12 de setembro de 2021

Rei morto, rei posto

A última reunião da Assembleia Municipal deste mandato foi (quase) aquilo que se esperava: uma bajulação colectiva a Diogo Mateus, que soa a falso na maioria dos casos. Toda a agente sabe que Diogo foi empurrado borda-fora, que Pedro Pimpão faz de conta que o (seu) PSD não está no poder há três décadas, e pior, que D. Diogo nunca existiu. Por isso chegou a ser degradante vê-lo(s) dizer em público o contrário do que dizem em privado, destilando ao microfone a teoria do agradecimento que a prática não acompanha. 

Diogo sabe disso. E não o esquecerá. 

Mas a mais hilariante intervenção coube a José Gomes Fernandes - já na fila da frente, já a preparar-se para novo regresso a porta-voz da bancada do PSD, pois que do seu arqui-inimigo João Coucelo espera-se que esteja sempre pronto a substituir o professor, na presidência da próxima Assembleia Municipal. O partido deu um duplo tiro no pé ao incumbi-lo de fazer aquele papel. Primeiro porque toda a gente sabe que JGF (outrora conhecido como enfant terrible ou taliban do PSD local) tem o mesmo jeito para o elogio que um elefante a movimentar-se numa loja de porcelana. Depois porque não resistiu a deixar ali a sua velada farpa ao Pedro, apontando a Diogo as qualidades que sabe serem  defeitos do sucessor. A coragem, sempre a coragem, a preparação e o conhecimento.

Diogo sabe disso. E por isso lhe devolveu com a mesma moeda, agradeceu as palavras, sabendo que eram simpáticas, embora "nem todas verdadeiras". Afinal, foram muitos anos lado a lado a espezinhar os adversários, a maquinar estratégias - como aquela de fazer cair Luís Garcia, presidente da AM - a mexer as peças. Porque são raras as que tombam sozinhas. Aqui ou em qualquer lugar, Diogo não o esquecerá.

7 comentários:

  1. Ó mar salgado, quanto do teu sal
    São lágrimas de Portugal!
    Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
    Quantos filhos em vão rezaram!
    Quantas noivas ficaram por casar
    Para que fosses nosso, ó mar!

    Valeu a pena? Tudo vale a pena
    Se a alma não é pequena.
    Quem quer passar além do Bojador
    Tem que passar além da dor.
    Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
    Mas nele é que espelhou o céu.

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    1. Oh engenheiro, o PSD fica-lhe (outra vez) tão bem. Valeu a pena, pois.
      Aproveito para lhe dizer que o papel dos panfletos é de uma qualidade excepcional. Espero que tenha feito bom preço aos companheiros.

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  2. Cara Paula, não pondo em causa a opinião a que tem direito e respeito, permito-me também emitir a minha, apenas para que o assunto fique mais escrutinado.
    Assim, num mandato em que o presidente sai algo contestado, outra coisa não seria de esperar senão elogiar o que de bom fez, e fez muito, e escamotear mais o que fez de menos bem. Afinal estamos num fim de ciclo e numa despedida e não num julgamento de um facínora condenado ao degredo e à proscrição da sua honra. O tempo dos trogloditas já lá vai no nosso ocidente, embora teime ainda em se afirmar noutras latitudes, como por exemplo no Afeganistão. Portanto foi a despedida possível e o elogio possível.
    Não me parece que Diogo tenha sido empurrado borda fora, antes sim preparou a prancha, incautamente, subiu para ela e, quando ameaçou que ia saltar para o mar simplesmente não tinha ninguém para o agarrar. A tal lei do Karma, onde as ações têm as suas consequências, onde se desculpam um ou outro erro, mas onde já não se toleram erros sucessivos, alguns de medição de forças onde por vezes o mais poderoso sai derrotado, como foi o caso.
    Sobre o estado de espírito e desejos futuros de reparação ou retaliação, embora sejam humanos, não me parece que tenham espaço no futuro, porque os momentos áureos de cada um de nós acontecem num período próprio e passada essa fase raramente torna a haver outro, logo se sapo existe terá de ser assimilado e engolido, sem retaliações.
    O Pedro por acaso sabe bem o que o Diogo fez, e no que fez de bem vai ter sequencia pelo Pedro e sobre isso nunca vi ele, nem nenhum de nós, estarmos-lhe ingratamente desagradecidos.
    O JGF fez o elogio que sabe e quis fazer e sobre eventuais subliminares recados ao Pedro, se houve a intenção, estou em desacordo pelo seguinte:
    A coragem? Pois a coragem! E pergunto eu, e a coragem de ouvir todos? E a coragem de encontrar o melhor denominador comum? E a coragem de querer soluções com o máximo de apoio? E a coragem de escolher uma vereação totalmente renovada? Quem será o maior detentor de tal coragem? Pois eu leio ao contrário, as virtudes do Pedro são talvez os defeitos do Diogo;
    A preparação! Mas o Pedro não tem preparação para quê? Um Líder que estimula e ouve os seus parceiros, que tenta perceber os seus opositores, que ouve os técnicos, os prós e os contras, e no fim decide pela melhor solução que encontra, tem falta de preparação? Mas preparação de quê? O tempo em que havia um que pensava por todos já lá vai, embora episodicamente hajam umas tentativas de revivalismo dessa linha política, geralmente de egos que mal cabem no espelho onde se miram.
    O Conhecimento, mas qual deles? Na vida não há génios e burros, nem ciência una e absoluta, há uma variedade e gradações de todo o conhecimento, e se o Diogo era bem preparado, que aliás reconheço, o Pedro não o é menos, porque sendo mais novo vai certamente acrescer conhecimento ao muito que já lhe assiste por esta razão: Aprende-se muito mais a ouvir do que a falar, e aqui, se estabelecermos comparações neste particular, talvez não nos restem dúvidas de quem gosta e sabe ouvir mais e melhor!
    A política tem destas coisas, o Rei já não é vitalício nos nossos dias e quando chega o seu epílogo, convém que não deixe muito lastro negativo, porque geralmente esse pesa mais na opinião popular do que o positivo e quando assim é sai-se sem brilho nem aclamação.
    Ora é nestes conceitos e esperanças que deposito no Pedro, que almejo um concelho mais ao nosso gosto e necessidade, e daí acredite nessa “Nova Esperança” protagonizada agora pelo Pedro, tal qual acreditei no “Mais Pombal” do Diogo em 2013.
    Tudo farei e me empenharei para que desta vez não reviva, daqui a 4 ou oito anos mais uma desilusão, mas sim num sucesso crescente de 12 anos com continuação futura.
    O PSD permanece porque os atores vão mudando, e é por essa razão que o PSD continua em grande projeção e aceitação no Concelho, porque ao longo de todos os anos se vai sabendo renovar e adaptar às expetativas do povo.

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    1. Caro Manuel Serra, folgo em vê-lo entusiasmado e cheio de ânimo no que aí virá. Infelizmente não consigo partilhar desse estado de alma. E sem qualquer laivo de genialidade nem burrice, deixe-me avisá-lo para ir pondo as barbas de molho, como diz o povo. Porque essa "coragem" (como lhe chama) de uma equipa totalmente renovada, pode sair-nos cara a todos, pelo menos aos que aqui vivem, aos que têm filhos nas escolas, aos que gostam de usufruir do meio em que vivem. Aos outros, correrá sempre bem. Para mais, temos a equipa da Assembleia Municipal (de que fará parte, será correr bem) onde foi possível encaixar muito mais do que a experiência, mas todos aqueles que andam aqui a perorar há mais de 30 anos sem que se lhes conheça qualquer contributo cívico para o colectivo. Dir-me-á que quando mal nunca pior, pois que nos raros casos em que isso aconteceu, não correu bem.
      Sabe, às vezes convenço-me que melhor fora não conhecer os actores. Estaria assim, pronta a acreditar, como parece ser o seu caso.
      Por último, o PSD permanece porque sabe baralhar e dar de novo, alimenta e alimenta-se muito bem de um bolo cada vez com menos ingredientes, mas a principal razão chama-se falta de comparência do adversário. Quando isso acontece - como lhe aconteceu a si, há quatro anos -provamos do mesmo sabor das outras terras. Atente só nesta curiosidade: um distrito, 16 concelhos. Nos últimos 30 anos a coisa mexe em todo o lado, menos aqui. Que maior ambição se pode ter?

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  3. Tão típico dos PSDs... tudo unido com faca nas costas. Veja-se na nacional. O Rio ainda não faleceu políticamente e já preparam o velório. Escondam o vinho e o rabo... está aí o Rangel

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    1. Não fora a morte de Jorge Sampaio, tinhas levado aí com o lançamento oficioso da candidatura dele no Vale da Sobreira. Embora, se fosse eu a ele, evitava essa malapata: o último que aqui veio fazer esse número foi Montenegro, e não correu bem.

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  4. Durante todos estes anos na AM, João Coucelo sempre foi um exemplo de cordialidade. Nunca consegui perceber a razão de nunca ter sido o número 1 na lista. Depois de ter sido um dos “magnificos” da primeira equipa de Narciso, foi remetido durante estes últimos 20 anos ao papel de líder de Bancada do PSD, apesar de nunca ter mostrado grande vontade de ser militante. Acho que o Pedro lhe devia ter dado a honra de ser cabeça de lista e candidato ao cargo mais importante no concelho. Parece que a escolha recai em Mota Pinto para não criar ainda mais divisão no partido. Aquela propalado união só o é para manter o poder. Quando perderem o poder, que ainda não vai ser agora, aquilo transforma-se num saco de gatos. Talvez só em 2025, se entretanto aparecer alguém no PS com vontade de arrumar a casa e aglutinar os militantes e eleitores em torno de um projecto. Actualmente o PS de Pombal é um projecto pessoal das manas e dos seus acólitos.

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