20 de agosto de 2013

Despedida


Comunidade Farpeira,

"Um blog é um blog", alguém resumiu uma vez num dos nossos jantares, tentando (re)centrar o papel do Farpas na vida política local.

Mas o Farpas foi mais que um blog ao longo destes 5 anos e meio. Foi também uma das minhas casas e o sítio onde tentei inquirir, debater e farpear os temas que me interessavam mais. Foi e é, uma forma diferente de exercer a cidadania, reunindo cidadãos que escolheram ou escolhem esta forma de participar na vida pública. Durante 5 anos, fomos louvados por uns, desprezados por outros, mas no que a mim me toca, mesmo com as naturais divergências que pessoas adultas e interessadas têm, estou de consciência tranquila e satisfeito por ter feito parte da história deste blog e, porque não, desta terra, na sua dimensão política.

Posso não ter sido o farpeiro mais assíduo ou o mais acutilante, mas estou satisfeito com o meu contributo para esta casa. E orgulhoso do que esta casa acabou por impor aos poderes instituídos (e afins) desta terra. E isto porque este blog nunca foi um órgão oficioso de um qualquer partido ou de qualquer ideologia, mas um espaço aberto onde naturalmente o poder tem sido mais farpeado (mas não é isso algo de natural?). Um blog, e este blog em concreto, não é um órgão de informação, nem tem que o ser. Todos os que aqui escreveram, escreveram nas vestes de cidadãos e não investidos em qualquer cargo, missão política ou algo semelhante. Cidadãos comprometidos com a cidadania, passe a expressão. Querer ver mais nisso é uma perda de tempo. Querer ver tudo a preto e branco, ou noutras cores mais da moda, é um erro. Cada um de nós vale pelo que é e, sobretudo, pelo que pensa. E pela independência em relação a filiações (quando as há), projectos ou outras dimensões da sua vida pessoal, têm demonstrado isso mesmo.

No entanto, tudo o que começa tem um fim. Por isso, hoje, quase 5 anos e meio depois de ter começado esta aventura, chegou a altura de me juntar à lista dos antigos membros desta casa. Funções profissionais que irei iniciar em breve, longe de Pombal, obrigam-me a isso. Não que não tenha pensado em continuar, mas entendi que estando longe (física e "espiritualmente"), não havia razão para continuar, sob pena de, mantendo pouco contacto com a vida do dia-a-dia, nada de relevante ter para acrescentar à discussão sobre a nossa terra, mantendo o "posto" de membro da casa sem o merecer.

Fecha-se assim um ciclo e acaba a minha participação nesta casa (pelo menos nestes moldes), pela falta de disponibilidade que terei. E como ninguém é insubstituível, os da casa (presentes e futuros) estou certo que continuarão a honrar o mote do Farpas:

"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."

Eu, ao longe, não deixarei de acompanhar. Afinal, apesar de tudo, a minha terra é a minha terra.

Até breve,

João Melo Alvim

14 comentários:

  1. You remember the name of the town, don't you? Zihuatanejo.

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  2. Como de costume, o que Pombal perde, outro sítio ganha. No (teu) caso, ganha Portugal com a tua nova "aventura" profissional. Que sejas feliz de ofício, que de família já és e de amigos também.

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  3. Alvim..... Seguiste o conselho do Coelho e emigraste ? Grande perda para Pombal

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  4. Fico particularmente contente pela realização inerente a esta mudança, Alvim.
    E o resto é conversa...

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  5. Um belíssimo texto, camarada Alvim. Às vezes dizemos sobre circunstâncias passadas que "éramos felizes e não sabíamos". Neste caso, soubemos sempre. Porque um blog é um bog :)
    "Play it again, Sam" ;)

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  6. Bom dia!
    Caríssimo Dr. siga o seu caminho, vá sempre ao encontro da sua felicidade, eu também fico feliz com o seu bem estar.

    Obrigado pelos seus textos

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  7. Pois é:
    Os blogues não elegem presidentes da junta.

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  8. Quem elege os Presidentes de Junta é o povo.... mas aquele que vai votar, porque cada vez mais muitos nem vão descarregar o voto. Para esses o meu lamento, alem de não terem depois legitimidade de criticar.

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  9. João, quanto aos desafios profissionais, toda a sorte do mundo.
    O blog fica mais pobre em ideias (resta agora o José Gomes Fernandes) mas aproxima-se cada vez mais do paraíso dos restantes autores e grande parte dos comentadores: um sítio para a crítica gratuita e sem sentido e para a cacetada. Continuará a cumprir o seu papel, essencialmente humorístico.
    Gostava de te continuar a ler, mas de preferência noutra casa, mais digna de ti.

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  10. Meu Caro Amigo (posso considerar como tal),
    Numa só palavra o que me vai no intimo:
    - Boa!
    O caminho que se fez caminhando, juntos e em momentos dificeis - quer pessoais quer mesmo de outras indoles - valeu a pena.
    Acreditei num futuro diferente para ti, espero que se concretize.
    Os desejos e votos de sucesso e mais uma vez o meu agradecimento sincero.
    Carolino,FD

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  11. Amigo e companheiro João Alvim, boa tarde.
    Apanhaste, sozinho, grandes apertos.
    Apanhámos, juntos, alguns apertos.
    Estou certo que o acontecido te deu endurance para enfrentares o desafio que, agora, abraças.
    Ele é grande, eu sei.
    Mas também sei que tens todas as competências para venceres.
    Mas segue o conselho de um maluco:
    Olho vivo e pé ligeiro.
    Do fundo do coração desejo-te:
    Todo de Bom para Ti e para os Teus.
    Abraço, mas dos grandes e forte.
    Até…

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  12. Alvim,
    o distanciamento permite que normalmente tenhamos uma posição mais coerente e menos apaixonada.
    É essa reflexão que contamos que continues a manifestar sobre Pombal e as suas gentes.
    Muita sorte.

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  13. Força, João... Já tive oportunidade de to dizer: Acho que encontraste a tua praia... Muitas felicidades pela tua vida fora! Noutros mares, noutras águas... É claro que as mereces! São bem mais dignas de ti!

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