1 de janeiro de 2021

Os desejos de Ano Novo (como passar da teoria à prática?)

 


E assim se repete todos os anos. Todos vamos desejando, exprimindo, prometendo todo um rol de coisas lindas, bonitas. Quase sabendo de antemão que amanhã, ninguém se lembrará nada do que se disse – ou que se leu- e voltamos à azáfama dos dias.

Eu era uma daquelas “crentes” de que o contexto pandémico em que vivemos, que tanto nos tem posto à prova a todos os níveis, nos tornaria melhores enquanto seres humanos. Que o Mundo ia/vai ficar melhor. Precisava (preciso) de acreditar. Mas … Começo acreditar que levámos um abanão. Mas não passa disso.

Diz-me a voz da experiência, que a verdadeira crise económica e social, estará ainda por vir. Não sabemos concretamente quando, nem da intensidade da mesma. Temo que aquela ultima que vivemos, que foi dramática e devastadora, não é comparável com a que possamos experienciar (espero estar redondamente enganada). Muitos dirão que as dificuldades podem ser oportunidades (onde já ouvi isto no passado?).

É mesmo aqui que quero focalizar o meu post: as dificuldades de uns podem ser oportunidades (obscenas) para outros.

Diariamente recebo informação de ofertas de emprego de varias entidades, até porque pela actividade profissional que exerço na área social, ajuda-me a compilar informação para integração de pessoas no mundo laboral.

Esta semana recebo informação de uma empresa (group) “prestigiada” do nosso concelho com várias ofertas de trabalho. Uma(s) pérola(s):

Vou dar dois exemplos.

 Vaga para Engenheira civil (discriminação de género), com disponibilidade TOTAL de horários (em serviço permanente presumo) com transporte próprio;

Vagas para Praticante de fabrico, com horário de trabalho por turnos, mas ressalvando disponibilidade total para trabalhar sábados, feriados e horas extras (ahh! falta dizer que o vencimento é o SMN mais um pequeno subsidio de turno…)

Mas a cereja no topo do bolo é a parte final: “ Requisito transversal a todas as funções – nacionalidade portuguesa; sem problemas de saúde e transporte próprio

Daí o meu desalento. Não aprendemos nada. Temos memória curta. Agora imaginem se toda as nossas comunidades emigrantes espalhadas por esse mundo fora, tivessem encontrado empresas deste calibre???

Só me resta saber se estas vagas, a serem preenchidas, terão apoio do IEFP em termos de subsídios de integração. Se assim for, estou disponível para denunciar a quem tiver que ser, porque com isto eu não compactuo.

Feliz Ano Novo!

2 comentários:

  1. Marlene, começo pelos desejos de um Feliz Ano Novo.
    Tenho defendido que a evolução da nossa sociedade tem de descolar das políticas dos baixos salários porque há que perceber que acaba por ser um ciclo vicioso.

    Baixos salários perpetuam famílias pobres, consumidores débeis, economias enfezadas.

    A Guerra da Secessão americana em 1861-1865 ocorreu principalmente pela querela do Norte anti, e do Sul pró, esclavagista. Invocavam os confederados que o Sul sem os escravos seria inviável na sua principal produção e motor da economia que era a produção de algodão. Os Unionistas do Norte teimavam que a escravatura era indigna e por isso tinha de ser abolida.
    Todos sabemos quem ganhou e que a escravatura foi mesmo abolida e o Sul não faliu nem desapareceu. Pelo contrário evoluiu e deu mais dignidade e todos embora com os acidentes de percurso que conhecemos.

    Também na nossa sociedade, embora sem guerras, os nossos políticos e empresários terão de caminhar nesse sentido de elevar economicamente os mais débeis ajustando os serviços e produção das empresas a essas mais exigentes realidades de forma a que o que aqui a Marlene expõe possa passar a ser passado histórico.
    E repare que isso é uma necessidade de toda a sociedade versus a manutenção de algumas visões mais estáticas que assumem que com tais mudanças estamos condenados à falência da economia, o que não é verdade.

    É verdade que a ética e as preocupações humanistas andam muitas vezes afastadas de alguns dos nossos empresários, sem génio ou visão para tais evoluções e que por isso acerrimamente defendem o estatismo remuneratório e as tais ofertas degradantes e por vezes discriminatórias, mas esses é que estão condenados nos seus negócios por não conseguirem evoluir para onde tem de ser.

    Só não concordo aqui no seu post é um certo fascínio pelo cataclísmico do isto esteve mau mas vai ficar muito pior, e não vai ser assim!
    As vantagens da nossa evolução civilizacional e a comunidade económica a que pertencemos conseguem agora esbater as dificuldades maiores e para cada caso sua receita e medidas.

    Não me parece haver necessidade de delatar o que quer que seja porque as mudanças vão surgir, e mais depressa do que pensamos, devido ao desassossego a que já fomos postos à prova e que nos impelem para o que tem de ser feito.

    E é já em 2021.

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  2. Bom no ano Marlene! Fácil de escrever, da minha parte, para si que a conheço, palavras sinceras e para todo ano!Desiludam-se aqueles que em breve aguardam dias melhores, a crise económica e social está para vir, em economia as medidas tomadas hoje apenas se começam a notar 6 meses depois e o vírus ainda está a fazer os seus estragos, o medo está instalado a falta de confiança e estabilidade no emprego também, perante estes factos não há economia estável, há poupança forçada! A juntar a este facto temos a evolução tecnológica que proporcionar a automação industrial , também não perdoa, logo, quem não se actualizar ficará sem emprego e a viver do subsidio do Estado. Que actualização podemos esperar de um homem ou mulher com 50 anos? São velhos para aprender e novos para se reformar! Como diz e bem a sua profissão leva-a a acreditar, sei que gosta do que faz, por isso acredita e têm esperança. BOM ano a todos!

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