4 de janeiro de 2013

Bem prega Frei Tomás

Tudo deve mudar para que tudo fique como está.
Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Esta frase a propósito da recente notícia de que os gabinetes ministeriais ignoram austeridade, continuando a agir como sempre, sem respeito por tectos máximos, despesas com cartões, etc. Aliás, sem respeito pelo contribuinte. Pelo cidadão. Se antes já era censurável (o desperdício, a ausência de regras na gestão do dinheiro público é sempre censurável), agora, em que se apregoam exemplos (o ar condicionado nos Ministérios de Cristas já terá regressado?) e se quer e pratica um ajustamento, esta imoralidade descredibiliza todo e qualquer esforço. Notem que nem falo em vencimentos ou num regular funcionamento, com dignidade, de um gabinete. Falo de um esforço, um exemplo que, claramente não há. Porque não há consciência possível que justifique mais uma afronta a um esforço que tantos fazem, desde pessoas singulares a empresas.

Principalmente depois do Pedro, senhor que ocupa um cargo de debitador de banalidades, tutelado por um morto-vivo político, acossados por um fanático de Excel, ter escrito estas singelas linhas no Facebook:

"A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor."

Acrescento que nunca uma utilização de pronomes me pareceu tão adequada: os vossos vs os nossos.


18 comentários:

  1. São os sinais destes tempos inomináveis.

    É tudo uma questão de princípios ou da falta deles.

    A este propósito transcrevo aqui um excerto do brilhante texto, escrito pelo ensaísta e escritor Miguel Real, publicado na edição de hoje do jornal "Público":

    "Quebrou-se o Principio da Confiança que vinculava o cidadão ao Estado, instituição garantidora do bem comum. O estado alega em altos gritos compromissos com instituições financeiras e faz-se mudo e surdo face aos compromissos que assinou com cada cidadão, garantindo-lhe uma existência e uma cidadania "normais". Doravante algum português ousará acreditar numa lei criada pelo estado? Algum português atrever-se-à a acreditar na palavra de um politico dos partidos que se têm assenhoreado do Estado? Quebrou-se o vinculo da Confiança, vinculo ético da representação politica entre o cidadão e o estado. (...) Opera-se hoje, em Portugal, uma autêntica mutação de valores - da modéstia e da abnegação transitou-se para a soberba e a arrogância; da solidariedade para o egoísmo narcisíaco; dos valores da cooperação para os valores ligados à ganancia à avidez, à cobiça, ser superior ao outro, humilhando-o pela ostentação do carro, da vivenda, da piscina; da sobriedade para a luxuria, apregoada como valor benéfico pela televisão; do bem espiritual como supremo valor gregário para o bem económico como manifestação de poder e riqueza."

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  2. A eventual falta de um "esforço colectivo e leal", consumada, por exemplo, em práticas de evasão fiscal, embora não sejam nunca defensáveis, são por estas (e outras parecidas)acções dos nossos representantes, desculpabilizadas. Torna-se mais dificil contrariar aquele argumento da rua: "Pagar mais importos para quê? Para esses animais aumentarem as regalias deles?"...

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  3. É necessário um novo 25 de Abril, mas agora sem cravos e com mais balas. Uma corja aliou-se ao poder económico e tomou conta do poder politico instituindo a ditadura do capital. A classe média e a classe baixa pagam a crise, porque os ricos e poderosos ja colocaram o dinheiro e as suas empresas fora deste miserável e mal frequentado País.

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  4. E o radical,sou eu?
    De varios PPD/PSD ou simplesmente PSD só vejo desejos de "sangue", "morte", acusações de "traidor", "ladrão"...
    Questiono,
    E o Radical,sou eu?
    Escrevo e digo-o à muito tempo...

    O "José" era um santo ao pé deste "Pedro"... e o "Fernando" aprendiz de feiticeiro quando comparado ao mestre "Vitor".

    Queriamos reformas? Elas aí estão.
    Queriamos mudança? Ela aí está.
    Queriamos futuro? Já cá não está. Partiu para Angola, Brasil, Dubai, Qatar, Luxemburgo, Suiça, Moçambique... enfim foi-se.

    Mas vai haver mais. Esperem lá por Maio...

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  5. Caro F Carolino
    Reprovo a atuação de todos os que se aproveitam do poder para fugir aos sacrifícios que são impostos aos restantes.
    Mais reprovo a atuação dos "hipócritas", dos que esvaziaram os celeiros, não semearam os campos e arruinaram a quinta e censuram o novo quinteiro. Os mesmos que beneficiaram de 3 anos de "estado de graça" para levarem o estado à desgraça e não deram um mês de paz a quem os substituiu. Os mesmos que, montados no "governo" real do Tribunal Constitucional, batem no governo formal do país.

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  6. Amigo e companheiro Fernando Carolino, boa noite.
    Por muito que me custe, não posso deixar de estar de acordo contigo, com ressalvas de pormenor.
    Quando o meu Governo, que já não é o meu, abrir os olhos vai chegar à conclusão que metade da força de trabalho do País foi criar riqueza para outras paragens.
    Falas em Maio, Mês de Maria, como meta.
    Todavia penso, Deus queira que me engane, que em Maio só cá estarão os políticos, os agiotas, na mira das migalhas do bolo e os algozes.
    Choro, copiosamente

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  7. Companheiro José Gomes Fernandes, boa noite.
    Ou é impressão minha, ou apanhaste sol na moleirinha.
    Abraço.

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  8. Caro R Marques
    Deixa-te de desvarios e assenta finalmente os pés na terra. Os outros cidadãos e os governos não são culpados das tuas opções...

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  9. Companheiro José Gomes Fernandes, em boa verdade, estou arrependido de ter andado a arregimentar votos para o meu amigo e companheiro Pedro Passos Coelho.
    Reconheço que a política não é a dele.
    É-lhe imposta.
    Mas não reage.
    O mote é tirar aos pobres para dar aos ricos.
    Com isso está a destruir a economia real, aqueles que, como eu, criam riqueza.
    Não há desvarios e se há alguém que tem os pés assentes na terra sou eu, que não ganho para impostos.
    E para nada.
    Se a ti te sobram meios financeiros, depois dos impostos, não te esqueças de mim.
    E não te esqueças dos meus empregados.
    E não vale a pena estares a fazer ameaças, que é para o lado que eu durmo melhor.
    Agradeço a tua contribuição.

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  10. Caro JGF,
    Utilizo a analogia desportiva que penso bem entendemos.
    O treinador era tido como mau.Com um bom plantel,boas condições trabalho,possibilidade de fazer bem e melhor que anteriormente contudo desbaratou a forma fisica e as oportunidades de vencer jogo a jogo.Encetou a miseria, destruiu o balneario, afastou adeptos,ostracizou até a direcção do clube.
    Enfim, cavou a sua própria supultura.Mas também teve ajuda externa.Foram os adjuntos que o censuraram,foram os adjuntos que o colocaram em praça publica,foram os adjuntos que minaram o terreno, sabotaram a tatica e por fim vieram à praça publica oferecer o lugar de treinador ao rival da outra equipa.
    Este,o rival e estando no desemprego, como bom samaritano e quiçá "Pinto da Costa", ofereceu a sua ajuda para logo de seguida atirar com a toalha ao chão e prometendo mundos e fundos admitiu estar bem preparado para mudar o rumo aos acontecimentos.Deram entrada dele no balneario, mostraram-lhe os "cantos da casa", até os esqueletos da casa -os Aimar e Izmailov's da governação anterior- e conhecedor e ciente disso, avançou para o lugar.
    Os adeptos saudaram a sua audacia a forma como enfrentava os problemas do plantel e como falava disso.Foi aceite.Assinou contrato.Formou "staff" técnico,mandou apara as Relvas,colocou Gas para encher as bolas,pediu Portas novas para o balneario,meteu Cunha no Conselho deArbitragem,enCratou taticas para os seus noveis jogadores e avançou para as reformas necessarias.Permitiu mudanças da tatica em cima da hora,autorizou dispensas e vendas no plantel mesmo que não as concretizasse,franqueou a porta para estrangeiros entrarem no balneario e até conseguiu algo inedito, convocou um "player" que não fazendo parte do plantel,joga amiude e manda na equipa.
    Os adeptos estão incredulos.Até os da própria equipa.
    A direcção,tal qual baratas tontas,admiradas e os mais fanaticos do clube duvidam da bondade e da capacidade de colocar o plantel a render.E falam,escrevem,mandam recados,enviam mensagens.
    Olhamos e vemos, nao acreditamos mas é verdade,eles são chineses,angolanos,brasileiros,franceses,enfim tudo menos portugueses, aqueles que são convocados por este agora treinador para defender a causa clubistica.
    Bem sei que o "team" tava fraco,deficitario,sem recursos,quase a baixar de divisão, de moral em baixo.
    Mas e agora?
    Estamos melhor?
    Temos fé no nosso futuro?
    Podemos acreditar em que define a tatica?
    Bem prega Frei Tómas, faz o que ele diz não o que ele faz...
    O pior é que já nem o que ele diz se faz nem o que ele faz se diz...
    E Pombal é bem o paradigma desta politica.
    Resta saber até quando "o Godinho Lopes" da politica nacional vai aguentar/sustentar este "Vercauten" de trazer por casa.
    Talvez até quando o clube desça de divisão e irremediavelmente não consiga salvação desejada.
    Só espero que não, pois se assim for, meu caro RM tem razão, em Maio sobram os politicos e agiotas pois o resto cumpriu o "segredo de Fatima", bazou daqui para fora.

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  11. Pois, Caro Carolino, ainda falta falar daquele "conselho de arbitragem" que diz quais são as "boas" leis do jogo e indicar algumas soluções "concretas" que permitam gerar receitas para pagar a dívida do clube que vem de longe e pagar aos colaboradores...

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  12. Caro Rodrigues Marques
    Dizes estar arrependido. Eu diria que estás a manifestar a tua matriz radical, que nunca abandonaste.
    Quero-te dizer ainda que a vida não está fácil para todos, verificando-se uma redução de recursos dos cidadãos para gastarem em todos os setores económicos, também nos assuntos da advocacia. Porém, eu não culpo os outros pelos resultados das minhas opções, inclusive por ter escolhido a profissão que exerço ou por não ter emigrado há 35 anos. É que eu, no tempo das vacas gordas, não fiz vida de pródigo ou "vida rica" e não me endividei com carros de luxo, férias exóticas, jogos e lugares de vaidade...

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  13. Zé, boa noite.
    Por favor, diz-me onde é que eu me endividei com carros de luxo, férias exóticas, jogos e lugares de vaidade...
    Estás a ser muito injusto, ou...
    Deus te perdõe.

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  14. RM,

    O JGF talvez tenha exagerado na caracterização da situação. O problema talvez não tenha sido os exageros. Vou mais pela ineficácia total (apesar da boa eficiência). As descompensações sempre foram um problema grave.

    Boas,
    AM

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    1. Sem eficácia, qualquer "custo" é excessivo. Logo, não pode haver eficiência com eficácia nula...

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  15. Caro Rodrigues Marques
    Se não percebeste, nem tudo era para ti.
    Tu apenas andaste a ocupar lugares de penacho (a perder tempo de vida) a convite de quem se não comprometia e não perdia. Tempo é dinheiro.

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  16. O J. G. F e R. M. são da mesma família, ou partido político? Nao consigo perceber. Desculpem a minha ignorância .

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  17. Da mesma família não são de certeza.... Do mesmo Partido serão, mas de barricadas diferentes.

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