Ontem, Diogo Mateus e João Pimpão começaram a ser julgados, no Tribunal Judicial de Leiria, pelos crimes de peculato e peculato de uso em co-autoria e falsificação de documentos (DM).
Em causa está o uso da viatura de serviço pelo então presidente da câmara, nas suas deslocações para frequentar o Curso de Defesa Nacional em Lisboa, e o desconto das respectivas despesas pelo Fundo de Maneio do Gabinete de Apoio ao Presidente, a cargo de João Pimpão. Mas poderiam estar dezenas de deslocações privadas...
Toda a gente minimamente informada sabe que Diogo Mateus fez o dito curso a título particular, por "honroso" convite de "prestigiados oficiais" – como ele próprio o afirmou em reunião da câmara. Mas ao tribunal, declarou que o curso fazia parte do âmbito da sua formação e responsabilidades como presidente da câmara. E mais: afirmou que pagou a propina para não onerar o município! Um benemérito? Ou um hipócrita extremo?
É esta a mesma criatura que ficou conhecida, na câmara e no exterior, como o Fitipaldi das auto-estradas, pelas multas por excesso de velocidade que apanhava frequentemente, que não pagava - como era sua obrigação - e recusava a identificação do condutor, obrigando assim a câmara a ter que suportar as multas pelo dobro.
Bem diz o povo: apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo.
Os valores em causa são de tal forma diminutos, por volta de 1500€, que se questiona se os tribunais e min público deveriam ser chamados a resolver estes casos. Uma avaliação policial e pouco mais com eventual devolução as verbas acrescidas de juros e multa resolveriam o caso.
ResponderEliminarNão é por questionar a justiça num caso destes, é que utilizar nestes casos os meios de avaliação e decisão mais pesados da nossa ordem jurídica é mais um prejuízo para a sociedade do que uma vantagem.
Mas o que mais lastimo neste caso é ver que um dos pres de camara com maior potencialidade representativa e ativa se tenha deixado deslumbrar pela vaidade e orgulho do cargo e isso foi a sua perdição.
Arranjar questões com os seus colegas e colaboradores e tentar resolvê-las com o chicote e a prepotência em vez da sempre melhor tolerância e busca de pontos de concórdia só podia dar em retaliações e ajustes de contas do qual este caso, e outros, em tribunal são paradigma.
Honestamente lamento ver pessoas que bem conheço e considero, apesar de muitas discordâncias mútuas, mas lá está, para mim as discordâncias nunca ensombram a amizade e boa convivência, estejam enredadas nestas novelas que uma vez arribadas jamais serão apagadas.
Sempre alertei os mais próximos, e estes a seu tempo igualmente, da necessidade de não se deixarem ofuscar pela vertigem do poder que as alturas dos cargos de topo provocam…
Fi-lo e continuo a fazê-lo sempre que posso embora confesse que com mais insucessos que sucessos.
A natureza humana é tramada, a ânsia de honrarias e louvores perdem os homens, tanto aos que têm aptidões como aos que apesar de não as terem se querem guindar aos lugares cimeiros, como por cá também há.
Só desejo o melhor desfecho para todos porque rancores foi coisa que nunca fez parte do meu ADN.
Amigo Serra
ResponderEliminarNão relativize nem desvalorize o que não pode nem deve ser desvalorizado, até porque sabe bem, porque tem a informação (quase) toda, que a questão não se resume a uma deslocação mas sim a dezenas, senão centenas - a uma prática e a um hábito e não a um acaso. A queixa abrangia várias deslocações, para os mais diversos afazeres e prazeres, mas, porventura por economia meios, o Ministério Público, quis pegar só num caso, naquele que julgou mais fácil de provar. E como sabe, para condenar basta um caso, não é preciso uma dezena – por exemplo, matar uma pessoa ou matar uma dezena leva a pena idêntica.
Sobre os deslumbramentos tem toda a razão e muito haverá para contar.
Abraço.