29 de agosto de 2016

A história do pinheiro desgovernado

Contam os registos oficiais, sem concretizar data e hora, que por finais de Março de 2014, a Protecção Civil foi alertada para o risco de queda de pinheiro ou de pinheiros, para a estrada, numa encosta, onde o talude tinha sido limpo, poucos meses antes, aquando do alargamento e asfaltagem da via. Contam igualmente os registos que o pinheiro foi forçado a cair, provocando ou um incidente com prejuízos para terceiros. Mas há testemunhas que garantem que o incidente ocorreu dois anos antes e não provocou prejuízos significativos.
Os dados por agora conhecidos indicam que o incidente com o pinheiro desgovernado daria uma bela novela jornalística. Aqui, vamos tratá-lo de acordo com o nosso estilo: curto e afiado. Consta que a vereadora com o pelouro da Floresta, alertada para o potencial perigo, contactou imediatamente o comandante e expôs-lhe a situação. Puseram-se logo de acordo no que fazer: abater imediatamente o pinheiro (ou os pinheiros). Pegaram na motosserra, montaram-se na 4x4 e partiram para o local. A história tem mais protagonistas e envolveu mais meios, mas como os registos oficiais os ignoraram, ignoremo-los também.
O comandante (homem de acção) chegado ao local verificou que alguns pinheiros na encosta poderiam cair para a estrada e colocar em risco quem passasse na via. As coisas não se passaram bem assim, mas porque assim rezam os registos oficiais, e porque diferente versão não desvirtua a moral da história, adiante, que há muito para contar, e ficcionar). O que não consta dos registos é se foi feita avaliação dos riscos para a casa próxima.  
Verificado o perigo avançou-se para ele. O comandante deu corda à motosserra, aproximou-se do pinheiro com o propósito de o derrubar encosta abaixo. Corte de um lado, outro do lado oposto, e zás. Ainda o segundo corte não ia a meio e já o maldito pinheiro se começava a deitar, não sem antes ter rodado pela ponta cerca de um quarto de volta, talvez por ter nascido e crescido retorcido e quisesse agora libertar as tensões que acumulou. Ou talvez porque tivesse sido alvo de mal-olhado, mal próprio de certo tipo de pessoas, mas que não está provado que não possa também atingir outros seres. Ordenou pois a sorte, e o diabo (que nem sempre dorme), que o pinheiro não obedece-se ao comandante, e desabasse na direcção errada. Quando o triste destino se começou a desenhar, a vereadora ficou em pânico e suplicou à Virgem Santíssima que o endireitasse, mas ela estava ocupada noutros serviços ou não lhe quis valer (e lá terá as suas razões, e não foi por estar a dormir – o diabo dorme, mas os santos não dormem, fazem-se esquecidos, ás vezes, muitas vezes, até).
O pinheiro, conduzido pelas leis e forças da física, e desobedecendo à metafísica e à fé, acelerou o retorcido movimento e estatelou-se no solo, atingido a casa próxima. 

4 comentários:

  1. À La Fontaine, moral da história: Com tantas coisas algumas ficam para trás e fruto da imensa relevância dos factos o PS absteve-se.
    Caso para dizer. "Que A Nossa Senhora do Cardal os ilumine e nos guarde a nós".
    Volta Narciso, o Reino dos Céus é teu.

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  2. Adelino Malho, A Vereadora não teve culpa nenhuma, coitada da moça que até é esforçada e dedicada á causa pública. Aqui se há algum culpado será quem executou a operação sem estudar todas as situações e implicações desse corte. Não vamos atribuir responsabilidades politicas a algo que é somente de responsabilidade Técnica. No entanto cabe á CMP pagar os prejuízos, e depois pedir responsabilidades a quem as tiver.

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  3. Adelino Malho, vai ao site da CMP verificar a quem cabe esse pelouro... Acho que mesmo que Narciso é cá preciso.

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  4. A questão não é técnica, um incidente menor qualquer um tem, é política, senão não estava no Farpas. É política porque é uma mentira pegada, e desconchavada porque, talvez, corriqueira.
    Bem esteve o vereador Jorge Claro ao desmontar, em grande parte, o caso, só lhe(s) faltou ser(em) consequente(s).

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