4 de junho de 2013

A destruição dos CTT


Vivemos uma época onde muitos comentam mas poucos agem. Uma época onde há cada vez mais quem pense que o exercício de cidadania se esgota num post num like no FB. Por isso não posso deixar de louvar a população de Albergaria dos Doze que tem lutado, corajosamente, contra o fecho da sua estação dos Correios. Os CTT são uma empresa pública com quase 500 anos de história, que presta um serviço exemplar às populações e que, como se não bastasse, dá lucro! Só nos últimos quatro anos o estado arrecadou 438 milhões de euros. Lutar pela manutenção da empresa no sector empresarial do estado é, pois, defender o país. Evitar a destruição deste e doutros serviços de proximidade é pugnar pela coesão nacional.

15 comentários:

  1. Bom dia
    Caro Adérito, não sei o que os move ou qual a justificação para o encerramento das estações dos correios em diversos locais, também não compreendo a razão porque se procede ao emagrecimento duma estrutura quando a instituição dá lucros e presta um serviço público por excelência, para mais, segundo a comunicação social, gestores da instituição encontra-se envolvidos em negociatas escandalosas, veja-se o caso do edifício dos CTT em Coimbra.

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  2. Talvez por isso, caro Tarantola. Talvez por isso mesmo.

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  3. Amigo e companheiro Adérito Araújo, boa noite.
    Não vejo esta questão pelo prisma ideológico.
    Ou, se quiseres, vê.
    Primeiro os privados e depois, numa segunda linha, o Público.
    A Loja dos CTT de Albergaria, ainda equiparada a Público, fechou no dia 31 de Maio, uma Sexta-feira.
    Na Segunda-feira seguinte abriu com um privado.
    A cumprir a mesma missão, se assim lhe quiseres chamar.
    Foi a melhor solução.
    Abraço.

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  4. Caro Engenheiro,

    Chame-lhe ideologia ou o que quiser. Contrariamente à teoria económica e ao mito popular, a privatização é ineficiente. "O melhor estudo das privatizações no Reino Unido [Massimo Florio, The Great Divestiture: Evaluating the Welfare Impact of the British Privatizations 1979-1997, Cambridge MIT Press, 2006] concluiu que a privatização per se teve um efeito decididamente modesto no crescimento económico a longo prazo - ao mesmo tempo que distribuiu regressivamente a riqueza dos contribuintes e consumidores para os accionistas das companhias acabadas de privatizar".

    Mas se quiser ideologia, ela aí vai. Ao esvaziar as responsabilidades do Estado comprometemos a sua autoridade pública. Ao reduzir os serviços públicos a uma rede de fornecedores privados contratados, desmantelamos o próprio Estado. Não acredito que a lógica de mercado gere confiança, cooperação ou acção colectiva que fomente o bem comum.

    Abraço,
    Adérito

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  5. Bom dia:
    Caríssimos O povo português tomou uma opção e escolheu a economia de mercado, logo, na economia de mercado e à semelhança do que acontece em todas as sociedades da CEE,, ao Estado compete apenas estabelecer as regras de mercado, legislar com isenção e equidade, é precisamente isto que devemos exigir.
    Só com bons governantes conseguimos boas leis e uma democracia consolidada!

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  6. Caro DBOSS,

    Não percebo o seu argumento. Na Europa apenas cinco países privatizaram os serviços postais (e com maus resultados); nos Estados Unidos é quase consensual que o USPS deve ser mantido como empresa pública.

    Abraço,
    Adérito

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  7. No balanço final, vamos ter um país mais desertificado e mais pobre. O post e comentário do Adérito explicam tudo. A lógica do serviço público dos CTT é da coesão nacional e territorial (unir comunidades) assente no princípio da satisfação do comum com melhor afectação e gestão de recursos possível. Os CTT têm-se demonstrado capazes de fornecer um serviço bastante satisfatório, com tarifas aceitáveis, e com lucros. Por isso, certamente, haverão muitos interesses nesta privatização. Estou seguro que nenhum desses interesses é de prestação de um melhor serviço público para todos os portugueses.

    Esta situação de acabar com os balcões em locais mais remotos e menos rentáveis já sucedeu como outros, por exemplo com a EDP, que agenciaram postos de atendimento (outsourcing) a estabelecimentos externos. O que se viu foi os custos a aumentar e o serviço cada vez de pior qualidade e longe dos consumidores.

    Neste caso vai ser pior, porque não havendo rendimento os postos de atendimento agora criados vão fechar.

    A vantagem do serviço actual dos CTT é haver um certo equilíbrio territorial, havendo balcões sem qualquer rentabilidade, mas cuja necessidade é essencial para as pequenas comunidades mais isoladas, compensando e equilibrando com os balcões e aplicações mais rentáveis das zonas mais urbanizadas e desenvolvidas.

    Com o processo que está a ser feito, o que se pretende é entregar a empresa com os balcões de rentabilidade assegurada (filet mignon) para o privado não ter os custos próprios decorrentes da necessidade de cobertura territorial e da universalidade do serviço público. Privatiza-se mais um negócio de “rendas” e sem risco.

    O povo não escolheu esta economia de mercado, nem quer esta economia de mercado. “ “O mercado” é que quer parasitar um serviço essencial que a gestão pública tem feito razoavelmente bem e com resultados financeiros. Precisamos de investidores (mercado) que criem novas empresas, criem bons e novos produtos, novos e bons serviços e bons e novos postos de trabalho. Esse sim, seria bom investimento e investimento necessário.

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  8. Bom dia!
    Caríssimo Adérito se me perguntar se estou de acordo com o encerramento indiscriminado de locais de atendimento dos CTT digo-lhe; " NÂO ESTOU DE ACORDO". mas, esta é a minha opinião como cidadão e outra são as leis do mercado.

    É triste e injusto, de facto, que se proceda ao emagrecimento de uma estrutura que está a funcionar bem, a dar lucros e a prestar um serviço social por excelência, encerrando diversas estações dos CTT,

    De notar que os CTT, supostamemte, têm permitido negociatas de milhões aos seus gestores, segundo os jornais, veja-se o caso de Coimbra, não fossem as supostas negociatas onde chegavam os lucros?

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  9. Meu caro DBOSS,

    A privatização dos CTT não é uma consequência das leis do mercado. É uma opção política que traduz, claramente, a visão neoliberal de quem nos desgoverna.

    E quando a negociatas de milhões, não vá por aí. Veja o que se tem passado na relação do estado com as empresas privadas, nomeadamente com as empresas de construção, os grande grupos económicos ou as grandes firmas de advogados.

    No caso dos CTT em Coimbra o que se passou foi que os gestores públicos venderam o prédio dos CTT à imobiliária Demagre por 14,9 milhões de euros e esta, meia hora depois vendeu-o por 19,5 milhões. É óbvio que o prédio foi vendido ao desbarato, muito abaixo do preço de mercado. Mas não é isto, precisamente, o que o estado está a fazer agora com toda a empresa?

    Abraço,
    Adérito

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    1. Boa tarde
      Caríssimo Adérito quando afirmo que a privatização dos CTT é a consequência das leis de mercado, refiro-me a opção política de "economia de mercado" onde prevalece a livre concorrência gerida pela lei da oferta e da procura, contrariamente ao que acontece nas economias planificadas.
      Um abraço

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    2. Caro DBOSS,

      Quando fala em economias planificadas está a falar nos EUA onde a privatização dos USPS é quase tabu?

      Abraço,
      Adérito

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    3. Bom dia
      Caríssimo Adérito:
      A sua resposta à minha resposta têm duas hipóteses:
      - Ignorância da sua parte, esta hipótese está excluída, não acredito nesta porque um homem de esquerda, como o Sr., com formação superior, fã das políticas da ex URSS, sabe bem o que é uma economia planificada onde os especialistas planificam tudo, até o número de mercearias, ou seja: o Estado é o detentor de todos os meios de produção e a ele compete a planificação.
      . Maldade da sua parte, veja-se veneno vermelho, pois os USA têm uma economia de mercado a funcionar, ou bem ou mal, os cidadãos americanos é que podem ajuizar!

      Abraço amigo

      Db0ss1

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    4. Caro DBOSS,

      Fiquei sem palavras após o seu comentário. Parabéns pela eloquência.

      Apenas um pequeno reparo: de onde me conhece para dizer que eu sou "fã das políticas da ex URSS"? Se me ouviu alguma vez falar ou escrever algo elogioso em relação às políticas da ex-URSS agradecia que mo lembrasse. Até pode ser que tenha razão mas, sinceramente, não me lembro de alguma vez ter tido o modelo soviético como referência.

      Abraço,
      Adérito

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  10. Meus caros
    Os investimentos privados são sempre feitos em função das disponibilidades financeiras dos investidores e da necessidade e do número de consumidores/utentes, prosseguindo sempre fins lucrativos.
    A realização de um investimento público ou a manutenção de uma empresa pública visam satisfazer necessidades coletivas essenciais. Porém, não podemos esquecer o custo do funcionamento para os contribuintes e a utilidade e número de beneficiários.
    Num mundo em evolução, onde as populações se mudam ou migram e onde as comunicações progridem ou se tornam mais rápidas, a manutenção de alguns serviços públicos poderá não ser possível. Como se sabe, no decurso das últimas décadas, talvez mais após o 25 de Abril, uma grande parte da população abandonou as aldeias do nosso concelho a caminho dos grandes centros urbanos ou do estrangeiro. Mais recentemente, passámos do correio postal para o correio eletrónico, de que é prova este blog.
    Só os mais conservadores ou mais dogmáticos podem negar os efeitos do progresso tecnológico e os das alterações demográficas, a ponto de pretenderem manter em cada localidade o que foi criado para outras finalidades.
    Por último, parece-me que o lucro dos CTT resulta mais da atividade financeira (parabancária) que desenvolve do que da atividade de distribuição postal.

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  11. Caro José Gomes Fernandes,

    Mal feito fora se o lucro dos CTT tivesse origem no serviço público que prestam! Seria muito mau sinal.

    É um facto que as populações migram para os grandes centros. Mas isso, a prazo, torna-se insustentável. E não é com medidas destas que a situação se inverte; antes pelo contrário. Os tostões que agora arrecadamos com a venda ao desbarato das jóias da coroa irão ser poucos para pagar os prejuízos causados pela nossa insensibilidade ao que o Jorge Ferreira chama de "equilíbrio territorial".

    E se as empresas privadas que vieram a comprar os CTT, por má gestão ou incompetência, colocarem a empresa em risco de falir? O estado nunca irá permitir. E não podendo falir, nós, os do costume, iremos pagar todos as asneiras feitas pelos seus gestores com a agravante de nunca termos beneficiado dos seus lucros.

    Correndo o risco de me chamares dogmático, afirmo que a privatização de empresas que prestam um serviço social é imoral e perigosa.

    Abraço,
    Adérito

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