7 de agosto de 2024

A promessa - história de uma novela chamada Parque Verde






Desde há dois dias que o Pedro anda extasiado com as "notícias" sobre o Parque Verde, a obra (do regime) a que temos direito, e que nos prometeram há 30 anos. A primeira vez que ouvimos falar de um Parque Verde foi no executivo de Armindo Carolino, ao tempo em que o PS era poder, em maioria absoluta. Não, não era este parque verde. Era um idealizado para as margens do Arunca, à vista de todos os que passavam por Pombal. Mas veio a era Narciso Mota e o engenheiro arrasou com os planos passados: decidiu construir a Biblioteca (então pensada para o parque de estacionamento do Centro de Saúde, junto às escolas) no lugar do Parque Verde. Multiplicaram-se então parques, mas de merendas, por toda a parte neste concelho, que isto para a bucha sempre se ajeita melhor. Alguns estão hoje ao abandono, como acontece com aquele lá na minha aldeia. E durante uns anos, enquanto floriam parques nos concelhos vizinhos, nós por cá plantámos calçadas nos largos das capelas, cimentámos recreios nas escolas, tratámos de eliminar o verde, na verdade. 

Depois veio Diogo Mateus, disposto não só a virar a página como mudar o livro - como me disse um dia. Era 2013, e ainda antes de ser eleito presidente, participou desse folclore numas festas do Bodo em que a figura de proa foi Pedro Passos Coelho , à época Primeiro-Ministro: a cidade pejada de cartazes a anunciar o Parque Verde, antecâmara deste que agora foi apresentado. Havia problemas com os terrenos naquela zona, já então dotada do corredor ribeirinho. Mas eis que Pedro Pimpão resolve tudo de uma penada: compra os terrenos. O dinheiro fez-se para gastar, não é assim? Dinheiro é papel, Pedro! E isto bem pode ser meia-bola e força. Não tivéssemos lá implantado (no meio do futuro parque verde!) um campo da bola. Quem é que não quer um campo da bola no meio de um espaço de fruição com a natureza? Ou como diz o novo slogan...é natural [que queira].

E então, numa segunda-feira de Agosto, deste ano da graça de 2024, a Câmara faz o grande número de apresentar o projecto "aos pombalenses". Compõe uma plateia, recupera o desenho, faz-lhe uns ajustes, e...voilá! Está feito o negócio. Como isto anda tudo ligado, até lá esteve o vereador do Ambiente do tempo de Narciso Mota. Ah, o arquitecto também transita desse tempo. 

Tudo está bem quando acaba bem. Pelo menos é assim que sucede nas novelas. 

1 comentário:

  1. Todos os parques verdes correspondem em princípio a uma evolução urbanística do espaço de vivência de muita gente. Sempre o modo e a forma dos fiéis públicos são alvo de comentário e crítica, é normal e até desejável numa sociedade democrática.
    A mim, nestas iniciativas há algo que me interrogo e que é: E depois de executado e posto em funcionamento, quais os custos de manutenção e será que haverá alguma rentabilização económica possível que suporte ou ajude a suportar a manutenção?
    Em todas as obras públicas que acompanhei e algumas, pequenas, que promovi, nunca me apercebi de quaisquer previsões de custos de funcionamento e manutenção. Por exemplo: os Polos Escolares novos edificam -se, jardins, avacs, painéis solares, aparelhos de recreio diversos, etc… mas jardinagem e regas asseguradas, bem como manutenções correntes asseguradas, nem previstas nem financiadas… trabalha-se no “logo se vê “… e o problema não é deste executivo, é de todos e talvez até da própria lei…
    Mas, haja alguém que faça alguma coisa que depois logo se encontrará quem conserve.
    Só lamento é que a visão que norteou o executivo para este desenvolvimento por muitos desejado não tenha igualmente sensibilizado o mesmo para na Guia fazer idêntico, num espaço mais que apropriado da malha urbana, mas onde em vez disso se pretende deixar instalar uma fábrica de enormes dimensões cujos efeitos imediatos são os de inviabilizar para sempre um espaço prime e os secundários se estarão para saber e depois irremediavelmente sofrer.
    Só como exemplo, a fábrica de biodiesel que até á sua recente ampliação para a totalidade do espaço do lote nunca fez sentir os seus efeitos, agora, após a ampliação, quase diariamente brinda a atmosfera Guiense com um cheiro a Óleo rançoso cujos efeitos na saúde se estão para saber… e ainda por cima de uma indústria que se reclama ambientalmente sustentável.
    Pois, tal como em Pombal se olha pela qualidade de vida da população também na Guia se deverá ter o mesmo cuidado, tanto da junta como da CM…
    É que há mais vida, e mais sã, para além da economia e da industrialização a todo o custo.
    Tudo pode acontecer nos locais apropriados que também existem, e com os cuidados devidos.

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