3 de maio de 2022

Comissão Lusiaves – a hipocrisia no seu esplendor

Antigamente, as crianças de tenra idade eram educadas – entre outras coisas - para não mentirem, porque era feio, dizendo-lhes “se mentires caem-te os dentes”. A profecia cumpria-se, mas o método não provou.

Se a profecia se cumprisse com os adultos, Daniel Ferreira tinha perdido os dentes todos, na AM, quando apresentou o relatório da Comissão Lusiaves. Deu-se ao desplante de afirmar que os trabalhos da comissão decorreram “com bom entendimento e cordialidade entre todos os membros da comissão”, quando eles sabem, e nós também porque já aqui o contámos, que o ambiente entre os membros da comissão foi de cortar-à-faca, com condicionamentos de vária ordem, acusações, traições, ameaças, e ofensas entre os membros da comissão e a exteriores – algumas com inequívoca dimensão criminal.

Apesar de a comissão ser constituída por “políticos” supostamente socialistas, sociais-democratas e liberais, quiseram, logo à partida, limitar a liberdade individual, com a imposição do conhecido “centralismo democrático”, típico de partidos e criaturas pouco democráticas, numa matéria onde a transparência das posições políticas deveria ser uma condição básica. Nesta obsessão controladora distinguiram-se os dois representantes do PS, que, sentindo-se impotentes para aplicar os seus métodos, quiseram escorraçar um membro da comissão. Como não o conseguiram, fizeram uma participação ao presidente da AM, exigindo a sua exclusão, unicamente por este não aceitar o pacto de sigilo e a limitação da sua liberdade individual de acção por fazer parte da comissão. Soube-se agora, no decurso da AM, que os controleiros mais empedernidos, os do PS, partilhavam a informação recolhida com o seu grupo.

Quando a coisa aqui foi exposta, perceberam o ridículo da situação; um deles não foi sequer à AM, o outro meteu a viola no saco e esperou calado que ninguém trouxesse à baila a inenarrável participação.

Na AM, o relatório continuou a ser arma de arremesso pessoal e político, alvo de todo o tipo de tropelias. Foi distribuído no dia da reunião – contra todas as regras elementares da seriedade e responsabilidade política -, usado para mais despiques e consumições, e acabou aprovado sem ser lido (excepto os membros da comissão) - o presidente da AM nem as conclusões/decisão leu, como se viu!

Não saímos disto, desta zanguizarra que só descredibiliza a política e as instituições.



1 comentário:

  1. Amigo Malho a coisa não foi assim tão batalha de Aljubarrota como o meu amigo aqui romanceia.
    O Daniel que foi o relator da comissão fez o trabalho de juiz de paz que lhe competia, e ainda bem que a profecia dos dentes não se realizou porque é bom rapaz e todos lhe querem bem, e focou-se na produção do relatório, e nesse particular todos participaram com empenho, uns com umas opiniões mais firmes do que outros, mas o que é facto é que se conseguiu aprovar as conclusões por unanimidade e ainda assim com o acréscimo das declarações de voto de quem as decidiu incluir, como foi o meu caso.
    Portanto a comissão cumpriu a sua obrigação e entregou em cima da hora as conclusões, que embora de forma não regimental, foi com o acordo de todas as forças políticas e, ainda assim, sem problemas em ser remetida a discussão para a próxima assembleia. E a assembleia assim não quis.
    Quanto ao resto é o habitual em ambientes políticos, onde a refrega política tudo aproveita para dirimir como se de algo muito importante se tratasse. Algum mal estar se instalou, por certas convicções como muito bem refere de "centralismo democrático", ideias feitas de quem se acha no direito de julgar e exigir dos outros comportamentos e fidelidades nunca firmados nem aceites. Mas isso faz parte da evolução de todos nós e só não erra quem nada faz, e neste caso espero que tenham aprendido alguma coisa, e se pelo menos essa vantagem receberam já fico feliz por ter contribuído, embora como carneiro sacrificado, para a causa dos santos.
    É bom também que fique claro é preciso muito mais para me abalar e que não guardo qualquer ressentimento a ninguém pelos precipitados e errados julgamentos morais que espero tenham todos meditado e percebido serem injustos.
    De resto foi mais um episódio da nossa novela governativa que chegou ao fim e outras emoções por aí virão a caminho, para o meu amigo ter assunto para farpar, prova que o concelho está vivo e vibrante e em condições de evoluir para uma realidade que aproveite a todos e cative muitos mais.
    Abraço

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