4 de dezembro de 2012

GPS na TVi

A brilhante reportagem da TVI (link abaixo) não mostra nada de novo aos mais atentos e interessados pela coisa pública, mas talvez desperte os mais distraídos e faça meditar os mais comprometidos ideologicamente com os méritos da gestão privada de serviços públicos. E tem o mérito de evidenciar claramente uma das formas de roubalheira organizada ao Estado (a nós), a fraude em que se tornou o ensino privado e os métodos modernos de exploração forçada.  

Pobre povo, que tem que carregar e sustentar tanto canalha, acorda! Eles não estão saciados. E agora, que o Estado está nas “lonas” querem que sejas tu a pagar-lhes diretamente. Acorda, por favor!

14 comentários:

  1. Repesco e edito um comentário meu do Facebook: concordando com a ideia geral (se bem que sobre os méritos da gestão privada, há quem esteja em lugares públicos e contrate familiares, pressione funcionários e feche os olhos a corrupção, etc, o que não invalide que se discuta a questão), acrescento sobre o caso da reportagem apenas o seguinte: a reportagem era sobre os colégios privados no todo, era sobre o grupo GPS como exemplo do que não deve ser feito ou só sobre o grupo GPS? É que, independentemente de tudo, parece-me que se deve separar trigo do joio. E perante casos que aparentam ser da mais profunda ilegalidade como este (chegou a ser confrangedor e nauseante) actue-se sem contemplações.

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  2. João,
    A reportagem era sobre o grupo GPS mas, penso, daí pretendia extrapolar para a forma como os colégios privados foram secando as escolas públicas, com a conivência e a colaboração ativa dos decisores políticos.
    Concordarás comigo que a honestidade e a seriedade das pessoas, e como tal a transparência e legalidade das práticas no privado e no público, é um leque que vai de um extremo - as estruturalmente honestas e sérias - até ao outro extremo – as estruturalmente desonestas. Pelo meio abunda uma grande maioria de gente mais ou menos oportunista.
    Logo, cada vez mais, acho que os serviços de manifesto interesse público devem, preferencialmente, ser fornecidos pelo Estado. Não porque o Estado o faça sempre bem, mas simplesmente porque tem, só, essa finalidade, é mais facilmente escurtinável e menos permeável à fraude.
    Nos últimos tempos, é o que a realidade me ensina.
    Boas,
    AM

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  3. Adelino
    Percebo a tua posição e o teu comentário e não questiono a pertinência da reportagem. Aliás, pecará apenas é por tardia.

    De resto, a chave dás tu na tua palavra "preferencialmente". E em muitos casos foi o que o Estado fez: onde não havia deu a privados. Não pode é deixar de fiscalizar. E pena tenho que casos como a saída de elementos da ex-DREC para criar um colégio não tenham sido abordados.
    Para mim há espaço para público e privado, desde que aquele não seja sacrificado para interesse deste. Não defendo fecho de urgências para justificar uma clínica, nem o fecho de escolas para justificar colégios. Mantenho é que se separe bem o trigo do joio.

    Quanto à fiscalização - do Estado - nota-se bem pela reportagem quanto a mesma foi permeável à fraude. Aliás, se todos concordamos que isto não é de hoje, se os sinais abundam, onde andou o Estado a fiscalizar? Atenção, sem que isto retire o mérito à reportagem, com apenas a ressalva que faço.
    Apenas isso. Preferencialmente preferimos o Estado porque assumimos que o Estado somos nós e que, tendencialmente, agirá pelo nosso melhor interesse enquanto comunidade. O problema é mesmo a realidade. Aliás, parte dela.

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  4. Mas essa discussão, que seguramente teremos, não esqueça o essencial: e consequências? A Justiça, pública e inprivatizável (com duas ou três excepções onde não é o interesse público que está em primeiro lugar), irá actuar ou não depois da IGE ter subitamente acordado?

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  5. não querendo por em causa a reportagem , assalta-me uma duvida (se fosse só a duvida que me assalta, estava(mos) bem):
    Então não houve ou há um orgão de soberania, alegadamente isento, suprapartidário, honestissimo, etc,etc,etc,etc, que diz maravilhas da gestão privada da educação, é que eu vi na TV um relatório do Tribunal de Contas, a dizer maravilhas deste tipo de gestão, palavra que já não entendo nada disto, ainda por cima aquele rtelatório quase que serviu (servirá) para implementar copagamentos. Palavra que não percebo, alguem mente,das duas uma, ou ralatório não vale nada ou a TVI mente (26 colégios não são um caso isolado, desculpem)

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  6. Escuso-me a comentar um comentário desinformado. Terei todo o gosto em explicar a quem necessitar, mas aqui já não é possível, por a questão ter sido posta de forma torta.
    Mais uma vez, o meu email ainda é joaoandrecoelho@gmail.com, o meu número ainda é o mesmo, 966794106.

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  7. João,
    Cada vez estou mais convicto que os serviços públicos essenciais e, por maioria de razões, os de carácter geral (educação, saúde, justiça, etc.) devem, preferencialmente, ser prestados pelo Estado, e não só, “assegurados”.
    Os ideólogos do Estado mínimo defendem o contrário. Uns por convicção – errada – outros por interesse. Defendem eles que os privados fazem melhor, de forma mais eficiente, do que o Estado. Não existe nenhum estudo científico credível que demonstre que na Educação ou Saúde os privados sejam mais eficientes do que o Estado.
    Logo, se queremos ter um serviço público de qualidade este deve ser prestado, preferencialmente, pelo Estado. Por uma única e indesmentível razão (até que o conhecimento cientifico não demonstre o contrario): um serviço de qualidade nunca pode ser assegurado pela fiscalização/inspecção.
    A fiscalização/inspecção, por muito eficaz que seja, contribui, só em parte, para assegurar um serviço de qualidade.
    Boas,
    AM

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  8. Adelino
    Nem eu defendi o contrário. Prestação não se confunde com fiscalização. Mas duvido da "bondade" do Estado quando chegamos a esta última. E esta última, chamemos-lhe fiscalização ou regulação ou o que quisermos, é essencial para que confiemos num papel eficiente e de garante de funcionamento justo do Estado. Apenas isso.
    De resto, aguardarei para ver no que dá.

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  9. Também (tele)vi a reportagem e também concordo, na generalidade, com o conteúdo do post do Adérito Araújo.
    Ainda ontem falava com uma professora que me lembrava outros casos de irregularidades do dito “grupo” e de vários outros grupos. Não, não é só o grupo GPS. Também não são só altos quadros da administração pública e altos dirigentes políticos a deixarem-se “premiar”. Também são presidentes de câmara a “dar” medalhas de “mérito” e vereadores de turnos vespertinos a habitar nos apartamentos do “chefe” e acompanhá-lo às discotecas e a outros locais de divertimento. Os transportes escolares e as licenças administrativas também representam grandes quantias e grandes interesses.
    Por outro lado, sendo evidente que só existe corrupção porque existem interesses públicos em conflito com interesses privados ou pessoais, não me parece que esse conflito deixe de existir quando o ensino for todo público. Neste caso, deixando de existir concorrência, os dirigentes poderão reduzir a competição, o esforço e a eficiência e poderão tornar-se menos responsáveis e menos obrigados a controlar as despesas e o destino dos bens. Para além do excesso de escolas e da corrupção, também o excesso de cursos teóricos e de “formações” subsidiadas são sintomas da doença do ensino, todo ele pago com impostos ou com endividamento.
    A desgraça portuguesa também tem origem na fiscalização, que funciona sob critérios políticos, e nos fiscais, por serem premiados quando não atuam. Veja-se a falta de fiscalização do Banco de Portugal ao BPN e a subsequente promoção de Vítor Constâncio ao Banco Central Europeu. Quem cumpre o seu dever, quem não “colabora”, é acusado de inveja e de ser vingativo ou “ressabiado” e é humilhado e “diminuído”.
    A crise está a fazes desaparecer as vacas sagradas e o temor reverencial pelos mais poderosos. Já se discute quase tudo…

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  10. Camarada Alvim
    Estás muito comprometido este Grupo GPS onde desfilam ilustres politicos
    (PS e PSD) mete respeito é tipo intocavel ...fabrica cartazes;
    A GPS tem é que fiscalizar os governates, certamente que ali não se fabricam Gaspares, Passos, Santanas, Portas ....RELVAS, na reportagem da TVI não ficou claro que a GPS pratique a modalidade ""equivalencia"
    òh pá assobia para o lado ..............
    o teu amigo Antonio Madama ainda te compra a fragoneta para colecção ..
    sempre ao dispor


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    1. Caso não tenha lido (ou querido ler), repito:

      Quanto à fiscalização - do Estado - nota-se bem pela reportagem quanto a mesma foi permeável à fraude. Aliás, se todos concordamos que isto não é de hoje, se os sinais abundam, onde andou o Estado a fiscalizar? Atenção, sem que isto retire o mérito à reportagem, com apenas a ressalva que faço.

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  11. Fiquei desiludido com a reportagem. Centrou a maioria da análise em 2/3 colégios do grupo, por sinal dos mais recentes e numa zona específica do país - relativamente perto da capital - e quanto ao resto pouco adiantou que a maioria do povo não soubesse. Não fez a história do grupo, que começou no Instituto D. João V com Américo Carvalho como mentor e Carlos Pedro como PJ, não explicou o que é um contrato de associação, não falou de transportes escolares, etc. Há um mail que circula net e que a Ana Leal não deve conhecer que diz bem mais. Sobre as ligações partidárias só foram referidas as que mais interessam atualmente. Claro que identificar os nossos conterrâneos que subiram à custa do grupo também seria interessante, uma vez que os carros do pai e do filho Madamama foram enxertados na reportagem . Sobre a atuação da IGEC no terreno, e só falo desse campo em que atuo, ela tem sido inquestionável. Basta dizer que no primeiro ano em que atuou, já lá vão 10 anos, 24 dos 25 estabelecimentos particulares com contrato de associação tiveram processo disciplinar decorrente da auditoria ao contrato. E havia muitos da Igreja. E nesse tempo o dito grupo estava em fase embrionária. Mas houve muita gente boa (Caro João Coelho, não se amofine, o trigo está separado do joio)que de imediato corrigiu os procedimentos irregulares e que entrara na "onda" por se sentir ridicularizada pelos "outros". Os outros são grupos e fundações que, a coberto das ligações com o poder instalado no momento (e o local também!)persistem em "ir-nos ao bolso". Para os juristas do Farpas que aqui opinam, caso queiram, basta consultar os processos em recurso no Supremo Tribunal Administrativo para se ter a noção do que foi apurado. Neste pc em que escrevo estão todas as auditorias em que participei e todos os processos disciplinares em que fui instrutor. Só não estão as ameaças de morte e as tentativas de corrupção!

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  12. V. Exa. entende o meu sentimento.
    Entretanto a análise torta continua (http://expresso.sapo.pt/colegios-privados-gps-uma-historia-exemplar=f771463). E há-de continuar, associando a um fenómeno quem nunca contribuiu para ele. É difícil, admito, porque todos sabíamos que este dia chegaria e a única coisa que podíamos fazer era tentar não sermos confundidos com uma realidade distante da nossa. Fomos confundidos, agora cumpre-nos aguentar o juízo desinformado sobre quem somos e o que fazemos, sobre as nossas motivações, acções e resultados.
    Fico reconhecido pela simpatia com que se me dirigiu, aceito humildemente o conselho.
    Peço desculpa aos leitores pelo tom mais pessoal, volto a relacionar-me convosco através do comentário deixado mais acima.

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  13. Bom dia!
    Pelo o que acabo de ler, veja-se auditorias, processos e ameaças de morte, chego à triste conclusão que todo o sistema está corrupto.
    O que acabo de ler é grave, muito grave, nem o Ministério Público nem ninguém faz nada? que País é este?

    Também não entendo a razão pela qual o Ministério Público não actua em defesa de um funcionário público que se diz ameaça de morte e que resistiu a todas as tentativas de corrupção.

    Que eu saiba as ameaças de morte são crime, tal como as tentativas de suborno, para mais a um funcionário público no exercício das suas funções

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