29 de novembro de 2025

Montenegro coloca Pimpão na ANMP

Corre pelo espaço midiático que o doutor Pimpão vai para presidente da Associação Nacional de Municípios (ANMP). Seria uma benção para Pombal se ele fosse mesmo. Mas não vai; ou melhor dito: vai e fica. 

A notícia – do nosso conhecimento há muito tempo - foi metida a correr com um intuito claro: fazer crer aos papalvos que há mérito na coisa, na designação e no designado. Mas é exactamente ao contrário… A escolha - de Luís Montenegro, não dos autarcas - tem todo o racional: se é para não fazer nada, nem sequer lobbying/pressão junto do governo, quem melhor que doutor Pimpão?



Isto é o regime no seu melhor. Um regime que se desenvolveu da forma que se conhece, através da multiplicação de cargos e mordomias pelos próprios protagonistas políticos, para seu prórpio benefício. O método segue inevitavelmente a mesma lógica: há um cargo (por exemplo, presidente de câmara), desempenhado por vários titulares; se há vários titulares pode-se criar uma associação que os represente, os auto-promova e faça lobbying em seu benefício. As coisas funcionam sempre assim, e neste caso em concreto (ANMP) ficaram-me claras, há muito tempo, quando dava os primeiros passos na política local, e um(a) então influente figura do PSD local me explicou para que servia a ANMP. Numa das muitas conversas sobre política, expunha-lhe o meu espanto pela rápida transformação política e pessoal do recente presidente da câmara Narciso Mota, que de criatura politicamente imberbe, naif até,  rapidamente se transformara num cacique controlador de tudo e de todos. Explicou-me ele(a), então, que tudo se devia à “escola” de dirigismo/caciquismo que era a ANMP, onde as reuniões serviam essencialmente para os presidentes de câmara conviverem e partilharem as dificuldades/objecções que os adversários e forças vivas locais lhes colocavam, que os mais rodados e astutos já tinham vivido e, com gozo, partilhavam com os novatos os estratagemas que, se fossem aplicados com eficácia (pulso), anulariam os opositores e os meios de fazer oposição. 

O doutor Pimpão vai com o mandato de não fazer nada, até porque é o que mais gosta de fazer, mas a ANMP continuará a cumprir o seu secreto desígnio.

27 de novembro de 2025

Sobre a reunião da “junta”

A nova “junta” - agora mais no formato e no espírito de comissão de festas e melhoramentos - reuniu hoje com o novo elenco. Aos iniciais juntou-se, para completar o esfrangalhado elenco, o vereador não-eleito: doutor Coelho. 



A agenda listava os habituais assuntos correntes da actividade camarária. Mas tanto no período-antes-da-ordem-do-dia como nos da ordem-do-dia a reunião decorreu com grande informalidade e cordialidade, com os assuntos da agenda a serem tratados com o habitual simplismo e falta de rigor pelo executivo e alguma parcimónia pela dita oposição. 

O vereador não-eleito foi o mais interventivo. Consta (e ele também assim crê) que pode participar, falar e fazer política à-vontade! Fala bem, pausadamente, e com alguma propriedade nos assuntos tratados e não-tratados, no tom meloso e escandido que os burgueses gostam de ostentar, mas isso não chega...

O Conde do Oeste representou-se bem - esteve, como é da sua natureza, cordial e indulgente.

Os restantes membros da "junta" – a doutora Marto, o mestre-escola Marco, a nossa familiar menina-JA (Carol para os amigos) e a enfermeira Patrícia marcaram presença.

22 de novembro de 2025

Pombal e o Poder de Compra dos pombalenses

O Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, referente a 2023, recentemente publicado pelo INE, disponibiliza três indicadores de síntese que traduzem o poder de compra manifestado em cada região e por concelho. O Indicador per Capita do poder de compra (IpC) é o mais relevante porque traduz o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, tendo por referência o valor nacional.

Para nós, interessa-nos perceber como se comportou o nosso Pombal, no último ano e no último quadriénio, em termos absolutos e comparativamente aos concelhos da sua região. A Região de Leiria (NUTS III) obteve um IpC (92,73) abaixo da média nacional, com Leiria (103,52) a superar a média nacional. Os restantes concelhos ficaram abaixo da média nacional; mas Pombal, com IpC de 84,18, ficou não só abaixo da média nacional como bem abaixo da média da sua região (92,73). E mais preocupante que o baixo valor de IpC é o fraco ritmo de aproximação do concelho aos valores médios. No último quadriénio, Pombal cresceu unicamente 1,46 pp, ao rimo de 0,37 pp/ano. Decididamente os números confirmam aquilo que já sabíamos há muito: as festarolas e a diversão podem distrair momentaneamente, mas não trazem riqueza e bem-estar.  

Mas interessa igualmente dar nota do crescimento significativo dos concelhos de Figueiró dos Vinhos (6,39 pp), Alvaiázere (5,81 pp), Castanheira de Pêra (4,93 pp) e Ansião (3,90 pp) no último quadriénio; e Ourém, um concelho vizinho e já meio do interior, com IpC de 87,63, afastou-se definitivamente de Pombal. 

Siga a festa.



NR: As descidas dos valores da Marinha Grande devem estar associadas a uma causa especial, provavelmente metodológica, que não consegui apurar.

20 de novembro de 2025

Ao PSD não basta ganhar e esmagar. Precisa de brincar na lama


 


Mal se soube que o lugar de vereador do PS na Câmara de Pombal iria ser ocupado por João Coelho, o PSD não perdeu tempo a pôr as unhas de fora. Ontem à noite disparou um comunicado vil, completamente desmedido, travestido de nota à imprensa. Diz o PSD que "lamenta que o PS Pombal tenha enganado os pombalenses" e que "a renúncia de Fernando Matos demonstra estratégia socialista premeditada". Quanto à primeira, já lá vamos. Quanto à segunda, era bom, era. Significava que no PS Pombal havia estratégia. 

Lendo atentamente o laudo timbrado pelo PSD, percebe-se bem o desconforto: que bom seria se ali continuasse para todo o sempre doutora Odete, mas não podendo ser, que fosse o doutor Fernando Matos, "o meu amigo Fernando Matos" - como a ele se referiu nos debates o todo-poderoso Pedro Pimpão. Ora, quer dizer que isto de o PS só ter um vereador foi uma grande vitória, mas isto de ter João Coelho ali a incomodar é uma chatice. E sim, até poderia ter sido premeditado, mas estou em crer que Coelho só não foi candidato porque não quis. É passível de crítica? É. Pode o PSD vir dizer que foi premeditado? Não. 

Ora vamos então fazer um exercício de memória, coisa que - já se percebeu - rareia no PSD local. Poderíamos começar pelo topo, quando essa reserva moral do partido que é Durão Barroso decidiu dar de frosques do lugar de maior responsabilidade - o de Primeiro Ministro - para a Comissão Europeia. Bem sei que nessa altura o presidente da concelhia do PSD, João Antunes dos Santos, à época adolescente, o mais alto que via era a presidência da associação de estudantes da Secundária de Pombal. Mas aconteceu, e isso sim, foi enganar os portugueses, colocando Santana Lopes no poder. Mas vamos descer na hierarquia do país, para ser mais fácil: 2009, Leiria. A medalhada deste ano no 11 de Novembro, Isabel Damasceno, agora intocável presidente da CCDR, perdeu as eleições para a Câmara de Leiria, quando se preparava para um terceiro mandato. Renunciou ao mandato do PSD, deixando o partido tão esfrangalhado em Leiria como o PS em Pombal desde 1993. Claro que dessas autárquicas que colocaram o PSD neste pedestal em que hoje senta, JAS não tem memória. Ainda não era nascido. Mas fazemos o obséquio de lhe contar: nesse ano em que veio ao mundo, muita coisa aconteceu. Por exemplo, o executivo com que Narciso Mota ganhou a Armindo Carolino, foi logo estraçalhado nos primeiros meses, quando a promessa do vereador para as Finanças da Câmara, César Correia, bateu com a porta e renunciou ao mandato. Mas outros se haveriam de seguir (o próprio João Coucelo, agora essa espécie de senador do PSD que até sabe de cor a letra dos Vampiros), ao longo do reinado de 20 anos. Quem havia de dizer que o PSD local chegaria a este estado de dar tiros nos próprios pés, armando-se em arauto da moral, fazendo letra morta da lei - que prevê isso tudo, no universo das suspensões e renúncias, num impulso infantil.

Por fim, vamos descer à terra de de Joãozinho, Vila Cã. Há dois mandatos consecutivos que a população elege um presidente da junta que passa a maior parte do tempo ausente. Conta-se pelos dedos da mão (e sobram) as assembleias municipais em que se foi ele próprio, ao invés de se fazer representar pela substituta.

Pensando bem, percebe-se que pelo menos há estratégia. O PSD atirou ontem ao inofensivo PS porque era preciso anular um outro escrito: a carta aberta do movimento Pombal Independentes à presidente dos Bombeiros, Ana Cabral, que é também secretária da AM. O episódio (que deveria ter vindo a público logo na hora, durante a campanha, até para se perceber que, dos 9 membros da direcção, 6 iam nas listas do PSD em lugares de destaque) mostra bem como o PSD controla, à descarada, as associações e instituições do concelho. De resto, o dia terminou em cheio, com a eleição da mais nova das irmãs Longo para a presidência da Associação de Pais da escola Gualdim Pais. Ah, também lá está o comandante dos bombeiros. 


14 de novembro de 2025

Sobre a primeira sessão da nova AM

A agenda remetia unicamente para formalidades destituídas de qualquer conteúdo ou relevância política: eleição dos representantes da AM numa dezena de instituições, onde nunca fazem nada nem dão conta (à assembleia) do nada que lá fazem. A política transformou-se nisto, formalidades e rituais destituídos de valor.

Mas adiante, que alguns episódios ocorridos são reveladores do que aí vem: impreparação, desiquilíbrios de vária ordem, pedantice e ordinarice aguda (brejeira).

Ora vejam…

A breve vida do doutor como vereador




A comissão política concelhia do PS emitiu ontem um comunicado em que dá conta da renúncia de Fernando Matos ao cargo de vereador. Por ironia, o comunicado está datado de 13 de Outubro, um lapsus calami a fazer sentido, por se tratar do dia seguinte às eleições. 
Na verdade, o médico Fernando Matos foi (ao contrário que aqui escrevi, e do que parecia) o maior erro de casting da história do PS local. Percebeu-se, desde cedo, que não tinha qualquer apetência - tão pouco jeito - para a política. O que até hoje me interroga, qual quarto segredo de Fátima, é isto: porque é que este homem aceitou candidatar-se?
Quando esta semana faltou à cerimónia do Dia do Município, depois de ter abandonado a cerimónia da tomada de posse, a meio, senti vergonha alheia. Por ele, pelo partido, pelos mais de 3.500 eleitores que votaram nele. 
Ao contrário do que pensam e dizem alguns socialistas da praça, não me parece que a renúncia de Fernando Matos fragilize o partido. Acredito mesmo que pode ser a tábua de salvação, nomeadamente se o lugar for ocupado pela promessa de João Coelho. 

12 de novembro de 2025

Almoço e festa, paga o pagode

Ontem, o doutor Pimpão ofereceu grande almoço e festa aos funcionários da câmara e equiparados, aos políticos e às outras figuras do ramalhete, e às respectivas famílias. No mês que vem, repete a façanha… 



Estes desmandos, obscenos, praticados com o nosso dinheiro sem o nosso consentimento, ascendem a muitas dezenas de milhares de euros - porventura centena! 

Isto já não é só a fanfarronice das festas e bolos; isto é gozar com o pagode, com o que é nosso e deveria ser usado para o que é essencial e justo. 

E o que faz a dita oposição? Enche a mula e cala-se.


10 de novembro de 2025

Dia do Município: O regresso dos que nunca foram




 


Em vésperas da celebração do Dia do Município, ficámos a saber pelo Pombal Jornal* que a Câmara vai distinguir três figuras com medalha de Ouro. Muitos de nós somos do tempo em que a medalha de ouro constituía uma excepção, em si, precisamente para não se banalizar. E por isso nunca estranhámos os anos em que não foi entregue nenhuma desse grau. Mas agora que Pombal voa por cima da carne seca, como explicar às redes sociais (o que importa, afinal) que a maltosa da 'Comissão de Melhoramentos' não encontrou ninguém por aqui que tenha desempenhado feito suficiente para tal? Vai daí, ocorreu-lhes pendurar a medalha ao peito de três figuras que fazem a sua vida bem longe daqui. Mal podemos esperar pelas justificações de Pedro Pimpão & sua tropa para entender as razões. 

Comecemos por Paulo Mota Pinto. Nos últimos anos desempenhou (bem, como era seu dever) o papel de presidente da Assembleia Municipal. Além de ser filho do malogrado Primeiro-Ministro Mota Pinto (cuja ligação a Pombal sempre foi sempre esbatida), e de ter feito essa paragem na AM, que razões encontramos para o medalhar? Depois, Isabel Damasceno. Tenho ainda mais dificuldade em compreender qual é o fundamento. Depois de perder a Câmara de Leiria, em 2009 (deixando o PSD local quase como o PS daqui, sem margem para voltar ao poder), tem administrado a CCDR Centro. Faz bem o seu trabalho? Ainda bem. É para isso que todos pagamos. A não ser que a ligação familiar (o marido é natural de Pombal) já sirva de justificação para as medalhas. Por fim, Ana Paula Duarte. Quem?! É natural que o leitor não saiba quem é. A actual reitora da Universidade da Beira Interior, na Covilhã (onde mora há décadas) nunca manteve qualquer ligação a Pombal que não fosse estritamente pessoal e familiar.

Uma pessoa olha para a lista dos galardoados (o jornal divulgou-a também) e não se espanta com nada. Mas não deixa de se espantar com a lata do poder: Nenhum dos três distinguidos a ouro mora em Pombal, nenhum escolheu esta terra para viver ou trabalhar, o que indicia bem o nosso nível de desfalecimento. 

*o jornal tornou-se oficialmente o portal de informação autárquica. No dia em que o depauperado gabinete de comunicação remetia para mais tarde a divulgação do programa do 11 de Novembro, já ela se passeava em meia página de publicidade, ao detalhe, na edição. Ao lado, no editorial, um queixume a propósito de uma queixa sobre um alegado "artigo de opinião" do presidente-candidato-amigo Pimpão. Qualquer pessoa com dois dedos de testa conclui o óbvio: há coisas que não são ilegais, mas são imorais. Pensando bem, por que precisa o Pedro de um gabinete de comunicação? Não admira, por isso, que neste mandato tenha dispensado dois terços dos que o compunham. 


5 de novembro de 2025

Distribuição de tarefas na 'Comissão de Melhoramentos'

Esta manhã reuniu pela primeira vez a Comissão de Melhoramentos - sucedânea da 'junta' - sem grandes novidades. A craveira de cada um dos titulares já deixava adivinhar que tanto fazia Pedro como Paulo à frente das obras ou das licenças, mas vale a pena partilharmos como os nossos leitores o essencial desta salganhada. Há, neste elenco, uma super-vereadora identificada, uma velha conhecida do Farpas; Ana Carolina Jesus assume então o pelouro das Obras Particulares e Fiscalização Municipal, do Urbanismo e Habitação, mas também a Gestão, Administração e Financiamento, Recursos Humanos e Gestão Organizacional, Freguesias, Associativismo e Cidadania, Proteção Civil e Segurança, e ainda uma competência antiga em que terá adquirido experiência nos últimos anos: Gestão de Cemitérios.

Isabel Marto, a única que transitou do executivo anterior, prepara-se para um mandato mais levezinho: Ambiente e Ecologia, Inovação e Empreendedorismo, Águas e Saneamento Básico,Transportes e Mobilidade,Smart Cities e Transição Digital, e ainda Património e Equipamentos Públicos.

A enfermeira Patrícia Rolo assume, claro, o pelouro da Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento Ativo. Calhou-lhe também o Turismo e Promoção Territorial; Desenvolvimento Rural, Agricultura e Florestas, Espaços Verdes e Jardins, Proteção e Bem-estar Animal. E por último, dois inusitados pelouros: a Cultura (um workshop no TAP vale sempre alguma coisa) e outro novo - Rede Social, Interculturalidade e Inclusão. Recuperando as intervenções que teve, ao tempo da assembleia de freguesia do Oeste, a propósito dos imigrantes que viriam trabalhar para a Lusiaves...a coisa promete.

Por último, Marco Ferreira. Sem surpresas, Pimpão entregou (finalmente e oficialmente) ao ex-companheiro da bola o Desporto e Juventude; Educação e Formação Profissional; Ensino Superior, Ciência e Conhecimento (por via das dúvidas, se vier o Politécnico, o desaire terá um rosto); Rede Viária e Conservação do Espaço Público; Mercados e Feiras; Comércio Tradicional; Defesa do Consumidor e Direitos dos Munícipes. Eu voto na contratação do Caló como adjunto. 

E Pimpão, tem pelouros? Tem. Planeamento Estratégico e Desenvolvimento Territorial; Economia, Atração de Investimento e Empreendedorismo; Obras Públicas; Assuntos Jurídicos, Transparência e Integridade; Felicidade e Desenvolvimento Sustentável (what else?), e por últimos, duas escolhas que lhe assentam que nem uma luva: Comunicação, Protocolo e Relações Externas. E Diáspora e Internacionalização. Que se é para voar, que seja daqui para fora. 

Nota de rodapé: Manuel Serra (CH) e Fernando Matos (PS)

*fotografia publicada pelo Pombal Jornal





Sobre a triste realidade do ps local

Os partidos políticos não são – não podem ser - seitas ou associações mais ou menos secretas fechadas sobre si e imbuídas nos seus interesses mais ou menos legítimos; são – ou foram – um alicerce do regime democrático, com obrigações de transparência e prestação de contas aos seus militantes, simpatizantes, eleitores e cidadãos em geral.



Fui ao plenário do ps local com duas simples e óbvias curiosidades: que balanço se faria do processo e dos resultados eleitorais? Que consequências políticas seriam retiradas pelos responsáveis pelo sucedido? Conclusão (minha): tudo na mesma, como a lesma. Aqui o grande problema já não é a doença do doente, mas o doente da doença.

Logo de início, aquele que está e que tratam por presidente da concelhia esclareceu os pouquíssimos presentes (onde não marcou presença a maioria dos supostos dirigentes, ninguém do ps1 ou dos não-alinhados) que os responsáveis pelo sucedido não renunciariam ao mandato (não tomariam a única decisão óbvia, face ao desastre eleitoral - com o obrigatório pedido de desculpa aos militantes, acrescento eu). Perdeu-se totalmente o sentido do decoro, mas anacronicamente talvez seja a decisão apropriada para aquela enfermidade fatal, talvez seja preferível não tratar/amputar a gangrena, porque, na verdade, o que não tem remédio remediado está. 

Depois veio a avaliação dos resultados e as suas causas. E aqui saúda-se a grande diversidade de opiniões sobre os resultados (coisa rara e muito mal vista naquela casa) que ficaram “aquém do esperado”, para uns; foram “bons, pelo desempenho dos dirigentes e candidatos”, para outros; e, pasme-se, “muito bons, atendendo ao contexto”, para alguns. Sobre as causas e as explicações não vale a pena dar grandes notas - senti alguma náusea, mas resisti estoicamente em silêncio àquilo tudo.

Estamos perante criaturas que rebolam descontroladamente por um desfiladeiro, sem se darem conta das forças que as movem. Deixai-os ir que vão por Deus. 

1 de novembro de 2025

Sobre a rísivel política pombalense

Ontem assisti de enfiada a dois ajuntamentos políticos: tomada de posse dos titulares dos órgãos municipais e plenário de militantes do partido socialista. Às vezes fazemos coisas por fazer - por mera curiosidade ou pela simples necessidade de ocupar o tempo. Do primeiro evento ainda vieram dois croquetes e um copo de espumante mole; do segundo só náusea*. As coisas são o que aparentam. E o nada é uma existência como outra qualquer. 


A pompa colocada pelos figurões locais na instalação dos órgãos municipais já ultrapassa em muito a da tomada de posse dos órgãos da República. Mas isto vai em crescendo. E não se admirem que a próxima seja na Expocentro com festa rija, antes e depois. O paroquialismo tem destas coisas - enche de artificialidade a vacuidade reinante.

O doutor Pimpão recitou um belo sermão, onde prometeu “trabalho” (os convidados e o público presente comportaram-se com muita dignidade, não se riram), humildade e esperança. Quem não tem nada para oferecer faz bem prometer esperança – o mais “belo” e mais triste sentimento cristão. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

E o doutor Coucelo (presidente da AM) ainda teve tempo para cometer uma “gaffe” imperdoável em figura tão experiente na matéria: na eleição de listas, nomeadamente quando há lista única (o habitual por aqui) não há “votos a favor”, “votos contra” e “abstenção”. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

• NR: sobre o plenário do partido socialista talvez diga mais alguma coisa…