Em vésperas da celebração do Dia do Município, ficámos a saber pelo Pombal Jornal* que a Câmara vai distinguir três figuras com medalha de Ouro. Muitos de nós somos do tempo em que a medalha de ouro constituía uma excepção, em si, precisamente para não se banalizar. E por isso nunca estranhámos os anos em que não foi entregue nenhuma desse grau. Mas agora que Pombal voa por cima da carne seca, como explicar às redes sociais (o que importa, afinal) que a maltosa da 'Comissão de Melhoramentos' não encontrou ninguém por aqui que tenha desempenhado feito suficiente para tal? Vai daí, ocorreu-lhes pendurar a medalha ao peito de três figuras que fazem a sua vida bem longe daqui. Mal podemos esperar pelas justificações de Pedro Pimpão & sua tropa para entender as razões.
Comecemos por Paulo Mota Pinto. Nos últimos anos desempenhou (bem, como era seu dever) o papel de presidente da Assembleia Municipal. Além de ser filho do malogrado Primeiro-Ministro Mota Pinto (cuja ligação a Pombal sempre foi sempre esbatida), e de ter feito essa paragem na AM, que razões encontramos para o medalhar? Depois, Isabel Damasceno. Tenho ainda mais dificuldade em compreender qual é o fundamento. Depois de perder a Câmara de Leiria, em 2009 (deixando o PSD local quase como o PS daqui, sem margem para voltar ao poder), tem administrado a CCDR Centro. Faz bem o seu trabalho? Ainda bem. É para isso que todos pagamos. A não ser que a ligação familiar (o marido é natural de Pombal) já sirva de justificação para as medalhas. Por fim, Ana Paula Duarte. Quem?! É natural que o leitor não saiba quem é. A actual reitora da Universidade da Beira Interior, na Covilhã (onde mora há décadas) nunca manteve qualquer ligação a Pombal que não fosse estritamente pessoal e familiar.
Uma pessoa olha para a lista dos galardoados (o jornal divulgou-a também) e não se espanta com nada. Mas não deixa de se espantar com a lata do poder: Nenhum dos três distinguidos a ouro mora em Pombal, nenhum escolheu esta terra para viver ou trabalhar, o que indicia bem o nosso nível de desfalecimento.
*o jornal tornou-se oficialmente o portal de informação autárquica. No dia em que o depauperado gabinete de comunicação remetia para mais tarde a divulgação do programa do 11 de Novembro, já ela se passeava em meia página de publicidade, ao detalhe, na edição. Ao lado, no editorial, um queixume a propósito de uma queixa sobre um alegado "artigo de opinião" do presidente-candidato-amigo Pimpão. Qualquer pessoa com dois dedos de testa conclui o óbvio: há coisas que não são ilegais, mas são imorais. Pensando bem, por que precisa o Pedro de um gabinete de comunicação? Não admira, por isso, que neste mandato tenha dispensado dois terços dos que o compunham.

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