29 de junho de 2025

“Enforcado” ou “enforcou-se”?

A política sem alinhamento, consistência e consonância na acção é uma brincadeira, que corre sempre mal – mesmo para os engraçados sempre sedentos de um brilharete. A dita “oposição” não percebe isto e nunca vai percebê-lo.

Quem quiser ajuizar o desempenho da dita “oposição” no presente mandato na Assembleia Municipal (no executivo não foi muito diferente) basta ver a última reunião. Ou nem tanto: basta ouvir a despropositada intervenção do dotor Anibal - mas houve mais e do mesmo género.  

Naquele seu estilo professoral, mas sempre inconsequente (politicamente), o dotor Anibal voltou a discorrer longamente sobre coisa de nenhum interesse ou valor - o irrelevante Plano Estratégico do dotor Pimpão, ignorado rapidamente por toda a gente. Mesmo alertado pelo presidente da assembleia, para o uso excessivo do tempo atribuído à sua bandada, insistiu até à náusea na desastrada e desastrosa divagação. 

Na resposta, o dotor Pimpão elogiou-o e colocou-lhe suavemente o laço - não (só) a ele, mas ao partido que supostamente representa. 



26 de junho de 2025

O caso da farmácia de Albergaria e os outros que se seguirão


A última reunião da Assembleia Municipal de Pombal contou com três valiosas intervenções do público, todas com um denominador comum: o rei vai nú e passeia-se pelos corredores do município. Não é que isso nos surpreenda, até pelo tanto que até temos exposto nos últimos anos. Mas é sempre perturbador perceber que os cidadãos se vêem obrigados a recorrer ao espaço da AM como tábua de salvação, qual grito de alerta, depois de goradas as outras tentativas. 

Merece especial atenção o caso levado ao púlpito pelo farmacêutico João Rocha Quaresma. Porque ali foi abanar a consciência (dos que a tiverem) das várias bancadas, chamando à atenção para o que está a acontecer na comunidade: a deslocalização consentida de farmácias, que um dia destes podem deixar a descoberto algumas populações das 17 freguesias. E isso, como bem notou o presidente da Junta de Freguesia de Meirinhas, João Pimpão, é o princípio do fim. 

João Quaresma foi cauteloso nas palavras, sabendo - como admitiu - que a intervenção poderia ser arrolada a um conflito de interesses. Mas, invocando o passado, e o tempo em que o pai (o também farmacêutico António Rocha Quaresma, ex-presidente daquele órgão autárquico) pugnou para que todas as freguesias tivessem a sua farmácia, arriscou exercer o que parece esquecido, tantas vezes: o exercício de cidadania.

Vamos então a factos: O que está a acontecer em Albergaria dos Doze já aconteceu em Almagreira - que depois da deslocalização da farmácia para o Louriçal, ficou apenas com um posto. Quem autoriza? A Câmara, cujo parecer é vinculativo. Só em função disso o Infarmed se pronuncia. Há vários anos que os proprietários (da Farmácia Torres & Correia, em Pombal, também donos da farmácia da Pelariga) tentam esta manobra. Começou no tempo de Diogo Mateus, que o rejeitou, prosseguiu no mandato de Pedro Pimpão, que numa primeira tentativa ainda se agarrou à nega do antecessor, mas que agora se prepara para aprovar a deslocalização da Farmácia de Santa Maria para Pombal. Pimpão vai escudar-se no parecer da Junta de Freguesia (favorável, pois), que por sua vez se muniu de um parecer dos proprietários (o nosso conhecido Rodrigues Marques e família) da outra farmácia local, a Albergariense, garantindo assegurar tudo - a distribuição de medicamentos a todos e até os trabalhadores...

Até agora os eleitos locais poderiam alegar desconhecimento. A partir desta AM, já não podem. A Saúde, que tem servido para alimentar tanto discurso político, passa também por aqui. Aguardemos então as cenas dos próximos capítulos desta caixa de Pandora acabada de abrir. 

25 de junho de 2025

Ana Gonçalves deixa a PMU


Ana Gonçalves, a ex-vereadora da Câmara de Pombal e actual administradora-executiva da empresa municipal PMU, deixou o cargo estes dias. É agora chefe de gabinete de Rui Rocha, ex-presidente da Câmara de Ansião e actual Secretário de Estado da Protecção Civil.  

A saída de Ana Gonçalves abre uma vaga de emprego nas fileiras do PSD. Talvez venha a calhar a Pedro Pimpão, numa altura em que precisa de refazer a lista à Câmara, sem deixar "na mão" uma das suas vereadoras.

A nós, cidadãos, dá-nos mais uma vez a certeza de que, na política, uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. 

23 de junho de 2025

A oeste, algo de novo: os cavaleiros do apocalipse



As próximas eleições autárquicas vão mostrar, de forma inequívoca, as mudanças estruturais da sociedade portuguesa. Não são apenas as freguesias (de novo muitas, mas agora sem serviços, pois desengane-se quem julga que volta a ter o Centro de Saúde à porta, os correios e a farmácia) em grande número onde haverá apenas um candidato. Não é só por aí que a Democracia vai sofrer um duro golpe de desaparecimento. É também pela qualidade dos candidatos, numa derrocada que começa a notar-se há vários anos.  Agora que o processo está em marcha, que a maioria dos partidos (até o PSD, imagine-se) está em sérias dificuldades para encontrar cidadãos dispostos a dar cara por eles, e pelas terras, começa a levantar-se o drama maior: quem nos vai representar?

 No espaço de poucas horas, durante o dia de ontem, atravessaram-se no meu caminho vários exemplos que explicam a transferência de voto do PS para o Chega, nas últimas eleições legislativas. É sabido que, por aqui, onde o PSD tudo domina, o voto de protesto está há 30 anos associado às listas socialistas. Ou estava. Quando à nossa volta se acumulam antigos candidatos do PS que agora se arvoram defensores do Chega, custa perceber, mas aceitamos. O que já custa a aceitar é que o partido de Mário Soares dê guarida aos que, em funções autárquicas, eleitos com a bandeira do PS, enchem a boca com o respeitinho, difundem as mensagens que os vários grupos de extrema-direita vão multiplicando pelas redes, e até exibem, na pele, tatuada a esfera armilar. Ninguém me contou. Eu vi, no meio de um recinto de festa.

 Aos partidos sempre foi parar tudo, e a sede de fechar listas foi muitas vezes permissiva em relação aos que nem sequer partilhavam valores de liberdade, tolerância e fraternidade. Mas os mínimos de higiene e salubridade da vida pública obrigavam a usar os mecanismos ao dispor, nomeadamente retirando a confiança política a quem não a merece.

 Aqui chegados, resta-nos perceber como vai o eleitorado do PSD comportar-se, face a esta nova realidade que vai semear pelas várias freguesias candidatos inusitados. Um dirigente com responsabilidades locais gabava-se há dias de ter "tudo controlado". Será? O exemplo de Manuel Serra, até há dois meses dirigente social-democrata, antigo presidente da Junta do Oeste (derrotado em 2017 pelo independente Gonçalo Ramos) deixa antever que o paraíso laranja pode ter os dias contados. Renunciou ao mandato na AM, e agora será número dois da lista à Câmara, secundando Gabriel Mithá Ribeiro, o cabeça de lista do CH.

No futuro, das duas uma: ou o PSD ainda vai ter muitas saudades do PS, ou vamos todos nós, aqui no burgo, chegar à conclusão de que são troncos da mesma raiz -  como Ventura, como Passos, como tantos. 

20 de junho de 2025

O socialismo de polichinelo

 A “Junta” reuniu, ontem. Ontem já era tarde para acabar com aquilo, mesmo sabendo que nesta terra não há nada tão mau que não possa ficar pior.



O dotor Pimpão levou à reunião, de final de mandato, a criação de um Conselho Estratégico Municipal, que englobará as ditas forças vivas do concelho (onde é que elas estão?), e reunirá uma vez por ano, para se conhecerem, almoçar ou jantar, e posar para as fotografias, acrescento eu com grande segurança. Está em campanha - o único modo que conhece.

A dita oposição apresentou-se em modo balanço. Não do desempenho da câmara, como deveria ser, mas das suas próprias sandices. De mangas arregaçadas, e a arregaçá-las frequentemente, o franco-atirador de cartuxos sem carga - dotor Simões - atirou-se, como gato a bofes, à temática da Saúde, mais concretamente a falta de médicos de família no concelho, naquele seu estado de irritação forçada em que é preciso falar, falar e falar, só para provar a si mesmo que está com a razão. Nada é mais terrível e perturbador do que ver a ignorância em acção. Pegou no exemplo de Ourém, no seu regulamento de concessão de avultados benefícios aos médicos (suplemento remuneratório, subsídio de habitação e outras benesses) e acusou a câmara, que não tem qualquer responsabilidade nesta matéria, de não fazer o mesmo, de não aliciar/roubar médicos aos outros municípios, como fez Ourém. São estes ditos socialistas que não percebem nem fazem mínimo esforço para perceberem a natureza dos problemas, mas julgam que eles se resolvem atirando dinheiro para cima deles, que andam todos os dias com a defesa do SNS na língua, mas sempre dispostos a darem-lhe facadas com o dinheiro dos contribuintes. Isto para não falar do egoísmo subjacente ao salve-se quem puder. 

Burrice não é fazer más avaliações e avançar com más propostas, burrice é insistir nelas. Bastou ao dotor Pimpão deixar o dotor Simões (e à dotora Odete, que subscreveu a sandice) repetir até à náusea a retórica oca, leviana e aparentemente ingénua para sair dali, por contraste com aquelas fracas figuras, como um executivo lúcido.

15 de junho de 2025

Cheira “bem”, cheira a Pombal

A felicidade só é possível no Céu. Mas o crente e bom-cristão dotor Pimpão prometeu-a aos pombalenses, na Terra! Cumpriu. 

12 de junho de 2025

Em Outubro, Pombal desce mais um degrau

Quando julgávamos que já tínhamos batido no fundo, eis que a realidade nos prega mais uma partida, nos impõe mais um fundo - do poder inepto para o vazio de poder.



O que mais aflige o observador interessado pelas coisas da vida colectiva, onde a política deveria assumir o lugar superior, é o fraco pensar e a falta de noção mínima da realidade municipal que as pulverulentas e desengonçadas criaturas, que se vão apresentando a sufrágio e as que as escolhem, patenteiam. Tal como no passado recente, estamos claramente, salvo raríssimas excepções, perante criaturas que não nos representam, nos não conhecem (os eleitores) e receiam que os conheçamos (a eles/elas). Criaturas que nem mesmo chegam a saber para que serve a política, o órgão câmara ou o órgão freguesia, que vivem demasiado à parte para ter razões pró ou contra o que quer que seja, que acham uma vergonha manifestar publicamente uma ideia própria sobre qualquer coisa, quanto mais ter a ousadia própria da consciência para afirmar ideias e criar rupturas – para serem alternativas.

A política pombalense há muito deixou de ser aquilo que já foi e deveria continuar a ser: um jogo de xadrez, onde todas as figuras da comunidade, das mais proeminentes às mais comuns, participavam directa ou indirectamente no jogo, cumprindo o seu papel num plano e numa estratégia estabelecida e interpretada pelos melhores preparados. Agora é uma representação falsa, porque viciada, da vitalidade da comunidade: um jogo matematicamente claro, definido à-cabeça, como é todo o jogo de damas que se joga com uma pedra a menos.

Mas o que há a esperar de uma oposição que só sabe jogar jogos, como o de damas, cujo único movimento é empurrar peças para a frente, sem plano, preparação ou estratégia? Esta tropa da oposição comporta-se como o animal ferido que pressente sua perdição e não sabe o que fazer. Resultado: pisoteia o pasto que poderia salvá-lo de morrer de fome.