26 de fevereiro de 2018

Uma terra de litigantes

Pombal foi sempre uma terra de gente litigante, tanto nos domínios do material como do imaterial, nomeadamente na área do pensamento, da opinião, da crítica, da sátira, do humor. Uma idiossincrasia própria de desajeitados de espírito, que atravessa todas as faixas da comunidade: do analfabeto (ainda existem muitos) ao doutor; do pobre ao rico/remediado; do súbdito ao político. Por isso, a advocacia é a profissão que mais floresce por cá - o número de advogados com escritório aberto confirma-o.
Neste caldo de cultura medra um poder que se considera impoluto e isento à crítica; que ataca, amesquinha, subjuga e persegue os que se lhe opõem; e lacaios que só herdaram uma roupa e a coberto do anonimato ofendem sem rédea.
Profecia de advogado anónimo: Deus proteja os litigantes compulsivos; são esses paranóicos que nos sustentam a família.

23 de fevereiro de 2018

Oh PA


O que se passa no rio?


Há vários dias que uma espuma amarelada corre pelo rio Arunca, desde a zona do Açude, acompanhando o corredor ribeirinho. Esta manhã uma técnica (da autarquia?) recolhia plantas no leito e cheirava-as. Levou-as consigo, para análise, certamente.
Usando de toda a transparência que lhe vale prémios, certamente o Município de Pombal terá uma resposta para isto, publicamente, e em breve.

21 de fevereiro de 2018

O negócio muito mal explicado

Há um ano e pouco, a CMP lançou uma OPA Florestal em que se propunha adquirir terrenos florestais por cerca de 0,3 € por m2.
Na última AM, ficámos a saber que a câmara pretende adquirir um terreno florestal, junto ao Parque Industrial Manuel da Mota, por 9,9 € por m2.
Porque é que os terrenos dos proprietários florestais anónimos valem, para a câmara, 0,3 € por m2, e o do amigo(a) industrial vale 9,9 € por m2? 
A enorme discrepância – 33 vezes mais - é inexplicável; até porque, o simulador criado pela câmara para avaliar os terrenos a adquirir no âmbito da OPA Florestal dá, para um terreno na periferia do Parque Industrial Manuel da Mota, o valor de 0,4 € por m2 - 25 vezes menos do que o acordado para o tal terreno!!!.
Um negócio muito mal explicado, também na dimensão económica.

20 de fevereiro de 2018

Quem é que não sabe o be-a-bá?

Na última AM, a Célia Cavalheiro, após algumas divagações, colocou de forma concisa a questão seguinte: - se houver um acidente em obra, de quem é a responsabilidade?
Na resposta, Diogo Mateus começou com a habitual desqualificação da oponente, e prosseguiu com argumentação falaciosa.
Diogo: é aceitável que um(a) Eng. Civil não saiba de quem é a responsabilidade pela segurança em obra - não é matéria do curso e os Eng. Civis não fazem todos gestão de obra -; mas não é aceitável que um tipo que estudou leis, foi vice-presidente da câmara durante uma década, presidente durante 5 anos, realizou centenas de obras públicas, não saiba de quem é a responsabilidade pela segurança em obra; e, pior ainda, não saiba que a responsabilidade não se “entrega”.
No final, fica uma dúvida maior: Diogo Mateus não sabe o be-a-bá ou é incapaz de assumir a responsabilidade pelo que não corre bem?

19 de fevereiro de 2018

Joaquim Mota (1937-2018) - ele é que foi o presidente da Junta


A notícia da morte de Joaquim Mota, que hoje partiu, à beira dos 81 anos, não dirá nada aos que entraram na vida política nos anos recentes, mas calará fundo a todos os que o conheceram, da esquerda à direita - e sobretudo aos que assistiram às suas intervenções na Assembleia Municipal. Houve um tempo em que os presidentes de junta tinham pouco dinheiro, algum poder, mas muito respeito por parte da população que representavam. E nesse tempo a Assembleia Municipal de Pombal era palco, amiúde, das mais inflamadas intervenções.  Como havia 4 ou 5 órgãos de informação, mais a presença constante dos jornais de Leiria e Coimbra, aquela bancada de imprensa que António Rocha Quaresma mandou colocar, no início dos anos 90, nos topos laterais do salão nobre - rapidamente se tornou pequena para todos os que acompanhavam as sessões. Por isso foi uma chatice, quando já no tempo de Narciso Mota (e de Menezes Falcão na AM, seguido de Luís Garcia e de José Grilo) os jornalistas deixaram de estar dentro do salão nobre, recambiados para a sala anexa, com telhado de vidro. Ironia do destino, hoje há dias em que sobra todo o espaço. 
Mas nesse que era o primeiro mandato de Joaquim Mota como presidente da Junta de Carnide (1989-2001, sempre pelo PSD) e eu me estreava nas páginas do Correio de Pombal, em 1993 (mesmo a tempo das eleições mais disputadas da história local) sabíamos que aquelas suas intervenções  eram um deleite. Começávamos todos a gargalhar - tal era a falta de filtro que fazia questão de aplicar, no jeito humilde, de orgulhoso camponês - e terminávamos a engolir o riso, pois que Joaquim Mota levava à AM as suas dores mais fundas. Naquele tempo Carnide era uma espécie de parente pobre das freguesias.
- Falta-nos tudo, menina!
...disse-me ele, daquela vez em que o entrevistei à mesa da cozinha da sua casa, para um suplemento que haveria de desvendar uma terra sem abastecimento de água, sem saneamento básico, más estradas, apenas uma placa a anunciar a construção de uma Centro Social, nem sinais de centro escolar ou pavilhão, equipamentos que nos últimos anos mudaram a vida da freguesia e dos que lá moram.
- Sabe...eu sou PSD mas nem sempre voto PSD...
Fizemos título com a frase, que só espantou os que não o conheciam. Joaquim Mota foi o expoente máximo do presidente de junta, sem peneiras mas preocupado com a sua gente, num tempo em que a delegação de competências ainda estava por vir. No meio daquela desconcertante simplicidade granjeava um enorme respeito entre os pares, fossem ou não da mesma cor política.
Lá em cima terá muita conversa para pôr em dia com velhos amigos autarcas. Lembranças nossas a todos, senhor Joaquim.

18 de fevereiro de 2018

Seguir a pista ou ignorá-la?



A pista coberta de atletismo é um filão que o Município de Pombal nunca conseguiu explorar, por inabilidade ou desmazelo. Na verdade, tem servido de muito pouco além de encher a boca e compor programas eleitorais, como está bem de ver.  A instalação da pista foi um bom legado que ficou da vintena de Narciso Mota no concelho, mas o(s) executivo(s) de Diogo Mateus tinha(m) obrigação de a promover, de conseguir com isso mais do que umas dormidas para os hotéis da terra. É confrangedor perceber que a única pista in door no país não é aproveitada de outra maneira, fazendo (mesmo) de Pombal a capital do atletismo de Inverno. 
Ontem à tarde a pista voltou a receber o campeonato nacional de clubes, amplamente anunciado nas tv's dos grandes. Em Pombal, tirando para a meia dúzia que se interessa pela modalidade, o evento passou ao lado. E no Expocentro, ficaram a nu as fragilidades de sempre: não há segurança contratada para o evento; o espaço não oferece condições mínimas de conforto (e segurança, nomeadamente as bancadas) a quem queira assistir às provas, e a Câmara mostra bem o nível de interesse e aposta na iniciativa quando faz a festa com dois ou três funcionários. Com o presidente em viagem pelas américas e o vereador do desporto, Pedro Brilhante, ocupado com o cargo da Jota e o congresso do PSD, tudo o que sobrou foi a presença do vereador Pedro Murtinho, e de Pedro Pimpão, no fato de deputado da nação.  

16 de fevereiro de 2018

PS

O PS (local) continua sem norte e sem liderança. Em assuntos fundamentais aprova no executivo; e reprova na AM. Há muito que deixou de ser um partido respeitado - levado a sério. Está condenado a disputar a liga dos últimos, para onde já foi atirado nas últimas eleições.
Os seus dirigentes andam (todos) muito empenhados nas eleições para a federação; sabem que aqui dificilmente terão futuro.
Valha-lhes a Nossa Senhora da Boa Morte.

15 de fevereiro de 2018

Manuel António sucede a Pedro Pimpão

Manuel António, ex-presidente da Junta Freguesia da Guia, de onde saiu por ter atingido o limite mandatos e manchado com acusações de má gestão pelos seus companheiros de partido, vai provavelmente assumir a presidência da concelhia do PSD.
Pedro Pimpão sai por ter atingido o limite de mandatos; mas cozinhou, com a mestria do chefe-escuteiro, uma sucessão de continuidade que lhe assegura futuro no partido.
José Gomes Fernandes, vice-presidente da concelhia, está fora da corrida: distanciou-se (ou foi distanciado) “dos jogos de interesses pessoais de velhacos ou dançarinos”, mas promete “assumir o papel de guerreiro habitual na próxima oportunidade”.

Os partidos precisam de alternativas e, até, de contestação interna, para que mediocridade não medre e as águas não se tornem insalubres.   

13 de fevereiro de 2018

O negócio mal explicado

A aquisição de terrenos e bens pela CMP reveste-se muitas vezes de contornos pouco rigorosos ou obscuros.
A aquisição de um terreno, com cerca de 100.000 m2, junto ao Parque Industrial Manuel da Mota, por cerca de 1.000.000 €, a uma empresa que o adquiriu/permutou(!) recentemente por cerca de 200.000 € cheira a esturro. Uma mais valia imediata de 400%(!!!), realizada com um terreno que só pode ser valorizado se for transacionado para actividade industrial, é, no mínimo, chocante.
A forma leviana e precipitada como a câmara instruiu a proposta, que levou à AM, adensou a nublosa, e deixou a oposição sem margem para a aprovar. Quem conhece as partes envolvidas no negócio, percebe bem a urgência do vendedor, mas não percebe a pressa do comprador. Em Pombal não escasseiam lotes industriais, escasseiam indústrias.
O debate foi duro, ríspido e denso; mostrou que a política local está quente (não é local para meninos(as) de coro); teve boas trocas de argumentos, muita retórica e ataques ao carácter; a bancada da maioria resguardou-se; a oposição (desgarrada) não capitalizou; resultou num empate técnico, esclarecedor sobre os contornos do negócio e sobre forma como se faz política por cá.
Na AM, a oposição (NMPM, PS e BE) rejeitou a proposta – foi aprovada com os votos do PSD e CDS. Mas na reunião do executivo, o PS aprovou a proposta e NMPH absteve-se.  
Com esta gritante descoordenação política, Diogo Mateus frita-os todos na frigideira do Salão Nobre.

Oh Diogo

A Patrícia Carvalho costuma passar despercebida pela AM. Na última resolveu intervir para elogiar o executivo.
Na resposta, Diogo Mateus lembrou-lhe que se limitou a cumprir a lei; e ficou a rir-se dela.
Este Diogo é mesmo ingrato. Não havia necessidade de gozar com a coisa - coitada da Patrícia.

12 de fevereiro de 2018

De besta a bestial...ou de bestial a besta



1. Um dos momentos mais marcantes da última Assembleia Municipal aconteceu quando o ex-presidente da Junta da Guia, Manuel António Santos, usou da palavra a primeira vez, no dia em que encarnou o papel de líder da bancada do PSD, à falta de João Coucelo. Estava eu a assistir em directo àquele episódio e imaginei que iria assistir a uma intervenção de fundo sobre a Educação no concelho. Afinal, Manuel António tem responsabilidades na direcção do Agrupamento de Escolas de Pombal, e um historial vasto nessa matéria. Mas não. Foi ali fazer a bajulação de Diogo Mateus e dos 100 dias da sua governação.  
É preciso recuar a 2014 para compreender o percurso de Manuel António, um trajecto em que passou de besta a bestial. Nesse que foi o ano de todos os reveses para o antigo autarca, viu-se obrigado a ir à AM explicar as contas da autarquia que acabara de deixar, por limitação de mandatos. Ao mesmo tempo, Diogo Mateus humilhava-o e ridicularizava-o naquele processo de constituição do conselho geral transitório do Agrupamento de Escolas de Pombal. Percebo hoje, com clareza, o que na altura não consegui ver: por vezes vale tudo para segurar um cargo. Assim se percebe que Manuel António tenha aguentado todas as investidas de Diogo Mateus (as queixas formais à Inspecção Geral da Educação foram só a face formal), e que tenha decidido começar fazer a vénia naquele momento em que aceitou integrar a comissão política concelhia do PSD, há dois anos. Isto depois de ter sido um dos que incentivou Narciso Mota ao regresso, atirando a pedra e escondendo a mão. Correu-lhe tudo bem, até agora, e foi já premiado com o lugar na fila da frente, na AM. 

2. Manuel António não falou sobre o ranking das escolas. Quem falou disso foi António Pires, que nesse 2014 era vereador da Educação, número 2 de Diogo Mateus, e que com ele fazia coro nas investidas contra Manuel António. Mas Pires fez o percurso ao contrário, passando de bestial a besta, como é bom de ver na forma como o presidente da Câmara o (des)trata. 
Sobre o ranking e sobre as figuras que o concelho faz nessa listagem, basta assistir a este vídeo. 
Quanto ao resto, a moral da história diz-nos que há sempre mais marés que marinheiros. 

O Farpas foi à assembleia

…Com a Virgínia Leitão a colocar as questões que urge clarificar sobre os investimentos que a câmara está a realizar nos Poios.
Diogo Mateus sentiu o toque, e a necessidade de (se) justificar…

Pelo meio das longas explicações percebeu-se que grande investimento para a área do turismo – a Ponte Suspensa sobre o Vale do Poio Novo - foi-se, morreu à nascença. A vereadora Ana Gonçalves já teve melhores dias, e algum poder…

11 de fevereiro de 2018

Ajudas deturpadas

Anteontem, na AM, Henrique Falcão insurgiu-se contra a deturpação que um pasquim da terra praticou ao titular: “oposição chumba orçamento de 38 M€”. Na verdade, o orçamento foi aprovado por maioria (grande).
A deturpação não foi inocente: o pasquim sabe bem o que fez: procurou, mais uma vez, ajudar uns, rebaixando outros (pensam eles). Neste caso, por falta de jeito congénita, fê-lo mal: exagerou na dose. Mas, por este caminho, a medalha de ouro está garantida.

PS: Não se percebe o agastamento de Henrique Falcão (ou do CDS): votou favoravelmente o orçamento; e não é oposição.

E o prémio 'o melhor disfarce' para... a Junta de Pombal

A foto (e respectiva legenda) foi gentilmente publicada pelo Pedro Pimpão

A Junta de Freguesia de Pombal anda disfarçada de comissão de festas cá da terra desde que este executivo tomou posse. Depois das corridas de rolamentos, das palestras de coaching, das portas abertas a familiares e amigos,disto e daquilo, este Carnaval Pedro Pimpão co-organizou o Baile dos Bombeiros, em parceria com a Associação de Estudantes da Escola Secundária de Pombal. Ora aí está uma ideia de mestre: se aquela lista da AE escapou à JSD por alguma razão...chama-se já a raparigada para organizar um bailarico. À falta dessa revelação nas autárquicas que foi o artista Graciano Ricardo, a Junta contribuiu com a teclista Vânia Marisa. Os media locais lá estavam a fazer número no juri, os jotas também, os escuteiros fizeram o seu papel, mas às vezes a inspiração para uma vida mágica não chega para alcançar o sucesso. 
Entretanto, ocupada com estas festividades, a Junta de Freguesia anunciou em edital colado à porta das escolas que nos próximos dias não há ATL, pelo que o grande desafio destas mini-férias de Carnaval é apelar à criatividade dos pais - sobretudo dos que trabalham e inscrevem os filhos no ATL por necessidade e não por divertimento. De certeza que a 'brigada da Junta' (como já é conhecido o quinteto) estará já a pensar na melhor maneira de explicar, com cautelas e caldos de galinha, toda a teoria da parentalidade positiva. Com a ajuda de uns cristais, na volta as crianças tomam conta de si, sozinhas.

Ajudem a presidente - parte 3

...e 4!


10 de fevereiro de 2018

Ajudem a presidente - parte 2

… A sair.
Dirigir uma AM não é o mesmo que dirigir uma reunião de turma.
Dirigir uma AM é muito mais do que dar e tirar a palavra.
A presidente da AM não sabe dirigir a AM - transforma qualquer acto que vá para lá do dar-e-tirar-a-palavra numa grande trapalhada. É o principal entrave ao funcionamento regular da AM. E nem instruída pelos membros da AM encarreira.
Ora vejam.



9 de fevereiro de 2018

Ajudem a presidente - parte 1

A narrativa da intervenção (do público) que era para ser feita, mas não foi; que foi destinada à acta, e retida depois; que consta da acta, mas não está lá; que a presidente quer fazer evaporar, mas não sabe como, o ponto que  fecha sem o ter aberto, e salta para o seguinte, sem cumprir o anterior.
Valha-nos a Nossa Senhora do Amparo.

8 de fevereiro de 2018

Pombalense distinto


O governo decidiu propor o almirante Silva Ribeiro, actual CEMA, para chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).
O almirante Silva Ribeiro é um distinto pombalense com uma brilhante carreira militar que soube conciliar com a carreira académica.


3 de fevereiro de 2018

Os guardiões do status quo

A comunicação social em Pombal está pouco interessada no debate político. Aliás, a comunicação social em Pombal está pouco interessada em tudo o que transcende os comunicados do Município, a actividade frenética de Pedro Pimpão e dos jogos da bola ao Domingo. O debate político é desconfortável, causa polémica, obriga à tomada de posição, não é inspirador nem mágico. 

No que diz respeito a jornalismo, as nossas rádios e jornais andam a brincar ao faz-de-conta. O amadorismo é grande e a vontade de assumir o papel de quarto poder é nula. Numa terra previsível, onde quase nada acontece fora da órbita Paços do Concelho, um jornalista empenhado tem obrigação de estar atento ao que de novo acontece, sobretudo quando isso corresponde a legítimas preocupações de muitos dos seus concidadãos. 

Não tenho a pretensão de considerar a actividade do Farpas como meritória. O facto é que, ao fim de dez anos, o blogue tem sabido sobreviver em terreno hostil. O debate que promovemos para discutir os investimentos anunciados pela Autarquia para os Poios, Redinha, foi muito participado e plural. Interessou aos partidos políticos, interessou às associações locais, interessou aos pombalenses que encheram o Café-Concerto. Só não interessou à nossa comunicação social. 

Não se pode, simultaneamente, bajular o poder e reivindicar o estatuto de jornalismo independente. A comunicação social em Pombal escolheu o seu caminho. O poder atribuí-lhe as respectivas medalhas de mérito.

2 de fevereiro de 2018

Síntese da intervenção inicial do GPS no debate

O GPS – GRUPO PROTECÇÃO SICÓ foi convidado pelo Farpas, por email, a participar num debate sobre: “(...) os projectos já anunciados pelo poder autárquico, nomeadamente a ponte suspensa. Gostaríamos de centrar a questão na pergunta: melhorar ou estragar?". Os promotores do debate também referiram: "temos todo interesse em contar com a vossa participação, assumindo o que é a vossa posição sobre as anunciadas obras.”

O GPS aceitou participar, enviando a seguinte resposta: “Desde já aceitem o nosso agradecimento pelo vosso convite encetado, inclusive sobre a escolha do tema em causa o que muito honra o GPS. Referente à posição expectável a defender do GPS, em qualquer debate, sobre a temática em questão, "ponte suspensa" a construir no(s) vale(s) do poio (novo e/ou velho) na freguesia da Redinha-Pombal, a mesma só poderá ser a de pugnar pelo seu indeferimento, ou seja, o GPS afirmará sempre publicamente o seu repúdio a tal intenção, descabida, desproporcional, disfuncional, e atentatória de paisagem protegida que encerram tais geomonumentos naturais. Neste âmbito, confirma-se que aceitamos o convite e que podem contar connosco para o debate.”

Mais ainda se informou, no decurso do debate, que o interveniente/orador e aqui ora infra signatário, ali se encontrava na representação do GPS na qualidade de Coordenador do Grupo de Trabalho de Denúncias de Atentados Ambientais e de Participação nas Discussões Públicas de Planos e de Projectos Públicos e Privados (AIA), e que, nesse sentido, passaria a ler o seguinte comunicado público, o qual em 23/01/2018, foi enviado a várias entidades com competências públicas materiais sobre a temática, e, tendo também sido elaborado com a colaboração do Doutor João Forte, referente ao projecto CIMU SICÓ/EXPLORE SICÓ localizado em Poios/Redinha – Município de Pombal para o que se solicitou a leitura/discussão no âmbito da próxima reunião do respectivo órgão a que preside (cada um dos destinatários), com o objectivo de serem tomadas todas as diligências havidas enquanto necessárias no cumprimento do conteúdo do que aí consta exigido e requerido:

COMUNICADO PÚBLICO

O GPS – GRUPO PROTECÇÃO SICÓ vem comunicar publicamente que:
– Exige às respectivas entidades públicas que tomem as diligências havidas como necessárias para procederem e executarem à demolição do 1º andar do edifício ainda em construção referente ao projecto do CIMU SICÓ/EXPLORE SICÓ (pelo menos do edifício do lado norte localizado junto à Rua Principal – a estrada que vai para a Capela da Senhora da Estrela), por este apresentar uma altura e dimensão muito exagerada e constituir um autêntico MONO na paisagem, totalmente desproporcional e descaracterizador da Paisagem Protegida de Interesse Municipal (omissa de classificação). Nesta paisagem de interesse municipal e regional, destacam-se a falésia da Senhora da Estrela, que constitui um geossítio (omisso de classificação) e que representa, conjuntamente com os geossítios do Vale do Poio Novo e do Vale do Poio Velho (omissos de classificação), uma área passível de classificação enquanto unidade de gestão única. Mais requer e exige que sejam tomadas as respectivas medidas para as imediatas e respectivas classificações supra mencionadas, através do Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de Julho, e, da Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro, por parte da(s) respectiva(s) autarquia(s) e demais entidades e, inerente elaboração a sujeitar à discussão pública dos respectivos Planos de Gestão.
– Exige a integração da população local no projecto, principalmente dos habitantes da localidade dos Poios e inclusive da Estrela Poiense – Associação Cultural e Recreativa.

Citando Gro Harlem Brundtland, “O ambiente é o local onde todos nós vivemos, e o desenvolvimento é aquilo que todos nós fazemos na tentativa de melhorar o nosso lote dentro desse meio”.

Hugo Silva Neves, pelo Grupo de Trabalho de Denúncias de Atentados Ambientais e de Participação nas Discussões Públicas de Planos e de Projectos Públicos e Privados (AIA) do GPS

1 de fevereiro de 2018

Olha que não! Olha que não, Renato

Nota prévia: O Farpas está agradecido ao Renato Guardado pela sua participação no debate sobre os investimentos que a câmara está a realizar nos Poios. Exercer a cidadania, debater a coisa pública com os cidadãos, deveria ser um dever de cidadania, nomeadamente por parte de quem exerce ou exerceu cargos políticos; mas, na ausência de políticos capazes de dar a cara pelo que fazem, transformou-se num favor, que creditamos com gosto. Mas convém lembrar que a participação no debate foi, também, ou acima de tudo, uma oportunidade, para, finalmente, o Renato Guardado, em seu nome, e em nome do poder que representa, informar e esclarecer os residentes nos Poios, na Redinha e em Pombal, sobre o que andam a fazer na serra com o nosso dinheiro. No entanto, a gratidão devida não o isenta ao contraditório, nomeadamente quando opina sobre os d` Casa, ou debita juízos inconsistentes sobre as temáticas em discussão.

Ouvindo as suas intervenções no debate e lendo o post, percebe-se que para o Renato Guardado “tornou-se evidente que a questão apresentada encerra em si uma forte carga negativa sobre o tema”. Não foi isso que achou a ampla plateia - os residentes nos Poios e na Redinha, a quem nunca ninguém passou cartão, informou ou deu explicações - e não é isso que a semântica da frase mostra: a questão é muito neutra; os tempos verbais, “valorizam” ou “estragam”, são antónimos, como seriam, também, os termos “beneficiam” ou “prejudicam” (numa linguagem mais técnica).
O Renato Guardado acusa-nos de procurarmos gerar “um certo alarmismo” e de “manifestação de um mero preconceito e uma tentativa de manipulação da opinião pública”. Discordo totalmente. Procurámos exactamente o contrário: o confronto aberto e livre de duas posições contrárias - a melhor forma de formar opinião -, ouvindo todos. Acho que o conseguimos, mas aceito opinião contrária… Por outro lado, não fomos alarmistas: não dissemos que o CIMU vai deslizar e arrasar a aldeia dos Poios ou que o rabisco da Ponte Suspensa no Vale do Poio vai cair em cima dos caminhantes.
No debate, tivemos mais o Renato Guardado político do que o arquitecto. Nada a opor; foi escolha sua, que respeito. Mas registo e realço que defendeu os investimentos com argumentos políticos pouco consistentes e até demagógicos. Quando afirma que tanto na localização, como no programa, e até mesmo sobre a arquitetura do edifício saliento que houve à época da conceção do projeto um consenso alargado entre os vários parceiros do mesmo” e, agora, se verifica que ninguém ou muito poucos (onde ele talvez se inclua) defende a localização, o programa (já abandonado, em boa parte, pela câmara; digo eu) e a arquitectura, podemos concluir o seguinte: o consenso era aparente, como acontece sempre com poderes autocráticos.
No que se refere à implantação do edifício, afirma o Renato Guardado, que apesar de “parecer não coincidir com o projetado, realço que essa impressão é gerada pelo facto de a obra não estar terminada e faltar fazer a reposição de terras no local”. As terras nas imediações não foram movimentadas; a estrada, única – no lado com maior impacto negativo - está no mesmo sítio. O Renato Guardado defende a subida da cota da estrada, vários metros, para enterrar o edifício? Com este argumento o Renato Guardado reage como o alfaiate que enfrenta o desgosto do cliente com a prova do fato: culpa o cliente por não caber no fato feito à sua medida, e aconselha-o a colocar uns enchumaços.
Relativamente à desvalorização do impacto do(s) empreendimento(s) na paisagem protegida, com base no argumento de que “o edifício é apenas uma ferramenta que virá facilitar a implementação” de uma “estratégia de intervenção no território, julgo ser difícil considerar que a mesma venha estragar a Serra do Sicó”, por respeito ao autor dispenso-me a classificá-lo.
Sobre o investimento da Ponte Suspensa sobre o Vale do Poio Novo, divulgado e programado pela câmara, Renato Guardado agarra-se a uma imagem simples e inócua, criada pelo Farpas, para ilustrar, na ausência de outra, a prevista ponte, para afiançar que “a imagem apresentada no debate é uma ilustração feita pelos “da casa Farpas”, com um propósito de orientar os leitores e os presentes para uma opinião negativa sobre a mesma. Formular esta imagem e esta opinião sem conhecer o verdadeiro projeto, considero ser a manifestação de um mero preconceito e uma tentativa de manipulação da opinião pública”. Demagogia pura. Depois contesta, sem razão, a divulgação, no debate, pelo outro orador, dos 420.000€ programados no Pano de Investimentos para a construção da referida ponte. Quem orçamenta 420.000 € para a construção de um equipamento num local problemático deve ter uma ideia clara do que pretende fazer, deve discuti-la com a comunidade, e ouvir. Convinha que tivessem aprendido alguma coisa com o desastre do CIMU-SICÓ.