15 de julho de 2009

E depois do adeus? (II)

Foi-se o mentor, o Café Concerto é deficitário (justificando-se considerar a entrega a privados mediante um contrato de concessão - transparente e com pés-e-cabeça -, tal como aqui também se defende, mais a mais, sendo a agenda cultural apenas concertos que podem ser mantidos nesses moldes), foi-se também o Bodo, por culpa de quem geriu e de quem avalizou as opções tomadas, a Expocentro não é dinamizada (vide Relatório da Auditoria) e sobra o estacionamento, incompreensivelmente desligado de toda a questão do trânsito, devendo, por exemplo, repensar-se a alocação, nem que seja parcial, de fundos à sustentação do sistema de transportes urbanos, com consequente expansão. Mas no que toca à Pombal Viva, depois da festa (Bodo 2008) chegou-se a este ponto. Trapalhada é uma boa expressão, mas haverá outras.

Sim, houve o Bodo de 2008 que, já o escrevi aqui e disse noutros sítios, apontava para uma estrutura com a sua lógica, desde que dimensionada para ser sustentável, coisa que não aconteceu. Tão simples como isso: não houve qualquer esforço para evitar que o passo fosse maior que a perna. E não se trata de coarctar a ambição. Aliás, a ambição, com o dinheiro dos outros, normalmente descamba na mania da elefantíase, que tanto critico aos nossos governos. Não vejo mal nenhum que o Bodo se afirmasse cada vez mais ou seja, que o passo fosse maior do que é habitual. Convinha, repito, é que não fosse maior que a própria perna. Por isso é que dispenso que, nessa ânsia, regras elementares de gestão e responsabilidade fossem dispensadas como o foram.

Moral da história: a herança dificilmente chega para pagar as dívidas, mas chega, e bem, para tirar excelentes lições para o futuro.

34 comentários:

  1. Caros Amigos. Acho que o café concerto foi, durante o tempo que funcionou, uma lufada de ar fresco cultural na nossa cidade. Por lá assisti a bons espectaculos de Cultura. O ambiente é excelente sendo uma casa que dava prazer levar amigos de outras paragens a visitar Pombal. Espero que com a privatização do espaço, a qualidade e o ambiente não se degrade, pois é pena perder-se uma sala de visitas com tanto nivel no nosso concelho. Espero que isto não seja aproveitado para fins politicos pois este meu comentario é so na qualidade de utilizador/pagador deste espaço. Sim nunca tive nem pretendi, lugares marcados nem copos pagos, sempre que frequentei este espaço paguei o meu consumo e quando não conseguia lugar sentado assistia aos espectaculos de pé.

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  2. Penso que o Café-Concerto foi sem dúvida uma grande mais-valia para a cidade, mas que poderá ser mantido por privados nos mesmos moldes. É verdade que os preços praticados eram abaixo da média e poderá não ser possível a um privado mantê-los, mas provavelmente não haverá solução mais viável.
    O Bodo 2008 foi o descambar de uma gestão que já falhava noutras áreas. Concordo com o modelo e com o crescimento, mas deu-se realmente o passo maior que a perna. Nada que não se possa aperfeiçoar e penso que condenar o modelo como tantas vezes foi feito em nada serve Pombal.
    Qualquer gestão ou governação deve ser alvo de uma avaliação constante, porque os erros existem em Pombal e em qualquer outro sítio. A reacção de Narciso Mota tem sido uma trapalhada, admito. Mas assumiu o erro e está a tentar corrigir, coisa que nem todos os políticos têm a dignidade e coragem de fazer.

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  3. Caros amigos, o Café-concerto não pode ser mantido por privados naqueles moldes. Não comento a qualidade do espaço (eu particularmente não gosto, mas aceito opiniões contrários, é mera questão de estilo), mas a verdade é que aquilo só pode ser ruinoso. O Sco (só para dar um exemplo) não leva lá artistas não é porque seja anti-cultura: é porque sabe que para pagar uma Rita Guerra, ou um Jindungo, teria que vender mais mil imperiais... ou seja, nesses dias teria um prejuízo enorme. Aliás, nem sei se não é ponderável um processo por concorrência desleal (os advogados que se pronunciem). Eu sei é que se tivesse um bar em Pombal, me iria sentir profundamente prejudicado, por não ter subvenções da Câmara nem estacionamentos a pagar o brilho do meu espaço.

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  4. O Sco vende mais de mil imperiais numa noite.

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  5. O que se passa no OCP??

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  6. Se fossem todos como o nosso amigo Sopas, esgotava-se o Stock, é verdade! Ma ele não deve ter lido bem...ninguém disse que o Sco vendia menos de 1000 imperiais, mas sim que era preciso vender mais 1000 imperiais do que o normal para pagar ao artista.
    E concordo plenamente com o Gabriel, o espaço não é bem aproveitado nem a gestão é bem conduzida. Talvez por isso, pelo menos da minha parte, é muito mais fácil apanharem-me no SCO ou no Capital do que no Café Concerto, que por vezes até me esqueço que existe.

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  7. Nao faço ideia,mas ouvi dizer que o houve despedimentos. Se a história é como me contam, é um disparate de todo o tamanho, e uma tremenda injustiça. Em Pombal há pouco espaço para jornalismo sério e independente! E mais não digo, porque agora iam começar os "insultos mais direccionados"...

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  8. no OCP parece que já mete policia e murros nos despedidos para se irem embora sem indemnização, mas isto são conversas de café, que não sei se são VERDADE ou não, mas se for é muito grave, e muito feio.

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  9. Por falar em Jornalismo...para quem se interessa pelo assunto:
    http://www.youtube.com/watch?v=QXeiYXK52kQ

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  10. Por falar no OCP espero que a "notícia" sobre o 33.º aniversário do TAP seja um lapso.
    O TAP (Teatro Amador de Pombal) vai realizar actividades para todas as idades e não só para os mais novos como é dito no OCP.
    Como o OCP não deu importância ao programa aconselho todos os interessados a consultem o site do TAP em http://teatroamadorpombal.googlepages.com/

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  11. O programa é bom, recomendo a todos que estejam presentes no aniversário do TAP. Eu lá estarei!

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  12. Pelo que se diz houve despedimentos, certo? E para contenção de custos provavelmente contrataram alguém que tem muitas dificuldades em ler...se calhar aprendeu nas novas oportunidades!
    Expliquem lá muito bem porque é que esse aniversário foi recambiado para o Auditório, que eu saiba temos Teatro-Cine. O TAP pode estar descansado, agora já não corre o risco de encontrar o JVV.

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  13. Explicar muito bem?
    É simples, todos os outros espaços já estavam cedidos. Temos que reservar os espaços com dois anos de antecedência, mesmo sem saber se dá para fazer alguma coisa. As festas das escolas fazem isso todos anos, por isso, não é nada fácil fazer uma programação a curto prazo para o TCP.
    Espero que esteja bem explicado!

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  14. caro 1berto, chegou exactamente onde eu pretendia e confirmou aquilo que está a acontecer ao TCP. Uma sala direccionada para teatro, é sistemáticamente usada para festinhas,conferências e outras coisas que são tudo menos teatro, e que podiam muito bem ser realizadas em outros espaços, deixando assim o TCP livre para o TAP e para espectáculos de outras companhias de teatro amador e profissional.
    Espero não ter ofendido com o "bem explicadinho"!
    Saudações

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  15. É tudo verdade Humberto. E isso remete-nos para outra questão, que é a barriga de aluguer em que o espaço se transformou.

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  16. E para a sistemática falta de critérios no que à cultura diz respeito!

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  17. Lá estás tu a dizer mal, Nuno Gabriel!... Sabes bem que isso não é verdade.

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  18. não é verdade?!? deves estar a confundir Pombal com os sítios por onde agora dás os teus passeios culturais, é que por aqui não é muito famoso no que à cultura diz respeito. Mas a verdade é que a população muitas vezes também não está interessada.

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  19. Discordo de um e discordo de outro. E respondo com provas:

    Critérios:

    http://www.youtube.com/watch?v=yuTjrvJe1EQ

    http://www.youtube.com/watch?v=rz3d0hU63QU

    População interessada:

    http://www.youtube.com/watch?v=d0EGRZYN3tQ

    Bodo é cultura! Bodo e Super Bock!

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  20. Tas a gozar connosco?! Ironia?!
    Estes vídeos só mostram que a escolha cultural se adapta a um tipo de público, que se contenta com pouco.
    Agora procura aí um vídeo relativo ao Festival de Teatro. Quando encontrares eu pago-te uma imperial!

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  21. Festival de Teatro? Mas isso interessa a quem? Aos cinquenta gatos-pingados que vão ver os espectáculos? Tem dó. Cultura é massas! É como as eleições! E a democracia em geral...

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  22. Então se calhar devias mudar de profissão! Se nem sequer acreditas que Teatro, nem que seja com um único espectador, é cultura! Qual a média de assistência da peça que encenaste? Não move multidões, então não é cultura! Se calhar é tão mau que por isso é que nem sequer veio a Pombal, ou será porque quem tem esse poder prefere ir ver o Mickael e o Tony Carreira?

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  23. Não censuro preferências a ninguém. Acho que a estupidez é uma escolha. Poderás argumentar: "não, olha que é genética". E eu digo: "talvez". Mas o poder autárquico não. A malta vai lá votar. O "quem tem esse poder" é uma escolha. Portanto, a minha conclusão - já sabes qual é: "Votem neles! Votem neles!..."

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  24. Não se trata de censurar preferências, mas sim de ficar muito triste mesmo por verificar que para uns há muitos apoios e para outros nada, isto é justo? Não. Também podes dizer que na vida há muitas coisas injustas.
    Mas ao menos que fosse valorizado o que de bom temos na nossa terra, nem que fosse só às vezes. Ou vais dizer que não tem qualquer importância não apresentares o teu trabalho para os teus conterrâneos?
    A malta vai lá votar? muito não poem la os pés, outros muitos votam sem saber muito bem em quem estão a votar, mais uns tantos votam consoante os conhecimentos. É assim esta democracia.

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  25. Cito-te: "muito não poem la os pés, outros muitos votam sem saber muito bem em quem estão a votar, mais uns tantos votam consoante os conhecimentos". Entendes porque digo que a estupidez é uma escolha?

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  26. JA e Sopas, a conversa está interessante. Seria melhor se ambos a tivessem à mesa do café, porque acho que estão os 2 de acordo no essencial!
    Sublinho a última frase do Sopas, que é bom resumo da questão: "a estupidez é uma escolha!", e uma escolha que se vai repetir. Por muito tempo. Percebam também por aqui a razão pela qual eu não presto uma vassalagem tão reverencial às urnas.

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  27. Mas o facto de a conversa se desenrolar aqui no farpas faz com que muitas pessoas tenham oportunidade de a ler e quem sabe começar a dar mais valor ao Teatro, porque decerto que muitas delas nunca pensaram nos problemas que pode implicar um simples espectáculo teatral. Mesmo que o espectáculo seja muito bom, se não tiver nomes muito conhecidos no panorama nacional o mais provável é "estar às moscas"

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  28. Sim é verdade. Eu dizia que seria positivo esta conversa ter contornos de "menor virtualidade", porque tenho a certeza que iriam concordar muito um com o outro, e aqui parece que estão em lados opostos da barricada (e não estão, de maneira nenhuma). O Sopas é um tipo bastante irónico (já levou alguns "calduços" por causa disso), e a ironia percebe-se num esgar de boca, num sorriso que acomoda uma palavra, no tom ao fim da frase... mas por escrito, é mais dificil detectá-la! :)

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  29. Gabriel, dois pequenos apontamentos - não vais levar a mal, creio - são coisas importantes...

    Quando digo que "a estupidez é uma escolha", não estou a falar de uma escolha de representantes políticos, de entre uma ementa com diversas possibilidades. Atenta bem nisto! Não é de escolher, ou não, gente estúpida para cargos políticos. Não é disso que se trata. Quando digo "a estupidez é uma escolha", quero dizer: é uma escolha enquanto modo de vida. Exemplos: votar desinformadamente; não consumir cultura (ainda que tenha que se sair de Pombal); não ser capaz de ouvir e aprender com os outros; etc. Há que saber criar, agir a sua própria vida - e tanto melhor se for para nos abrirmos para o mundo.

    Segundo reparo: raramente tenho sido irónico, aqui por estas bandas. Sou até bastante literal.

    Abraço!

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  30. Ao ler isto veio-me à cabeça o seguinte: "estupidez não é não saber, mas sim, não admitir que não se sabe, ou não procurar saber". Frase um bocado estupida, em termos de escrita, mas que diz muito em conteúdo.

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  31. Caro Gabriel Oliveira, provavelmente o facto de haver muitas pessoas que escolheram a comemoração do 33º aniversário TAP fez com que nos tivessemos desencontrado. Gostaria de o ter cumprimentado pessoalmente nessa ocasião,mas ficará para uma próxima.
    De qualquer modo é de louvar o TAP por mais uma inciativa muito interessante, em que se preocupou em direcionar as actividades tanto para crianças como para adultos.

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  32. Infelizmente, nãoi consegui ir (por um acontecimento de última hora). Também já soube que foi um sucesso, e fico contene!

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  33. Sopas, quanto ao primeiro reparo, julgo que era essa a minha intenção inicial, mas talvez não me tenha expressado correctamente. Eu tb me refiro "ao processo em si", e nao às pessoas que têm sido escolhidas.
    Quanto ao segundo reparo, eu duvido de ti próprio. Se me dissesses que és bastante "literário", acreditava mais que dizendo que és bastante literal. ;)
    E é evidente que não levo nada a mal os teus reparos, caro Sopas. Há reparos e reparos, e os teus são de "outra estirpe"! :)

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