Deixemos de lado o facto de não existir uma programação regular - pensada, organizada, como noutras cidades à volta - no Teatro-Cine de Pombal. Relevemos que a sala principal seja assim uma espécie de "barriga de aluguer" (como tão bem lhe ouvi chamar, certa vez, a uma figura da terra); esqueçamos os milhares que nos saíram a todos do bolso nos anos dourados do Café-Concerto, quando lá em cima se acotovelava gente para ver de perto grandes nomes da música, enquanto cá em baixo as moscas dançavam no grande auditório. E olhemos então para o presente, enquanto ainda se pode sonhar com futuro: de facto, sou eu que tenho tido muito azar, certamente, pois que "falhei" aquele espectáculo de Fernando Mendes que pelos vistos esgotou a sala. Lamentei que em pleno dia do município a cantora Cristina Branco cantasse para uma sala nem sequer composta, num espectáculo gratuito, em que apenas era preciso reservar o bilhete. Da mesma maneira que me espantei quando, no sábado de Páscoa (em que a cidade recebe tantos dos seus que se foram daqui para fora), o espectáculo do grupo Fado com Alma decorreu de forma brilhante, para um público constituído por 30 pessoas. E cinco funcionários municipais.
E ontem foi a vez de Lula Pena. Mais um espectáculo gratuito - para assinalar a abertura do Festival de Teatro - supostamente pago pelo município, com o apoio da Cultrede - para uma sala que não encheu.
De facto, numa autarquia em que se acabou com o pelouro da Cultura, com o gabinete de Comunicação e qualquer estratégia de divulgação, só por milagre virtual ainda se espalha a notícia. O Teatro Amador de Pombal merecia mais, o público - que somos todos nós - também. Ou não.
nota de rodapé: para a próxima, digam ao senhor presidente que é muito feio chegar atrasado e ainda por cima bater a porta. E alguém se encarregue de assegurar que o coro faça o favor de ensaiar noutra hora, quando houver espectáculos.
"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
15 de abril de 2013
Isto seria cómico, se não fosse trágico
3 comentários:
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Bom dia!
ResponderEliminarChama-se a isto programação ou falta dela!
1.Responsabilize-se quem é responsável por esta irresponsabilidade.
ResponderEliminarQuem é afinal?
Esta seria uma visão de extrema esquerda!
2. O povo não merece a cultura que lhe damos - dirá o Grande Pensador!
Um dia, pouco tempo depois de 25/4/1974, vi uma sala cheia de militares a rir-se duma fantástica atuação de Carlos Paredes.
Isto é dar "bolotas a porcos", comentou alguém a meu lado - esta é uma visão conservadora.
Quem tem razão?
Ontem no Louriçal, com a boa promoção feita pela Junta de Freguesia, o salão da A.C.R.D. Louriçal estava completamente cheio de público a ver uma peça muito bem representada pelo TAP.
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