25 de abril de 2009

O meu 25 Abril

Há 35 anos estava internado num colégio com cerca de mil alunos que era o modelo do sistema de ensino desse tempo, profundamente repressivo, com recuso sistemático ao castigo e à agressão física. Nesse colégio não existiam alunos de classes pobres (sendo eu uma das poucas excepções) porque as mensalidades eram muito caras, mas as taxas de reprovação, logo nos primeiros anos do Liceu, eram superiores a 50%.
Há 35 anos havia a guerra e nós tínhamos medo dela.
Há 35 anos as pessoas davam o salto para a França para escaparem à miséria e/ou à guerra.
Há 35 anos a PIDE estava por todo o lado e também no meu colégio.
Há 35 anos o padre da minha freguesia punha e tirava pessoas da prisão.
Há 35 anos a minha aldeia não tinha água e luz, nem estrada transitável por viaturas.
Há 35 anos os capitães e militares de Abril desencadearam e concretizam um dos feitos mais nobres da nossa História: a libertação do jugo de um regime opressor e tirano que nos condenou ao isolamento e à miséria.
Há 35 anos os capitães e militares de Abril devolveram-nos a LIBERDADE, o valor mais importante, a seguir à vida. Pena que muitos, ainda hoje, abdiquem dela.
Obrigado capitães e militares de Abril.
Viva a LIBERDADE!

6 comentários:

  1. REVOLUÇÃO

    Como casa limpa
    Como chão varrido
    Como porta aberta

    Como puro ínicio
    Como tempo novo
    Sem mancha nem vício

    Como a voz do mar
    Interior de um povo

    Como página em branco
    Onde o poema emerge

    Como arquitectura
    Do Homem que ergue
    Sua Habitação

    25 de Abril de 1974

    Sophia Melo Breyner

    No dia 25 de Abril eu tinha 13 anos. Por isso, eu lembro, e sei, que só poderia ser e me sentir como a página em branco onde o poema se ergue. E não digam que foi pouco. Para mim, ainda hoje: Foi tudo! Foi Tudo!... E , isso basta-me…

    Lagos, 25 de Abril de 2009

    J.F.

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  2. Correição:

    A data do poema não é 25 de Abril de 1974, mas sim, 27 de Abril de 1974
    J.F.

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  3. Á 35 anos a minha mãe estava em França porque um GNR lhe disse para ela se "pirar".

    Sei quem lhe emprestou 11.500$00 e telefonou para a Boavista para um "Passador" que nessa noite a levou.

    Ainda hoje quando passo na moncalva olho a casa do PIDE.

    25 de Abril Sempre

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  4. De tudo o que Abril abriu
    ainda pouco se disse
    um menino que sorriu
    uma porta que se abrisse
    um fruto que se expandiu
    um pão que se repartisse
    um capitão que seguiu
    o que a história lhe predisse
    e entre vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    um povo que levantava
    sobre um rio de pobreza
    a bandeira em que ondulava
    a sua própria grandeza!
    De tudo o que Abril abriu
    ainda pouco se disse
    e só nos faltava agora
    que este Abril não se cumprisse.

    Só nos faltava que os cães
    viessem ferrar o dente
    na carne dos capitães
    que se arriscaram na frente.

    Na frente de todos nós
    povo soberano e total
    que ao mesmo tempo é a voz
    e o braço de Portugal.

    Ouvi banqueiros fascistas
    agiotas do lazer
    latifundiários machistas
    balofos verbos de encher
    e outras coisas em istas
    que não cabe dizer aqui
    que aos capitães progressistas
    o povo deu o poder!
    E se esse poder um dia
    o quiser roubar alguém
    não fica na burguesia
    volta à barriga da mãe!
    Volta à barriga da terra
    que em boa hora o pariu
    agora ninguém mais cerra
    as portas que Abril abriu!

    José Carlos Ary dos Santos

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  5. Senhor Engº,
    Diz senhor que este internado num colégio. Seria da Ordem dos Médico? Disse, internado? Percebi bem? De que maleita padecia Sr. Eng.º? Pode saber-se aqui no Farpas?

    O gramático

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