28 de fevereiro de 2024

Uma tourada em Abiul

 



A ideia peregrina de levar as reuniões magnas da Câmara- e agora da Assembleia Municipal -  para as freguesias, conheceu ontem novo capítulo, em Abiul. Ora, como está bem de ver, eram resmas de cidadãos daquela freguesia a assistir à reunião...o que diz muito da eficácia desta falaciosa iniciativa. Valeu a clarividência da presidente da Junta de Pombal, Carla Longo, que logo ao início deu a nota importante: isto é tudo muito bonito mas não há condições. Condições de trabalho. É claro que só quem trabalha consegue compreender a falta que faz uma mesa de apoio para consultar documentos, em papel ou no computador. Quem olha para a atividade política e para o exercício das funções públicas como um roteiro de vaidades, uma forma de passar o tempo e ainda ser pago por isso, nem sequer se lembra desses "pormenores". No melhor dos casos, a coisa serve para acicatar as vontades de outros presidentes da junta, como se viu bem intervenção de Gonçalo Ramos, que, pois claro, também queria um auditório. 

O mandato vai a mais de meio e já não tenho grande esperança que Paulo Mota Pinto consiga passar ao resto da sua tropa do partido algumas noções básicas de como saber estar. Ontem, em Abiul, mais uma vez Pedro Pimpão deu mostras de quem dignifica muito pouco o lugar de presidente da Câmara, num chorrilhos de à partes, bocas e risadas que lhe podiam ficar bem quando era um jota em ascensão, mas lhe ficam mal, tendo em conta o cargo que ocupa. Foi várias vezes advertido pelo presidente da AM, mas estou em crer que o que não tem remédio remediado está. 

Como isto é dos Pimpões, o auditório voltou a estar por conta do irmão João, que se permitia falar da sala, falar do corredor, falar como e quando lhe apetece.

Toda este quadro que está a acontecer tem o condão de desprestigiar o órgão AM, que todos prometaram dignificar, em juramento solene, pelas funções que lhe são confiadas. Vem-me à memória o que me disse há muitos anos o já falecido Pimpão dos Santos, na primeira reunião da Assembleia a que me mandou assistir: "é o órgão mais importante do município". E era.

Em resumo, quando perguntei sobre como tinha corrido a sessão que só hoje espreitei, aqui, a resposta não podia ser mais clara: 

- uma tourada!

5 comentários:

  1. Trabalhar numa AM nestas condições, um auditório, é simplesmente deprimente para o órgão. Não faz nenhum sentido. O Presidente Narciso fazia os roteiros pelas Freguesias e isso sim fazia sentido, agora órgãos políticos a trabalhar nestas condições é desprestigiar a Instituição. É mais uma acção #festasebolos para o povo ver. Não faço questão de voltar a pertencer á AM, mas recusava-me a participar neste Carnaval.

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  2. Não se pode dizer que a sessão correu mal, nem afirmar cobras e lagartos de uma iniciativa diferente, como são todas aquelas que fogem ao figurino habitual.
    Numa sociedade em que a palavra de ordem é inovar sempre, há que arriscar e avaliar depois se vale a pena continuar e em que moldes.
    Claro que a associação do acto à tradição taurina de Abiul era de esperar e a sua falta neste comentário uma falha de lesa freguesia.
    Apesar das piores condições de trabalho e da crónica falta de público podemos afirmar que a “tourada” não correu pior nem melhor do que o habitual, havendo “faenas” e “pegas de caras” tradicionais, ainda inabituais ”pegas de cernelha” e onde não faltaram também os melhores “peões de brega” e tudo muito bem conduzido pelo “diretor” que não permitiu que alguns forcados mais afoitos perturbassem o regular desenrolar do evento, onde também não faltou o “médico” na direção, apenas não era veterinário e a corneteira também que se esqueceu do instrumento.
    Também podemos retirar que o “maioral” esteve à altura das lides, bem acompanhado “pelos seus valerosos “campinos” e "contra campinos", não deixando nenhum dos participantes sem esclarecimento ou informação apropriada.
    Enfim, um evento bem conseguido , dentro das condicionantes próprias das experiências inovadoras, onde há que felicitar com muito destaque a hospitalidade e carinho da anfitriã, Sandra Barros, que soube acolher os participantes, numas instalações ímpares de uma freguesia que temos de agradecer à tenacidade do seu autor, António Carrasqueira.
    Mesmo em modo taurino podemos sempre comentar e felicitar tanto os promotores como os participantes que cumpriram mais uma vez a sua obrigação, naquele ambiente democrático que permite as críticas, as ironias e um são convívio entre todos.
    Aguardemos pelos próximo capítulos.

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    1. É sorrir e acenar, Manuel Serra. Desafio-o a revisitar a sessão, em vídeo, tentando ver a floresta e não apenas a árvore. O que vai ver é folclore de mau gosto, a avaliar pelas caras de enfado dos figurantes.

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    2. Manuel Serra, o Sr. que já foi o Conde do Oeste anda mesmo em baixo de forma, ao ponto de achar que aquela coisa é uma Assembleia Municipal digna. A dignidade do órgão que é a Assembleia Municipal não deverá nunca ser deslocada do seu espaço nobre. Narciso Mota fazia umas jornadas de trabalho com dignidade: A visita ás freguesias com os Vereadores, Técnicos e Autarcas. Isso sim. Ainda hoje falei deste assunto com o meu Presidente de Junta ( José Manuel Marques) e disse-lhe que não voltarei a pertencer à AM de Pombal, mas se tivesse isto acontecido quando estava nesse órgão, simplesmente faltava.

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  3. Paula, folclore de mau gosto encerra na frase uma sensibilidade e classificação pessoal geral que não pode ser contestada.
    Uma sessão política, numa altura de maior degladiação em virtude das eleições, é compreensível.
    Não me parece que esta sessão tenha sido muito diferente das anteriores.
    Mas é sempre bom ir comentando pois desperta o interesse e promove a partilha e discussão destas importantes sessões autárquicas. 🌹

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