Não deixa de ser curiosa a escolha dos irmãos Vitorino e Janita Salomé para o espectáculo comemorativo do Dia do Município, marcado para domingo, 12 de Novembro, no Teatro-Cine de Pombal. O concerto é protagonizado pelos dois irmãos, acompanhados pela Orquestra Filarmonia das Beiras, e vem na linha de outros que o(s) executivo(s) de Diogo Mateus oferecem ao povo, por ocasião do feriado municipal.
É um tanto esquizofrénica esta ideia subliminar que o poder tem, de se mostar muito aberto, muito alternativo no estilo musical, assim a piscar o olho a um público pouco dado a fadistagens do regime, e depois barrar o acesso ao debate sobre o futuro da esquerda em Pombal, promovido por munícipes que pouco contam, como estes gatos-pingados do farpas. Este tempo está-me perigosamente a fazer lembrar um outro, que trouxe a Pombal Sérgio Godinho, já lá vão uns anos, a um elitista café concerto da época.
Boa.
ResponderEliminarO concerto do Vitorino é Janita é um acto político. Eles não sabem nem sonham.
ResponderEliminarA música é um conjunto harmonioso de sons, fazer essa harmonia é uma arte. A arte não é de esquerda nem de direita, é de todos os os seus criadores e amantes dessa mesma arte. Querem ver que agora a esquerda vai-me proibir de ouvir música de José Mário Branco, dos irmão Vitorino e Janita Salomé do Sérgio Godinho e do Zeca Afonso? Curiosamente nenhum deles canta para as flores !
ResponderEliminar" Como é que da política se chega à música e da música à consciência? Eu acho que as coisas podem estar ou não ligadas, depende do lado para onde estivermos virados. Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar alibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado. E, quando isto acontecer comigo, eu até agradeço que os meus amigos me chamem a atenção e me critiquem.
ResponderEliminarNo campo da música continuo interessadíssimo. (…) Estou interessado sim, pelo que por cá se faz. Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que qualquer dia estam os reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente!
Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão seja a que nível for."
JOSÉ AFONSO - Entrevista a Viriato Teles, in «O Jornal», 27/4/84
Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida...
ResponderEliminarÉ absurdo o que o executivo fez ao Farpas mas mais absurdo é se nenhum partido entalar o executivo com isto. Não tenho por hábito assistir às reuniões de câmara embora elas estejam disponíveis (e, na verdade, estou certo que elas agora são um excelente produto de entretenimento) por isso desconheço se o PS falou disto mas isto não se pode largar. Era só o que faltava, nós os cidadãos permitirmos que os executivos camarários se comportem como uma espécie de nobreza que faz o que lhe apetece. Lamento mas estão no país errado e no século errado.
ResponderEliminarRaul, eu sei que és socialista e que acreditas num PS de esquerda. Mas acontece que em Pombal há um problema de orientação. Aposto o dedo mindinho em como (não todos, mas muitos de lá) acham bem-feita essa aberração. Têm vergonha do Farpas, acusam-nos de contribuirmos para o desfalecimento do partido, são avessos à crítica, como ficou claro no último plenário de militantes (houve um! É verdade que não há notícias dele mas houve) em que pediam até a expulsão de um dos farpeiros, militante e antigo dirigente. Obtivemos alguma solidariedade expressa por dirigentes do BE, do PCP e até do CDS, calcula. Este não é um caso encerrado, como adiante verás ;)
ResponderEliminar