16 de dezembro de 2019

Sobre troca-tintas e meias-tintas

Já há uns tempos aqui escrevi que a inclusão dos presidentes das juntas de freguesia na assembleia municipal é - como afirma Vital Moreira e outros constitucionalistas - uma anomalia que distorce consideravelmente o princípio da proporcionalidade, e, por esta via, a democraticidade do órgão. A situação é particularmente grave, chocante até, quando os presidentes de junta abandonam imediatamente a força política pela qual concorreram e se colam à maioria que suporta e governa a câmara. É o que se passa em Pombal. 

A situação é de tal forma caricata que, para além de os presidentes da junta votarem sistematicamente em sintonia com a maioria, a presidente da assembleia, por desconhecimento ou abuso de função, contabiliza os votos dos traidores como da bancada do PSD.

Que o do oeste o faça ainda se tolera - foi eleito por um grupo inorgânico, sem direcção e orientação e em debandada geral. Mas que o da Redinha, eleito pelo PS, ignore o partido e bajule sistematicamente de forma obscena o presidente da câmara e o seu executivo, choca; e deveria chocar, indignar e obrigar a agir a presidente do partido se tivesse alguma coragem e sentido de respeito pelo partido e pelos seus militantes. Mas como no 1.º esquerdo, do n.º 7, da Rua Alexandre Herculano, ideologia, solidariedade política, responsabilidade e responsabilização são palavras vãs; tudo se tolera, tudo é meias-tintas, e tudo acaba em troca-tintas.


2 comentários:

  1. Se no Oeste já se esta a ver esta grande aproximação, logo desde o inicio de mandato do Gonçalo ao PSD, pois já viu que o NMPH já faleceu, na Redinha o que se está a passar é de uma falta de responsabilidade politica atroz. O Sr. Paulo Duarte devia de ser posto no seu lugar. Foi o PS que trabalhou e que o financiou para ele ocupar o lugar que ocupa. O PS na Redinha já se viu que com um bom candidato tem mais força que o PSD, pois mesmo quando não ganha o PS tem sempre bons resultados, logo o Sr. Paulo Duarte só ganhou com o apoio do partido e por essa razão devia ter mais consideração. A Concelhia do PS por sua vez já devia ter tomado uma posição pública sobre este assunto, pois assim é conivente com a situação. Em caso desta postura do Sr. Presidente da Redinha se manter devia-lhe tirar a confiança politica e mesmo pedir aos restantes membros da lista do PS eleitos para a Junta tomarem uma posição.

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  2. Do mesmo mal sofreu o PSD na governação PS (Guilherme e Carolino), tempos idos. Quando se questionavam os presidentes de junta, o porquê de determinada orientação de voto a resposta era invariável: eu preciso disto ou daquilo para minha freguesia e não posso prejudicar os meus fregueses por causa de um voto. Estou de acordo com Vital Moreira quando diz que " por inerência de cargo, os presidentes têm lugar na AM, é uma anomalia que distorce à democraticidade do órgão "

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