26 de abril de 2021

Este PS não é para precários


O que aconteceu na última reunião de Câmara - a propósito da integração, em regime de contrato anual, de alguns dos técnicos do malfadado programa EPIS, nos quadros do município - faz corar de vergonha  qualquer socialista. Ou melhor, faz corar de vergonha qualquer pessoa com os mínimos em matéria de princípios laborais e protecção social.

Não sei onde foi que a Odete Alves que eu conheci se perdeu do socialismo. Talvez tenha sido no exacto momento em que decidiu fazer par com Micael António - com quem estava claramente alinhada naquele tema (como noutros), que deveria ser dos mais diferenciadores entre a esquerda e a direita também na autarquia. Ao invés, temos o mundo ao contrário, como atesta a intervenção do vereador Pedro Martins, no momento em que lembra o que significa, neste país, viver de uma avença de 1.100 euros: depois de descontados os impostos, representam cerca de 700 euros, durante 12 meses. Não há férias, nem subsídios, nem nada, afinal. É verdade que duas senhas de presença na reunião de Câmara chegariam para pagar a Segurança Social, por exemplo. Mas os precários - que são muitos, demasiados neste país, como revela o último estudo da OCDE - não têm tempo para a vida política, pejada de funcionários públicos, quadros de topo e...advogados.

Mas a candidata do PS à Câmara nas próximas eleições deixou adivinhar o modelo de gestão que defende, alicerçada certamente na célebre pirâmide de Maslow, que privilegia as necessidades básicas: se os técnicos dos projectos educativos fossem cantoneiros, coveiros ou jardineiros, aí já defendia a protecção laboral condigna.

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