5 de agosto de 2009

Um verdadeiro crime paisagístico

Confirmei, durante a visita à Freguesia de Pombal, que a Junta espera ansiosamente que a Câmara concretize a promessa de construir uma nova estrada entre a rotunda do Lavrador (Junto ao IC8) e a aldeia do Vale, cuja finalidade, pasme-se, seria desviar os cerca de 700 camiões de inertes que atravessam o Barrocal e tanto têm castigado a população. O projecto parece estar na fase final e a Junta exigiu à Câmara que as obras se iniciassem o mais breve possível.
Não existe nenhuma razão plausível para fazer a estrada, porque:
- A estrada nunca será a solução para desviar os camiões de inertes que atravessam o Barrocal. Entre o Barrocal e o Ramalhais, existem duas pedreiras: a pedreira do Barrocal e a pedreira do Vale. As pedreiras possuem circuitos independentes para o escoamento dos inertes. Assim, os camiões de inertes que atravessam o Barrocal provêm unicamente da pedreira do Barrocal e é difícil e contraproducente fazê-los passar pela nova estrada. A estrada seria, quanto muito, uma solução para os camiões da pedreira do Vale, sucede que estes não são problema para os habitantes do Barrocal porque saem pela zona do Ramalhais.
- A estrada rasgaria a Aldeia do Vale e o belo vale que vai do fundo da Urbanização da S. Belém até à Aldeia do Vale. Este vale possui um caminho pedestre que é, na ausência de melhor, utilizado por muitas pessoas para praticar desporto.
Pelo que aqui fica dito, a estrada não se justifica e, a concretizar-se, seria um gravíssimo crime paisagístico. Com que interesses?

14 comentários:

  1. Ganharão sempre os mesmos, os de sempre!
    Vê-se mais uma vez como os nossos autarcas, são - como dizia o João Alvim - democratas de Assembleia de Voto. Devem considerar as suas justissimas observações um ataque ás suas (deles) prerrogativas. Votou? Tá votado. Agora quem manda somos nós!

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  2. É claro para todos que o caminho em causa é uma das maiores exemplos do património natural (e talvez histórico - aquela calçada careceria de ser estudada) do Concelho, e obviamente, da Freguesia.

    E é a tempestade perfeita para uma questão: questões económicas, políticas, sociais e ambientais ao barulho. A resolução da mesma terá que resolver essa equação, e provavelmente a melhor solução (que envolve viadutos no acesso à IC8, que poderia passar por envolver a empresa e até fundos comunitários - infelizmente o POVT, directamente não parece permitir uma opção destas, mas seria uma questão de tentar, valorizando o espaço em questão, quais as soluções possíveis que fossem para lá daquela que é pensada) até seria a mais cara - a curto prazo - mas aquela que traria mais benefícios - a médio/longo. Difíceis de quantificar, aparentemente, mas passíveis de serem constatados.

    Por vezes há sítios onde gastar dinheiro faz mais sentido, mas isso são opções que têm de ser ponderadas, explicadas e planeadas. Opções.

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  3. Já agora, não indo pela solução mais cara e que poderia resolver tudo, tenho dúvidas que esta a resolva a contento. Pode ser que por agora baste afectar o Vale mas mais tarde será um erro que se lamentará, porque o Vale tem verdadeiro potencial para todos.

    Resolve-se a passagem dos camiões pela localidade, mas até que ponto é que a localidade não se expandirá para a estrada? Mais uma questão que se liga ao (ou à falta) de planeamento.

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  4. Caríssimo,
    Em 1ºlugar, se me permite, gostaria de o corrigir, pois não é rotunda do lavrador, mas sim do agricultor..;)

    Não conheço o projecto, mas acredito que se o objectivo é desviar os camiões provenientes da pedreira do barrocal, o projecto não será bem como o senhor o expõe, pois tal estrada não passa pela pedreira, logo para servir a mesma teria se ser construída uma variante que ligasse a pedreira à dita estrada.

    Em relação à pedreira de Vila Cã (e não do Vale), actualmente os camiões saem perto do Ramalhais, mas entram no lugar do Castelo, causando transtornos, nomeadamente, às populações dos lugares de Chão de Ulmeiro, Alcaria e Carvalhal. Esta estrada nunca poderá ter o intuito de servir a pedreira de Vila Cã, pois para isso teria de atravessar a Aldeia do Vale e isso nunca irá acontecer, pois para isso concluiam uma estrada que foi iniciada há uns anos que pretendia ligar a pedreira ao IC8 (Casal da Lagoa), porém na época foi barrada por um proprietário que não autorizou que passassem pelo seu terreno e, agora, dizem que a mesma já não faz sentido por passar perto (cerca de 500m) da Aldeia do Vale, lugar que a autarquia pretende preservar e tornar um ponto de atracção de Pombal.

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  5. Amigo, companheiro a camarada Adelino Malho, boa noite.
    Como amanhã tenho que trabalhar no duro e como gostaria de te falar sobre o prolongamento da Avenida, obstaculizada pelos executivos camarários do Partido Socialista, e, também, pelas explorações de pedra em superfície e mais ainda pela recuperação da Aldeia do Vale tenho que deixar para amanhã esse autêntico livro, livre de quaisquer interesses e que é de grande interesse para todos aqueles que gostam de Pombal, da Serra, do desenvolvimento económico, da criação de riqueza, da criação de postos de trabalho e… ai Jesus Maria quem é que me levanta amnhã.
    Abraço, mas pequenino.

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  6. Quero crer que, por não ser a melhor solução, o projecto não avançará entretanto. Não faz sentido que seja feito, até porque revela incapacidade de executar obra sem medir todas as consequências, condicionando o futuro desenvolvimento da zona que, esse sim, pode trazer bem mais criação de riqueza.

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  7. Não acredito, ou não quero acreditar!
    Ás vezes o isolamento é o melhor para não ter conhecimento de determinadas intenções.
    O que me prende a Pombal? A minha família, os meus melhores amigos, e um carinho muito especial que tende a desvanecer-se.
    Se isto continuar assim, acredito que cada vez mais jovens escolherão outros locais onde viver, até porque ida para a universidade e necessidades de emprego são factores muito importantes.

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  8. Desculpe lá, mas eu estudo fora de Pombal e cada vez acho mais que de cá não quero sair...

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  9. Bom Dia!
    Todos nós sabemos que o desenvolvimento económico têm custos para além daqueles que são quantificáveis.

    É certo que a questão é bem levantada e eu tenho a certeza que nenhum de nós gostaria de viver na zona daquelas pedreiras. Todos os dias, desde as 7 horas da manhã até à noite, o RAM, RAM, RAM, RAM dos camiões a passar e a imprimir vibrações nas casas, ver as paredes das habitações a estalar sem nada poder fazer.

    Também sabemos que as pedreiras estão legalizadas e pagam os seus impostos à semelhança do que acontece com os habitantes dos aludidos lugares resultando daqui um direito à qualidade de vida. Com a passagem dos camiões, com tal frequência, não podem haver qualidade de vida resultando daqui um problema para a câmara.

    Não estou a ver a câmara a beneficiar diversos lugares para prejudicar outros e muito menos destruir o ex líbris de Pombal que é a Aldeia do VAL.

    Estamos de acordo que temos um problema para resolver a questão que se levanta é:
    Como resolve-lo?
    Quais custos não quantifiáveios?
    Que custos qunatificáveis?

    Uma das competências da assembleia municipal é a apresentação de recomendações à Câmara Municipal e, o Sr Engº Adelino Malho é deputado municipal.

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  10. A mim também me parece que a discussão das pedreiras é muito importante. Já se iniciou essa discussão no Farpas, há uns meses atrás. Penso que não se evoluiu tanto quanto desejável, até porque muitas das informaçoes relevantes não foram divulgadas. Qualquer ponderação terá de passar por colocar nos respectivos pratos da balança os aspectos positivos e os negativos. E se possivel, quantificá-los. Alguns dos malefícios são evidentes, e estão identificados no comentário do DBOSS. E quanto aos benefícios? Quanto "lucra" a Camara com esta exploração? E como recebe esses rendimentos? Por cedência de exploração? Por taxas? Por impostos? Parece-me muito relevante ter números a ilustrar estas rúbricas... alguém os consegue arranjar? Adelino Malho, na tua qualidade de membro da A. M. (ou deputado, ou o nome que lhe quiserem dar), consegues fornecer esses números? E quanto às Juntas de Freguesia afectadas, são ressarcidas, também? O João Alvim pega (e bem) nesta questão, na sua apresentação. Quem puder esclarecer, eu agradeço (sinceramente)!

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  11. Caro Nuno Carrasqueira, esse é um dos factores, não uma obrigação. As pessoas são diferentes e, espero que realmente o facto de estudar fora não leve a que a maioria dos jovens se decidam a deixar Pombal em prol de outros locais, mas receio que pelo menos alguns o façam, especialmente porque o pouco que a cidade tem para dar, em vez de se manter ou aumentar, diminui.

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  12. Boa Noite!
    Sr Já disse:
    as migrações são um reflexo natural do homem às adversidades da vida.
    Assim como há pessoas que partem para se radicar noutros locais também há as que cgegam para se radicar em Pombal.
    Embora não tenha dados fidedignos não me parece correcta a sua afirmação de que a população do concelho esteja a diminuir,(quem tiver esses dados que os apresente), felizmente não fecharam grandes empresas em Pombal

    O que me preocupa realmente é o fluxo imigratório crescente dos últimos anos, isso é um facto, que vai criar valor acrescentado para outros países. Isto só acontece porque o Estado não criou condições para que as pessoas se redicassem na sua Pátria

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  13. É verdade Sr.DBOSS, uns partem outros chegam.
    Realmente, o que verifico à minha volta é que muitas pessoas estão a procurar melhores condições de trabalho em outros países, e os mais jovens que ainda estudam dizem frequentemente que estão preparados para rumar ao estrangeiro caso não consigam um emprego na sua àrea por cá.
    As próprias faculdades estão a apostar nesse sentido, embora tentem também trazer alguns estrangeiros através de projectos como Erasmus, por exemplo.

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  14. Aldeia do Vale, Ex libris de Pombal? !

    Agora é tijolo e mais tijolo e alumínio e mais alumínio; depois daquela tal estrada, aberta 99 por cento em propriedade de particulares com a autorização de ninguém e que só um não calou, na fonte passou a nascer lama; a pedra da paciência, (onde as moças pousavam os cântaros, ficavam a namorar e em casa que esperassem) incomodava; a trave do lagar de azeite, em carvalho e tocada a bois, há quem diga que por lá anda; o marco limite de Freguesia, do caminho que atravessa a aldeia, sumiu; o caminho limite de freguesia e outros dentro da Aldeia só estão diferentes porque agora não têm tapete de mato vindo dos Baldios que hoje têm quatro torres eólicas, a pedreira de Vila Cã e o depósito de inertes, este sem concessão conhecida; fora da povoação, foi por esse caminho limite de Freguesia que vai para a pedreira, ( o tal que há uns anos virou estrada para passarem os tais camiões por dentro da Aldeia, mas foi coisa que durou pouco porque saiu desaguisado) que antes passou o gado em direcção aos Baldios ganhos como tal em tribunal em 1899, e que hoje em nome do tão apregoado bem comum e silêncio da oposição dão enriquecimento sem causa às todas poderosas Autarquias, isto se bem percebo, por culpa daquela velha Lei daqueles Senhores de Lisboa que não sabem fazer Leis e já lá estão há trinta anos para grande desagrado de quem agora se propõe fazer vinte em Pombal; nesse dito caminho pedestre que começa ao fundo da Urbanização Senhora de Belém, passavam os carros de bois carregados de sal a caminho de Ansião e, sedentos, homens e animais bebiam água dessa fonte que hoje tem lama e diz quem sabe, tinha abóbada romana; havia calçada antiga no caminho, (aquelas lajes no pavimento não tinham nascido ali) depois da Aldeia do Vale, antes de chegar ao caminho íngreme que a Autarquia estragou e, neste último, os carros eram puxados por duas juntas de bois e seguiam para Aroeiras pelo caminho do monte dos Pedregulhos passando pelas, hoje, ruínas de moinhos de vento.

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