6 de novembro de 2024

Hospital de Pombal: anatomia de um golpe


O poder político local abana-se de contentamento com a vinda da ministra da Saúde a Pombal, na próxima sexta-feira. E o que vem ela fazer? Inaugurar uma “obra” que está pronta há mais de um ano, e onde - sabe-se lá até quando e em que moldes - vai funcionar a denominada UICC - Unidade de Internamento de Cuidados de Convalescença: 15 camas destinadas a doentes que precisem de tratamento prolongado, ou no dizer do Centro Hospitalar de Leiria, de “tratamento e supervisão clínica, continuada e intensiva, para cuidados clínicos de reabilitação, na sequência de internamento hospitalar, recorrência ou descompensação de processo crónico, que possibilite a recuperação e incremento da qualidade de vida dos doentes”.

As notícias de hoje dão conta da abertura do novo serviço e do atraso que comporta. Porque a UICC era já um elefante na sala da administração da actual ULSRL: “a abertura só foi agora possível porque esteve dependente da autorização para contratação de recursos humanos”, escreve a Agência Lusa. Na verdade, não foi bem assim. Esta versão oficial não conta que vários médicos foram abordados para liderar o processo, e recusaram.

Porque não é atractivo.

Porque o Hospital Distrital de Pombal agoniza há anos, tornou-se verdadeiramente o chamado Hospital-da-boa-viagem; foi completamente esvaziado de equipamentos, de serviços e de recursos humanos, sobretudo a partir do momento em que foi absorvido pelo Centro Hospitalar de Leiria. Mas disso já aqui falei há muito.

A quem interessa esta UICC? Que mais valia traz a Pombal? São perguntas para fazer ao senhor presidente da Câmara e à senhora ministra, ou até à administração do CHL - enquanto lá estiver.

Como importante nota de rodapé, lembremo-nos que o edifício é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Pombal. E que a mesma ministra tem vindo firmar acordos “de cooperação” com a União das Misericórdias.

E na oposição, está aí alguém?