13 de outubro de 2009

Dúvida existencial

Com a proibição futura dos animais em circos, quer isto dizer que também se vai proibir as touradas?

22 comentários:

  1. Já era tempo!
    Confesso-me radicalmente anti-touradas. Existindo, eu apoio sempre pelo toiro! ;)
    Acho que a proibição das touradas mostraria um avanço civilizacional. A tradição não justifica tudo. Na minha terra (Cavadas) havia a tradição, há coisa de 20/30 anos, de matar um galo à paulada. Ficava enterrado na terra só com a cabeça de fora, e homens de olhos vendados e grandes paus procuravam acertar-lhe na cabeça, por vezes esmagando-a. Era uma tradição, mas era bárbaro. Acabou-se com ela, e muito bem.
    Em alternativa, poderiam os aficcionados pensar em touradas sem espetar ferros nas costas do bicho, mantendo o que esse "espetáculo" (???) tem de "artístico": o cavalo/cavaleiro que "finta" o toiro, as pegas, o "troçar do bicho" fazendo-o passar sob o pano vermelho... tudo o mais, é barbárie.
    E atente-se que só concebo este "espetáculo" (nos moldes que referi) porque reconheço que os toiros de lide são animais muito bem tratados, até entrarem na arena. O que não se passa, em geral, com os animais de circo.

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  2. Oh Gabriel, a comer, dizes, estás ao nível de um pisco, com a diferença de que, como ele, também comes bichos. Isto porque és civilizado. Diz o camarada Rodrigues Marques que o narciso os elimina. Achas, desse ponto de vista, que os animais nos aviários, nas pocilgas e nos matadouros são tratados e mortos com dignidade. Não são. A única dignidade na morte dos bichos está na Lei da sobrevivência e porque servem para alimentar e preservar a espécie humana. No mais, só o respeito pelos "habitats" e pela sua liberdade natural é que lhes conferiria dignidade, a eles e a nós. Os cães, gatos e outros animais domésticos deveriam, pela mesma ordem de razões, retornar ao seu estatuto"reificando-se" como parte da natureza. Essa sim, uma atitude radical e sem quebras de argumentação lógica. No resto, devemos evitar que o degradar da condição animal nos avilte a nós, só isso.

    Comer cabidela, isso sim, é uma barbárie, com homens lambuzados de sangue que por vezes até escorre para a camisa. Enfim, um deboche, verdadeiramente, anti-natural. Então o arroz cozido e envolvido no sangue a ferver, é uma verdadeira atrocidade. Que belo fica o arroz nos campos verdes do Louriçal, nunca se devia ferve-lo, quanto mais para o comer. Bendito o touro investe, bendito o forcado que vence o medo e o enfrenta. Isto e o festival de cor gosto de ver, mesmo não sendo aficionado, respeito quem o é.

    Gabriel nem parece teu. Tu que tanto gostas de farpear. Existe um outro blogue de aficionados que também se chama Farpas, acho que deves ir lá mandar também umas farpas. Ou tu os convences a eles, ou eles te convencem a ti.
    Estou numa de “VEGAN” e de “RECOLECTOR”.

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  3. O que fariam áquela especie de Boi?
    Teria o mesmo destino do Burro, praticamente extinto na Peninsula?

    Soltar-se-ia nas nossas florestas, com as consequencias que uma especie introduzida num habitat que não está preparado para uma nova especie?

    Sendo o concelho de Pombal aquele que tem a praça de touros mais antiga de Portugal, se calhar esta posição deveria de ter sido assumida publicamente antes das eleições.

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  4. O espectáculo em torno das touradas sempre me fascinou, nomeadamente a música, a vibração, o brilho, o desafio. Porém repugno profundamente a essência da tourada, o momento em que as bandarilhas atingem o touro. Não sou susceptível, mas não considero uma luta justa, excepção da pega, em que touro e forcados estão em igualdade de circunstâncias.

    Gabriel, a tradição (felizmente extinta) da tua terra era completamente atroz, se visses o meu esgar de nojo apanhavas um susto de morte.

    Jorge, uma coisa é o animalzinho depois de morto e cozinhado, outra coisa completamente diferente é assistir à "matança" ou a actos de violência contra o animal. E falo com conhecimento de causa, porque a minha experiência no mundo rural permitiu-me ver e fazer muitas coisas, e obrigou-me a ter algum "sangue frio", apesar de interiormente sofrer muito por adorar animais e ser totalmente contra o seu sofrimento.
    Há uns tempos fiz uma experiência de vegetarianismo e comprovei a minha teoria de que não sou dependente de animais para me alimentar (apesar de ser extremamente doloroso resistir a uma cabidela) mas a sociedade e os hábitos das pessoas que me rodeiam tornam muito mais prático seguir um regime alimentar com inclusão de alimentos de origem animal.
    Ainda poderíamos entrar em outras questões, como por exemplo as experiências em animais. Sim ou Não? Há uns tempos publiquei a minha opinião sobre o assunto e que pode ser consultada em:
    http://olhar-real.blogspot.com/2009/06/experimentacao-em-animais.html

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  5. JA,

    A essência do problema a minha experiência rural é mesma que a sua, com alguns anos mais de vivência. Da Chã há Ranha de Baixo, pelo moleiro do Marco é o atravessar de um rio, mesmo a vau. Quando o talho e os supermercados estam distantes ou não existiam. Nunca matei, nem vi um camponês, como eu próprio sou, matar por prazer ou por acto gratuíto. Bem pelo contrário sempre vi ânsia e o sofrimento de os dar à morte. Como na poesia, ou até na vida, a morte pode ser um acto de amor. É essa a linha da diginidade. Na verdade, vejo mais respeito em quem os mata. Do que naqueles muito falam no sofrimento e na sua incapacidade de matar os animais, mas desperdiçam grande parte deles só aproveitando as partes mais tenras ou sem gordura. Forçando a que matem muito mais. Não matam, mas não dispensam as melhores peças.

    Aliás, causa-me alguma preocupação o facto dos touros não serem imediatamente mortos depois da lide. Não precisa de ser na Arena, para fugir a essa imagem de barbárie.
    Mais uma vez o digo e cito:

    "Saudações,
    Mesmo que jovens, não devemos hesitar em filosofar. E nem sequer na velhice devemos cansar-nos do exercício filosófico. Pois para ninguém é demasiado cedo nem demasiado tarde para purificação da alma. Aquele que diz que a hora de filosofar não chegou ou já passou, assemelha-se ao que afirma que a hora não chegou, ou já passou, para a felicidade.(..)" *

    Por isso, minha querida menina, não podendo vê-la, é sempre bom ouvi-la (lê-la).

    * In Carta Sobre a Felicidade, Epicuro

    Abraços

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  6. Amigo Jorge (oa meus amigos podem tratar-me na 2ª pessoa), não quis fazer qualquer comparação de experiências no meio rural, apenas quis dar a conhecer que eu, ao contrário de muitos dos jovens da minha idade, conheço bem a realidade de "criar e cultivar para comer".

    Um dia destes opto por colocar foto de perfil, assim sempre que eu comentar alguma coisa poderá ver-me.

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  7. Amigo e companheiro Jorge Ferreira, boa noite.
    Quando eu digo que o Engº Narciso Mota actua energicamente contra o bicho equivale a dizer que os extermina, que purga, que purifica.
    Agora eu. Faz bem ao ego.
    Sou nado e criado na aldeia rural de Albergaria dos Doze, já teve uma cultura industrial, e não sei o que é uma galinha, quanto mais matá-la e muito menos farpear um touro.
    Se o nosso querido Administrador prometer não apagar este comentário quero segredar-vos que eu, como muitos da minha idade, acompanhávamos os nossos pais às tradicionais Touradas de Abíul (por ocasião do BODO de Abíul, no primeiro fim-de-semana de Agosto) e, ao invés de assistirmos às touradas, entretínhamo-nos a passear por debaixo das bancadas para ver as pernas às mulheres.
    Felizmente, ontem como hoje.
    As bancadas eram tábuas e o sol era Sol e a sombra era a sombra do castanheiro.
    Se não fui claro, desculpem-me qualquer coisinha.
    Abraço.

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  8. Ó que país maravilhoso onde quase tudo já é proibido!
    Felizmente que também é um país de maravilhoso laxismo e aparece sempre alguém que nos ajuda a contornar a lei, se alguém tiver a veleidade de se lembrar dela.
    Eu gosto de canários e já criei em tempos alguns. Há cerca de 500 anos que esta ave se cria em cativeiro só uma das suas raças, a verde ainda se encontra, mas raramente, nas Ilhas Canárias e na Madeira. O que seria se um desses amigos dos animais viesse agora mandar que todos fossem libertados. Era um fartote para o papo da gataria! As touradas... que mal há em opor à força bruta de uma fera, criada exclusivamente para atacar (por isso se chama brava),a destreza e inteligência do Homem. Vistam uma jaqueta ponham-se à frente de 8 ou 9 companheiros e enfrentem um touro e depois digam se o combate é desleal.
    Saudações para todos

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  9. Quanto às touradas “touradas propriamente ditas” não me preocupo. Deixo isso para o Bloco de Esquerda e às suas incongruências de Rodeos.
    Temo é que se proíba a Democracia ou que a Democracia seja viciada em curros sombrios.
    E acho piada que se fale dos campos de arroz do Louriçal.
    Ai!, em alturas de seca o que não deve haver por aí tanto de gado a querer pastar por lá!...

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  10. Boa noite:
    Acho que o melhor e comer JA os faizoes "bravos"que la tenho nos Netos acompanhado de champagne.
    EA

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  11. Minha Querida JA,

    Compreenda, sou uma pessoa com alguma idade e conservadora. Não me atrevo à (sem h) intimidade da segunda pessoa porque isso pressupõe a existência de uma outra, o que seria promiscuidade e, para mim, a JA é única, bela e irrepetível.

    Sobre a fotografia, atrevo-me a seguir a sugestão do Senhor Sopas e cito José Gil: "(...)O horizonte dos possíveis encolheu terrivelmente. Mas não se dá por isso, porque o desejo de o alargar desapareceu. (...)"*
    Precisamente para que o desejo de alargar o horizonte não esvaneça, ponha a fotografia de parte. O que ganharia em a partilhar com o mundo, perderia o alargar de horizontes de quem se permite sonhar. Neste caso, prefiro cercear a minha generosidade na partilha e exacerbar o egoísmo próprio de quem gosta de sonhar e deseja alargar os horizontes.
    Por favor, a menima por ser linda, e eu, por ser horrívelmente feio, façamos um pacto. Nem um nem outro colocamos aqui fotografia. Assim, eu posso pensar que é horrivelmente feia, e a menina,pensar que eu sou explendorosamente bonito.
    * José Gil,Portugal Hoje, o medo de existir, pag. 41, Ed.Relógio d`água

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  12. Gabriel

    Já passei por um movimento anti-touradas, mas como convivo mal com radicalismos, optei por uma resistência passiva, à espera que, como outras coisas, espectáculos com base na crueldade de animais, passem de moda. Daí a proibi-los por decreto vai um imenso oceano. Aliás, a provocação vem mesmo porque acho que a actual lei sobre os circos é um mau exemplo. Prefiro legislação que proteja e responsabilize do que legislação que proiba (é sempre o caminho mais fácil).

    Dando de barato que a tourada é um elemento que faz parte da nossa cultura e tradição e sendo contra gastar dinheiro público com esses eventos, tenho que respeitar quem gosta assim como exijo que respeitem quem, como eu, não vê (em qualquer das modalidades) naquilo um espectáculo.

    O que me irrita é mesmo a falta de coerência e a atravacandice de prioridades do legislador. Isso e o facto de saber que a Lei dificilmente será para cumprir, mas isso dá mais uma dezena de posts.

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  13. Pois eu continuo na minha. Vejamos se sou um pouco mais claro, não por esperar converter os aficcionados, mas para que não me julguem um "radical do bloco de esquerda", que não sou nem de tal me aproximo.
    1 - Jorge, eu sei que os frangos de aviário não morrem com dignidade. Mas enfim, quem é que morre com dignidade? Lembras-te do "Abafador", do conto do Eça? Nem esse conferia dignidade à morte! Não me causa embaraço a dignidade ou falta dela, na morte do touro!
    2 - Não sou vegetariano, gosto de carne, de cabidela, de bife tártaro, e por vezes escorre-me sangue para a camisa. A pequena-grande diferença é que não há publico a aplaudir de pé (o que seria curioso, repare-se).
    3 - Não pretendo eliminar do mundo o sofrimento dos animais. Mas parece-me um passo importante deixar de fazer desse sofrimento um espetáculo.
    4 - Como disse atrás, nada contra o espetáculo: muito há para tourear, sem os ferros. Seria um progresso!

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  14. Olha, fico-me por aqui (e bem):

    Não pretendo eliminar do mundo o sofrimento dos animais. Mas parece-me um passo importante deixar de fazer desse sofrimento um espetáculo.

    E isso conseguia-se com um lei com pés e cabeça. Mas isso, como também (e muito bem) disseste: muito há para tourear, sem os ferros. Seria um progresso!

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  15. Caro Ernesto Andrade, estava mais inclinada para a cabidela, acompanhada com um bom vinho tinto (pouquinho). De preferência com a presença do camarada gabriel Oliveira, para poder efectivar o seu desejo de ser apludido quando deixar escorrer sangue pela camisa (para estar tão à vontade não deve ser ele a lavá-la).

    Caro Jorge Ferreira, confesso que não gosto muito de fotografias nem de me expôr excessivamente, tenho lutado para controlar esta timidez.
    Felizmente já tive oportunidade de o conhecer pessoalmente, e nesse dia eu usava lentes de contacto, que acabei por tirar e colocar os óculos, e não me pareceu horrivelmente feio...apesar de eu não estar a avaliar a beleza das pessoas.Para mim é fundamental que, feias ou bonitas, se sintam bem com o seu aspecto.

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  16. Boa tarde!
    O mais importante é a beleza interior.
    Tanto a JA como o Sr. Jorge satisfazem esta condição.
    O Sr. Jorge, tal como os seus irmãos que já partilharam comigo momentos agradáveis, deve ser uma excelente pessoa e culta. A JA é uma menina jovem como uma beleza interior extraordinária e também culta, não seja tão modesta.

    Com tantos elogios de parte a parte começo a ficar ansioso por um encontro do farpas para poder partilhar alguns princípios de vivência e troca de ideias.

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  17. Amigo DBOSS, não comentava há tanto tempo e logo regressa para me elogiar. Não é modéstia quando digo que exageram nos comentários em relação a mim enquanto pessoa, é isso noção da realidade e de tudo o que ainda posso aprender a cada minuto que passa.
    Quando puder farei uma visita, não é o mesmo que um encontro farpas, mas já dá para trocar algumas ideias.

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  18. JA,

    Obrigado por não me achar horrivelmente feio.

    Tá bem, horrivelmente, talvez não. O feio, simplesmente, fica-me bem.

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  19. Proibir as touradas... Deviam proibir era as eleições!... Já não há respeito nenhum nesta p*ta desta terra...

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  20. Caro Sopas, assim é que é, como o povo vota sempre de olhos fechados, o dinheiro gasto nas eleições era gasto em porcos no espeto e tintol do bom e assim o povo apanhava um pifo monumental com o dinheiro dos impostos Municipais.

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  21. Caro Jorge Ferreira, eu não respondo a isso através do farpas, porque creio não ser o local ideal para fazer observações pessoais.

    Caro Sopas, para quem fez uma viagem tão longa propositadamente para exercer o direito/dever de votar é natural que te sintas deprimido por as coisas não terem corrido segundo a tua vontade...mas já és grandinho para perceber que quando os resultados não são positivos há que acreditar ou lutar por melhores resultados nas próximas eleições.
    Mas sim, proibir as eleições...e depois expliquem-me o porquê de tanta luta pela liberdade!

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