheres incluídas) ainda não percebeu o que realmente está em causa neste dia. Não são as flores, os chocolates ou os jantares do mulherio em massa, que ocorrem normalmente neste Dia que vem dignificar e defender a Mulher. Também não são as “as mesas redondas” sobre o papel da mulher; a importância da mulher etc. que vêm fazer grande diferença.

As Mulheres querem apenas aquilo a que têm direito: respeito, igualdade de oportunidades, equidade salarial!

Este dia simboliza a luta que as mulheres (ainda) têm que continuar, no seu dia- a -dia, para combater as várias formas de discriminações que vai sofrendo neste Mundo profundamente dominado pelo sexo masculino. É bom reflectir também no recente relatório do Instituto Europeu para a Igualdade de Género, que no âmbito do contexto actual da COVID, concluía a enorme pressão sobre as mulheres no domínio da conciliação da vida profissional, familiar e pessoal. As tarefas domésticas, a prestação de cuidados aos filhos e/ou aos idosos, o desemprego, os horários de trabalho e a violência doméstica, vieram provar que o impacto da pandemia foi mais forte e incisiva na Mulher!

Há um longo caminho a percorrer, apesar de muito se ter percorrido, por isso é que não sou muito adepta disto da comemoração dos Dias…

“Hoje é Dia da Mulher, ontem foi Dia da Mulher e Amanhã será Dia da Mulher…

Enquanto houver dias…enquanto houver Mulheres” Joaquim Pessoa

Recomeçaram as obras no Elefante Branco CIMU-SICÓ

Depois de uma paragem de QUATRO anos, as obras no Elefante Branco CIMU-SICÓ recomeçaram, com a expansão do mamarracho e arrastando a serra à volta para junto dele, tentando escondê-lo. A saga continua; as asneiras avolumam-se.

D. Diogo governou com o impudente desprezo de tudo o que não fosse ele mesmo. Deixa-nos um legado de feridas profundas: na paisagem, no urbanismo, e no espírito de muita gente.


6 de março de 2021

100 anos a dar o corpo ao Manifesto


O Partido Comunista Português faz hoje 100 anos. Um século! No dia 6 de Março de 2021 (imagem da esquerda), na sede da Associação dos Empregados do Escritório, em Lisboa, realiza-se a assembleia que elege a primeira direcção do partido. Foi o início de uma longa história, sempre ligada à luta pela liberdade e pela democracia, em nome do Manifesto com que se apresentaram ao país em 1921 (imagem da direita). 

Foram muitos os pombalenses que derem o corpo a este Manifesto. Relembro alguns deles (uns militantes, outros independentes): Luís Brites, Isabel Pires Machado, Silvino Alves, Fernanda Marques, João do Vale, Maria Luís Brites, António Matias, Catarina Costa, Rui Cavalheiro, Conceição Estanislau, Manuel Rodrigues, Porfírio Malheiro, Maria José Anastácio, Laureno da Silva, Maria de Fátima Varela, Amílcar dos Santos, Adelino Malho, Fausto Alves, Helena Vale, Gilberto de Jesus Rodrigues, Lucinda Botas, Fernando Botas, Carla Matias, Jorge Neves, Vanessa Gonçalves Luís, Adelino Leitão, Evelina Gameiro, José Pereira Resende, Graziela Alves, Manuel da Silva Marques, Natália Sousa Gomes, António Jorge Costa, Lécio Leal, Fernando Gama, Hilário Oliveira, Manuel Hermínio Mendes, Fernando Costa, Fernando Domingues, Egídio Farinha, Alfredo Santos, Joaquim Euzébio, Virgílio Amorim, Hilário Oliveira, para além de toda a minha família. 

Pombal e o país precisam hoje, mais do que nunca, de um partido com a matriz e o património do PCP. Um partido de gente séria e corajosa, que assume, sem hesitações, a luta dos mais desfavorecidos. Um partido que recusa a lógica dos "likes" e dos "shares", um partido de trabalho, que luta por uma educação inclusiva, uma cultura emancipatória, que defende a causa pública, a dignificação e as condições de vida na terceira idade, que combate o clientelismo e a corrupção.

Um século passado da sua fundação, o PCP tem que ser capaz de se reinventar. Tem que ser capaz de se apresentar aos cidadãos como uma verdadeira alternativa de poder e, ao mesmo tempo, assumir a defesa dos novos "comuns": as questões subjacentes à ameaça de uma catástrofe ecológica; a herança biogenética; o património artístico cultural e científico da humanidade. Tem que ser capaz de combater as novas forma de segregação social, racial e de género, e dar protagonismo às questões que realmente preocupam as populações. E, em Pombal, não faltam argumentos para sustentar uma nova política social e económica: a questão dos baldios; a defesa da agricultura familiar e da floresta; a promoção dos mercados municipais; a luta para por fim à precariedade laboral; o criar mecanismos para combater a especulação imobiliária; o incentivo à fixação de empresas que tragam valor acrescentado para o concelho. 

Os comunistas são, pela sua natureza, pessoas optimistas. Caso contrário, não poderiam pertencer a um partido que a sua a luta como mote. Eu, apesar de não ser filiado (nunca o fui) no PCP, assumo esse optimismo e essa luta. Viva o PCP!

5 de março de 2021

Uma falácia em que o PS gosta (ou tem?) de embarcar


Na última sexta-feira a Câmara aprovou por unanimidade uma proposta da Câmara, recomendando ao governo que alargue a área de influência do Instituto D. João V à freguesia de Almagreira, além da aprovação de abertura de 2 turmas no 5º ano; 2 turmas no 7oº ano e 1 turma no 10º ano de escolaridade neste estabelecimento de ensino particular e cooperativo.

No mesmo dia, a Assembleia Municipal aprovou a referida proposta por maioria, com duas abstenções.

O que ressalta deste servicito público que o poder político está a fazer ao sector privado não é novo. Como o próprio Diogo Mateus referiu, andamos nisto há cinco anos. Foi desde que o Governo teve coragem para por termo ao regabofe que durante anos todos nós andámos a pagar. É certo que há situações de manifesta injustiça pelo país, porque (como sempre) se olhou para a decisão com régua e esquadro, fazendo pagar o justo pelo pecador. Mas foram casos como o do IDJV (ou talvez 'o caso') que levou a cortar o mal pela raiz.

Já aqui contei mais do que uma vez a minha história, (a maneira como fui desviada do ensino público para o ensino privado no Louriçal), e que é a história de tantos. Seria bom que Odete Alves não reproduzisse apenas o canto da sereia que escuta. E que antes de fazer - como nenhum vereador da maioria foi capaz- a defesa da coisa, soubesse da história:  O Louriçal é uma economia muito assente no Instituto D. João V? É. Quando o cerco começou a apertar, o grupo GPS não teve qualquer pejo em fazer despedimentos em barda no seu corpo docente. O mesmo que comprou os apartamentos na urbanização construída por uma empresa do grupo e que comprava as viagens na agência do grupo. Foram famílias inteiras, formigas fora do carreiro, de repente.

Odete diz que não tem elementos suficientes para se pronunciar sobre a "falta de visão a longo prazo da tutela, ao nível do ordenamento e gestão da rede escolar" referida na proposta que aprovou e defendeu. Muito estranho. Sei que ao tempo em que era secretária de Estado da Educação, a corajosa Alexandra Leitão lhe fez um desenho, numa reunião em Leiria, na sede do PS. 

Ainda julguei que a diretora pedagógica do IDJV daria um ar de sua graça na Assembleia Municipal (para a qual foi eleita nas listas do PS mas é raro lá por os pés), mas isto sem coro da terra não é a mesma coisa, e lá foi (outra vez) substituída.

A vereadora e candidata à Câmara acertou, porém, numa parte da intervenção. Foi quando falou do espólio do IDJV. Agora que a manta está curta, convém salvaguardar o que ainda não foi alvo de espoliação a todos e a cada um.

4 de março de 2021

Esquisitices políticas

O PSD local apoiou Narciso Mota durante 20 anos, e tolerava-o por mais 20 se a lei não tivesse mudado, impedindo mais que 3 mandatos, mas não tolera D. Diogo por mais 4 anos.

O PSD nacional não quis Pedro Pimpão na Assembleia da República e, pelos vistos, também não o quer na Câmara de Pombal.

Eles lá saberão por quê. Mas que é esquisito, é! 

3 de março de 2021

O candidato do PSD que afinal ainda não é

Aqui no Farpas já estranhávamos que a única publicação a validar a candidatura de Pedro Pimpão à Câmara - aprovada por maioria, com uma abstenção, no plenário do PSD realizado sábado passado - fosse uma notícia da Rádio Clube de Pombal (e hoje uma da Pombaltv) amplamente partilhada por vários amigos, familiares e companheiros de partido do Pedro Pimpão. Por parte do partido, nem uma palavra. Por parte do Pedro, nem um sinal - logo ele que fez um discurso daqueles.

Eis que há instantes, durante a apresentação de 100 candidatos do PSD, na sede nacional - ou melhor, daqueles cujo processo de candidatura está fechado, devidamente aprovado pelos órgãos locais, distritais e nacionais - o secretário-geral do partido, José Silvano, respondeu à pergunta de uma jornalista sobre o caso de Pombal. Ficamos então a saber que:

"O presidente da Câmara de Pombal transmitiu-nos que não estaria mais interessado em ser candidato, por isso não consta aqui.

Se ele ainda mudar de opinião, daqui até lá, virá numa próxima vez. Não podemos é tê-lo aqui hoje, pela vontade dele nesta altura de não querer ser mais candidato”.

Não acredito que Diogo volte atrás na decisão que foi levado a tomar. O PSD está a protegê-lo bem, para todos os efeitos. Mas não se percebe como é que uma figura tão consensual como o Pedro não entra directamente para o top dos 23 candidatos "novos" escolhidos e "homologados". Cá estamos à espera das cenas dos próximos capítulos.

1 de março de 2021

Advinha, advinha…

Quem é, quem é, o presidente de junta amigo e exemplar (e a equipa maravilha), que tem sempre dinheiro para o folclore e para a propaganda mas não paga o seguro das máquinas (e leva multa)? 



Agora é que dá vómitos!

Um ponto aparentemente irrelevante – proposta de revogação de transferência financeira para a PMUGest (submetida pela própria empresa) - descambou numa hora de intifada política, sem ordem, sem tino e sem espírito.

Ali, naquela balbúrdia em que há muito se transformaram as reuniões do executivo, já nada se discute, já ninguém ouve, já ninguém pensa. Ali, naquele desvaneio sem grandeza e sem tino, vomitam-se palavras, grita-se, ofende-se. Ali, já todos discorrem às-cegas, com insuportável grosseria, indesculpável ignorância, inexplicável temeridade, sempre com fome de vingança, sejam eles rufiões do espírito, cavaleiros da triste figura, donzelas adulosas ou o destravado assistente. 

Sabe-se que a política exacerba os piores instintos, mas até na maledicência se exige nível. E na adulação também.