Em Portugal há centenas de associações ambientais. Só na Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA), são mais de 120 associações. Pombal não é exceção e também conta com várias organizações que zelam pela natureza, ambiente, ecologia e bem estar animal.
Para muitos, esta é uma expressão de envolvimento social, de ativismo comunitário, do empenho popular em criar mais e melhores condições. Nunca entendi isto desta forma.
A necessidade de existir associativismo reenvidicativo nesta e noutras áreas é principalmente uma forma de expressão popular - pelo fracasso das muitas leis e diretivas que a governação nacional e local se demitem de cumprir.
Na área ambiental o Grupo Proteção Sicó não substitui o ICNF, Os Amigos do Arunca não substituem a ARH-APA, a Ajuda Animal não substitui o Canil Municipal.
Existem apenas e só, porque aquilo que devia ser feito pelas entidades públicas é insuficiente ou pura e simplesmente não funciona.
Por toda a Europa, vários são os casos em que a governança se vai sobrepondo à gestão pública.
A governança é a capacidade das sociedades humanas para se dotarem de sistemas de representação, de instituições e processos e de corpos sociais, capazes de gerir localmente num movimento voluntário apoiado pelo poder local.
Se há coisa que aprendi nestes últimos anos, é que Pombal tem conhecimento, gente capaz, especialistas e investigadores, malta que representa internacionalmente o país e publica artigos científicos cá e por esse mundo fora.
Só que Pombal não os ouve, não quer saber, não quer aprender e teima em fazer mal só porque "é disto que o meu povo gosta".
Para quem nos governa, é muito mais fácil contratar o supra-sumo dos rios, pagar uma bela maquia e encher o peito para chamar ministros e secretários de estado, para ver o trabalho que eles pagaram com o que nós produzimos.
"Isto vai ficar assim?", perguntava a ministra ao ver aquele prejuízo ambiental e financeiro.
Só que o engenheiro que cá trouxeram joga noutro campeonato. Não anda à espera que lhe apresentem projetos.
Ele está noutra divisão que não a dos voluntários que só querem ajudar! Traz o financiamento, (que já acordou com quem manda nisto tudo), faz o que é ‘chapa cinco’ em todo o lado, tem os seus próprios empreiteiros e comem tudo sozinhos.
Os 600 mil euros que arranjou para Pombal, Leiria e Batalha vão ser gastos. E daqui a pouco estará tudo igual, se não lhe pagarem todos os anos para cá vir dar um ar da sua graça.
Só que como nós já cá andamos há muitos anos (e ele também), lembramo-nos que depois do que fez na primeira vez que cá andou, o Dr. Diogo Mateus mandou-o ir pregar para outra freguesia.
Podiam ter-nos ouvido antes de fazer, podiam... mas não era a mesma coisa.
Agora a destroçadora operada por um imigrante que não fala português (nem inglês, e por isso não há comunicação) já cortou o que não devia, já desapareceram os marcos dos terrenos, já não há dinheiro para mais e aquilo que era importante fazer e se calhar já não se faz.
Uma coisa é certa: aquela escadaria no centro de Pombal vai ter que ser refeita. Não tem as medidas que devia. A vala que abriram não dura um inverno, os Amieiros, Freixos e Salgueiros que foram crescendo nos últimos anos desapareceram e o dinheiro também.
Com 600 mil euros, contratavam-se 6 pessoas durante 5 ou 6 anos, o Rio Arunca tinha quem cuidasse dele e com o apoio dos pombalenses que gostam e sabem, fazia-se muito mais e melhor.
Emanuel Rocha
Ativista ambiental, membro d'Os Amigos do Arunca
Para além da abordagem aos prolemas do rio e às falhadas intervenções, gostei particularmente das considerações sobre um certo tipo de associativismo, muito em voga por cá, praticado por uma espécie de profetas da “boa-vontade”.
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