22 de maio de 2020

É justo!

O Centro Paroquial Social da Ilha recebeu um apoio da Câmara Municipal no montante de 2000€ para vazar as suas fossas durante o ano de 2020 porque ainda não tem saneamento básico, direito universal das Nações Unidas.

É justo! Faz sentido! 

Não há saneamento básico, a recolha deverá ser gratuita/suportada pela Câmara.

E os outros? E as outras instituições? E as empresas? E os particulares?

Dois pesos, duas medidas?


21 de maio de 2020

A primeira facada

Diogo Mateus fez-se tão poderoso que se julgou acima da lei. Mas, mesmo acima da lei, há limites… Limites que D. Diogo ignorou, e contínua a ignorar.
O presidente da CMP é falso: ao mesmo tempo que obtém e propagandeia ser o campeão da transparência, sonega informação a toda a gente (oposição, correligionários, munícipes, …). Mas a falsidade e as violações à lei têm limites. E nem todos os prejudicados se acobardam perante o poder.
Pedro Brilhante apresentou uma queixa, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, no início do ano, por recusa do presidente da câmara fornecer informação relativa às despesas relativas ao curso de Auditor de Defesa Nacional (!), que frequentou em Lisboa, três dias por semana durante seis meses.
A CMP e os seus advogados contestaram os fundamentos da queixa com argumentos ridículos; por exemplo: “por dar muito trabalho fotocopiar os documentos”.
O tribunal deliberou que “face ao exposto julgo totalmente procedente a intimação e em consequência condeno a entidade requerida (CMP) a prestar as informações peticionadas pelo requerente (um longo pacote de documentos)”.
Sentenciou ainda a CMP a pagar as custas do processo. E multa ao presidente da câmara por cada dia de atraso, após notificação da sentença. Estamos nisto: pagamos para ser ludibriados.
Esta é a primeira facada. Mas quando esta foi preparada ainda não se suspeitava dos pagamentos feitos através do fundo de maneio do Gabinete de Apoio à Presidência, que o presidente da câmara se tem sistematicamente recusado a fornecer, adensando as fortes suspeitas...
Siga com atenção os próximos capítulos.

19 de maio de 2020

O regresso do CDS para as autárquicas

(foto de arquivo)


A pandemia teve o condão de agitar as águas paradas no que diz respeito às autárquicas 2021 - sim, já no próximo ano. Numa primeira fase, depois do congresso que elegeu Chicão, os que deram corpo ao CDS nos últimos anos atiraram a toalha ao chão, por não se reverem na guinada à direita que o partido parecia querer fazer. Mas eis que chegam notícias do desconfinamento: está a preparar-se uma candidatura aos órgãos locais, primeiro, para avançar nas autárquicas logo a seguir. Em marcha pode já estar uma recandidatura de Sidónio Santos, que em 2017 não conseguiu  eleger-se vereador. Porém, perante a alteração do teatro das operações, pode bem ser que desta vez o CDS regresse ao executivo, mais de 30 anos depois. A espaços, Sidónio vai picando o ponto na página de facebook alusiva à candidatura das autárquicas de 2017. Continuou activo, como comentador político na rádio e no jornal. E tem grupo.
Tudo depende de como terminar esta contenda no PSD. A próxima reunião pública da Câmara Municipal (na próxima sexta-feira) deixará perceber se o pacto de não-agressão se mantém (entre o trio Diogo-Brilhante-Ana Gonçalves), ou não. E como por parte da concelhia do PSD continuamos sem saber se Diogo sempre vai embora (abrindo um tortuoso caminho a Pedro Pimpão) ou toma mais um café, perdão, um mandato; e da parte do PS não há grande coisa a esperar, entretemo-nos com as cenas dos próximos capítulos: 

  • Será que a fava de anunciar o fim do movimento Narciso Mota - Pombal Humano calha a Micael António, antes de provar de outro bolo? 
  • Quem arrisca dar a cara pelo Chega fora do facebook? (até à data, foi o único que já fez contactos/convites)
  • Haverá candidaturas independentes, ou a falta de verba condiciona essa liberdade?



Pensamento do dia


17 de maio de 2020

Os figurões e o Herói


Os figurões do regime aproveitam-se do herói do 25 Abril 74 – Salgueiro Maia – uma vez por ano - para o número e para a fotografia.
Nos outros 364 dias deixam-no ao desmazelo: a coroa que só serviu para o número fica por lá a desfazer-se, os canteiros ao abandono e os cantos para depósito de sucata e afins.
São assim os democratas de um dia.

14 de maio de 2020

O Pedro falou, finalmente


O Pedro falou, finalmente, pelo PSD, à RC! Falou de política, do momento mais conturbado da política pombalense das últimas décadas. Mas não falou o político, falou o bom-cristão. O Pedro é político de profissão e bom-cristão de vocação.
E o que disse o Pedro? Nada. Falou - do óbvio, do banal, do inócuo. Disse que os mandatos são para levar até ao fim, que o partido apoia todos os eleitos, todos os executivos. O Pedro sabe que a legitimidade política advém dos apoios, e os apoios da prestação de contas; e sabe bem que entre o partido e o executivo - e vice-versa –nunca existiu cumplicidade (tem existido até muita canalhice).
As declarações do Pedro podem surpreender muita gente, não os mais atentos à realidade política local. O Pedro foi dissimulado e fraco; procurou, mais uma vez, transvalorar a fraqueza em virtude, foi o bom-cristão que conhecemos. 
A política é um jogo de imposição de vontades, que tem a força como primeiro e último argumento. O Pedro é destituído de força e de vontade própria; só tem desejos - ama o desejo não o desejado.

12 de maio de 2020

Onde se dá conta dos preparativos do Pança para o retiro

O último dia da semana despertou triste e molhado, propício à reclusão, à acomodação de mágoas e à digestão de ressentimentos. Mas quando o Pança chegou ofegante ao cimo da escadaria central, do Convento de Santo António, reparou que o Príncipe já estava no seu posto. Nesse instante, tremeu diante de ruim presságio. Lá fora, o céu alternava entre aguaceiros fortes e boas abertas; e do marasmo geral ressoava o cucar dos cucos na mata da rola, e o crocitar dos corvos, por cima do convento, que em seu grasnar anunciavam vingança.

O Pança, sabendo que o Príncipe ficaria ocupado, o dia todo, a fazer e a desfazer armadilhas, a reunir e a desagrupar rufias, a forjar e a desforjar agendas, resolveu ocupar o tempo em auscultações. Almoçou mal, porque o nó na garganta, que se tinha enrolado na véspera, obstruía-lhe o apetite. Durante a tarde, sentou-se para meditar um pouco – o que não fazia há anos. Veio-lhe à cabeça os companheiros que perdeu, os ódios e inimigos que gerou, as ameaças e os desgostos que se anunciam. E a meio da tarde começou a esvaziar o poiso – estava decidido a mudar de vida. Eis senão quando, é apanhado pelo Príncipe nos estranhos afazeres.

- Que estais fazendo, Pança?
- Estou a desaquartelar; a retirar os meus pertences…- afirmou o Pança
- Não tendes aqui nada, Pança, nem vontades – sentenciou o Príncipe.
- Ai tenho, tenho, Alteza. E preciso delas para as lides no meu condado - retorquiu o Pança.
- Oh! que vontade fraca – Exclamou o Príncipe. E acrescentou: - Sabeis bem que estamos os dois no mesmo barco.
- Pois,…; mas o navio abriu. Estamos naufragando! Prefiro morte seca que naufrágio sem velório – retorquiu o Pança.
- Por que sois tão temeroso? E tão desagradecido, Pança? Ou já vos aliastes aos desavindos para apressar o meu fim?
- Eu cá não sou temeroso, nem desagradecido. Tanto sei espedaçar um rufia como dar a camisa a um amigo - tenho na alma quatro dedos de enxúndia de cristão velho – afirmou o Pança. 
- Mas pensais com um quarto de bom senso e três quartos de cobardia – tornou o Príncipe.
- Não é cobardia, Alteza; não quero servir-vos de empecilho ou de bode-expiatório … - afirmou o Pança.
- Para que é essa pressa tanta, Pança? Para que é essa pressa tanta, Pança? – perguntou o Príncipe.
- Estou farto de desaforos, e de ameaças dos nossos, dos que o Senhor escorraçou. Com tanto odioso no ar, as coisas não estão para graças, e agora é que vamos para o caraças – afiançou o Pança. 
- Ouve-me com atenção, Pança amigo: estais enfeitiçado, caístes no encantamento de algum maltrapilho que te colocou na cabeça visão má. Precisais de voltar à Graça do Senhor. Tereis que tratar esse feitiço rapidamente – ordenou o Príncipe.
- Da alma sei eu tratar, Alteza; do que não sei tratar, e tenho medo, é da justiça – retorquiu o Pança.
- Deixai com quem sabe - comigo – as coisas de leis; e tratai da alma que bem precisais – tornou o Príncipe.
- A justiça é cega, Alteza; tão cega que meteu atrás das grades uma criatura muito mais poderosa que o Senhor. Desculpai-me! mas eu não confio em Vossa Mercê  - afirmou o Pança. (E pensou mas não disse: - naquela maldita reunião disseram que o Senhor não é douto em leis) 
- Sois mesmo vilão. Que tem isso com o que se passa aqui? – perguntou o Príncipe.
- Se Vossa Mercê se enfada, eu calo-me e deixo de dizer aquilo a que sou obrigado como leal escudeiro – afirmou o Pança.
- Dize o que quiseres — tornou o Príncipe — conquanto as tuas palavras se não dirijam a assustar-me.
- Digo que me parece que a minha estada neste castelo já é sem proveito. Que é meu cuidado livrar-me, enquanto é tempo, de cuidados maiores…- afirmou o Pança.
- És miserável e traidor, de origem simples para seres isso, e ruim demais para viveres – retornou o Príncipe.
- Para nós todos, Meu Senhor, o tempo ficou ruim demais, muito nublado – asseverou o Pança. 
- Não me anunciais senão perdas, nada mais. Dize, pois: perdi a coroa? – perguntou o Príncipe.
- Não sei, Alteza; vassalo não sabe nem pode julgar seu Rei – retorquiu o Pança.
- Alma despiedosa…- mimoseou o Príncipe.
- Agora o Senhor terá que por à prova os amigos que tanto o adulavam antes – afirmou o Pança.
- E vós me desampareis? – interpelou o Príncipe.
- Faltam-me forças para lutar contra os nossos – afirmou o Pança. Vai pelo nosso reino uma divisão desastrosa, como jamais se viu... E acrescentou: - Renego meus privilégios, abdico da pompa régia, e retiro-me para o meu condado…
- É o que fazeis, agora, Pança; quando mais preciso de ti? – perguntou o Príncipe. E acrescentou: - dei-vos tudo: boa renda, boa tensa, benefícios e privilégios, estatuto e pompa. E tive piedade de ti, não me poupei canseiras para ensinar-te bons modos, mas a tua raça não comporta nobres modos.
- Deu-me muita coisa, sim, Alteza; mas não fez de mim cavaleiro, e ministro, como prometido. E já não o fará - se alguma vez pensou fazê-lo – retorquiu o Pança.
- Sois muito desagradecido, Pança; e causa da minha desventura, também – afirmou o Príncipe.
- Vossa Mercê é que tem sido muito desagradecido comigo e com os seus, e mui amigo dos desumanos. Persistiu no enforcamento do rufia; enganou-se! O rufia não nasceu para a forca; e da corda do seu destino fez o nosso laço. Depois, cometeu o mesmo erro com a marquesa – afirmou o Pança.
- Sois fraco e traidor, Pança – afiançou o Príncipe. E acrescentou: - Grande é quem luta até por uma palha quando a honra está em jogo.
- Não consigo, Alteza. Tenho a alma atormentada e cheia de pecados – afirmou o Pança.
- Revesti-vos de coragem, Pança, vos peço. Estais desvairado, pressagiando desgraça? – Perguntou o Príncipe.
- Sinto que a nossa situação é pouco firme, mas enquanto for possível lavar nossas honras na corrente aduladora e as feições como a mascara do coração bondoso… - retorquiu o Pança.
- Receais que seremos ceifados antes do tempo? – Perguntou Príncipe. 
- É muito grande o meu medo… - afirmou o Pança.
- Temos que usar o medo religioso e o santo poder da salvação. Se está tudo perdido! Vamos rezar! Se está tudo perdido! Vamos rezar! – Rematou o Príncipe.
                                                                                           Miguel Saavedra

11 de maio de 2020

Última hora


O gabinete de apoio ao presidente da câmara começou a ser esvaziado, sexta-feira.
O gabinete do presidente da câmara contínua igual.
No 2.º andar, do n.º 4, da Rua Dr. Luís Torres a angústia aumenta, e o silêncio exterior tornou-se ensurdecedor.

8 de maio de 2020

Manual de instruções para usar a máscara



Depois de uma reunião que durou toda a manhã e o início da tarde de quarta-feira (com Pedro Pimpão, presidente da concelhia do PSD, Fernanda Guardado e Fernando Matias), Diogo Mateus não saiu mais da Câmara, até ao final do dia. Mas quis manipular a opinião pública (desacreditando a informação dada em primeira mão pelo Farpas): o gabinete da propaganda inundou as redes sociais com os fotografias do presidente e vereadores a distribuir máscaras e viseiras, supostamente naquele dia. A atitude já era condenável o bastante, pois que este aproveitamento político é muito pouco higiénico. A necessidade de apregoar o que se dá é sempre condenável. Mas foi pior porque teve a intenção de distrair o eleitorado de um dilema importante: o presidente sai ou não sai? Acaba o mandato ou não?
Haverá nesta altura um acordo de cavalheiros para serenar os ânimos, de parte a parte. Só que o silêncio da concelhia do partido é ensurdecedor, como se o PSD estivesse de quarentena (expressão bem usada pela vereadora do PS, Odete Alves, em declarações à rádio Cardal, embora sem grande moral para falar de silêncios e de partidos que não tomam posições).
Talvez Pedro Pimpão não tenha ainda percebido que já não é o jota a quem tudo se desculpa; e como até no partido já lhe lembraram algumas vezes, não pode continuar para sempre em cima do muro, a espreitar de longe a confusão. Muito menos para quem tem aspirações de suceder a Diogo Mateus, a qualquer preço. 
Porque até para usar uma máscara é preciso saber fazê-lo bem, e cumprir algumas regras. A responsabilidade política é uma delas. 

Diogo Mateus em queda livre…



Na semana passada, Diogo Mateus pediu uma reunião com as mais altas figuras do PSD onde colocou o seu mais delicado problema político, desta forma: na próxima reunião do executivo – a de hoje – o vereador Pedro Brilhante e ele não poderiam estar na reunião – ou saía o vereador ou saía ele.
Terça-feira, reuniu a comissão política do PSD onde Diogo Mateus começou por pedir a cabeça de Pedro Brilhante (retirada da confiança política) e acabou vexado, abandonou a reunião.
No dia seguinte (quarta-feira), reunião entre Diogo Mateus, Fernanda Guardado, Pedro Pimpão e Fernando Matias para encontrar uma saída.
Hoje, reunião do executivo com Diogo Mateus e Pedro Brilhante.
Ao que um homem – todo-poderoso – chega…!

7 de maio de 2020

Não há almoços grátis

Depois de múltiplos contactos sigilosos (como referiu Diogo Mateus, na última reunião do executivo), a CMP alienou, numa hasta pública feita à medida, realizada no passado 22 de Abril, 121.859 m2 de prédios rústicos, na Guia, à empresa Lusiaves, SA, pelo montante de 640.000 €.

O negócio ampliará significativamente a Zona Industrial da Guia (cerca de 85%), até muito próximo da zona urbana, e destina-se – segundo a câmara – à instalação de uma unidade de transformação de carnes de aves.

Pombal é um caso único na região: nas últimas duas décadas, não conseguiu captar um único investimento reprodutivo relevante. Assim, por um lado, compreende-se a exaltação da câmara (Diogo Mateus) com este investimento - maior investimento das últimas décadas no concelho, centenas de postos de trabalho, tecnologias de ponta (o que quer que isso seja), actividades inovadoras (idem), etc.; por outro, como diz o povo, quando a esmola é grande o pobre desconfia. Os guienses têm muito por onde desconfiar, e os das redondezas também.

Há duas décadas, participei no diagnóstico de uma unidade de transformação de carnes de aves, situada no concelho de Ferreira do Zêzere, a fim de certificar o Sistema de Garantia da Qualidade e Segurança Alimentar. A empresa possuía um processo produtivo altamente automatizado, desde o abate das aves até à embalagem e rotulagem dos produtos processados. E um sistema de tratamento dos resíduos que reaproveitava quase tudo; nomeadamente a água da lavagem das aves, vermelha, que circulava sob o pavimento e depois de tratada era reintroduzida no circuito. Lembro-me bem de o responsável pela unidade retirar um copo de água de uma das muitas torneiras e a beber; e de nos sugerir que a bebêssemos sem receio porque era água quimicamente pura, sem nenhum sabor.

Dentro da unidade era quase tudo perfeito. O ambiente de trabalho era relativamente confortável, se descontássemos a temperatura relativamente baixa - por exigência do processo produtivo. Os problemas estavam no exterior; sentiam-se bem a três ou quatro quilómetros de distância. Mas neste caso, tiveram o cuidado de instalar a unidade relativamente longe de aglomerados populacionais.

Desconfio que o investimento da Lusiaves na Guia não será a maravilha que Diogo Mateus tanto se tem fartado de propagandear. Até porque não há almoços grátis. Muitos guienses devem ter mamado alguns almoços grátis. Chegou a hora de arrotar. Ou de lutar. 
É a vida!

6 de maio de 2020

ÚLTIMA HORA| Diogo Mateus ameaça ir embora "já hoje"


A reunião da comissão política do PSD, que aconteceu na noite passada, terminou da pior forma: Diogo Mateus abandonou a reunião a ameaçar que vai embora da Câmara já hoje.
Não se sabe ainda se foi esse 'terramoto' que despoletou a quebra de energia generalizada numa parte da cidade, mas é uma possibilidade...
Diogo foi ao partido exigir apoio, mas só encontrou críticas à forma como tem conduzido os últimos acontecimentos. Convém lembrar que naquele órgão têm assento Pedro Brilhante e Ana Gonçalves. Foi uma reunião escaldante, com acusações graves a Diogo Mateus.
Nessa entrada de leão e saída de sendeiro, o presidente da Câmara jogou a última carta: a demissão do cargo. A esta hora já lá estarão os únicos dois dirigentes que se prestaram ao papel de o demover: Fernanda Guardado (presidente da Assembleia Municipal) e Fernando Matias (ex-presidente da Junta de Almagreira).


(em actualização)

A Câmara e o investimento do Grupo Lusiaves

O Grupo Lusiaves pretende realizar um investimento, ao que consta, de cerca 74 milhões de Euros, o que permitirá cerca de 700 postos de trabalho directos. Necessitava de uma área de grandes dimensões para esse efeito, aliado a uma localização estrategicamente vantajosa em termos logísticos e a Zona Industrial da Guia afigurava-se como a zona ideal.

A Câmara Municipal de Pombal esteve bem!

Tratou de, há meses atrás, e em coordenação com o potencial investidor, avançar com a aquisição de terrenos contíguos à actual Zona Industrial e está já no processo de aquisição de terrenos adicionais porque um investimento desta monta (o maior de sempre no Concelho) aumenta a atractividade desta zona industrial, bem como potencializa a necessidade de criação de empresas de actividades complementares na proximidade. A zona industrial irá praticamente duplicar em termos de área.

É isto que se espera de uma Câmara Municipal, que crie condições para investimentos, que neste caso: 1) fez o papel de intermediário entre os donos dos terrenos e o potencial investidor garantindo a área necessária, tendo o controlo do licenciamento 2) deu seguimento às infraestruturas necessárias para potencial o investimento e a variante à A17 será uma realidade 3) terá lucro com isto porque entre o preço que pagou pelos terrenos e o anunciado em hasta pública ainda ter mais valias acima dos 200 mil Euros, que justificará o trabalho e as infraestruturas públicas ficariam a cargo do investidor.

Alguns aspectos poderão no entanto ser questionados:
  • A bem da transparência, seria necessário um procedimento de concurso para inglês ver se o destinatário dos terrenos já estava claramente identificado? Seria muito melhor ser logo transparente ao invés do secretismo e que passa uma imagem negativa;
  • Seria bom que este tipo de serviço público fosse generalizado e não apenas para alguns, ou melhor, que não fosse a excepção mas a regra, independentemente do montante do investimento ou do investidor;
  • Qual o destino desta receita extraordinária? Seguramente não estava em orçamento e com o anúncio deveria ser transparente qual o fim a que se vai dar a essa receita;
Decorre neste momento uma petição contra este investimento, alegando que vão haver chaminés e vísceras que terão um impacto a nível de fumos malcheirosos e na qualidade de vida da futura cidade da Guia. Sobre esta petição e as pessoas que estão por trás da mesma, temo que se anteciparam por estarem a defender algo sem o conhecimento mínimo do projecto e baseiam-se em assumpções e cenários apocalípticos. Pior ainda é que passa a imagem de aproveitamento político de bandeiras muito distantes do real interesse das populações mas a procura de protagonismo apenas. E até a imagem do franguinho que protesta, traz mais simpatia pelo projecto do que o contrário.

Faz lembrar a postura descrita do ambientalista simplório https://visao.sapo.pt/opiniao/ponto-de-vista/2019-06-05-o-ambientalista-simplorio-1/, daquele que quer sol na eira e chuva no nabal.

Os detalhes do projecto serão apresentados nos próximos meses e o bom senso dita que se oiça primeiro antes de tirar conclusões precipitadas. A não haver nada contra, é um investimento alavancador do concelho e em particular da zona oeste.


5 de maio de 2020

Notícias do director reconduzido quase por unanimidade e aclamação



Estava o burgo confinado e conformado com os vídeos caseiros do poder local, e entusiasmado com o guião do filme "como destruir o jardim da várzea nas vossas barbas", quando o mega agrupamento de escolas de Pombal decidia, na calada da internet, mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.
Os estimados leitores talvez não saibam que o Conselho Geral de qualquer agrupamento é, na verdade, o órgão máximo - a quem compete, por exemplo, decidir quem é o mestre daquela banda. 
Na generalidade dos agrupamentos, o CG tem poder, é respeitado, e até temido. Mas aqui, já se sabe, nem tudo é normal em Pombal ocidental. De modo que o CG - que reúne 21 elementos entre representantes de professores, pais, alunos, funcionários e representantes das autarquias (Câmara e Junta) e comunidade, que é como quem diz sociedade civil, se a houver - é só um respeitoso órgão. 
Para o compreender, é preciso contar a cronologia dos acontecimentos:

  • A 14 de Abril a senhora presidente envia uma acta já elaborada, acompanhada de uma missiva do senhor director, disponibilizando-se para continuar a missão. Uma vez que ao CG era pedido pronunciar-se sobre eventual recondução (por maioria absoluta) ou abertura de procedimento concursal, a presidência tomou a liberdade de optar pela primeira. Ora acontece que o tempo é de pandemia, e assim...
  • A 24 de Abril termina o prazo para que todos se pronunciassem, por mail, dando indicação do respectivo sentido de voto. Sem surpresas, todos se pronunciam (ao contrário que sucede nas reuniões do CG, em que muitas vezes é preciso esperar para haver quórum). A recondução alcança a quase unanimidade: 19 votos a favor, um contra.
  • A 30 de Abril, porém, um pai desmancha-prazeres-em-tempo-de-pandemia pede a anulação do acto, invocando o regimento interno e o secretismo dos votos - pois que a maioria votou tão ordeiramente pela evolução na continuidade, e fez disso gala, partilhando-o, que não devia valer.
  • entramos em Maio com essa maçada, esse incómodo, mas onde é que já se viu, como se não bastasse uma ovelha tresmalhada no meio de tão ordeiro rebanho, agora ainda se corria o risco de deixar cair mais uma nódoa na unanimidade. Onde é que já se viu, com uma pandemia às costas, as escolas fechadas, abrir-se a porta a esse precedente.
  • Mas o povo é sereno e os órgãos directivos também, o melhor é cumprir os procedimentos correctos, imagine-se, logo uma escola, exemplo maior, e se até as assembleias municipais (de outros concelhos) reúnem presencialmente, por que não haveria um CG de...fazer uma votação presencial, até lá está o senhor presidente da junta que anda a sensibilizar a população para o uso da máscara, se houver alguma coisa ele explica, e a senhora vereadora da acção social, por isso nada há a temer em matéria de salubridade
  • aos cinco dias do mês de Maio, do ano da graça de 2020, finalmente pode aprovar-se a acta feita a 14 de Abril, da votação a 24, sobre o mandato que só termina a 11 de Julho, mas que é preciso acautelar, mesmo em tempos de pandemia. E em verdade o senhor director foi reconduzido, pelos mesmos 19 votos a favor e um contra, que é tão linda a nossa terra terra, que o reconduz por quase unanimidade, e tudo está bem quando acaba bem. Não fora a pandemia e o risco acrescido, quase podia acabar esta tarde amena de primavera com uma bica ao balcão do refeitório da mesma escola que afinal não podia abrir, nem para votações desnecessárias. Só para conversas políticas.






4 de maio de 2020

E a transparência, Diogo?!


As câmaras municipais têm que emitir as actas no prazo de 15 dias (duas semanas). A CMP não emite uma acta das reuniões do executivo desde 16-08-2018 – há quase 2 anos! 

As actas são o instrumento fundamental que o cidadão comum tem para fiscalizar a actividade da câmara. Em Pombal, a fiscalização está deliberadamente comprometida. E anda por cá tanto negócio a merecer escrutínio apertado!

Bem pode Diogo Mateus obter e propagandear lugares de destaque em (falsos) índices de transparência. A realidade desmente-o, repetidamente.

1 de maio de 2020

O Jardim da Várzea morreu!



No lugar do tradicional Jardim da Várzea vai nascer uma praça "modernaça", artificial, limpa, sem nenhuma relação com as características históricas do bairro, fortemente agressiva e impositiva relativamente ao espaço circundante.
O projecto combina bem o empreendedorismo urbano cego do seu promotor com o estilo neo-modernista do projectista, intrusivo e impositivo, que despreza a memória e os valores identitários do local, como já tinha feito no edifício da sede da Caixa Agrícola, cuja volumetria e falsa monumentalidade chocam com o espaço circundante e com a construção da urbanidade no momento actual.
Há um certo radicalismo formal e estético no estilo de arquitectura proposto, na opção pelo artificial, pelo liso, pelo limpo, e por uma geometria démodé, baseada em eixos paralelos e ortogonais, cheia de adornos simétricos e coloridos chocantes. E há a negação do seu oposto, do natural, do irregular, do rugoso, da terra, das plantas, da vida. Ora, é esta ruptura e esta dissonância com o espaço circundante que provoca uma grande fealdade. 
A urbe é o cenário onde a vida mais se exprime, onde socializamos, onde o sentido de comunidade se desenvolve. É estúpido pensar a urbe sem ser com e para as pessoas.