13 de maio de 2022

Caso Lusiaves – afinal há deslocalização, e vítimas

A Lusiaves acordou com a câmara municipal de Pombal (ou a CMP com a Lusiaves) a instalação de uma unidade industrial de transformação de carnes na Zona Industrial da Guia, a nascente, junto à malha urbana, contra a opinião da maioria população e das forças vivas da vila, atropelando os mais elementares deveres transparência e respeito pela lei e pelos legítimos interesses da população.  



O investimento tem sido contestado pela população da Guia. Mas eis que se chegou, ou parece ter chegado, a uma solução de compromisso, entre o promotor do investimento (Lusiaves) e os guienses que contestam os nefastos impactos ambientais e urbanísticos. Na reunião com os membros da comissão nomeada pela assembleia municipal para avaliar os impactos da unidade de transformação de carnes, os administradores da Lusiaves asseguraram que a unidade não incluirá centro de abate de aves (matadouro) e pavilhões de produção avícola, mas rejeitaram a proposta de deslocalização da unidade para a zona norte a ZIG (a oeste da vila), afastada cerca de 1200 metros da malha urbana, apresentada por Manuel Serra (ex-presidente da Junta). Parte dos receios ficaram, ali, esclarecidos. Mas continuavam a pairar os impactos negativos da localização junto à malha urbana.

O teimoso Manuel Serra – um duro difícil de dobrar – insistiu. Já antes tinha procurado saber, junto do vereador Navega, responsável pelos pelouros do Urbanismo e Ordenamento do Território, entre outros, se era possível e qual a abertura da câmara para viabilizar uma localização alternativa, na zona norte da vila, em terrenos urbanizáveis já na posse da autarquia.  O inábil Arq. Navega, apesar de ter um problema bicudo nas mãos, rejeitou liminarmente a hipótese. Mas pior: alimentou a intriga dentro da Comissão Lusiaves ao revelar a diligência do correligionário, tentando matar a conciliadora iniciativa. 

Manuel Serra não se deu por vencido, nem pelo Arq.º Navega nem pelos representantes da Lusiaves. E onde muitos viram uma inevitabilidade – alguns até com gozo, como castigo aos guienses – Manuel Serra viu uma abertura e aproveitou-a. Com certeza munido do aval do presidente Pedro Pimpão apresentou à Lusiaves as vantagens da localização alternativa, tanto para a população da Guia como para a Lusiaves. E saiu de lá com aceitação da proposta sem reservas, e sem exigir reembolso dos custos já efectuados. 

Estas situações tendencialmente conflituantes são, na maior parte das vezes, potenciadas pelas pessoas, pelos egos e pela intriga, e não tanto pela situação em si. 

Desta polémica, saem derrotados e vencedores. O principal vencedor é Manuel Serra; o que contra quase todos acreditou que era possível evitar o inevitável. E evitou. Venceram, também, todos os que contestaram o investimento naquele local. E venceu o Pedro Pimpão que evitou dois problemas... E a Lusiaves que fica com o caminho (mais) livre para avançar com o investimento.

Perdem os outros todos. Os que por acção e inação deixaram correr ou alimentaram a polémica. À cabeça o vereador Pedro Navega, derrotado técnica e politicamente. Alimentou uma polémica onde perdeu em toda a linha, foi ultrapassado pelos acontecimentos, e desautorizado pelo presidente Pedro Pimpão. Perdeu autoridade e legitimidade política. Só lhe resta um caminho: renunciar ao cargo político que ocupa.

Com o comportamento dos outros, nomeadamente os do Oeste, não vale a pena gastar palavras.

12 comentários:

  1. O Conde Serra foi um dos melhores Presidentes de Junta no nosso Concelho. Perdeu a Freguesia e a Presidência devido aquela "estúpida" agregação de Freguesias, que espero que o povo meta no sitio certo. Nenhuma Freguesia ganhou com a agregação e todas perderam. Quanto ao Vereador Navega. Adelino deixa estar o homem, pois no meio de tanta mediocridade e incompetência ainda é o único Vereador que percebe do que faz. Não acerta sempre, mas é o único que define o rumo e sabe o que quer. Aquela casa está um desnorte total, parece que estamos em Agosto o ano inteiro. Não há Rei nem Roque. Volta Pança...estás perdoado.

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    1. Não foi bem por isso que ele perdeu as eleições, Toninho...

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  2. Amigo Malho, estou estupefacto.
    O meu amigo consultou a Maya, foi ao bruxo ou leu nos astros todo este extenso enredo no qual me percebo "duro" e campeão da cantareira pelas razões que expõe.
    A ser verdade tudo o que diz nada me pode fazer mais feliz pois, se tal assim acontecer ganha a Guia, a empresa, o presidente da câmara e o da freguesia, porque um dos maiores incómodos da população fica muito mitigado.
    A população precisa de ser confortada, a empresa precisa de ser instalada, e os poderes públicos precisam de ser aliviados das querelas que até agora têm enfrentado.
    Uma solução equilibrada que não conforta totalmente todos mas sem dúvida o menor divisor comum que dá resposta equilibrada a todos.
    Faço votos para que o seu vaticínio se cumpra, onde não haverá maus e bons porque todos saímos a ganhar.
    Que deus o ouça e que todos os players saibam agilizar o jogo comum sem fintas nem entraves.
    Já vou dormir melhor esta noite embalado nesta fábula que o meu amigo contou, por ter hipóteses de se tornar verdadeira.
    Um abraço e continue a contar mais histórias destas de encantar...

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  3. Nesta novela da Lusiaves ganham os do costume e perdem os do costume, Adelino Malho. Percebo que para o Manuel Serra seja uma vitória importante (e pessoal, não haja ilusões nem extrapolações para o benefício público). Já o Pedro tem aqui mais um problema - e não uma vitória, ao contrário do que pode parecer. Não evitou coisa nenhuma para além de um problema com o Serra - que criou ao PSD um problema maior, desde 2017, no oste...A fazer-se, a fábrica terá exactamente os mesmos impactos. 500 metros para a frente, para trás ou para o lado. Só não é à frente da casa do Manuel Serra! De resto, é bom que ele pense que o Pedro desautorizou o Navega. Assim ficam todos contentes e prossegue o processo. O Pedro já mostrou muita inabilidade, mas sabe bem que não tem mais ninguém na equipa que segure pontas na Câmara. E que o Pedro Navega é o melhor de todos, no conjunto da sua fraca equipa. Além disso, tem uma profissão (e no dia em que se chatear quem fica mal é o 'facilitador'...); esse não anda a chorar pelos corredores perante a incapacidade de resolver os problemas,, não diz todos os dias aos funcionários que se vai embora, não faz a mesma pergunta 10 vezes por não perceber a resposta. E quando uma coisa está presa por arames, é melhor não facilitar.

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    1. Paula, é óbvio que discordo em quase tudo o que afirma dado que há muitas imprecisões e falta de rigor de análise técnica nas conclusões generalistas que utiliza na procura da sua razão.
      É tempo da minha amiga abandonar essa habitual retórica pobre, comum a muita gente, de sempre colar rótulos dos interesses pessoais a tudo o que pretendemos ter força argumentativa.
      Reconheço que se o empreendimento ocorresse na Redinha ou em Abiul a minha preocupação teria sido menor, mas nunca foi a minha casa e os meus interesses pessoais que nortearam as minhas opiniões e ações.
      Se quiser continuar nesse registo, está à vontade, mas fique ciente que é o registo errado.
      E as vitórias a mim sabem-me melhor aquelas que beneficiam todos, que foi exatamente o que fiz durante o meu mandato.
      As pessoas não quiseram que continuasse? É a democracia e como vê não morri nem deixei de dar o meu contributo que, quando funciona normalmente beneficia muita gente.
      🌹

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  4. Paula,
    Como referi no post, os impactos mais significativos deste tipo de unidade seriam ambientais (odores) e os urbanísticos (junto à malha urbana). A partir do momento que a Lusiaves se comprometeu a não instalar matadouro os impactos dos odores estão reduzidos/eliminados independentemente da localização.
    Mas a localização é igualmente um impacto significativo para a qualidade de vida dos moradores e no desenvolvimento da malha urbana. A deslocalização mitiga fortemente estes impactos.
    No resto, concordo na generalidade...

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  5. Amigo Malho desculpe lá. Os impactos estão reduzidos mas não estão eliminados.
    Exatamente porque há impactos, embora mais reduzidos uma vez que não há matadouro, mas há fumos, odores, calor, barulho, e transito rodoviário concentrado na região fabril.
    A distância reduz fortemente os efeitos diretos na população dessa inevitabilidade e daí que em todo o lado, onde normalmente há gente com dois dedos de inteligência, as industrias ficam afastadas das zonas urbanas. E são estas essencialmente as razões que recomendam a instalação a poente e não onde está para já prevista.
    Tenho aqui de retificar uma situação que não é correta dado que o Vereador Navega nunca me referiu que a deslocalização era impossível em termos técnicos. Aliás a própria câmara já tinha abordado o empresário com essa mesma intenção mas o mesmo teria inicialmente declinado.
    Ora se assim foi, é porque essa possibilidade foi sondada pela câmara que aliás sabe bem do incómodo geral que existe a Oeste na população e fez uma inicial tentativa de solução. Portanto, nem o vereador a meu ver teve essa intenção de impedir essa solução, apenas não via grande viabilidade. E pronto, é assim que comunicamos uns com os outros, cada um tem sua opinião e deve expressá-la.
    Não vejo assim que haja qualquer desautorização do presidente ao vereador ao concordar com a solução que ele próprio já tinha tentado.
    Compreendo que aqui a farpa quanto mais funda mais efeito tem, mas convém não criarmos intriga e desacordo onde ele de facto não me parece que haja.
    De todo o modo vou esperar sentado o desenrolar dos acontecimentos a ver se confirmam a sua tese/fábula/invenção que, em caso de sucesso tornará muitos Guienses mais felizes, a começar por mim.

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  6. Amigo Serra,
    Quem diria que passados uns dias, e passadas as fortes dores, o meu amigo vinha aqui confortar o vereador Navega.
    Nada como uma boa vitória para trazer ao de cima a magnificência que o bom espírito sempre gosta de ostentar nestas ocasiões.
    Disfrute, amigo Serra, enquanto a roda não dá a volta completa. E o amigo Pedro não entra no fundo.
    Abraço

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  7. Amigo Malho, sabe bem que eu apoio a câmara e o Pedro. E nas alturas piores é quando o maior apoio dos nossos é necessário. Todos os vereadores escolhidos pelo Pedro são os meus vereadores e por eles dou o peito às balas quando necessário.
    Nada tenho contra o Navega, nem lhe quero mal apenas porque interpretou precipitadamente a minha iniciativa.
    Que seria do bom convívio se não soubéssemos ultrapassar alguns desconfortos passageiros.
    Não se trata de magnificência, trata-se de compreensão, solidariedade e verdade.

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  8. Eu estou quase comovida com este momento. Vou para dentro, que por esta altura mudou o tempo e começa a cheirar à Leirosa, como se diz para os meus lados.

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    1. Paula, todos nós sabemos que a actual Vereação do PSD não tem qualquer peso politico, mas a do PS também não. O Pedro até está confortável pois se até 2024, não ressuscitarem o Diogo, não irá aparecer, dentro do PSD, ninguém que lhe faça frente. Controlar aparelhos e arregimentar votos sabe ele como ninguém. Só com um grande terramoto politico não será reconduzido em 2025. Mas em 2025 terá que apresentar uma lista com peso politico senão arrisca mesmo perder a liderança do Concelho, isto se o PS apresentar desta vez um candidato à Presidência da Camara, todos nós sabemos que em 2017 e 2021 o objectivo era somente eleger Vereadores...

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    2. Acho que é melhor não fazeres tanta futurologia...

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