I – O Personagem
Começo este folhetim com a apresentação do Personagem – Joelito –, figura vulgar, vulgaríssima, que o destino, e a malandrice dos seus, transformaram na figura principal deste folclore eleitoral, quando fizeram chegar a este maldito escriba a sua inverosímil história.
A história deste folhetim é história dele, sem tirar nem pôr. Mas se assim é, perguntará o leitor, não valeria mais contar logo a história, e deixar o juízo para o leitor? Talvez. Mas desta forma, o leitor poderá não encaixa bem uma coisa na outra. E é nesse encaixe que, acredita o autor, está a riqueza da coisa. Estamos - como se verá mais adiante - perante um personagem inverosímil, cuja originalidade pode comprometer a atenção do leitor, principalmente quando se confronta o protagonista e o absurdo coletivo.
Joelito, el Raspador, surgiu na política do nada, ou do acaso, ou por geração espontânea, como têm surgido os seus antecessores na juventude rosa. Mas eis que se torna conhecido; e a sua história é uma coisa digna e merecedora de ser contada. Começou a carreira política como líder da jota rosa, sem dirigir nada, porque nada havia para dirigir, tanto na juventude rosa local como na regional. Quando chegou a hora de apresentar listas para o parlamento da nação, Joelito ocupou o lugar destinado à juventude. Depois, com a renúncia de alguns à frente, converteu-se, sem saber ler nem escrever (nada que valha a pena ser lido), em deputado da nação. E aqui, fez-se candidato ao executivo municipal.
Joelito conseguiu tudo isso sem ser conhecido por nenhum talento ou atributo, não fala nem se mostra. Diz-se que nasceu de boca fechada, com a língua amarrada, com muito pouco sal na moeleira e pouco sangue nas veias. Chegou-se a pensar que o rapaz era surdo-mudo, mas quando alguém lhe perguntou, quando era chefe da jota, por que não falava, respondeu: ′′ temos medo deles..., eles são muitos...".
Hoje sabe-se que Joelito é um rapaz do qual não se pode esperar espírito nem vivacidade, mas é muito abnegado e trabalhador, muito hábil de braços, mãos e dedos, e sempre muito comprometido e dedicado ao chamado ′′trabalho partidário", feito no molde para o ofício de raspador e colador de cartazes. É um muchacho com tanta vontade de servir o partido que se esquece ou não entende as suas atribuições e seu suposto papel, nem percebe a triste figura a que se presta - um verdadeiro Cavaleiro da Triste Figura, tão útil para a política quanto as muletas para o defunto.
Acompanhe as desventuras de Joelito, o Raspador, nos próximos capítulos.
Miguel Saavedra
Amigo Malho, também gostaria de conhecer verdadeiramente a história do rapaz, mas em PORTUNHOL NÃO. Pede lá ao escriba que o faça num Português escorreito. Assim até dá uma certa aversão em ler.
ResponderEliminarTens a versão portuguesa no facebook...
EliminarAmigo e companheiro Adelino Malho o teu escrito está na linha de pensamento do Partido Socialista de Pombal.
ResponderEliminarVai, mas não vai.
Fico triste
Saúde e Fraternidade
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar