26 de junho de 2025

O caso da farmácia de Albergaria e os outros que se seguirão


A última reunião da Assembleia Municipal de Pombal contou com três valiosas intervenções do público, todas com um denominador comum: o rei vai nú e passeia-se pelos corredores do município. Não é que isso nos surpreenda, até pelo tanto que até temos exposto nos últimos anos. Mas é sempre perturbador perceber que os cidadãos se vêem obrigados a recorrer ao espaço da AM como tábua de salvação, qual grito de alerta, depois de goradas as outras tentativas. 

Merece especial atenção o caso levado ao púlpito pelo farmacêutico João Rocha Quaresma. Porque ali foi abanar a consciência (dos que a tiverem) das várias bancadas, chamando à atenção para o que está a acontecer na comunidade: a deslocalização consentida de farmácias, que um dia destes podem deixar a descoberto algumas populações das 17 freguesias. E isso, como bem notou o presidente da Junta de Freguesia de Meirinhas, João Pimpão, é o princípio do fim. 

João Quaresma foi cauteloso nas palavras, sabendo - como admitiu - que a intervenção poderia ser arrolada a um conflito de interesses. Mas, invocando o passado, e o tempo em que o pai (o também farmacêutico António Rocha Quaresma, ex-presidente daquele órgão autárquico) pugnou para que todas as freguesias tivessem a sua farmácia, arriscou exercer o que parece esquecido, tantas vezes: o exercício de cidadania.

Vamos então a factos: O que está a acontecer em Albergaria dos Doze já aconteceu em Almagreira - que depois da deslocalização da farmácia para o Louriçal, ficou apenas com um posto. Quem autoriza? A Câmara, cujo parecer é vinculativo. Só em função disso o Infarmed se pronuncia. Há vários anos que os proprietários (da Farmácia Torres & Correia, em Pombal, também donos da farmácia da Pelariga) tentam esta manobra. Começou no tempo de Diogo Mateus, que o rejeitou, prosseguiu no mandato de Pedro Pimpão, que numa primeira tentativa ainda se agarrou à nega do antecessor, mas que agora se prepara para aprovar a deslocalização da Farmácia de Santa Maria para Pombal. Pimpão vai escudar-se no parecer da Junta de Freguesia (favorável, pois), que por sua vez se muniu de um parecer dos proprietários (o nosso conhecido Rodrigues Marques e família) da outra farmácia local, a Albergariense, garantindo assegurar tudo - a distribuição de medicamentos a todos e até os trabalhadores...

Até agora os eleitos locais poderiam alegar desconhecimento. A partir desta AM, já não podem. A Saúde, que tem servido para alimentar tanto discurso político, passa também por aqui. Aguardemos então as cenas dos próximos capítulos desta caixa de Pandora acabada de abrir. 

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