14 de fevereiro de 2022

Cultura de quê?


 


Houve um tempo (no século passado) em que a inauguração de uma exposição de pintura era um acontecimento na terra. Ir à vernissage fazia parte da carta de funções dos autarcas todos, da lista de protocolo, e era uma espécie de cola social, numa terra onde nunca acontecia nada. O que mudou, então? - perguntará o leitor. As pessoas. Os autarcas. A preparação e organização.

Na sexta-feira passada abriu ao público a exposição "José Afonso, seus amigos e outras telas de intervenção" da autoria do pintor José Maria Bustorff, radicado em Pombal há mais de 20 anos. Foi numa exposição dessas que o conheci, há mais tempo ainda. Num tempo em que poder político mudara de mãos e (finalmente, anunciava-se) a cultura ia deixar de ser um caldo de "exposições, bandas e ranchos", porque até então não passava dali: exposições permanentes na galeria municipal (era numa sala que já não existe,  com saída para o Jardim das Tílias), concertos da Banda da Armada ou da Banda do Exército no velho Teatro-Cine, e festivais de folclore. E deixou. No primeiro mandato de Narciso Mota, com o saudoso Gentil Guedes ao leme do pelouro, e um Orçamento ilimitado, a Cultura passou para outra dimensão. Depois veio o novo Teatro-Cine, o Café Concerto, a Pombal-Viva que o geria, e não foi por acaso que a galeria ali ficou. Muitos dos actuais actores políticos não farão a mínima ideia disso, tal vez nem mesmo o presidente da Câmara. Já asneirámos tanto nesta terra (como querer dar o nome de Amália Rodrigues ao Teatro, em vez de António Serrano, por exemplo, só para trazer cá o musical do La Feria durante duas semanas...felizmente passou e nunca mais ninguém se lembrou disso) que às vezes custa crer, não é amigos e amigas?

O que agora custa é perceber é: Porque é que o Café Concerto continua fechado? A inauguração da exposição de JM Bustorff foi quase deprimente, com o espaço morto, ao lado. Contava fazer a pergunta a Pedro Pimpão, mas ele não apareceu. Estará o caso a guardar-se para Ana Gonçalves? (Sim, estou mesmo a ver que fará um dois-em-um, administradora-da PMU-vereadora-da-cultura-oficiosa). 

Vale muito a pena visitar a exposição, mas é preciso saber quando. Sabe-se que estará patente de 11 de fevereiro a 11 de maio. Mas a Galeria não existe de forma autónoma, estava ligada ao Café Concerto...Ora, de acordo com as informações da página municipal, os detalhes do evento são estes: é uma espécie de desafio às capacidades cognitivas do munícipe. Não digam que o pelouro da Cultura não é vosso amigo. Começa logo pelo slogan: Cultura para ser e viver!! (assim, com dois pontos de exclamação, que a malta é moderna, tipo...cenas).

3 comentários:

  1. Este Executivo foi um enorme erro de casting. Existe uma Vereadora com estes Pelouros todos, mas para quê? Será que ela ja sabe que foi eleita Vereadora com tudo isto para tomar conta? Deprimente este Executivo.
    Pelouros da Doutora Gina

    • Cultura;
    • Desporto e Atividade Física;
    • Turismo e Lazer;
    • Desenvolvimento Económico;
    • Gestão das Áreas Empresariais;
    • Indústria, Comércio e Serviços;
    • Emprego e Captação de Talento;
    • Transportes e Mobilidade;
    • Trânsito;

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  2. Como sabemos o café concerto foi encerrado pelo anterior executivo e numa altura onde os ajuntamentos nos interiores ainda era pouco recomendável.

    Se tivermos um pouquinho de paciência entretanto o mesmo reabrirá, talvez com um novo formato e uma outra propositura.

    Concordo plenamente com a mais valia dual que por agora ainda se não conseguiu, mas esse convívio terá de regressar e brevemente porque não acredito que o assunto não esteja na forja já.

    O Pedro que tão acusado tem sido de estar em tudo o que mexe, agora é acusado de não ter estado. O Homem não se multiplica e cada vez será mais difícil estar em todas.

    Mas, numa lógica de boa distribuição e assunção das competências, que nunca acontecia antes, esteve presente na inauguração a tão "deprimente" Vereadora Dra Gina, nas palavras aqui do Roque, a dar cabal cumprimento à representação de um dos seus pelouros, a Cultura. Porventura o Roque não se terá apercebido, talvez a máscara tenha mascarado o acontecimento que logo se aproveita para mais um cravo na cruz do executivo. Falta ainda a coroa de espinhos que já deve estar a caminho.

    Tenham calma e dêem um pouco de espaço e compreensão aos responsáveis mas não deixem de apontar o que parecem os eventos, embora possam não ser, porque todos os alertas são importantes para se ir afinando a máquina.

    Porém, máquina essa que por mais eficaz e excelsa que venha a ser nunca atingirá aquele zénite que leve aqui o blogue a reconhecer esse sucesso. Mas também não faz mal porque os leitores também sabem interpretar as pequenas nuances que irão, sem dúvida, acontecer e muito significar.

    Se para nosso benefício é essencial o sucesso do executivo, não será com constantes desmoralizações que ajudarão a consegui-lo.

    Mas cada um, na sua atividade, faz o que melhor sabe e pode!

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  3. Se a exposição pertencesse a um militante do Chega, certamente elogiariam a ausência do Exmo presidente da câmara municipal de pombal. Ai Costa Costa, a vida Costa.

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