Pombal Etc e Tal
1. Na
quinta-feira passada, 25 de Julho, não publiquei aqui a crónica já habitual por
causa de dois sábados, os de 20 e de 27 do mesmo mês, que me fizeram bem mas me
entorpeceram a tropelia gráfica que tanta confusão por vezes gera a espíritos
decentes e honestos e simples como os do António José Roque.
A
20, subi com a minha Senhora à Cafetaria do Castelo (que não conhecíamos, nem
um nem outra) a saber da candidatura de Carlos Lopes à Freguesia de Pombal.
Dele e da equipa, note-se. Fomos a convite, que de outra maneira não iríamos:
isto de partidarizar autarquias sempre me arrepiou o espinhaço ateu em matéria
de religiões (ou seitas) partidárias. Não foi o caso: o discurso das pessoas
daquele projecto pareceu-me limpo e de gente para gente. Já lá vamos.
Em
antítese, da apresentação do senhor Nascimento (também) Lopes, digo nada: pela
simples razão de ninguém me ter convidado. Perda minha e prejuízo de ninguém.
Escrevo
esta crónica para o Farpas a meras
duas horas da apresentação pública, no Jardim do Cardal, da candidatura de
Adelino Mendes y sus muchachos à
Câmara. Também fui convidado, mas o ácido úrico decorrente da já não pouca
idade e dos muitos copinhos de malvasia por desjejum não me permite tal boa
hora. Também não fui à do Diogo Mateus, para prejuízo de ninguém e só perda
minha: pois que sempre gostei de assistir, com estes que a terra há-de comer, à
frivolidade tangerina de tanta juventude que não lê para um dia, como a gaja
Espírito Santo, poder brincar aos
pobrezinhos nalguma choupana de bifanas a caminho da Kyay.
2. A 27,
entretanto, fui a outro acontecimento pombalense da mais supina importância: a
Sardinhada anual da Família Araújo. Ali, de tão devotos, ninguém vai a votos.
Toda a gente se sente eleita. Foi a 26.ª vez que tal efeméride viva se
vivamente deu na História de Portugal. Bem hajam os Araújos.
3. Retomando o
fio: Carlos Lopes, Adelino Mendes, Diogo Mateus e o moço António José Roque.
Comecemos por este fim para lhe dar primazia de primeira. Quis a má-hora (dele)
fazê-lo andar:
a)
A incomodar telemobilisticamente amigos comuns inquirindo “por que raio me tinha eu vendido ao Diogo”. Foi por causa daquela
minha brincadeira, em crónica anterior, dos bilhetes & bilheteiros do
Estádio Municipal, de o PS não eleger vereador nenhum, das favas contadas do
Diogo etc. etc. etc. etc. até à exaustão. Foi ele o único que não percebeu
aquilo que o Zé Gomes Fernandes percebeu logo: brincar é uma coisa séria. Mas
para isso, além dos dois deditos de testa, é precisa esta simples coisa: ter
unhas nos dois deditos de testa.
b)
Em página (minha) do Facebook, ousei eu fazer brincadeira (aliás indignada) com
todo este carnaval a propósito do filhote real da monarquia britânica. Veio o
Roque. Logo. Pois claro. Que até “estima
aquela Família Real”. Que eu deveria ter “educação cívica e moral”. Ora, acusarem-me de não portador de “educação cívica e moral” é pior, para
mim, do que me castrarem depois de me terem prometido coçadelas nas bolsas
gónadas.
c)
É portanto, educada, cívica e moralmente,
que digo aqui em voz tão alta quanta me puder ouvir a Lua que ao Castelo da
nossa praça sobe para iluminar a vergonha de betão daquelas escadarias: ninguém
de boa prece e melhor deus anda por aí a mostrar a desfiliação do PSD como ele.
Porque nem o PSD o quer para nada, nem o PS há-de querer – local como
nacionalmente. NB: há quem, como ele, e aliás decentemente, viva de tinteiros;
o problema é que eu vivo para a tinta. Os tais dois dedinhos de testa, pá. Que
se lixe o bebé real. Ou os que nunca passam de bebés.
3. Agora o
Diogo: a única questão dele é tomar o Poder, que se calhar merece. A “coisa”
daquilo da América Latina etc. é propaganda. A minha dúvida é se ele se propõe,
uma vez edil, trazer para o Cardal a banana do Brasil, a cocaína da Colômbia ou
alguma milonga da Argentina. No resto, não acredito – como ninguém.
4. O Adelino:
deveria, a meu ver, ter feito como fez o sempre correcto João Melo Alvim na
apresentação do Carlos Lopes. Isto é: estive, não quiseram, que ao próximo
queiram. Há um cansaço exposto na repetição. E a novidade fundamentada (na
dignidade, por exemplo) é carta a ter em conta no baralho. Ao Adelino Mendes,
atenção, nenhuma dignidade falta. Nem há-de faltar. Mas seria preciso outro
nome, outra coisa não tão parecida com, digamos, uma tó-zézice insegura.
5. Acabo com o
padre. Parece que se chama João Paulo Vaz, que toca viola e baladas
tonycarreiro-litúrgicas. Mas repare-se agora nisto: a política de distribuição
de subsídios da presente administração camarária é zona muito sensível.
Críticas não faltam a certos rumos dados aos dinheiros públicos. Comissões
fabriqueiras de igrejas incluídas. É ou não verdade que o boletim paroquial cá da
parvónia (e a cores, santo Deus!) beneficiou de qualquer coisa como 2500 euros?
Vindos de quem? Ora! Da Câmara. A qual, recorde-se, recorte-se e cole-se, é
financiada por um Estado constitucionalmente laico desde 1910/11. Mas que só é
laica até o velho Narciso se ajoelhar, cíclico e fatal como o sarampo infantil
e o alzheimer senil, no Convento do Louriçal cada 15 de Agosto, à aparente
mercê de uma Boa Morte (política) que não há modo de se dar, chiça. Parece,
ainda, que o padre Vaz, moço de trintas e poucos, se arroga o direito de esmifrar
“certificados de idoneidade” a este e
àquela. (Sobretudo àquela). Prece,
rogação e oração minha: tenha juízo, moço. Assistir ao pé das “entidades locais” (Narciso e Diogo) ao
concerto da Ana Moura, vá que não vá. Mas cantar como ela, nem o Diabo lhe há-de
dar. A não ser que, para o ano, queira vir comigo à Sardinhada dos Araújos,
onde Deus aparece sempre ao terceiro garrafão mas o Narciso nunca, para bem dos
nossos pecados.
Daniel Abrunheiro
Eh raio... Que a falta (notada) passado redundou numa "crónica das quintas" de redobrados vigores, Daniel! :)
ResponderEliminarEh eh.
Eliminar"Bem hajam os Araújos", sem dúvida!
ResponderEliminarBota bem hajam nisso, João.
Eliminaramigo Daniel... Ja estava á espera que um dia me calhasse a mim ser o alvo da tua "magica escrita". É preciso saber encaixar as tuas crónicas mordazes, pois quem não tem poder de encaixe acaba como o teu amigo. Em Acções de tribunal contigo que não levam a nada.Lembras-te de quando fomos os dois a tribunal por uma entrevista que me fizeste ? Claro a melhor parte foi o lanche a seguir e claro não haver matéria para acusação. Ainda guardo o processo em casa como recordação. Grande Abraço
ResponderEliminarSó gente como tu percebe bem. O adjectivo "decente" que a teu propósito escrevi - não é ironia nenhuma. Ficamos bem. Tens mas é de me apresentar essa cerveja artesanal, que ainda não degustei.
EliminarNota que considero importante: as minhas "bocas" ao António José Roque em nada prejudicam a amizade que há muitos mas mesmo muitos anos tenho com ele. O exercício da crítica nunca é pessoal para mim. As FARPAS são um sítio de liberdade, não de libertinagem. Isto não é as Meirinhas.
ResponderEliminarNem lá perto, camarade.
EliminarBoa tarde!
ResponderEliminarCaro Daniel: O nascimento de um ser humano é sempre a arte de Deus, logo será bem-vindo !
No caso do nascimento do bebe Inglês, da família Real, fomos massacrados dias e dias em toda a comunicação social o que apenas veio revelar o quão submisso está Portugal a Inglaterra, que eu classifico de submissão nojenta.
Família Araújo, gente boa e simples, apenas têm um defeito que eu não digo (brincadeira).
João Paulo Vaz, bom rapaz que por sinal é padre
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliminar(continuação)
ResponderEliminarDaniel, por ser Padre, não acabes com o Sr., ele estava apenas a ver se aprendia alguma coisa com a Ana Moura mas artes do canto!
Quanto aos subsídios. estou como o outro: fazemos a associação dos Farpeiros e pedimos subsídio à CMP, o Vaticano é o maior Estado do Mundo com centenas de embaixadas em cada País, ( veja.se igrejas) e com muitas receitas e têm direito a suibsídio
Tudo entendido, Tarantola:
ResponderEliminara) eu não referia a criança "real", que é inocente como todas as crianças. Visava eu a (in)comunicação (anti)social a que estamos sujeitos. E submissos. Até o AJ Roque já percebeu isso.
b) O "defeito" dos Araújos é serem todos do PCP? Eh eh, maganona: podes dizê-lo alto, que eles têm orgulho nisso e nunca o esconderam.
c) Quanto ao "bom rapaz", não é por ser padre. É por ser partidário. Além do mais, sempre desconfiei de gajos que não se casam mas andam por aí a meter a viola no saco à mesma...
Boas
EliminarDaniel simplesmente em Cheio, sei que têm orgulho nisso
Quanto ao partido do Padre, não sei, será que é o partido do celibato?
É o partido ao meio, faltando o milagre da multiplicação.
EliminarDaniel. Devo-te responder somente ao ponto 3.c): Eu publiquei a minha desfiliação do PSD no meu Facebook, simplesmente para os meus amigos não me voltarem a associar ao PSD, do qual fui militante activo durante mais de 20 anos, mas Partido esse que já não me revejo a nível Nacional. Fui convidado e aceitei ir na listas do PS para a AM ( que ja tinha ido á 4 anos, e ja fui por varias vezes á AM na qualidade de Deputado Municipal pelo PS). Vou na lista do PS, mas como Independente e não assinei qualquer boletim de militância. Vou porque acredito no projecto de Adelino Mendes para o nosso Concelho e não por ser do PS. Nas autárquicas não devia haver partidos, mas sim projectos. quanto ao resto das tuas farpas tem a ver com convicções pessoais e ai cada um "mija" com a sua. E as tantas gostarias de ter uma como a minha...
ResponderEliminarEstou esclarecido, my friend, como dizem os catalães.
EliminarDaniel,
ResponderEliminarÉs grande. Grande e bonito!
Um abraço do amigo,
Adérito
Estava a achar estranho isto não resvalar para a panascagem...
EliminarCom o slogan "há 26 anos a virá-las", coisa diferente não seria de esperar. Ainda gostava de saber o que por lá se faz... sabe deus se não acabam todos no bar da liga (ou será "das ligas"?) a fazer brindes com copinhos altos de bebidas cor-de-rosa...
Boas
ResponderEliminarCaro Adérito têm razão O Daniel é grande você é pequeno, podia não ser grande coisa, mas têm carácter, tal como o Senhor, os homens não se medem aos palmos e a escrita não se faz a metro, no entanto, o bom português andou sempre de braço dado com a matemática, não me admira que se elogiem um ao outro.
Agora a sério (que aquilo da panascagem era uma provocação que, imagino, vá ficar sem resposta): os Araújos são uns fiches (perdoem a falta de erudição na expressão). São muito mais que isso, claro. E sobre essa noite, tenho apenas uma coisa a dizer, e que tu, Daniel, entenderás o "quê", o "porquê" e o cumprimento:
ResponderEliminarTu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Amigo e companheiro Daniel Abrunheiro, boa tarde.
ResponderEliminarEscrevi aqui, ontem, que afazeres de primeira prioridade têm-me cerceado de participar no Farpas.
Mas li o teu escrito em tempo útil, mas sem tempo para te comentar.
Quanto ao Diogo, dizes “a única questão dele é tomar o Poder, que se calhar merece”.
Não é se calhar. É mesmo por mérito próprio.
Mas estiveste mal com o Reverendo Padre João Paulo.
Ele está a cumprir a sua missão na Terra e não se mete contigo, nem te pede para o seguires.
Os Araújos fazem o favor de serem meus amigos e eu retribuo.
Quanto a só agora vir à liça, é porque estive ontem à noite na apresentação da lista do Partido Socialista para a novel União das Freguesias de Albergaria, São Simão e Santiago de Litém.
Os socialistas são pessoas de bem, mas muito imprevisíveis, pelo que tive que os vigiar de perto, incluindo na Festa de Verão do NADA.
Abraço.